quinta-feira, 31 de março de 2016

Bancos estrangeiros deixam AL e impulsionam nacionais


Divulgação
HSBC mais otimista com ações dos bancos
Bancos: sem novos entrantes de peso, instituições financeiras de países como Brasil e Colômbia vêm ampliando a presença em outros mercados da região
 
 
Altamiro Silva Junior, do Estadão Conteúdo
correspondente, do Estadão Conteúdo

Nova York - Grandes bancos internacionais, sobretudo dos Estados Unidos e Europa, estão deixando a América Latina em ritmo acelerado, afirma um estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta quinta-feira, 31.

Sem novos entrantes de peso, instituições financeiras de países como Brasil e Colômbia vêm ampliando a presença em outros mercados da região.

Bancos como o espanhol Santander, os franceses Crédit Agricole e BNP Paribas, o alemão Deutsche Bank, o inglês HSBC e o norte-americano Citigroup tomaram iniciativas de reduzir a exposição em países da região ou sair de vez de alguns mercados, destaca o relatório.

No Brasil, o Citi colocou suas operações de varejo para pessoa física à venda e o HSBC foi comprado pelo Bradesco.

Esse movimento de saída de bancos internacionais se intensificou nos anos que se seguiram à crise financeira mundial de 2008.

Após grandes bancos quebrarem e outros precisarem de socorro financeiro emergencial, os governos da Europa, Estados Unidos e outros países apertaram as exigências de capital e a regulação para os bancos.

Para se adequarem, essas instituições, muitas fragilizadas em seus próprios mercados domésticos, começaram a reduzir operações no exterior e a vender negócios não essenciais, ressalta o FMI.

"Nenhum grande banco europeu ou norte-americano entrou no mercado latino-americano para ocupar o lugar dos que saíram, o que resultou na consolidação crescente dos sistemas bancários domésticos em muitos países", afirma os autores do estudo, Charles Enoch, Mohamed Norat e Diva Singh.

Por isso, o FMI destaca que bancos de países como Brasil e Colômbia estão ampliando a atuação regional.

No caso brasileiro, o relatório cita o Itaú, que sozinho tem mais ativos que quase "todo o sistema bancário do México", e tem perseguido uma estratégia de regionalização, seja por fusões e aquisições ou outros investimentos em países como Chile, Colômbia e México.

O BTG também tem buscado se tornar um banco de investimento regional, ressalta o estudo.

Já na Colômbia, o grupo financeiro Aval comprou as operações do espanhol BBVA no Panamá e o Bancolombia comprou os negócios do HSBC.

"Bancos regionais podem ocupar o papel deixado pela saída dos bancos estrangeiros", afirma o estudo.

Ao mesmo tempo, o documento ressalta que o mercado brasileiro, com grandes bancos públicos e privados, é de difícil entrada para outra instituição regional.

O movimento recente de saída de bancos estrangeiros da América Latina contrasta com o período que começou nos anos 90, quando os bancos estrangeiros começaram a aumentar a exposição na região, muitas vezes incentivadas pelos governos locais, que viam na chegada de grandes bancos da Europa e dos EUA uma forma de reforçar os mercados financeiros domésticos, abalados por uma sucessão de crises nos anos 80 e 90.

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