Paulo Fridman/Bloomberg News
Renner: no ano, o lucro líquido da varejista foi de 578,8 milhões de reais, alta de 22,8% frente 2014
São Paulo - Lojas bem organizadas, menores filas para pagar as compras e agilidade no lançamento de produtos. Segundo a Renner, foi graças ao investimento nessas três frentes que ela conseguiu vender mais em 2015, mesmo com o varejo de moda em retração no país.
A receita líquida das vendas
de mercadorias da empresa chegou a 5,45 bilhões de reais no ano
passado, um número 17,4% maior do que os 4,64 bilhões alcançados em
2014.
No critério mesmas lojas, que contempla unidades abertas há pelo menos
um ano, o faturamento cresceu 10,8% em 2015 – um índice um pouco menor
do que o aumento de 11,1% registrado em 2014, mas surpreendente frente
ao desaquecimento do mercado.
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Na mesma comparação, as vendas do segmento de varejo de vestuário do
país, no geral, caíram 0,6% no ano passado, conforme dados do IEMI
Inteligência de Mercado.
"Nós apostamos muito em visual merchandising, o que gerou mais compras
espontâneas; também ampliamos os provadores e atualizamos a operação dos
caixas, o que diminuiu em 45% o tempo de espera nas filas", disse o
presidente da companhia, José Galló, em teleconferência com analistas
nesta sexta-feira (5).
De acordo com ele, esforços para acelerar o lançamento de coleções também contribuíram para o resultado.
"Nós já há algum tempo investimos muito em saber o que o consumidor quer e em transformar isso rapidamente em produto", afirmou.
Entram nessa estratégia um novo sistema de reposição de estoques e o
apoio à gestão dos fornecedores, para garantir que a entrega dos itens
aconteça no menor tempo possível.
"Hoje temos na Renner 12 engenheiros dedicados a ajudar os parceiros a melhorar os custos, a reduzir o consumo de água e energia, por exemplo. Isso não existia dois anos atrás", comentou Galló.
"Hoje temos na Renner 12 engenheiros dedicados a ajudar os parceiros a melhorar os custos, a reduzir o consumo de água e energia, por exemplo. Isso não existia dois anos atrás", comentou Galló.
No ano, o lucro líquido da varejista foi de 578,8 milhões de reais, alta de 22,8% frente a 2014.
Para 2016, a rede de lojas prevê um aumento moderado nas vendas e uma
possível redução da margem Ebitda – índice que mede a eficiência da
empresa e ficou em 24,7% neste ano.
Cortes de custos também estão nos planos da companhia, justificados pela
inflação, maiores gastos com folha de pagamento e novos tributos
esperados para o ano.
Abertura de lojas
Cerca de 60 novas lojas de bandeiras controladas pela empresa devem ser
abertas em 2016: 25 da própria Renner, 15 da Camicado e 25 da Youcom.
Para esses investimentos, além da remodelação de unidades já existentes e
do aprimoramento de sistemas de TI, a empresa reservou uma quantia de
550 milhões de reais.
A Renner pode ainda aproveitar a vacância de pontos de venda
estratégicos, abandonados por outras varejistas por conta da crise, para
lançar lojas extras, principalmente da Camicado e da Youcom.
"Tivemos um período muito favorável, de 2003 a 2011, em que todo mundo
ia bem, até os incompetentes. Agora, quem tem proposta de valor,
diferencial competitivo, continua no mercado.
Quem não tem, cai fora",
disse Galló.
Aquisições ou fusões com concorrentes, porém, estão descartadas.
"Estamos posicionados para vender para as classes A-, B e C+. Não vemos
no mercado ninguém que seja compatível com isso e temos muita
oportunidade de crescer organicamente", disse.
Sucessão
Nesta sexta-feira, a Renner divulgou também a prorrogação do contrato com Galló. O executivo ficará no comando da rede até 2019.
A notícia gerou preocupação no mercado de que a empresa não tenha um
nome para substituí-lo. De acordo com ele, porém, sua sucessão está
sendo bem orquestrada.
"A gente vem investindo muito no desenvolvimento de líderes. Conheço
outras empresas e garanto que muito poucas tem um plano tão bem
estruturado quanto o nosso", disse.