segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

No Brasil não falta inteligência, imaginação, criatividade. Talvez falte só a atitude





 Hayim Makabee vive em Israel e reflete sobre as diferenças entre universitários brasileiros e israelenses.

Hayim Makabee vive em Israel e reflete sobre as diferenças entre universitários brasileiros e israelenses.
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por Hayim Makabee
Emigrei para Israel em 1992, aos 21 anos de idade, imediatamente depois de me formar em Informática pela UFRJ. Fiz mestrado em Ciências da Computação no Technion, em Haifa, e há mais de 20 anos trabalho na indústria de software israelense. Durante esse período, voltei muitas vezes de férias para o Brasil, e cheguei a trabalhar remotamente nos escritórios da Yahoo em São Paulo.

Penso muito sobre as diferenças entre Israel e o Brasil, e neste artigo gostaria de trazer uma visão comparativa entre a “startup nation” e o “país do futuro”. Começo trazendo alguns fatos representativos, que considero bem interessantes.


Cargos e aptidões de universitários aqui e aí


Dados disponíveis no LinkedIn permitem comparar a UFRJ com a Universidade de Tel-Aviv, mostrando os cargos e locais de trabalho dos profissionais formados nessas instituições. Vejamos. O maior empregador de profissionais da UFRJ é a Petrobras, uma estatal. Se destacam também três instituições de ensino: própria UFRJ, a UERJ e a FGV. Completando a lista estão Vale, uma ex-estatal, e a Rede Globo. Entre os cargos que ocupam, há uma concentração nas áreas de ensino, pesquisa e consultoria.

 Comparativo de local de trabalho entre ex-alunos da Universidade de Tel-Aviv e da UFRJ (dados do LinkedIn).

Comparativo de local de trabalho e cargos ocupados por ex-alunos da Universidade de Tel-Aviv e da UFRJ (dados do LinkedIn).

Por sua vez, os maiores empregadores de profissionais formados pela Universidade de Tel-Aviv são grandes empresas de high-tech: Intel, Amdocs, HP, Google e Microsoft. A exceção da lista é o exército israelense. Entre os cargos que ocupam, há uma concentração nas áreas de engenharia e tecnologias da informação. Mas o mais importante: Entrepreneurship – empreendedorismo!

Também é possível comparar as profissões e aptidões dos profissionais formados pela UFRJ e pela Universidade de Tel-Aviv. A maioria dos formados na UFRJ estudou na área de Humanas, incluindo Direito e Psicologia. Suas principais aptidões (informa o LinkedIn) são: Microsoft Office e inglês.

Dá a impressão que, no Brasil, Word e PowerPoint são ferramentas essenciais para a maioria dos profissionais. E que saber inglês ainda é um diferencial.

Entre os profissionais formados pela Universidade de Tel-Aviv, por sua vez, há um maior balanço entre disciplinas Humanas e tecnológicas, com destaque para Ciências da Computação e Engenharia Eletrônica. Entre as aptidões mais frequentes: administração, gerência de produtos e gerência de projetos. E uma importante qualificação: Startups!

 Um comparativo entre profissionais formados na UFRJ e na Universidade de Tel-Aviv.

Comparação entre área de estudo e aptidões de ex-alunos da Universidade de Tel-Aviv e da UFRJ (dados do LinkedIn).

Esse dados, além de interessantes, são representativos, mas não vou analisá-los profundamente. Fica como material para a reflexão de quem se sentir assim impelido.

Quero agora contar um pouco da minha experiência pessoal. Quando me formei pela UFRJ em 1992, meus colegas estavam em busca de emprego. A maioria sonhava em trabalhar para grande empresas estatais, como a Companhia Vale do Rio Doce. Isso me intrigava. Perguntei a eles: “Mas por que vocês querem trabalhar em uma estatal?”. A resposta que recebi: “Estabilidade no emprego!”.

Fiquei chocado. Jovens de 21 anos, recém-formados e iniciando sua carreira profissional, preocupados com estabilidade no emprego!

Deixei meus amigos no Brasil e vim para Israel. Terminei meu mestrado no Technion em 1995, e desde então já trabalhei para nove empresas diferentes, a maioria startups. Em média trabalhei dois anos em cada empresa. Nesse período, também tentei duas vezes criar minha própria startup. Atualmente, sou o CEO da KashKlik, startup na área de Marketing de Influência. Minha vida profissional em Israel não foi nem um pouco monótona…

Hoje em dia, a maioria dos estudantes israelenses na área de Ciências da Computação sonham em ter sua própria startup. Mas o mais importante é que realmente boa parte deles, em algum momento, tentará montar sua própria empresa. E parte destes vai conseguir. Alguns vão ficar ricos, outros vão criar novas tecnologias. E o país inteiro vai se beneficiar com isso.


Onde começam as diferenças?


Já como estudantes nas universidades, as diferenças entre brasileiros e israelenses são muito significativas. Começam pela idade. Os brasileiros entram nas universidades imediatamente depois do segundo grau, e estudam dos 18 aos 21 anos. Os israelenses fazem três anos de serviço militar obrigatório e depois disso viajam ou trabalham por algum tempo. Assim, em geral estudam dos 22 aos 25 anos, quando já estão mais maduros e disciplinados com a experiência do exército.

As diferenças passam pelos custos. Muitos brasileiros esperam que seus pais ajudem ou paguem totalmente os custos de estudos universitários. Os israelenses, em geral, trabalham durante os estudos para poder pagar as mensalidades, evitando pedir ajuda aos pais.

Há ainda a questão da moradia. Enquanto os brasileiros continuam morando com os pais durante o período em que estão nas universidades, os israelenses não costumam voltar para a casa dos pais depois de terminar o exército, e alugam apartamentos com amigos estudantes.

O estudante brasileiro em geral faz o primeiro estágio nos últimos semestres, enquanto o israelense trabalha desde o início — e não necessariamente na profissão.

A experiência militar também é importante, e pode incluir liderança de equipes para os que foram oficiais no exército.

Um dos objetivos do Projeto Draft é estimular o empreendedorismo no Brasil. Na minha opinião, para que isso aconteça, será preciso uma mudança cultural.

Os jovens brasileiros necessariamente terão que estar dispostos a correr mais riscos, buscando oportunidades de inovação onde não se tem nenhum retorno garantido.

Não tenho dúvida que o profissional brasileiro tem a plena capacidade de realizar grandes empreendimentos. No Brasil não falta inteligência, imaginação nem criatividade. Talvez o que falte seja apenas a atitude.

Assim como a maioria dos brasileiros residentes no exterior, estou aqui de longe torcendo por um país melhor. Tenho certeza que o empreendedorismo será um ingrediente essencial pare se enfrentar os desafios sociais e econômicos do Brasil. Boa sorte!


Hayim Makabee, 46, é brasileiro e mudou-se para Israel há mais de 20 anos. Engenheiro, trabalhou em diversas empresas de tecnologia. Atualmente é CEO da KashKlik.
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Trump assina decreto para tirar EUA do acordo Transpacífico


Em sua campanha eleitoral, o empresário republicano já havia feito críticas ao acordo e dito que pretendia abandoná-lo




Washington – O presidente dos EUA, Donald Trump, retirou formalmente seu país da Parceria Transpacífico, um acordo comercial entre 12 nações negociado pelo presidente Barack Obama.

Em sua campanha eleitoral, o empresário republicano já havia feito críticas ao acordo e dito que pretendia abandoná-lo.

O acordo, conhecido pela sigla TPP em inglês, é voltado a eliminar a maioria das tarifas e outras barreiras comerciais entre EUA, Japão, Canadá, México, Austrália, Vietnã, Malásia, Peru, Chile, Brunei, Cingapura e Nova Zelândia.

A China não faz parte da iniciativa.

O memorando que anunciou a decisão de Trump foi em grande medida simbólico, já que os líderes no Congresso e o governo Obama haviam sinalizado em novembro que não haveria votação em breve sobre o TPP.

Ainda assim, a decisão de Trump de enterrar o acordo de Obama em sua primeira semana mostra que está sério em relação a mudar a política comercial americana, após décadas em geral de liberalização, privilegiando um estilo de mais confrontação com a China e outros parceiros comerciais, com potenciais grandes tarifas para países que não se mostrarem dispostos a fazer concessões.

“Nós temos falado sobre isso há um longo tempo”, afirmou Trump ao firmar o memorando.

Obama havia esperado que o TPP e suas regras comerciais pressionassem Pequim a reduzir vantagens dadas a suas empresas estatais, respeitar mais a propriedade intelectual e mesmo reduzir tarifas para além dos níveis exigidos quando o país entrou na Organização Mundial de Comércio, há 15 anos.

Já Trump e seus assessores veem com ressalvas os blocos comerciais multilaterais e preferem outros métodos, como a ameaça de tarifas e a busca por acordos bilaterais.

Fonte: Dow Jones Newswires.

Lucro da chinesa Cofco cresce 79% em 2016 após reformulação de negócios



Lucro da chinesa Cofco cresce 79% em 2016 após reformulação de negócios
A chinesa Cofco, conglomerado que abrange desde grãos até serviços imobiliários, viu o lucro crescer em 79 por cento no ano passado, à medida em que a companhia simplificou operações e saiu de negócios que geravam perdas, disse a trading estatal nesta sexta-feira. A alta no lucro da Cofco ocorre após uma grande reestruturação e contrasta com a situação de outros operadores globais de commodities, que viram seus resultados abalados por safras recordes de grãos em importantes países produtores.A companhia reportou lucro de 6,15 bilhões de iuanes (896 milhões de dólares), batendo sua própria meta de 5,05 bilhões de iuanes, segundo um comunicado da companhia no site da Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais (Sasac, na sigla em inglês) nesta sexta-feira. 

A Sasac supervisiona as maiores companhias estatais da China.A nota não especificou se o número se refere ao lucro operacional ou lucro líquido.A Cofco possui uma estrutura de negócios muito mais ampla  do  que  tradings  globais  e  embarcou  em uma reformulação como parte do esforço de Pequim para tornar as entidades estatais mais eficientes. A estatal impulsionou sua capacidade de processamento de oleaginosas para 24 milhões de toneladas, o que deu à empresa uma participação de 18 por cento do mercado chinês, após fusão com a trading estatal de algodão e grãos Chinatex, disse o comunicado da empresa no site da Sasac.A reestruturação levou a companhia a se desfazer de 36 empresas "zumbis", como unidades de chocolate, macarrão instantâneo, madeira e outros. 

Outra medida foi a listagem pública de quatro subsidiárias, como a Cofco Meat Holding, para levantar capital.Nas operações internacionais, que representam metade da receita do grupo, a Cofco recentemente mudou a gestão da Cofco Agri, uma unidade comprada junto ao Grupo Noble 

(Reuters, 20/1/17)

Brasil sai do mapa do Fórum Econômico Mundial em Davos de 2017


A principal sessão no dia do encerramento dos fóruns de Davos chama-se "Panorama Econômico Mundial".

- Mas, a deste ano, deveria chamar-se "Panorama Econômico Mundial, fora o Brasil", que parece ter caído do mundo. De fato, a palavra Brasil não foi mencionada uma única vez ao longo dos 62 minutos em que seis especialistas debateram as perspectivas para o futuro imediato.

Tampouco América Latina apareceu.   Nem mesmo quando um nigeriano perguntou aos debatedores o que tinham a dizer sobre África (igualmente omitida) e América Latina, Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), teve a caridade de referir-se à América Latina. Falou ligeiramente sobre a África, mas permanece o fato de que as duas regiões não estão precisamente no radar das elites econômicas que, todo janeiro, reúnem-se em Davos.

É compreensível que assim seja: o mundo vai bem, tanto que, pela primeira vez em seis anos, o FMI não se viu obrigado a revisar para baixo as perspectivas de crescimento.Manteve-as em 3,4% para este ano e em 3,6% em 2018. No caso do Brasil, o sinal é invertido: menos 3,5% no ano passado.

Neste ano, a projeção é de um magérrimo 0,2% —positivo, por fim, mas insuficiente para compensar dois anos de brutal retrocesso.

TRUMP E O MUNDO

Quanto ao resto do mundo, Davos, pelo menos no debate final, mostrou razoável otimismo, a ponto de Martin Wolf, principal colunista do "Financial Times" e mediador do debate, ter resumido a conversa com uma frase cautelosa: "Talvez a revolução em Washington não seja tão devastadora quando muitos esperam."Alusão, como é óbvio, ao mistério que é a administração Donald Trump, que nem havia tomado posse quando Davos-2017 terminava.

A mesma torcida benevolente veio de Wolfgang Schäuble, o todo poderoso ministro alemão de Finanças: "Não posso realmente imaginar um grande dano para o livre comércio. Não creio que os Estados Unidos delegarão à defesa do livre comércio à China."Refere-se às seguintes ameaças do candidato Trump, reafirmadas depois da vitória, de impor medidas protecionistas. Trump acenou também com um formidável
pacote de estímulos para a economia norte-americana, na contramão da ortodoxia, que manda acima de tudo controlar os gastos públicos.

Lagarde vê nessa combinação de estímulo fiscal com medidas na área comercial "um balanço líquido não positivo".Laurence Fink, único empresário à mesa, executivo-chefe da BlackRock, a maior gestora de ativos do planeta, também manifestou suas dúvidas ainda que, no geral, tenha se mostrado simpático ao novo presidente. "Há uma incerteza sobre como se vai pagar pelo pacote de estímulo", disse.Sugeriu, a propósito, ser agradável com os credores norte-americanos, o maior dos quais é o Japão, seguido pela China, justamente o país que Trump mais tem atacado.Em meio às muitas concordâncias, uma se destacou: o dólar forte veio para ficar no futuro imediato. Azar dos países e das empresas que têm dívidas em dólar 

(Folha de S.Paulo, 21/1/17)

Raízen pode perder cerca de R$ 100 milhões em processo judicial




Raízen pode perder cerca de R$ 100 milhões em processo judicial
 A Raízen Energia, joint venture entre Cosan e Shell, responde a um processo na Justiça paulista de ‘enriquecimento sem causa’ que pode levá-la a ter de tirar cerca de R$ 100 milhões de seu caixa.O valor é referente a seis parcelas anuais de precatórios devidos pela União aos antigos donos da usina Destivale, de Araçatuba, e seus herdeiros, adquirida pela Cosan em 2005. Pelo acordo de aquisição firmado na época, a Cosan deveria repassar aos ex-acionistas as parcelas dos precatórios, descontando o valor de honorários e tributos. Os repasses, porém, nunca foram feitos, segundo os autos do processo.

Os precatórios são referentes a ações movidas contra a União pela fixação de preços na época pelo Instituto do Açúcar e do Álcool, que, segundo os ex-acionistas, gerou um faturamento abaixo do potencial do mercado. Entre os ex-acionistas que movem a ação estão membros das famílias Manarelli, Picoloto, Gottardi, Moraes e Rocha.Até o momento, já entrou no caixa da Raízen Energia – que assumiu o registro como pessoa jurídica da usina quando foi criada pela Cosan junto com a Shell – segundo autos do processo, pouco mais de R$ 65 milhões sem correção monetária, de um total devido pela União de R4 80,671 milhões.

Os ex-acionistas da Destivale dizem, no processo, que o valor devido pela Raízen, com correção monetária e juros de mora, até agosto de 2016, soma cerca de R$ 120 milhões.A empresa reconhece que é devedora de repasses, mas afirma que é preciso descontar os valores dos honorários e de impostos que incidiram sobre o que entrou em seu caixa, como PIS, Cofins, Imposto de Renda e CSLI. 'A Raízen já pagou honorários e tributos, por isso acredita que não há razão para pagamento aos ex-acionistas na forma pleiteada’, afirmou a empresa em nota ao Valor Econômico.Um parecer técnico elaborado em novembro de 2016 pela consultoria Porto&Reis a pedido da Raízen e obtido pelo Valor indica que o valor líquido que a joint venture recebeu até então foi de R$ 76,2 milhões, mas teria que repassar R$ 66 milhões.

Procurada, a defesa dos ex-acionistas argumentou que a Raízen nunca deveria ter recolhido impostos sobre estas parcelas porque esses valores ‘não integram o patrimônio da empresa’, mas são recurso de terceiros e não seria passíveis de tributação. O argumento é subsidiado por um parecer da consultoria Grant Thornton. Segundo a defesa, os ex-acionistas seriam os responsáveis pelo recolhimento dos impostos.Embora a disputa esteja tramitando em primeira instância, a defesa dos ex-acionistas entrou com um recurso no fim de 2016 pedindo que a Justiça sequestre as proximas parcelas e os valores já repassados.

O recurso chegou ao ministro Luis Felipe Salomão, do Supremo Tribunal de Justiça (STF) que, em 12 de dezembro, julgou que a companhia deve depositar em juízo os valores já levantados, mas sem juros de mora. Nos cálculos da defesa dos ex-acionistas, sem os juros de mora, o valor ficaria próximo de R$ 92 milhões.Para garantir o pagamento, a Raízen apresentou uma apólice contratada junto à JMalucelli Seguradora de R$ 225,149 milhões – equivalente ao valor dos precatórios, acrescido de correção monetária e do valor cobrado pela seguradora.

Nos autos, a empresa diz que ‘a quantia a ser depositada alcançaria cifra astronômica superior a R$ 100 milhões, o que demandaria mobilização de recursos em prejuízo de sua atividade produtiva'’Com a apresentação da apólice, a Raízen deixaria de retirar de seu caixa o recurso que está em disputa, mas oferece uma garantia de pagamento até que o caso seja julgado em definitivo. 

Ao Valor, a empresa argumentou que ‘o seguro-garantia, apresentado pela Raízen por boa-fé, respeita a legislação e decisão judicial prévia e garante mais do que ventualmente seria devido’. Agora a defesa dos ex-acionistas da Destivale deve recorrer para impedir que o seguro-garantia seja aceito 

(Assessoria de Comunicação, 20/1/17)

 http://www.brasilagro.com.br/conteudo/raizen-pode-perder-cerca-de-r100-milhoes-em-processo-judicial.html?utm_source=Newsletter&utm_medium=E-mail-MKT&utm_campaign=E-Mkt_RGB/#.WIZLNW6nynU

"Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para autuar escritórios"



As recentes investidas do Ministério Público do Trabalho contra escritórios de advocacia, acusados de contratar advogados que deveriam ser celetistas como associados, servem de propaganda para o órgão, mas não devem ter qualquer efetividade. Isso porque o órgão não tem legitimidade para questionar tais contratos, na opinião do presidente do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa), Carlos José Santos da Silva, o Cajé.

Ele, que também é vice-presidente a Comissão de Sociedades de Advogados do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, concorda que existem excessos do lado da advocacia, mas pondera que são fatos pontuais. “Se observarmos, entre 40 mil sociedades de advogados, [o MPT] ter 30 ou 40 casos.

Me desculpe, mas não posso representar isso como um todo. Vejo mais como propaganda do que como uma cruzada”, criticou o advogado, que é sócio dó Escritório de Advocacia Machado Meyer, um dos maiores do país.

Em visita à redação da ConJur, Cajé afirmou que as ações do MPT têm um grave problema em sua origem: não há hipossuficientes a serem protegidos na relaçao. “Como um advogado pode ser hipossuficiente se assina uma petição, peticiona, em pleno exercício da advocacia? Não faz o menor sentido.”

O presidente do Cesa também se mostra preocupado com a postura de outro segmento do Ministério Público: o Federal. Ele defende que o órgão deve ser atuante, mas teme os efeitos da exposição excessiva a que o MPF vem se submetendo, especialmente em assuntos relacionados à operação “lava jato”.

“O Ministério Público, infelizmente, ao divulgar as dez medidas [contra a corrupção], fez propaganda enganosa, induzindo a população ao erro. E quando vem com o discurso do 'tudo ou nada', induz mais uma vez ao erro. Esse excesso de exposição não é positivo, para o Direito ou para a cidadania”, opina.

Essa propaganda, diz Cajé, influenciou a própria advocacia: “Quantos advogados assinaram o apoio de 'combate à corrupção' e das dez medidas sem ler, desconhecendo o que tinha ali?! Isso é muito triste”.


Leia a entrevista:


ConJur – No fim de 2016, o Brasil chegou a 1 milhão de advogados inscritos na OAB. A advocacia está ficando saturada?
Carlos José Santos Silva –
É preciso questionar o seguinte: desse um milhão, quantos efetivamente estão em pleno exercício da advocacia? Mas, de todo modo, acredito que sim, estamos chegando no limite.

ConJur – E como resolver isso?
Carlos José Santos Silva –
Uma das soluções é o Exame de Ordem. Precisamos de um exame rígido e bem aplicado, porque o país ter 1,2 mil cursos de Direito é um verdadeiro absurdo. Alguns cursos formam pessoas saem sem conhecimento algum. Precisa de algum controle.

ConJur – Qual é o papel do Ministério da Educação nessa história toda?
Carlos José Santos Silva –
O MEC não está cadastrando novos cursos de Direito, isso foi uma medida acertada. Uma base que pode ser usada para avaliar é o número de aprovados no Exame de Ordem.

Existem cursos de Direito que, de uma turma de 100 pessoas, passam uma ou duas. O problema não está no Eame de Ordem, está na própria faculdade. No dia em que a aprovação das faculdades consideradas de primeira linha diminuir, cair para 30% ou 40%, aí sim o Exame de Ordem estará errado.

ConJur – O que é que mudou para a advocacia com a troca do governo federal?
Carlos José Santos Silva –
Do ponto de vista de mercado trouxe uma maior confiança e os investidores voltaram a procurar mais os escritórios. Nos primeiros dez dias do novo governo, nós tivemos um aumento de demanda de trabalho. A advocacia é como a indústria do papelão. No passado, o comércio sabia que teria um bom Natal quando aumentava a demanda de papelão, que tinha de ser feito bem antes, para as caixas dos produtos que seriam vendidos. A advocacia é a mesma coisa, porque no momento em que os investidores estão chegando, a primeira coisa que eles procuram são os advogados, que vão estruturar todo o negócio.

ConJur – Há aquela história que a advocacia também não para de crescer na crise.
Carlos José Santos Silva –
Não, há um deslocamento do mercado. Muitas pessoas têm esse folclore, mas a crise não é boa para ninguém. Um mercado aquecido, uma economia positiva, é muito melhor para a advocacia. Agora, num momento de crise pode ter um aumento de demandas, por exemplo, na área trabalhista, na reestruturação de dívidas. Há também o problema da arrecadação. O governo, sempre que se vê em um momento de crise, começa a criar novos mecanismos para aumentar impostos, taxas, contribuições. E isso acaba aumentando a demanda também do advogado. Por outro lado, o advogado que lidava com investimentos, por exemplo, tem menos demanda. O mercado de capitais é uma área em que houve uma diminuição dos negócios.

ConJur – Em 2015, muitos estavam estruturando áreas de compliance, já que muitas empresas estavam.
Carlos José Santos Silva –
Estavam criando para contratar, mas continuam contratando. Efetivamente, a demanda por esse setor continua alta.

ConJur – O que acha das autuações do Ministério Público do Trabalho sobre escritórios de advocacia?
Carlos José Santos Silva –
Existem alguns erros do Ministério Público do Trabalho. O primeiro deles é que está sendo esquecido o direito individual. Acredito que aí nós temos um problema de legitimidade. O segundo é o contrato de associação, que é legítimo. Logicamente, se algumas pessoas cometem excessos na forma da contratação, usando o contrato de associação para contratar empregados, está desvirtuando o instituto. Mas aí é outro problema.

ConJur – Mas não cabe ao advogado correr atrás dos seus direitos e processar o escritório se achar conveniente?
Carlos José Santos Silva –
Exatamente. O MPT não tem legitimidade para autuar escritórios de advocacia. Nós vemos decisões nesse sentido com frequência. Recentemente, foi tomada uma decisão no Rio de Janeiro, no primeiro grau, em que dois escritórios que foram multados em R$ 5 milhões, mas o entendimento foi reformado no sob o argumento de que o Ministério Público do Trabalho não tinha legitimidade.

ConJur – Por que essa cruzada começou nos últimos tempos?
Carlos José Santos Silva –
É muito localizado. Eles gostam de falar, mas se observarmos, entre 40 mil sociedades de advogados, deve ter 30, 40 casos. Me desculpe, mas não posso representar isso como um todo. Vejo mais como propaganda do que como cruzada.

ConJur – De onde vem essa vontade do Ministério Público?
Carlos José Santos Silva –
O Ministério Público tem tanto o que fazer, coisas que realmente necessitam da sua presença... Não dá para entender essa preocupação com os escritórios de advocacia. Como um advogado pode ser hipossuficiente se assina uma petição, peticiona, em pleno exercício da advocacia?! Não faz o menor sentido.

ConJur – Quais são os principais pontos de interesses do Cesa e da OAB no Legislativo atualmente?
Carlos José Santos Silva –
Uma das preocupações principais é relacionada à tributação das sociedades de advogados. Temos também a preocupação com a própria atividade da advocacia, por exemplo, a criminalização do desrespeito às prerrogativas. Quanto à regulamentação do lobby, a maneira como ela foi apresentada pode estar afastando a advocacia.

ConJur – A dificuldade na regulamentação do lobby é um incentivo à corrupção?
Carlos José Santos Silva –
Pode fazer todo o regramento que quiser, a corrupção vai existir se não houver uma boa fiscalização e transparência nas discussões. É isso que diminui a corrupção. Eles querem regulamentar o que já é regulamentado. O mais importante é o aplicar a legislação existente.

A transparência nas agendas é o passo fundamental. E mais, se o deputado, o vereador, o senador não publica a sua agenda com seus encontros, com o tema discutido, eles podem ser apenados pelo próprio código de ética deles.

ConJur – A criminalização do lobby parte mais da falta de transparência ou do ranço que a população tem da nossa classe política?
Carlos José Santos Silva –
O lobby virou um palavrão. O problema é a maneira como foi colocado para a população, como uma coisa ilegítima, mesmo não sendo.

ConJur – Como se desconstrói essa imagem?
Carlos José Santos Silva –
Uma das maneiras é mudar o nome e deixar isso de uma maneira clara. Existem grupos, diversas organizações que usam relações governamentais", "relações institucionais". Essa é uma maneira de lidar com isso e voltar a trazer a legitimidade ao lobby.

ConJur – O que acha do projeto de lei que pretende acabar com Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)?
Carlos José Santos Silva –
Um absurdo. Nós temos é que fortalecer o Carf, isso sim. É preciso trazer o Carf ao que ele era no passado. Era um tribunal muito respeitado pelos advogados tributaristas e pelas pessoas que militam no meio. Quantas vezes nós estávamos a sentir uma decisão do Carf que era contrária aos interesses dos nossos clientes, mas, no momento, em que era proferida, era tão bem feita, tão bem estruturada, que não tínhamos como criticar.

ConJur – Não recorriam ao Judiciário?
Carlos José Santos Silva –
Não, porque o próprio Judiciário seguia as decisões do Carf como referência no momento de decidir. Não posso ter o Carf como um órgão da Receita, ou confundi-lo com isso. No dia que isso ocorrer, ele estará perdendo legitimidade e força. É preciso um diálogo com as confederações para fortalecer a indicação dos conselheiros. Precisamos resolver o problema do conselheiro suplente, porque se ele se torna incompatível com a advocacia no momento em que é um conselheiro do Carf e só receber por sessão. Como ele vai fazer para viver, já que é suplente e não participará tde todos os julgamentos?

ConJur – A proibição de advogar foi uma medida paliativa ou ela ficará para sempre?
Carlos José Santos Silva –
Foi um erro da própria advocacia. Esse assunto foi definido nas sessões do Conselho Federal, não por unanimidade, mas por maioria. Com o tempo, acho que a questão pode ser revisitada para corrigir esse rumo. O Carf precisa voltar a ter independência e legitimidade.

ConJur – A nomeação de conselheiros mudou muito depois da proibição?
Carlos José Santos Silva –
São pessoas bem preparadas, mas com menos experiência. Como ter um embate de igual para igual? Toda a alteração que foi feita no regimento interno do Carf precisa ser revisitada. Em 2015, tivemos o Carf paralisado por quase seis meses, com a greve da Receita.

O conselheiro do Carf que é representante da Receita também se viu no direito de fazer a greve, mas como ficam os conselheiros indicados pelos contribuintes, que ganham por sessão?

ConJur – Podemos afirmar que o representante da Receita vota sempre para a Receita e o do contribuinte sempre para o contribuinte?
Carlos José Santos Silva –
Não. O conselheiro do Carf se assemelha muito à figura do árbitro na arbitragem. Independente de quem o indicou, ele precisa ter independência. O conselheiro, no momento em que ele está proferindo o voto, não está falando para a Receita, porque ele é representante da Receita, ou para o contribuinte porque ele é representante do contribuinte.

ConJur – Aumentou o mercado da arbitragem como se previa ou a crise afetou esse nicho? A crise ajudou?
Carlos José Santos Silva –
Aumentou bem, mas crise não ajuda ninguém. Logicamente, com a crise, acaba tendo uma demanda maior.

ConJur – O que mais que tem incomodado a advocacia no Judiciário?
Carlos José Santos Silva –
Essa divisão de "nós e eles", mais uma vez se acentuando no Judiciário. Todo mundo – advogados, juízes, promotores – precisa parar um pouco, respirar fundo e pensar com a cabeça e não com o fígado.

ConJur – Essa ideia de que é preciso um justiceiro para resolver os problemas do Brasil também atingiu a advocacia?
Carlos José Santos Silva –
Veja quantos advogados defenderam as "dez medidas contra a corrupção", sem ler. Logicamente, combater a corrupção todos nós queremos, mas é preciso ler as medidas. E quantos advogados assinaram o apoio de combate à corrupção e das dez medidas sem ler, desconhecendo o que tinha ali?!  Isso é muito triste.

ConJur – A especialização das áreas do Direito acabou tirando uma visão geral de mundo de alguns advogados?
Carlos José Santos Silva –
O bom profissional precisa ter uma visão geral do Direito como um todo e ser um especialista na área em que vai atuar. Mas sem uma visão geral do Direito, uma boa formação, ele não será um grande especialista na sua área.

ConJur – O que acha da possibilidade da OAB assumir a titularidade da ação penal se o Ministério Público não o fizer?
Carlos José Santos Silva –
Num primeiro momento eu tinha dúvidas com relação à legitimidade, até que o [Claudio] Lamachia [presidente do Conselho Federal da OAB] acabou me convencendo efetivamente que é necessário. Em uma conversa, ele disse assim: "E no silêncio do Ministério Público, como é que eu faço?"

ConJur – O que acha do posicionamento atual do Ministério Público Federal, com as dez medidas contra a corrupção e coletivas de imprensa com apresentações pretensiosamente midiáticas?
Carlos José Santos Silva –
O Ministério Público precisa ser atuante, mas deve tomar muito cuidado quando quer simplesmente fazer exposição. Nisso sou contrário, quer seja no Ministério Público, no Judiciário ou na advocacia. Devemos tomar muita cautela, porque senão acaba trazendo essa divisão do país. A propaganda que foi feita pelo Ministério Público sobre as dez medidas, com uma balada onde a entrada era assinar o abaixo-assinado é um verdadeiro absurdo. Não é assim que se constrói um processo legislativo pelo país. É dialogando, discutindo.

ConJur – E o que fizeram para anular as mudanças ao projeto feitas no Congresso?
Carlos José Santos Silva –
 O Ministério Público, infelizmente, ao divulgar as dez medidas de combate à corrupção, fez propaganda enganosa, induzindo a população ao erro. E quando vem com discurso do 'tudo ou nada', induz mais uma vez ao erro. Esse excesso de exposição não é positivo, seja para o Direito ou para a cidadania. Acho que o melhor é muita cautela.

Logicamente sou favorável a uma atuação forte do Ministério Público, que tem que ser combativo.

ConJur – A imagem da advocacia piorou com a exposição da Justiça?
Carlos José Santos Silva –
Sim. Mais uma vez colocam a advocacia no banco dos réus. Isso é um absurdo. Confundir a figura do advogado com a de seu cliente não faz o menor sentido.

ConJur – A advocacia está sabendo reagir a isso? Como o senhor analisa as tentativas de investigarem os honorários dos advogados?
Carlos José Santos Silva –
Se recebo os honorários advocatícios de alguma maneira ilícita, estou cometendo o ilícito e tenho que responder por isso. Mas criminalizar o recebimento dos honorários é impedir de alguma maneira o exercício da advocacia, é não permitir a defesa do cidadão efetivamente, é isso que querem evitar.

ConJur – Qual foi a influência do Super Simples na advocacia?
Carlos José Santos Silva –
Com relação ao Super Simples e a sociedade unipessoal, muitos saíram da informalidade, se regularizaram. As empresas não contratam mais advogados, elas preferem tratar com uma sociedade de advogados que possa emitir o seu documento fiscal. Com a sociedade unipessoal está se abrindo um mercado para esses advogados também.

ConJur – Alguns economistas falam que o Simples é muito amplo, criando privilégios. O acha disso?
Carlos José Santos Silva –
Isso é um folclore. Irresponsabilidade de quem falou isso. O Super Simples foi criado para tirar as pessoas da informalidade. A advocacia individual, não que ela estivesse na informalidade, mas com o Super Simples ela foi incentivada a regularizar a sua situação. Com isso há um aumento de arrecadação. Então acho que estão partindo da premissa errada dizer um negócio desses.

ConJur – Qual o próximo passo para desenvolver mais a advocacia?
Carlos José Santos Silva –
Capacitar os advogados para que eles saibam como administrar a sua sociedade de advogados.

ConJur – Como? Na faculdade?
Carlos José Santos Silva –
Sim, desde a faculdade e também com o apoio em cursos que mostrem ao advogado, àquela sociedade de advogados, como deve ser feita a administração. A ideia é levar palestras sobre isso para falar um pouco sobre a tributação, quais os cuidados que devem ser tomados no momento em que são feitos os lançamentos e as exposições, como é a publicidade na advocacia, porque isso também pode trazer consequências tributárias.

ConJur – O regramento atual para publicidade na advocacia é o ideal?
Carlos José Santos Silva –
Um dos primeiros mitos que devemos derrubar é que o novo Código de Ética trouxe alterações profundas na publicidade na advocacia. Isso tudo já vinha sendo regulamentado anteriormente. Na realidade, o que ocorreu foi a incorporação de algumas dessas decisões e do que já estava normatizado em provimentos.

ConJur – É o momento de abrir para mais publicidade?
Carlos José Santos Silva –
Nós precisamos deixar amadurecer um pouco mais, já que o novo Código de Ética também trouxe luzes sobre esse assunto. Precisamos aguardar um pouco, ver qual é a reação da advocacia. Acho que uma coisa que deve ser destacada na publicidade são as restrições à publicidade em rádio e TV. Devemos impedir esse tipo de publicidade.

ConJur – Para não chegarmos ao nível dos EUA?
Carlos José Santos Silva –
Sim, porque lá estão incentivando a demanda, mas a advocacia não é isso. Seria viver como abutres.

ConJur – O novo Código trouxe alguma inovação?
Carlos José Santos Silva –
Trouxe algumas inovações, por exemplo, ao permitir a advocacia pro bono, sobre a qual havia muita dúvida.

ConJur – O advogado estrangeiro não pode atuar no Brasil. Mas pode atuar em arbitragens no país, bem como advogados brasileiros podem atuar em arbitragens no exterior. Isso é um problema?
Carlos José Santos Silva –
Podem sim, mas do que vale isso? Se vão aplicar a legislação brasileira, a pessoa mais indicada é a que tem a formação para tal. Outro mito que criaram é que a entrada dos escritórios estrangeiros aumentaria o mercado nacional. Mas como isso é possível, uma vez que vivemos de demanda?

 http://www.conjur.com.br/2017-jan-22/entrevista-carlos-jose-santos-silva-presidente-cesa2

O que é uma startup?


Nem toda nova empresa é uma startup. Saiba quais são as características que definem este tipo peculiar de empreendimento




Afinal, o que é uma startup?
Respondido por Yuri Gitahy, especialista em startups


São Paulo – Tudo começou durante a época que chamamos de bolha da Internet, entre 1996 e 2001. Apesar de usado nos EUA há várias décadas, só na bolha ponto-com o termo “startup” começou a ser usado por aqui. Significava um grupo de pessoas trabalhando com uma ideia diferente que, aparentemente, poderia fazer dinheiro. Além disso, “startup” sempre foi sinônimo de iniciar uma empresa e colocá-la em funcionamento.


O que os investidores chamam de startup?


Muitas pessoas dizem que qualquer pequena empresa em seu período inicial pode ser considerada uma startup. Outros defendem que uma startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos, mas que consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. Mas há uma definição mais atual, que parece satisfazer a diversos especialistas e investidores: uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.

Apesar de curta, essa definição envolve vários conceitos:
– Um cenário de incerteza significa que não há como afirmar se aquela ideia e projeto de empresa irão realmente dar certo – ou ao menos se provarem sustentáveis.

– O modelo de negócios é como a startup gera valor – ou seja, como transforma seu trabalho em dinheiro. Por exemplo, um dos modelos de negócios do Google é cobrar por cada click nos anúncios mostrados nos resultados de busca – e esse modelo também é usado pelo Buscapé.com. Um outro exemplo seria o modelo de negócio de franquias: você paga royalties por uma marca, mas tem acesso a uma receita de sucesso com suporte do franqueador – e por isso aumenta suas chances de gerar lucro.

– Ser repetível significa ser capaz de entregar o mesmo produto novamente em escala potencialmente ilimitada, sem muitas customizações ou adaptações para cada cliente. Isso pode ser feito tanto ao vender a mesma unidade do produto várias vezes, ou tendo-os sempre disponíveis independente da demanda. Uma analogia simples para isso seria o modelo de venda de filmes: não é possível vender a mesmo unidade de DVD várias vezes, pois é preciso fabricar um diferente a cada cópia vendida. Por outro lado, é possível ser repetível com o modelo pay-per-view – o mesmo filme é distribuído a qualquer um que queira pagar por ele sem que isso impacte na disponibilidade do produto ou no aumento significativo do custo por cópia vendida.
– Ser escalável é a chave de uma startup: significa crescer cada vez mais, sem que isso influencie no modelo de negócios. Crescer em receita, mas com custos crescendo bem mais lentamente. Isso fará com que a margem seja cada vez maior, acumulando lucros e gerando cada vez mais riqueza.

 
Os passos seguintes


É justamente por esse ambiente de incerteza (até que o modelo seja encontrado) que tanto se fala em investimento para startups – sem capital de risco, é muito difícil persistir na busca pelo modelo de negócios enquanto não existe receita. Após a comprovação de que ele existe e a receita começar a crescer, provavelmente será necessária uma nova leva de investimento para essa startup se tornar uma empresa sustentável. Quando se torna escalável, a startup deixa de existir e dá lugar a uma empresa altamente lucrativa. Caso contrário, ela precisa se reinventar – ou enfrenta a ameaça de morrer prematuramente.

Startups são somente empresas de internet? Não necessariamente. Elas só são mais frequentes na Internet porque é bem mais barato criar uma empresa de software do que uma de agronegócio ou biotecnologia, por exemplo, e a web torna a expansão do negócio bem mais fácil, rápida e barata – além da venda ser repetível. Mesmo assim, um grupo de pesquisadores com uma patente inovadora pode também ser uma startup – desde que ela comprove um negócio repetível e escalável.
Yuri Gitahy é investidor-anjo, conselheiro de empresas de tecnologia e fundador da Aceleradora, que apoia startups com gestão e capital semente