terça-feira, 29 de março de 2016

Nomeação de Lula é válida, mas ato tem desvio de finalidade, diz Janot


 Janot disse que a nomeação de Lula deve ocorrer para não haver danos à ordem institucional, mas ressaltou que o cargo foi concedido com desvio de finalidade.





Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é direito da presidente Dilma Rousseff nomear quem ela quiser para os ministérios, mas a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil, apesar de válida, buscou retirar a competência do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba.

A argumentação consta no parecer enviado nesta segunda-feira (28/3) ao Supremo Tribunal Federal. "Considerando a competência constitucional da presidente da República para nomear ministros de Estado e a crise política instaurada no país, a suspensão do ato político-administrativo poderá causar graves danos à ordem institucional", argumentou Janot.

Porém, o procurador-geral destaca que as provas existentes mostram que a nomeação buscou retirar a competência de Moro sobre o caso envolvendo o ex-presidente. Desse modo, Janot entende que, até a data da efetiva nomeação, as investigações contra Lula na operação “lava jato” devem ficar sob responsabilidade do juiz federal.

"A partir do acervo probatório dos autos e de elementos que se tornaram notórios desde a nomeação e posse do ex-presidente, é lícito concluir que a nomeação foi praticada com a intenção, sem prejuízo de outras legítimas, de afetar a competência do juízo de primeiro grau", acrescentou o procurador.

Na semana passada, o ministro Gilmar Mendes suspendeu a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Na decisão, Mendes também disse que a nomeação de Lula para a Casa Civil teve o objetivo de retirar a competência de Moro para investigá-lo. Com informações da Agência Brasil.


Revista Consultor Jurídico, 28 de março de 2016, 21h31

As prováveis consequências do plano econômico do PMDB na BM&FBovespa



Ações de empresas de educação e construção tendem a se desvalorizar, enquanto as de papel e celulose podem se beneficiar


Por Infomoney
As prováveis consequências do plano econômico do PMDB na BM&FBovespa

Embora comemorado por boa parte do mercado, o novo programa econômico do PMDB já encontra seus desafetos na BM&FBovespa. A razão é simples: os ajustes propostos pelo partido, que deve anunciar na tarde desta terça-feira (29) a ruptura com o governo da presidente Dilma Rousseff, devem passar por cortes em incentivos para algumas empresas do setor de educação e construção civil, que foram favorecidas por programas governamentais. 

O PMDB está preparando uma ampliação do plano nomeado como "Uma Ponte para o Futuro". A nova redação inclui uma revisão de gastos na área social e uma nova política para essa área. No caso da educação, o ajuste passaria por uma restrição maior ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que aos olhos do partido precisa de "meritocracia". Na Bolsa, há quatro empresas do setor expostas ao programa. Os papéis do segmento como Estácio, Kroton, Ser Educacional e Anima já sofreram quedas nos últimos pregoes. O partido estuda, ainda, tornar o Pronatec mais seletivo. 

Já na construção civil, a alteração se daria em cortes de subsídios do programa "Minha Casa, Minha Vida", que têm como principais ações expostas na Bovespa MRV Engenharia e Direcional. No plano do PMDB está uma revisão do uso do FGTS para financiar o "Minha Casa, Minha Vida". Segundo Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o problema precisa ser enfrentado antes que se torne maior. “Estão levando o uso do FGTS ao limite – e o fundo é do trabalhador, precisa ser remunerado, não dá para fazer graça com dinheiro dos outros", afirmou recentemente Moreira Franco. Ele faria parte de um restrito grupo de assessores de Temer e estaria encarregado de propor programas numa eventual transição política, de acordo com o jornal O Estado de São Paulo. 

Além das questões que vêm sendo estudadas para ampliação do "Uma Ponte para o Futuro", há alguns pontos no antigo plano que, embora venham sendo deixados de lado pelo mercado, podem impactar outras empresas na Bolsa. Isso porque, embora o dólar venha em uma trajetória de queda diante da possibilidade do impeachment, se houver uma transição do governo Dilma para Temer, alguns fatores devem ser levados em consideração. “No programa do PMDB, alguns fatores devem trabalhar como limitador de uma desvalorização mais abrupta”, alerta José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos. 

Ele aponta duas passagens que constam no documento para acreditar nisso. Em primeiro lugar,  o programa fala que é preciso "repensar seriamente a ação do Banco Central" nas dispendiosas operações de swap cambial, cujo custo para o governo poderá estar em 2015 em cerca de 2% do PIB. 

Um segundo ponto é que a agenda propõe uma taxa de câmbio que reflita as condições relativas de competitividade. Ou seja, na possibilidade do programa se tornar realidade, o dólar poderia ser elevado para níveis mais altos, beneficiando novamente no médio prazo as ações exportadoras, que foram prejudicadas no início deste ano pela queda da moeda. Entre elas, a fabricante de aeronaves Embraer, além das empresas do setor de papel e celulose Suzano, Fibria e Klabin.


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Ações de empresas de educação e construção tendem a se desvalorizar, enquanto as de papel e celulose podem se beneficiar

Por Infomoney

As prováveis consequências do plano econômico do PMDB na BM&FBovespa
Embora comemorado por boa parte do mercado, o novo programa econômico do PMDB já encontra seus desafetos na BM&FBovespa. A razão é simples: os ajustes propostos pelo partido, que deve anunciar na tarde desta terça-feira (29) a ruptura com o governo da presidente Dilma Rousseff, devem passar por cortes em incentivos para algumas empresas do setor de educação e construção civil, que foram favorecidas por programas governamentais.
O PMDB está preparando uma ampliação do plano nomeado como "Uma Ponte para o Futuro". A nova redação inclui uma revisão de gastos na área social e uma nova política para essa área. No caso da educação, o ajuste passaria por uma restrição maior ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que aos olhos do partido precisa de "meritocracia". Na Bolsa, há quatro empresas do setor expostas ao programa. Os papéis do segmento como Estácio, Kroton, Ser Educacional e Anima já sofreram quedas nos últimos pregoes. O partido estuda, ainda, tornar o Pronatec mais seletivo.
Já na construção civil, a alteração se daria em cortes de subsídios do programa "Minha Casa, Minha Vida", que têm como principais ações expostas na Bovespa MRV Engenharia e Direcional. No plano do PMDB está uma revisão do uso do FGTS para financiar o "Minha Casa, Minha Vida". Segundo Moreira Franco, presidente da Fundação Ulysses Guimarães, o problema precisa ser enfrentado antes que se torne maior. “Estão levando o uso do FGTS ao limite – e o fundo é do trabalhador, precisa ser remunerado, não dá para fazer graça com dinheiro dos outros", afirmou recentemente Moreira Franco. Ele faria parte de um restrito grupo de assessores de Temer e estaria encarregado de propor programas numa eventual transição política, de acordo com o jornal O Estado de São Paulo.
Além das questões que vêm sendo estudadas para ampliação do "Uma Ponte para o Futuro", há alguns pontos no antigo plano que, embora venham sendo deixados de lado pelo mercado, podem impactar outras empresas na Bolsa. Isso porque, embora o dólar venha em uma trajetória de queda diante da possibilidade do impeachment, se houver uma transição do governo Dilma para Temer, alguns fatores devem ser levados em consideração. “No programa do PMDB, alguns fatores devem trabalhar como limitador de uma desvalorização mais abrupta”, alerta José Faria Júnior, diretor de câmbio da Wagner Investimentos.
Ele aponta duas passagens que constam no documento para acreditar nisso. Em primeiro lugar,  o programa fala que é preciso "repensar seriamente a ação do Banco Central" nas dispendiosas operações de swap cambial, cujo custo para o governo poderá estar em 2015 em cerca de 2% do PIB. Um segundo ponto é que a agenda propõe uma taxa de câmbio que reflita as condições relativas de competitividade. Ou seja, na possibilidade do programa se tornar realidade, o dólar poderia ser elevado para níveis mais altos, beneficiando novamente no médio prazo as ações exportadoras, que foram prejudicadas no início deste ano pela queda da moeda. Entre elas, a fabricante de aeronaves Embraer, além das empresas do setor de papel e celulose Suzano, Fibria e Klabin.
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Grampo mostra Lula como interlocutor do PMDB no pré-sal


Adriano Machado/ Reuters
Luis Inácio Lula da Silva
Luis Inácio Lula da Silva: "ficará também muito ruim se a Petrobras mantém a titularidade e não tem dinheiro para fazer nada".
Ricardo Brandt, do Estadão Conteúdo
Julia Affonso e Fausto Macedo, do Estadão Conteúdo

São Paulo - Os grampos da Operação Lava Jato que monitoraram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com autorização da Justiça mostram que, mesmo fora do governo, ele foi um dos principais interlocutores de caciques do PMDB, que nesta terça-feira, 29, desembarcam da base de sustentação da presidente Dilma Rousseff.

Em conversa gravada da entre Lula e o então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, no final de fevereiro, os dois discutem os bastidores da aprovação pelo Senado do projeto que acabou com a participação obrigatória da Petrobras na exploração do petróleo nos campos do pré-sal - uma das derrotas do governo Dilma no Congresso.
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Proposta pelo senador José Serra (PSDB-SP) - arquirrival dos petistas - o projeto foi aprovado no dia 24, com texto substitutivo do senador Romero Jucá (PMDB-RR), após acordo entre o PSDB e parte da bancada peemedebista.

"A orientação que ela (presidente Dilma Rousseff) passou: só não pode dar o Serra", afirma Wagner, para Lula, em conversa após a aprovação do projeto pelo Senado.

Lula então conta que esteve reunido com a bancada governista do PMDB e tratou do assunto. "Deixa eu te falar uma coisa de bom senso, vai ficar entre eu e você essa porra. Logo que foi a primeira votação do José Serra, você está lembrado? Eu estava em um almoço, Jucá, Renan (Calheiros, presidente do Senado), (José) Sarney, (Edison) Lobão, eu. Quando me disseram que o Renan ia votar a posição do Serra, eu falei na mesa 'o Renan, pelo amor de Deus, o PMDB não pode embarcar nessa porra. O PMDB pode até flexibilizar mas garantindo que a decisão seja da Petrobras".

Para Lula, "no fundo, no fundo, um pouco dos que eles fizeram foi isso" ao aprovar o projeto, com o substitutivo de Jucá.

Briga


Ao saber de Lula que ele havia se encontrado com a cúpula congressista do PMDB, Wagner fala: "Presidente ainda bem que você tocou no ponto, porque o Renan publicamente estava trabalhando para essa posição que ficou saindo. Então a gente ia ficar no isolamento, porque o Lindbergh acha que ia ganhar."

Wagner diz que defendeu Dilma, afirmando que ela não mudou de posição. O diálogo gravado entre os dois petistas ocorre no domingo, 28 de fevereiro, após a festa de aniversário dos 36 anos do PT, no Rio, em que Lula fez discurso aos partidários.

O ministro da Casa Civil começa a conversa dizendo que tinha uma reunião marcada com senadores e que não queria desmarcar por conta da votação do projeto da Petrobras.

"A festa foi boa. Acho que não tinha aquele mal humor que a imprensa falava contra a Dilma, sabe.

Eu falei ó 'tem problemas? Tem. O partido não é obrigado a acatar tudo que o governo faz, o governo não é obrigado a atender tudo que o partido quer. Mas temos que ter em conta que a Dilma é nossa presidenta. E ela sabe que somos o exército dela', afirma Lula.

O ex-presidente brincou com Wagner: "É que nem a mãe da gente, faz comida a gente não gosta, mas come".

Lula demonstrou desacordo com o enfrentamento travado pelo governo no Congresso pela aprovação do projeto - o Senado aprovou por 40 votos favoráveis, 26 contrários e duas abstenções, o texto substitutivo, alterando as regras de exploração de petróleo do pré-sal.

A proposta retira da Petrobras a exclusividade das atividades no pré-sal e acaba com a obrigação de a estatal a participar com pelo menos 30% dos investimentos em todos os consórcios de exploração dos campos.

Lula relatou, também, conversa com lideranças sindicais, que tinham ato público marcado contra o governo Dilma. "Vamos imaginar que a medida provisória do Serra era o bode. Tirou o bode da sala e colou uma coisa mais razoável, que é garantir que a Petrobras tenha preferência, mas que pode ser negociado montando uma boa diretoria da Petrobras, um bom conselho nacional de política energética", afirma Lula.

Para o ex-presidente, "ficará também muito ruim se a Petrobras mantém a titularidade e não tem dinheiro para fazer nada".

"Acho que Dilma poderia conversar com a nossa base, criando uma comissão especial para tentar fazer um acordo estratégico com os chineses em cima do pré-sal em cima desses 30%. Tentando dar para os caras um discurso que coloca, como fala, um capilé, uma rota de fuga."


Barbosa e professor da UERJ defenderão Dilma em impeachment


Evaristo Sa / AFP
Dilma Rousseff

Dilma Rousseff: pelo cronograma, nesta quarta-feira (30), serão ouvidos dois dos três autores do pedido de impeachment com base nas "pedaladas fiscais"
 
Daiene Cardoso e Julia Lindner, do Estadão Conteúdo


Brasília - O vice-líder do governo na Câmara, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), indicou na manhã desta terça-feira, 29, os dois nomes que defenderão o governo na comissão do impeachment.

O petista anunciou que poderão vir ao colegiado o ministro Nelson Barbosa (Fazenda) e o professor de Direito Tributário da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Ricardo Lodi Ribeiro.
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Pelo cronograma apresentado, nesta quarta-feira (30), serão ouvidos dois dos três autores do pedido de impeachment com base nas "pedaladas fiscais", os juristas Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. No dia seguinte serão ouvidos os indicados pelo governo.

Líderes partidários da Câmara dos Deputados decidiram mais cedo que a comissão especial ouvirá nesta semana dois representantes da defesa e dois da acusação para formular o relatório de admissibilidade da denúncia contra a presidente Dilma Rousseff.

Ao todo, foram protocolados 67 requerimentos, entre convites, solicitação de documentos e convocações. As oitivas acordadas hoje serão submetidas à votação ainda hoje.

Teixeira chegou a sugerir que as oitivas acontecessem após o fim do prazo de 10 sessões para apresentação da defesa de Dilma, mas seu apelo foi ignorado. O prazo da defesa terminará na próxima segunda-feira, dia 4 de abril.


Brasil assina acordo com OMC que reduz custo de transações comerciais em 14,5%



Brasil assina acordo com OMC que reduz custo de transações comerciais em 14,5%


Brasília (29 de março) - O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, participou nesta terça-feira de reunião no Palácio do Planalto com a presidente Dilma Rousseff e o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Roberto Azevêdo. 

Durante o encontro, a presidente Dilma Rousseff assinou o instrumento de ratificação do Acordo de Facilitação do Comércio da Organização Mundial do Comércio (OMC). O acordo vai diminuir o custo das transações comerciais com outros países em torno de 14,5%, além de tornar as exportações brasileiras mais competitivas.

Segundo o diretor-geral da OMC, Roberto Azevêdo, o instrumento “é uma bela sinalização para o mundo de que o Brasil quer se modernizar, quer se inserir mais no comércio internacional e na economia mundial”.

O Brasil se tornou o 72º membro da OMC a ratificar o Acordo de Facilitação do Comércio.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Projeto de Lei que altera multa do FGTS pode gerar onda de demissões


Mais atingidos devem ser profissionais com mais de 10 anos de empresa

Danilo Pieri Pereira, Administradores.com,
Rafael Neddermeyer / Fotos Públicas


Manter um colaborar por mais de 30 anos pode render um “prêmio” amargo para as empresas brasileiras. Tramita no Senado Federal um projeto de lei que visa aumentar a multa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em até 15% para empresas que mantiverem funcionários em seus quadros por mais tempo.

O senador Donizeti Nogueira (PT/TO) apresentou, no último dia 10 de março, o Projeto de Lei (PLS 90/16), elevando drasticamente a multa do fundo, para as empresas que mantiverem em seus quadros empregados com mais de 10 anos de casa.

Trata-se de um grave retrocesso, que pode aumentar o número de demissões e complicar ainda mais a empregabilidade de trabalhadores, afetando de forma mais contundente colaboradores com mais tempo de serviço: segundo a proposta, em caso de demissão sem justa causa de um colaborador com mais de 30 anos de contrato, a empresa responderá por uma multa de 55% do montante de todos os depósitos realizados durante a vigência do contrato de trabalho.

O aumento de alíquotas segue progressivamente a partir do décimo ano de contrato, sendo que somente não será punido, aquele empregador que mandar embora seu funcionário, antes do aniversário de 10 anos de casa, única hipótese em que a multa do FGTS continuará sendo a atual, de 40%.

Em momento de crise e dificuldade de recolocação profissional, o projeto do senador petista surge como uma bomba no mercado de trabalho e pode ocasionar a extinção de inúmeros contratos de trabalho, aumentando os gastos do governo com o seguro-desemprego. Em outras palavras, o aumento na penalidade para as empresas que mantém empregados em seus quadros por maiores períodos, por si só já representaria uma contradição, todavia a proposta se revela ainda mais dramática em tempos de crise representando uma grave ameaça ao pleno emprego e à manutenção dos postos de trabalho.

O projeto seguirá para o Plenário do Senado, onde poderão ser apresentadas emendas, até seguir para a votação final e encaminhamento para a Câmara dos Deputados.

É importante ressaltar que no próprio Congresso Nacional existem outros projetos que visam extinguir a multa do FGTS. Isso porque em demissões sem justa causa, a empresa deposita nessa conta vinculada uma indenização de 40%, calculada sobre o montante total acumulado em seu FGTS durante o contrato de trabalho.

Entretanto, a Lei Complementar 110/2001 instituiu a contribuição social adicional de 10%, incidente sobre o montante do FGTS, para os casos de demissão sem justa causa, sem prazo de vigência. Portanto, a multa não é de 40%, e sim 50%, muito embora os 10% extras não sejam destinados ao trabalhador.

Esse adicional serviria, conforme a lei, para cobrir o rombo no FGTS aberto pela decisão da Justiça de aplicar correção integral durante os planos Verão e Collor I. A multa de 10% não é depositada na conta do trabalhador, ela vai direto para os cofres do governo.

Entretanto, a multa de 10% do FGTS tornou-se indevida a partir de março de 2012 e, mesmo assim, vem sendo recolhida por milhões de empresas aos cofres federais. A multa também é tema de discussão no Poder Judiciário e aguarda a decisão em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF)


Danilo Pieri Pereira - Advogado especialista em Direito e Processo do Trabalho e sócio do escritório Baraldi Mélega Advogados

Lava Jato não vai salvar o Brasil, mas será termômetro


REUTERS/Ueslei Marcelino
Mulher segura cartaz com frase "Viva Moro" em protesto em Brasília - 13/03/2016
Mulher segura cartaz com frase "Viva Moro" em protesto em Brasília: entre as quase 70 pessoas condenadas, boa parte já está atrás das grades
 
Thiago de Araújo, do HuffPost Brasil

Um total de R$ 2,9 bilhões recuperados. Junto a R$ 2,4 bilhões em bens apreendidos ou bloqueados.
Outros R$ 21,8 bilhões que podem voltar aos cofres públicos. Mais US$ 800 milhões bloqueados apenas na Suíça.

Junto a R$ 659 milhões repatriados. Mais de 40 ações penais contra mais 180 pessoas.

São só alguns números, mas eles não deixam dúvidas: ao completar dois anos neste mês, a Operação Lava Jato já é um marco na história do Brasil e também do mundo quando o assunto é o combate à corrupção.

Entre as quase 70 pessoas condenadas – boa parte delas já atrás das grades – constam doleiros, funcionários públicos e empresários.

De uma investigação que começou em razão de um carro importante dado de presente a um executivo poderoso da Petrobras, passando por um posto de gasolina em Brasília (DF) no qual encontros resultavam em entregas de grandes somas de dinheiro, agora a Lava Jato se vê diante da central nevrálgica do escândalo: a política.

Um acirramento político e social que já era evidente em 2014, durante as eleições presidenciais, só se acirrou nos últimos meses.

Não que a Lava Jato seja causa, porém ela agora entra em um campo recheado não só de corrupção que parece sistemática e multipartidária, mas também de interesses que os seus protagonistas tentarão manobrar.

“Vamos trabalhar com tranquilidade, com equilíbrio. Quem tiver de pagar vai pagar”, sentenciou há um ano o procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Doze meses depois, o discurso não mudou.

“A pauta política não pode contaminar a pauta jurídica (...). Ninguém está acima ou abaixo da lei”, emendou, em entrevista a jornalistas na Suíça.

Dividido na política e na sociedade, o País e, por consequência, a Lava Jato enfrentam o desafio de avançar em meio ao que parece ser um ‘mar de lama’ dos conchavos entre as grandes empreiteiras nacionais e os interesses de políticos – alguns implicados na própria operação. Como esperado, não há consenso até aqui sobre o quão limpo o Brasil pode ficar.
 

"É preciso investigar a todos"


O fim do sigilo de grampos telefônicos solicitados pela Justiça, na figura do juiz federal Sérgio Moro, teve significativo impacto político e social, seja aos que clamam pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), seja entre os que falam em ‘golpe’ contra o governo federal e em criminalização de Lula e do Partido dos Trabalhadores.

Não ao acaso, os recentes atos pelo País – os verdes e amarelos pedindo a queda de Dilma, os vermelhos defendendo a causa petista e a democracia – ressoam no Judiciário e no ambiente acadêmico do País.

Embora o PP seja o partido mais implicado em número de parlamentares na Lava Jato, a operação estaria perseguindo com ênfase os petistas, ‘blindando’ os demais.

“Acho que lideranças políticas estão apostando em radicalizações. A Lava Jato escolheu uma formatação muito comum para investigar, atacando ramos da investigação em determinado momento. Você não consegue abarcar tudo que é investigado em determinado momento. Tudo vem sendo apurado e, direi ponderadamente, é absolutamente normal que, após uma coalizão de 13 anos no poder, uma investigação se concentre sobre os seus políticos”, avalia o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti.

Tatiana Vaz/Exame.com
Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, em 17/03
Protesto na Avenida Paulista, em São Paulo, em 17/03

Entidade que apoia os trabalhos e a conduta de Moro, a ANPR e o seu presidente não acreditam em uma tese que vem sendo muito recorrente, sobretudo entre os partidários do governo: de que a Lava Jato, uma vez que Dilma deixe a Presidência da República – uma possibilidade real, dado o processo em andamento e sua fragilidade política –, irá arrefecer, beneficiando outros parlamentares também investigados.

“Com todo o respeito, achar isso, que só se investiga o PT, não é verdade. É preciso investigar a todos. Veja que houve uma investigação contra o Aécio Neves [senador e presidente do PSDB] e ela foi arquivada, o que não impede que ele volte a ser investigado. O PP e o PMDB estão até mais envolvidos do que o PT. O procurador Rodrigo Janot já disse que tudo será apurado. Não vejo nenhum viés político no trabalho da Força-Tarefa. É um trabalho extremamente responsável”, diz Cavalcanti.

Outro a refutar qualquer seletividade é o presidente da  Associação dos Juízes Federais (Ajufe) ,   Antônio César Bochenek . Figura de relativa proximidade com Moro, ele vê com maior preocupação uma eventual interferência no trabalho da   Políc ia Federal   que possa dificultar a Lava Jato, e assegura que o Judiciário quer é a liberdade para investigar, dentro dos limites constitucionais, deliberando em cima dos autos, e não sob ideologias ou crenças.

“Repito que os juízes estão preparados e irão julgar em cima do que a PF e o Ministério Público trouxerem. Não há seletividade ou preferência por esse ou aquele. Qualquer obstrução hoje é que não seria republicana, e o Judiciário tem feito o seu papel. Qualquer modificação deve ser feita pelo processo judicial, o sistema permite recursos e eles podem modificar entendimentos e decisões. Há falhas e decisões que podem ser reformadas”, avalia.

Para o doutor em Direito pela Universidade Mackenzie e presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra, não há nenhuma contaminação política nos trabalhos da Lava Jato.

O que há, segundo ele, é a constatação de que “o partido do governo é o maior beneficiário do esquema de corrupção” apurado pela investigação, e que a parte política ficará exclusivamente a cargo do Congresso, a começar pela Câmara, que deve votar até a terceira semana de abril o relatório que aceita ou rejeita o pedido de impeachment de Dilma.

“O que pode haver, caso o impeachment aconteça, é uma diminuição da pressão popular, uma vez que o vice-presidente Michel Temer seria nomeado o substituto. Mas com isso eu acredito que, em maior ou menor grau, as manifestações continuarão. O impeachment é um julgamento político que depende da temperatura da nação, que hoje está elevada. Juridicamente, a questão seguirá sendo apurada. Estamos longe do fim”, explica.

Para o secretário-geral da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco, o pior que poderia acontecer para o País seria um ‘acordão’ para blindar políticos. Contudo, ele também é outro a acreditar na autonomia dos investigadores.

“Ainda que esse governo seja substituído, a Lava Jato vai continuar. Há um compromisso para isso de todos os que investigam esse escândalo. Não creio em arrefecimento. Parte da sociedade não tem ‘corruptos de estimação’, ‘bandidos de estimação’. Há uma cobrança generalizada contra os políticos, como demonstraram as recentes manifestações. Pau que bata em Chico bate em Cunha, Renan, Aécio,Fernando Henrique Cardoso... em todos que, comprovadamente, tenham infringido a lei.”
 

"Há um risco real de acordo para blindar políticos"


Nem todos, porém, acreditam que a Lava Jato esteja imune a problemas e pressões.  Na análise de Bruno Brandão , representante no Brasil da Transparência Internaci onal (TI) , uma investigação que apura a participação de mais de 60 políticos em um amplo esquema de corrupção sempre “é um momento prolífico de ‘acordões’”, e há um risco real de que um esteja sendo articulado nos bastidores.

“Esta é talvez a única esperança de impunidade de vários dos que estão na mira da operação”, afirma.
Todavia, ele alerta que o êxito político sobre a investigação da Lava Jato é fruto da união entre Polícia Federal, Procuradoria-Geral da República (PGR),Ministério Público Federal (MPF), e o Judiciário – salvo a PF, as demais possuem autonomia suficiente para escapar de influência política.

“Com uma operação envolvendo tantos atores, poderes e interesses conflitantes, além do escrutínio da imprensa e da população, é bastante complexa a tentativa de sufocar a Lava Jato. Talvez o maior risco de fracasso da Lava Jato hoje seja ela própria, que no afã de cumprir sua missão e se defender da imensa pressão política, termine caindo em armadilhas e atropelando a lei, o que pode levar a nulidades processuais e mesmo à perda de apoio de uma parte importante da sociedade.  Foi este   o final d a Satiagraha , não tanto tempo atrás”, diz Brandão.

A doutora em Ciências Sociais pela Universidade Complutense de Madri e professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano acredita que o juiz Moro já caiu nessa ‘armadilha’, no episódio dos grampos de Lula – pelo menos três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) criticaram a condução que levou à liberação dos áudios para a imprensa e para a opinião pública.

“Tudo aponta para uma blindagem dos outros partidos [caso o impeachment aconteça]. Não vejo o mesmo interesse da operação e da própria classe política para que ela avance além do PT. Acho que a Lava Jato vai continuar, mas dará uma segurada no ímpeto das investigações. Venho conversando com outras pessoas e o senso é este: que o PT é o foco principal e outros nomes, como o do Aécio e o do Cunha, vão desaparecer do noticiário. O Temer será poupado, assim como o PSDB, em prol de uma coalizão possível”, afirma.

Paulo Whitaker/Reuters
Protesto pela democracia e contra o impeachment de Dilma na Avenida Paulista, em São Paulo
Protesto pela democracia e contra o impeachment de Dilma na Avenida Paulista, em São Paulo

Esther acredita que “as instituições não estão cumprindo o seu papel”, uma vez que o Judiciário, por exemplo, “deveria ser mais sóbrio” em suas decisões.

“Ele não deveria se posicionar, a isenção é própria do Judiciário. Acho que falta cautela e imparcialidade, enquanto o Congresso se tornou um ‘circo’ de projetos personalistas de poder, ao passo que a imprensa mainstream tem sido muito parcial”, completa. Outro que teme pelo futuro da Lava Jato é o filósofo da USP Vladimir Safatle, para quem a operação não mostrou “simetria estrita” ao longo de suas 26 fases com todos os atores políticos investigados.

“Temos um escândalo que toca tanto o governo quanto a oposição. Esse é um esquema que começou no governo FHC, os operadores são os mesmos, o Delcídio [Amaral, senador que foi diretor da Petrobras e deixou o PT neste mês, após a sua delação premiada ser homologada pelo STF] vem desde o governo FHC. Até Furnas tem relação com esse processo, desde 2004, 2005. Essas pessoas que falar que é questão de foco, ‘primeiro aqui e depois lá’, devem achar que somos idiotas. É só olhar para a história brasileira”, analisa.

Safatle relembra ainda o chamado mensalão tucano, que só neste ano condenou em primeira instância o ex-governador e ex-deputado Eduardo Azeredo (PSDB), passados 18 anos do escândalo que desviou recursos públicos para a sua campanha de reeleição em Minas Gerais.

De acordo com o filósofo, seria um caso clássico de como a Justiça e a imprensa são claramente seletivas no Brasil quando o assunto é o combate à corrupção.

“Dados os indícios que temos, é muito clara a chance de que a operação desapareça após a queda do governo, que é enorme. Os últimos lances da Lava Jato foram dentro do jogo político, e pouco tiveram a ver com o ritmo necessário em uma operação profunda e complexa, que coloca às claras a relação incestuosa entre políticos e empresários. Está claro que desde o fim da ditadura (1985) a democracia brasileira só funciona sob corrupção generalizada. Temos um fracasso completo, é muito sério.”

Na mesma linha, o cientista político da Unicamp Valeriano Mendes Costa Ferreira avalia que o perigo que um arrefecimento da Lava Jato pode causar é enorme, uma vez que os primeiros indicativos – como as recentes conversações entre lideranças de PMDB e PSDB– são de que muito pouco vai mudar na esfera política nacional.

Mudam partidos, mas a coalizão e a forma com que ela se dá, ao que parece, não deve mudar por interesses partidários.

“O ritmo da Lava Jato tem sido alucinado apenas na primeira instância. Se fosse uma operação séria e republicana, essas demais forças políticas que estão comprometidas já estariam inviabilizadas. Quando acabar essa ‘farra do boi’, com massacre da Dilma e do Lula, sobrará o Congresso, que não há como escapar. Aí vão tirar o pé e se considerarão satisfeitos, se tornando mais razoáveis para, aparentemente, colaborar com uma solução governativa”, opina.
 

"Lava Jato não transformará o Brasil"


Talvez o único ponto que é unânime para os especialistas é que a Lava Jato, embora histórica e de grande importância, não irá transformar o Brasil por si só.

‘Nunca antes na história deste País’, como diria Lula, uma investigação chegou a figuras de tamanha envergadura, quer no poder público, seja no âmbito privado.

Mesmo assim, o trabalho dá fôlego aos brasileiros para construírem uma alternativa melhor do que a que está colocada hoje.

“Acho que há uma injustiça muito grande com o juiz Moro, que não está dando nenhuma entrevista, mas que é acusado de estrelismo. Ele não buscou isso, é o trabalho que, pela sua importância, gerou esse holofote.

Temos mais de 50 magistrados envolvidos na Lava Jato, que meus colegas de Curitiba acreditam que durará pelo menos mais três anos.

 O legado da operação será a busca pela eficiência na administração pública, com uma busca por um novo padrão cultural.

A sociedade não tolera mais impunidade e corrupção”, diz José Robalinho Cavalcanti, da ANPR.

Fiel defensor de uma democracia mais participativa, Vladimir Safatle acompanha o pensamento de que a corrupção não deve ser tolerada, o que o faz reforçar o pedido por simetria à operação que “começou muito bem” e que fez “coisas admiráveis contra a nata do empresariado corrupto”.

Porém, o filósofo alerta que o País hoje rachado não pode ignorar os direitos individuais, sob pena de pagar um preço alto.

“Vemos no mundo todo situações de emergência usadas para flexibilizar os direitos dos cidadãos contra o Estado. Por exemplo, usa-se o exemplo do terrorismo para suspender direitos individuais. Como não tem terrorismo no Brasil, a corrupção foi transformada nisso. Não se pode aceitar a vulnerabilização de cidadãos perante o Estado. Acho que a sociedade civil pode ainda vir a sofrer uma violência absurda. Há hoje um movimento de pessoas que se acham no direito de tomar posse do Brasil, que não precisam do voto popular.”