sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Pão de Açúcar autoriza processo de venda de fatia na Via Varejo


A decisão, segundo a empresa, está em linha com a sua estratégia de longo prazo de focar no desenvolvimento do setor alimentar




São Paulo – O conselho de administração do Grupo Pão de Açúcar autorizou a diretoria a iniciar o processo de venda da sua participação no capital da Via Varejo.

A decisão, segundo a empresa, está em linha com a sua estratégia de longo prazo de focar no desenvolvimento do setor alimentar, principal atividade da companhia.

Na reunião do conselho, realizada nesta quarta-feira, 23, foi feita uma apresentação sobre os estudos conduzidos para avaliar alternativas estratégicas para o investimento na Via Varejo.

Os estudos concluíram que, dentre as diversas opções analisadas, aquelas que resultam na venda da fatia detida na Via Varejo “são mais vantajosas para a companhia neste momento”.

No início de novembro, o Pão de Açúcar anunciou que estudava alternativas para a Via Varejo. O grupo, controlado pelo grupo francês Casino, contratou o banco Santander para estudar opções para a empresa, que tem valor de mercado de quase R$ 4 bilhões.

J&J ensaia oferta por farmacêutica suíça Actelion, diz Bloomberg


Relatório da Bloomberg diz que as deliberações ainda estavam em uma fase inicial após a oferta inicial da Johnson & Johnson




A empresa norte-americana Johnson & Johnson se aproximou da empresa de biotecnologia suíça Actelion para uma possível aquisição, afirmou a Bloomberg nesta quinta-feira, citando pessoas familiarizadas com o assunto.

O relatório diz que as deliberações ainda estavam em uma fase inicial após a oferta inicial da Johnson & Johnson (J&J), e a Actelion trabalha com um conselheiro para explorar opções.

A Actelion se recusou a comentar. A J&J não respondeu a um pedido de comentário.

“Tendo a J&J com uma capitalização de mercado superior a 300 bilhões de dólares, a Actelion seria claramente um ativo acessível para a empresa.” Mas o momento, antes de uma possível janela favorável de repatriamento de caixa para as empresas norte-americanas, não é o melhor”, afirmaram analistas do Morgan Cazenove em nota.

“Também vemos pouca sobreposição óbvia para permitir sinergias em produtos terapêuticos, além do interesse J&J no anticoagulante Xarelto que poderia ter alguma sobreposição modesta”, acrescentaram.

O presidente da J&J, Alex Gorsky, disse no começo do ano que a empresa tem interesse em crescer em dispositivos médicos e produtos farmacêuticos. Nos últimos anos, a J&J obteve cerca de metade de sua receita de produtos adquiridos.

A J&J aceitou comprar o negócio de cuidados com os olhos da Abbott por cerca de 4,3 bilhões de dólares em dinheiro em setembro.


Quem disse, Berenice? abre 3 lojas em Portugal


As unidades, que serão inaugurada em Lisboa e Porto, terão o mesmo visual e produtos das brasileiras


São Paulo – A marca Quem disse, Berenice? irá abrir três lojas em Portugal na semana que vem, dando início à sua expansão internacional. A marca, que promove uma beleza jovem e ousada, aplicou esses conceitos na nova empreitada.

As lojas, que serão inauguradas em Lisboa e Porto, terão o mesmo visual e produtos das unidades brasileiras. De acordo com o desempenho delas, a empresa fará os planos para a expansão em 2017.

A mais nova marca do Grupo Boticário foi lançada em agosto de 2012 e hoje tem 180 lojas no Brasil. Deverá terminar o ano com 200 unidades e recentemente também começou a ter os produtos vendidos nas farmácias Droga Raia, segundo Juliana Fava, diretora da marca.

Apesar da rápida expansão, a marca é bem menor que a líder do grupo, O Boticário, que tem cerca de 4.000 lojas em todo o Brasil.

Porém, ser uma marca jovem pode ser uma vantagem, afirmou Ana Paula Tozzi, presidente da consultoria AGR.

Ao invés de levar a Eudora para fora ou impulsionar a expansão do Boticário, que já está em Portugal e Colômbia, a empresa optou por levar a marca que deu certo no Brasil e que seria uma novidade no mercado europeu.


Nada de Paris ou Nova York


Entre as companhias brasileiras de beleza que se arriscam no exterior, muitas optam por abrir uma loja vitrine em Paris ou Nova York, as cidades mais icônicas – e competitivas – do setor.

No entanto, esses são mercados muito bem consolidados, mais restritivos para a entrada de novas marcas e que exigem altos investimentos em marketing, afirma a consultora.

Portugal também é um país com mercado de beleza bem estabelecido, mas muito menos fechado para a entrada da concorrência. Cerca de 70% das portuguesas usam produtos de beleza, contra 50% das brasileiras.

Segundo a diretora da Quem disse, Berenice?, Portugal foi escolhido para essa empreitada pela aproximação da língua e da cultura. Muitas consumidoras portuguesas acompanham blogueiras, youtubers ou novelas brasileiras e já conheciam a marca.

Assim, será bem mais fácil explicar o nome da marca e o seu conceito no país lusófono. “Liberdade é um conceito universal, que pode ser entendido em qualquer país”, disse Fava.

Outra vantagem do país é que O Boticário já está presente no país há 28 anos, com cerca de 50 lojas. “Começamos por onde acreditamos ter mais chance para fazer nossa marca crescer”, afirmou a executiva.


Avanço internacional


Praticamente todo o portfólio de produtos – sombras, batons, esmaltes, bases, acessórios e outros – será oferecido no país. Enquanto no Brasil são vendidos mais de 500 itens diferentes, Portugal terá cerca de 400, por conta das legislações distintas em relação a alguns ingredientes.

Cerca de 70% dos itens serão fabricados na fábrica do grupo O Boticário em São José dos Pinhais, Paraná, e os outros serão importados de outros países. Assim como no Brasil, a marca terá um preço bastante acessível, ainda que não seja o mais barato do setor.

Os produtos não precisarão ser adaptados porque já foram criados de olho no padrão internacional, disse a consultora Tozzi.

Algumas marcas brasileiras fazem produtos bastante cremosos e com forte aroma. Já a Quem disse, Berenice? tem itens de beleza mais suaves, com aceitação mais fácil lá fora, disse ela.

Não é a primeira vez que uma marca brasileira se arrisca no exterior. A Natura é um exemplo: suas operações internacionais foram responsáveis por 33,5% das receitas totais da empresa no 3o trimestre.

A fabricante está presente, por meio da venda direta, em 6 países e tem uma loja vitrine em Paris, na França. Recentemente, anunciou o fim das vendas diretas na França.

Outro exemplo é a Granado. Em setembro, o grupo espanhol Puig comprou 35% da brasileira, o que pode incentivar o seu crescimento internacional.

Planejamento estratégico: o que você precisa saber antes de começar




Chegou o final do ano e você ainda não sabe o que quer para o futuro da sua empresa? Confira as dicas de Antônio Napole, da Kaiser Associates, sobre planejamento estratégico


iStock


Planejamento estratégico é uma expressão que dá dor de cabeça em muitos empreendedores, mas não precisa ser assim. Ao contrário do que muitos pensam, fazer um bom planejamento exige passos simples e que podem ser feitos por qualquer empresa, independentemente do seu tamanho. Ter um olhar mais estratégico sobre o futuro do negócio vai ajudá-lo a crescer de forma mais estruturada e pelo caminho certo!

Para ajudar a esclarecer alguns pontos sobre o planejamento estratégico, batemos um papo com Antônio Napole, da Kaiser Associates. Veja o que aprendemos para não cair nas armadilhas do planejamento e entrar com tudo em 2017:


A importância do planejamento

 

Para atingir qualquer objetivo, você precisa saber o que quer alcançar. Sem esse direcionamento sua empresa vai acabar navegando sem um norte e pode chegar a um lugar que não seja estratégico. Não pense que só as grandes empresas se beneficiam de um bom planejamento: micro e pequenos negócios também podem abrir vantagem contra seus concorrentes quando planejam e executam bem suas ações.

Resumidamente, o planejamento envolve sonhar o futuro e tangibilizar essas mudanças no presente. Não importa se seu objetivo é aumentar o volume de vendas ou o tamanho da empresa, seus colaboradores não irão saber como agir sem um bom planejamento. Na hora de realizá-lo, não esqueça de sempre levar em consideração os valores e a missão do negócio, eles devem pautar toda estratégia que será usada pela empresa. Para saber se você está indo pelo caminho certo, responda essas duas perguntas:

1. Se sua empresa fosse uma pessoa, por quais atitudes ela deveria ser conhecida, lembrada e admirada?
2. Essa lista de atitudes poderia servir como a lista de valores do seu negócio? Se não, refaça a lista de atitudes.


Planejamento da Empresa x Planejamento Pessoal

 
Durante a elaboração do planejamento estratégico, muitos empreendedores confundem seu planejamento pessoal com o planejamento da empresa, principalmente por sua vida estar muito ligada ao negócio. Esse erro, que parece bobo, pode custar caro no futuro, então antes de começar a planejar o futuro da sua empresa é preciso pensar no que você quer: será que você quer tocar a empresa sozinho pelo resto da vida? Será que não seria a hora de procurar um sócio? Quanto tempo você quer se dedicar à empresa por semana?

Perguntas como essas vão ajudar a criar um panorama da sua vida e da empresa, o ajudando a ver com mais clareza em quais pontos elas se cruzam e quais as consequências disso. Se você, por exemplo, está planejando ter um filho nos próximos 2 anos, o seu planejamento da empresa precisa contar com uma ação que vise procurar um sócios ou um profissional que possa substituí-lo por algum tempo. Por mais difícil que seja separar um planejamento do outro, o ideal é sempre ter 2 tipos de planejamentos, afinal, você, como pessoa, tem um ciclo e a sua empresa tem outro.

Adir Ribeiro, da Praxis, desenvolveu uma metodologia que pode ajudar na hora de elaborar um planejamento pessoal. A análise passa por 5 etapas:

1. Ter consciência das suas forças e fraquezas
2. Analisar as oportunidades e ameaças
3. Estabelecer uma visão a longo prazo — aonde você quer chegar
4. Metas da 10, 5 e 01 ano
5. Planejamento anual, com revisão semestral ou bimestral

Para entender melhor como aplicar a metodologia, não deixe de conferir a explicação completa.


Quando começar a planejar

 
Muitas pessoas acham que existe um período específico no ano em que devem fazer seu planejamento, mas a verdade é que isso vai depender muito do ciclo da sua empresa. Imagine que você tem uma indústria siderúrgica. Seu planejamento irá se concentrar em ações a longo prazo, porque o cenário em que sua empresa está inserida não varia tanto de um ano para o outro. Geralmente, as indústrias planejam suas ações para ciclos de 2 a 5 anos. Agora imagine uma empresa de tecnologia que vivencia uma disrupção a cada 3 meses — seu planejamento terá que ser feito nessa mesma velocidade.

É por isso que sua primeira pergunta, antes de começar um planejamento, deve ser: qual o ciclo da minha empresa? Com essa resposta você vai conseguir definir de quanto em quanto tempo vai preciso rever seu planejamento estratégico.


Check-list do planejamento
 

A primeira etapa do planejamento, depois de definir o ciclo do negócio, é reunir as pessoas que vão fazer o planeamento acontecer. Por mais que o engajamento de todos os colaboradores seja importante, nessa primeira tapa você deve chamar apenas aquelas pessoas que têm poder de decisão, como os diretores de áreas e gestores.
Depois de selecionar quem deverá participar do processo,é hora de sair um pouco do ambiente de trabalho. Durante a elaboração do planejamento, você e seu time vão precisar ter tempo para refletir sobre o futuro do negócio de forma mais profunda e isso só vai acontecer quando não há tarefas do dia a dia em paralelo.

Quando vocês se reunirem, o primeiro passo é fazer a “lista do Papai Noel”, ou seja, a lista dos desejos para o futuro da empresa. Pode ser desde “ter uma cultura mais colaborativa” até “aumentar nosso faturamento em X%”, o importante é todo mundo fazer essa lista individual e depois compartilhar com o grupo.

Uma dica é sempre ter a figura de um mediador que vai organizar os momentos e garantir que todos os pontos de vistas sejam ouvidos. Depois dessa apresentação, você deve agrupar as ideias por “sonhos semelhantes” como tecnologias, pessoas etc. Por mais que a ação seja bem parecida com um brainstorm, você precisa ter uma boa descrição do que quer em cada objetivo.

Depois de ter tudo isso bem definido, é hora do segundo passo: entender o que impede sua empresa de atingir esses resultados. Seguindo pelo exemplo de ter uma empresa mais colaborativa, você deve pensar em quais barreiras estão impedindo que isso aconteça. Pode ser a arquitetura do seu escritório, por exemplo: às vezes seu time pode achar que aquele design de cubículos impede uma cultura mais colaborativa.

Aqui vale um alerta. Um erro muito comum na hora de levantar essas barreiras é cair no discurso de que “falta dinheiro” ou “faltam recursos”. O problema é que, quando você usa a palavra “falta”, seu cérebro vai automaticamente entender que não pode fazer nada sobre esse assunto, quando, na verdade, você pode mudar o cenário.

Para evitar cair nessa armadilha, evite usar palavras como ausência ou falta. Para chegar à raiz dos seus desafios, pergunte 5 vezes o “porquê” de esse cenário não ser o que você gostaria para a empresa. No exemplo acima, poderia ser algo assim:

Não temos uma arquitetura favorável a uma cultura de colaboração. Por quê?
Nunca paramos para fazer um planejamento estratégico. Por quê?
Nós temos temperamento reativo e aprendemos durante a execução.

Veja que tivemos que perguntar mais de um “por quê” até chegar à verdadeira causa daquele obstáculo. Depois de listar todos obstáculos por causa comum, você precisa desenhar uma ação para cada um deles. Aqui vale uma outra dica muito valiosa: cada ação tem que ter um dono e um prazo. Não adianta falar “o time de vendas será o responsável”, assim a ação vai perder sua força, o ideal é ter algo como “A Maria é responsável por fazer X, no prazo Y, com recursos N”.

Isso vai garantir que sempre haverá uma pessoa olhando para cada ação e garantindo que ela saia do papel. Se pararmos para pensar, essas 3 etapas de planejamento são simples, o que falta é a disciplina de parar e realmente pensar no futuro da empresa com um olhar mais estratégico.


Mantendo a rota

 
Para ajudar a garantir que essas ações estão sendo cumpridas, é preciso estabelecer metas e indicadores que traduzam o que você quer. Pergunte-se: “O que dentro da realidade da minha empresa prova que eu atingi aquele objetivo?” e, a partir da resposta, defina essas métricas. Nessa parte do planejamento, muitos empreendedores acabam se enrolando ou por colocarem metas e indicadores que não condizem com a realidade da empresa ou por confundirem os reais significados de objetivo, meta e ação. Para garantir que isso não aconteça com você, vamos a um exemplo:

Imagine que você e seu time chegaram a conclusão que um dos pontos de melhora do negócio é ser menos dependente de grandes clientes. Seu objetivo pode ser “nos tornar uma empresa com ampla liberdade de ação, que não depende de um único cliente”. Os objetivos têm sempre um caráter mais qualitativo e dão o direcionamento a meta. Logo, sua meta poderia ser “ter 70 novos clientes, sendo que o maior deles não seja responsável por mais de 10% do nosso faturamento”. Por fim, suas ações poderiam ser: “Conquistar novos clientes em determinada geografia” ou “azer publicidade para ter leads em novas áreas”. Lembre sempre que:

• A definição, o planejamento e a execução das metas exigem disciplina;
• O objetivo deve ser algo que realmente importa para você como empreendedor;
• Uma meta não é um desejo ou um sonho, mas o resultado de uma pesquisa, relatórios operacionais e gerenciais.
• Nunca esqueça de desdobrar a meta em iniciativas pessoais; e
• Discuta a meta e seus desdobramentos com as pessoas que ficarão responsáveis por atingi-la.
OKRs eKPIstambém são ótimas saídas para aqueles querem ter um direcionamento mais claro sobre as prioridade da empresa. Se você ainda não entende direito a diferença entre os dois conceitos, este artigo vai clarear sua mente.

 
5 Indicadores de Desempenho para Medir o Sucesso
 

Um bom planejamento estratégico vai muito além do PPT que você apresenta ao seu time, ele vai guiar os seus passos nos próximos meses ou anos e ditar o futuro do seu negócio. Se você tiver dúvidas sobre qual caminho seguir, lembre-se sempre que a melhor linha é a do “simples, objetivo e direto”. Por mais que a rotina do dia a dia seja um grande desafio, é importante ter sempre em mente a importância do planejamento estratégico, se você o tiver como algo essencial, sua empresa estará sempre indo pelo caminho certo. Mãos a obra que 2017 está quase chegando.

Artigo de Priscilla Cestarolli, publicado pela Endeavor e cedido gentilmente ao Administradores.com

 http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/planejamento-estrategico-o-que-voce-precisa-saber-antes-de-comecar/100132/

“A democracia liberal está em declínio”, afirma historiador


Para Peter Frankopan, da universidade de Oxford, a democracia não causou o “final da história” e o Ocidente está em xeque




São Paulo — O historiador inglês Peter Frankopan, professor na Universidade de Oxford, lançou em 2015 o livro Rotas da Seda, uma Nova História do Mundo, sugerindo que o mundo ocidental fizesse uma reavaliação profunda. Para Frankopan, eventos como o Brexit e a eleição de Trump podem acelerar o declínio da democracia liberal.

Exame – Qual o contexto que permitiu a eleição de Trump?
Frankopan – Trump está certo ao dizer que o mundo está em transição. Ideologias em ascensão, mudanças climáticas, incerteza econômica e a mudança do eixo de poder global são fatores que afetam a todos. Os medos se baseiam na realidade de mudança. A reação à globalização, a raiva, a divisão dos Estados Unidos em dois — e do Reino Unido, onde os que votaram a favor e contra o Brexit não se falam mais — mostram que o Ocidente tem problemas reais. Divisão e medo levam a perigosas decisões de se isolar. Com a ascensão do Oriente e países como Rússia e China se tornando mais influentes, ambiciosos e importantes, o Ocidente terá de aprender que não pode fugir e esperar que o crescimento oriental pare.

Exame – Os valores ocidentais estão enfraquecidos?
Frankopan – O Ocidente está em apuros, mas colapso e declínio duram décadas, às vezes séculos. O Brexit e a eleição de Trump aceleram o processo. Há 100 anos, quase todo país da Europa tinha um império. Nenhum tem mais. Os Estados Unidos eram um país emergente. Se Trump impuser barreiras à China, haverá consequências. Quando parceiros viram as costas uns aos outros, surge a rivalidade, e em geral um dos lados ganha. Não acho que serão os Estados Unidos.

Exame – Quais as consequências para a democracia liberal?
Frankopan – É marcante que os países da Rota da Seda, na Ásia, não tenham o modelo de democracia liberal e seus líderes governem como reis medievais. Em vez de trazer o final da história, como o cientista social Francis Fukuyama previu, a democracia liberal está em recuo. Nos Estados Unidos e na Europa, a cooperação e o respeito com nosso mundo parecem mais frágeis do que nunca. Democracia significa ter de viver com a divisão. Muitos acham isso inquietante.

Geddel pede demissão do cargo de secretário de governo


O secretário de governo, Geddel Vieira Lima, enviou carta de demissão a Temer, informação confirmada pela assessoria de imprensa da Presidência




Brasília – O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), pediu demissão nesta sexta-feira (25) por e-mail enviado ao presidente Michel Temer (PMDB), de acordo com a assessoria de imprensa da Presidência da República. O ministro deixou a pasta com o objetivo de evitar que a crise se alastre pelo governo peemedebista.

Com o pedido de demissão, Geddel perde o foro privilegiado e pode ser julgado em instâncias inferiores ao Supremo Tribunal Federal (STF). O caso está sendo investigado pela Polícia Federal.

O estopim para a saída de Geddel seria a denúncia de tráfico de influência feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero (PSDB-RJ).

Considerado um dos principais articuladores do presidente Michel Temer (PMDB), o ministro está no meio da crise que aflige o governo desde a última sexta-feira (18), quando Calero acusou Geddel de tê-lo pressionado a produzir parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais.

Segundo Calero, o articulador do governo Temer o procurou para que o Iphan, órgão subordinado à Cultura, aprovasse o projeto imobiliário La Vue Ladeira da Barra, localizado próximo a uma área tombada em Salvador.

Em depoimento à Polícia Federal na quinta-feira, Calero afirmou que Temer o teria “enquadrado” com o objetivo de construir uma “saída” no caso do imóvel de interesse de Geddel.  O governo admite o encontro para solucionar impasse na sua equipe e evitar conflitos entre seus ministros.


Veja a carta de demissão enviada por Geddel ao presidente Michel Temer:
whatsapp-image-2016-11-25-at-11-07-49-am

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Por que a delação da Odebrecht deve estremecer a classe política

Nos depoimentos pré-delação, os executivos da companhia teriam citado pelo menos 130 políticos de todos os grandes partidos




Brasília – A delação premiada de mais de 75 executivos da Odebrecht —  incluindo os donos da construtora, Emílio e Marcelo Odebrecht — deve abalar as estruturas da classe política brasileira. Nesta quinta-feira (24), deve ser concluída a assinatura dos acordos de delação firmados com a Procuradoria-Geral da República dentro da Operação Lava Jato.

O acordo é visto com preocupação entre membros da base governista e da oposição por uma evidente razão: nos depoimentos pré-delação, os executivos da companhia teriam citado pelo menos 130 importantes políticos de todos os grandes partidos.

Em diálogo gravado de forma oculta, o ex-presidente José Sarney (PMDB) teria afirmado que a delação da Odebrecht deve causar um estrago para a carreira de partidos e políticos comparável à potência de uma “metralhadora de [calibre] ponto 100”.

Diante do potencial da delação, a pergunta que não quer calar é: quem será citado?


De Temer a Dilma: quem estaria na boca dos delatores


De acordo com reportagem do jornal O Globo, deputados, senadores, ministros e ex-ministros deverão ser atingidos pelas delações. O presidente  Michel Temer (PMDB) também estaria entre os citados.

Nomes do núcleo duro do atual governo, como os ministros da Secretaria do Governo, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), e da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), também estariam na lista. O chefe da pasta de Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), e o  líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR), idem.

Os nomes do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e dos governadores de São Paulo e do Rio de Janeiro, Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), também compõem a lista.
Segundo O Globo, a oposição também teria sido mencionada. Entre os citados, estaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de Minas, Fernando Pimentel (PT-MG). Bem como os  ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega.

Ainda de acordo com a publicação, os delatores também fizeram denúncias contra o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e contra o ex-governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB-RJ). Os dois já estão presos por conta de outras acusações na Lava Jato.

Segundo reportagem da revista VEJA publicada em junho, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também deve ser uma das principais protagonistas dos depoimentos. No cerne da delação estariam detalhes sobre recursos ilegais que teriam abastecido a campanha da petista em 2014.

Os investigadores da Lava Jato afirmam que a Odebrecht teria repassado 22,5 milhões de reais ao marqueteiro João Santana entre outubro de 2014 e maio de 2015. Responsável pela campanha à reeleição da petista, Santana está preso desde fevereiro do ano passado.

Reportagem da revista Istoé desta semana revela também que a própria presidente afastada Dilma Rousseff teria cobrado uma doação “por fora” de 12 milhões de reais de Odebrecht para sua reeleição. O pedido teria sido feito pelo então tesoureiro de campanha, Edinho Silva, e confirmado pela petista.


Próximos passos


Após a assinatura dos acordos, os delatores serão chamados para prestar depoimentos oficiais e apresentar detalhes das acusações que prometeram fazer. Quando essa etapa for concluída, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviará esse material ao ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para que as delações sejam homologadas.

Teori deve separar os trechos que citarem pessoas, políticos com e sem foro privilegiado para mandar para a PGR e para a primeira instância. Depois das investigações, o Ministério Público vai definir quem será ou não denunciado à Justiça.

Em nota, a Odebrecht disse que não se manifestará sobre o caso, mas reafirmou “seu compromisso com uma atuação ética, íntegra e transparente, expressa por meio das medidas concretas já adotadas para reforçar e ampliar o programa de conformidade nas empresas do grupo.