terça-feira, 24 de novembro de 2015

JBS reconquista investidores após onda de aquisições




Paulo Fridman/Bloomberg
Logo da JBS
JBS: empresa deve essa façanha improvável principalmente à desvalorização do real
 
Emma Orr, da Bloomberg

A maior exportadora de carne do mundo está reconquistando os investidores em bonds desencantados com a onda de aquisições da empresa no início deste ano.

Os US$ 750 milhões em notas da JBS para 2024 viram retornos totais de 8 por cento desde que atingiram o nível mais baixo em seis meses em 29 de setembro. É mais de duas vezes o ganho médio em mercados emergentes.

Apesar de investir US$ 3,5 bilhões para abocanhar produtoras de carne suína e de ave no Reino Unido e nos EUA, a JBS, que tem sede em São Paulo, conseguiu reduzir a alavancagem ao nível mais baixo em oito anos.
A empresa deve essa façanha improvável principalmente à desvalorização do real.
Com classificação de grau especulativo, a produtora de carne gera mais de 80 por cento de suas receitas em dólares, o que a deixou endinheirada no momento em que o real sofre o maior colapso entre as moedas dos mercados emergentes.

Em 12 de novembro, a JBS reportou lucro recorde com a queda do real ajudando a impulsionar a receita em 40 por cento no terceiro trimestre em relação ao ano anterior.

“Muitas pessoas sentiram que as estratégias deles eram agressivas porque eles se alavancaram muito para comprar as outras empresas, mas eles foram capazes de reverter essa alavancagem muito rapidamente”, Carlos Gribel, chefe de renda fixa da Andbanc Brokerage, disse de Miami.

“Esta é realmente uma história incrível”.

A JBS revelou a aquisição da unidade americana de carne suína da Cargill, por US$ 1,45 bilhão, em julho, um mês depois de dizer que pagaria US$ 1,51 bilhão para adquirir a produtora de frango Moy Park, com sede no Reino Unido. Essas aquisições elevaram o total que a JBS investiu em aquisições na década passada para cerca de US$ 20 bilhões.

E pode haver mais no horizonte, disse Jerry O’Callaghan, diretor de relações com investidores da JBS.

“Sem colocar em risco o nosso balanço e com a visão de manter as métricas de dívida e alavancagem em níveis confortáveis, nós poderíamos buscar criar mais valor para os nossos acionistas por meio de aquisições futuras”, disse ele por e-mail.
 

Queda na dívida


A dívida líquida da JBS caiu para 2,3 vezes os lucros ajustados antes de juros, impostos, depreciação e amortização no terceiro trimestre, nível mais baixo desde que a empresa abriu seu capital em 2007.

A queda dos níveis de endividamento da JBS poderá ajudá-la a ganhar um grau de investimento no ano que vem, disse Omar Zeolla, analista da Oppenheimer & Co.

A Fitch e a Standard & Poor’s já elevaram a classificação da JBS neste ano para BB+, um nível abaixo do grau de investimento.

“As agências de classificação a verão como uma empresa que tem muitas receitas e ativos fora do Brasil”, disse Zeolla. “Eu acho que eles só precisam de mais alguns trimestres de resultados estáveis”.
 

Novo impulso


Apesar de a alta nos bonds da JBS ter ajudado a empurrar os custos dos empréstimos da empresa para baixo, o yield sobre sua dívida não reflete as expectativas dos investidores de uma classificação mais elevada.

Em 6,79 por cento, as notas da empresa para 2024 têm um yield 1,28 ponto porcentual maior que a média para as dívidas de mercados emergentes com a nota de investimento mais baixa.

Contudo, Flávia Bedran, analista da S&P, disse que a JBS poderá receber outro impulso nos próximos 12 a 18 meses se continuar reduzindo a alavancagem.

“Nós elevamos a empresa para BB+ porque ela poderia continuar gerando esses tipos de caixa e porque a empresa irá desalavancar muito rapidamente”, disse ela, de São Paulo. “Isso poderia resultar em uma potencial subida para BBB-”.

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