terça-feira, 24 de novembro de 2015

Qual o futuro da dona da Havaianas nas mãos da J&F


Divulgação
Havaianas
Alpargatas: antes de mudar de controle, empresa vendeu Tooper e Rainha para o grupo de Carlos Wizard
 
 
São Paulo – Quinze dias antes de fechar a venda da Alpargatas para a J&F, por R$ 2,67 bilhões, antecipada por EXAME, os controladores da companhia venderam as marcas Topper e Rainha ao grupo do bilionário Carlos Wizard.

Na transação, de R$ 48,7 milhões, o dono da Mundo Verde e Ronaldo Academy, afirmou que o negócio aconteceu porque a Alpargatas queria focar em sua maior marca, a Havaianas.

A mesma resposta foi dada na época pelo presidente da empresa, Márcio Utsch.
“Havaianas é a responsável por metade do nosso faturamento”, disse o executivo. “Sabemos que podemos explorar muito mais a marca e é o que faremos”.

Os planos da companhia para a chinela que se tornou referência do Brasil em vários países, era a de expansão internacional e diversidade de produtos.

Vendida no país em 150.000 pontos comerciais, a marca ganhou novos itens nos últimos anos – além de novas versões, sapatos e acessórios entraram para o portfólio.

A intenção era a de estender os itens Havaianas ainda mais a partir deste ano. Óculos da marca começariam a ser vendidos a partir do segundo semestre de 2016, por meio de um acordo com a Safilo.

A parceria de licenciamento entre as duas, fechada em setembro, permite que a fabricante italiana produza e venda óculos Havaianas para vários países até 2021.
 

Outras frentes


Para a Osklen, o plano era de aumentar as vendas por meio de lojas multimarcas no país, além de começar a produzir roupas femininas.

Atualmente, a marca está presente em cinco países e com lojas próprias em Nova York e Miami, nos Estados Unidos. A intenção também era de, aos poucos, torná-la mais global.

Com o dólar mais alto, outro plano era o de começar a produzir a marca Mizuno nas fábricas da Alpargatas no Brasil até 2017.

“Temos como expandir nossa capacidade produtiva com novos turnos e faremos isso até lá”, contou Utsch.

Nos próximos dois anos, a empresa ainda seguirá fabricando os tênis Topper e Rainha, de forma terceirizada. Planos que devem seguir sem alterações com a mudança de controle.
 

Da fábrica ao varejo


JBS e Alpargatas são negócios distintos, com estratégias semelhantes em alguns pontos.

As duas, gigantes em seus segmentos, conseguiram um feito e tanto: apostaram em marcas e deixaram de ser apenas fabricante para atuar também no varejo.

Havaianas se tornou um ícone mundial, com direito a celebridades fazendo propaganda espontânea e uma equipe de 90 pessoas dedicadas a pensar na marca dentro da empresa.

Na mesma linha, a JBS apostou pesado na criação de uma marca de carne, a Friboi, para impulsionar seus produtos no país.

As iniciativas de uma e outra não deixaram de lado, claro, as exportações crescentes de ambas – um negócio que as protege de volatilidade e de um cenário interno ruim.

"Acreditamos que nossa experiência acumulada em operações globais e no desenvolvimento de marcas fortes irá impulsionar ainda mais a bem sucedida trajetória da Alpargatas" afirmou Joesley Batista, presidente da J&F Investimentos, por meio de comunicado.

Além da JBS, a J&F Investimentos controla Eldorado Brasil, o Banco Original, a Vigor e a Flora, fabricante de itens de higiene, limpeza e cosméticos.
 

Venda de ativos 


A Camargo Corrêa era a principal acionista da Alpargatas desde 1982 e afirma que agora irá “direcionar o foco para seu principal seguimento de atuação, que é o de desenvolvimento, construção e operação de Infraestrutura”.

A holding também é dona da empreiteira de mesmo nome, uma das 23 envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobrás, e fechou acordo de leniência para devolver R$ 700 milhões aos cofres públicos.

A venda da Alpargatas é consequência de tal cenário segundo o mercado. Outros ativos da holding, como uma fatia da divisão de cimento InterCement e na CPFL, também estariam à venda. 

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