Divulgação
Bancos: sem novos entrantes de peso, instituições financeiras de países
como Brasil e Colômbia vêm ampliando a presença em outros mercados da
região
Nova York - Grandes bancos internacionais, sobretudo dos Estados Unidos e Europa, estão deixando a América Latina em ritmo acelerado, afirma um estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta quinta-feira, 31.
Sem novos entrantes de peso, instituições financeiras de países como Brasil e Colômbia vêm ampliando a presença em outros mercados da região.
Bancos como o espanhol Santander, os franceses Crédit Agricole e BNP
Paribas, o alemão Deutsche Bank, o inglês HSBC e o norte-americano
Citigroup tomaram iniciativas de reduzir a exposição em países da região
ou sair de vez de alguns mercados, destaca o relatório.
No Brasil, o Citi colocou suas operações de varejo para pessoa física à venda e o HSBC foi comprado pelo Bradesco.
Esse movimento de saída de bancos internacionais se intensificou nos anos que se seguiram à crise financeira mundial de 2008.
Após grandes bancos quebrarem e outros precisarem de socorro financeiro
emergencial, os governos da Europa, Estados Unidos e outros países
apertaram as exigências de capital e a regulação para os bancos.
Para se adequarem, essas instituições, muitas fragilizadas em seus
próprios mercados domésticos, começaram a reduzir operações no exterior e
a vender negócios não essenciais, ressalta o FMI.
"Nenhum grande banco europeu ou norte-americano entrou no mercado
latino-americano para ocupar o lugar dos que saíram, o que resultou na
consolidação crescente dos sistemas bancários domésticos em muitos
países", afirma os autores do estudo, Charles Enoch, Mohamed Norat e
Diva Singh.
Por isso, o FMI destaca que bancos de países como Brasil e Colômbia estão ampliando a atuação regional.
No caso brasileiro, o relatório cita o Itaú, que sozinho tem mais ativos
que quase "todo o sistema bancário do México", e tem perseguido uma
estratégia de regionalização, seja por fusões e aquisições ou outros
investimentos em países como Chile, Colômbia e México.
O BTG também tem buscado se tornar um banco de investimento regional, ressalta o estudo.
Já na Colômbia, o grupo financeiro Aval comprou as operações do espanhol
BBVA no Panamá e o Bancolombia comprou os negócios do HSBC.
"Bancos regionais podem ocupar o papel deixado pela saída dos bancos estrangeiros", afirma o estudo.
Ao mesmo tempo, o documento ressalta que o mercado brasileiro, com
grandes bancos públicos e privados, é de difícil entrada para outra
instituição regional.
O movimento recente de saída de bancos estrangeiros da América Latina
contrasta com o período que começou nos anos 90, quando os bancos
estrangeiros começaram a aumentar a exposição na região, muitas vezes
incentivadas pelos governos locais, que viam na chegada de grandes
bancos da Europa e dos EUA uma forma de reforçar os mercados financeiros
domésticos, abalados por uma sucessão de crises nos anos 80 e 90.