Nem toda nova empresa é uma startup. Saiba quais são as características que definem este tipo peculiar de empreendimento
Afinal, o que é uma startup?
Respondido por Yuri Gitahy, especialista em startups
Respondido por Yuri Gitahy, especialista em startups
São Paulo – Tudo começou durante a época que chamamos de bolha da
Internet, entre 1996 e 2001. Apesar de usado nos EUA há várias décadas,
só na bolha ponto-com o termo “startup” começou a ser usado por aqui.
Significava um grupo de pessoas trabalhando com uma ideia diferente que,
aparentemente, poderia fazer dinheiro. Além disso, “startup” sempre foi
sinônimo de iniciar uma empresa e colocá-la em funcionamento.
O que os investidores chamam de startup?
Muitas pessoas dizem que qualquer pequena empresa em seu período
inicial pode ser considerada uma startup. Outros defendem que uma
startup é uma empresa com custos de manutenção muito baixos, mas que
consegue crescer rapidamente e gerar lucros cada vez maiores. Mas há uma
definição mais atual, que parece satisfazer a diversos especialistas e
investidores: uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo
de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema
incerteza.
Apesar de curta, essa definição envolve vários conceitos:
– Um cenário de incerteza significa que não há como afirmar se
aquela ideia e projeto de empresa irão realmente dar certo – ou ao menos
se provarem sustentáveis.
– O modelo de negócios é como a startup gera valor – ou seja,
como transforma seu trabalho em dinheiro. Por exemplo, um dos modelos de
negócios do Google é cobrar por cada click nos anúncios mostrados nos
resultados de busca – e esse modelo também é usado pelo Buscapé.com. Um
outro exemplo seria o modelo de negócio de franquias: você paga
royalties por uma marca, mas tem acesso a uma receita de sucesso com
suporte do franqueador – e por isso aumenta suas chances de gerar lucro.
– Ser repetível significa ser capaz de entregar o mesmo produto
novamente em escala potencialmente ilimitada, sem muitas customizações
ou adaptações para cada cliente. Isso pode ser feito tanto ao vender a
mesma unidade do produto várias vezes, ou tendo-os sempre disponíveis
independente da demanda. Uma analogia simples para isso seria o modelo
de venda de filmes: não é possível vender a mesmo unidade de DVD várias
vezes, pois é preciso fabricar um diferente a cada cópia vendida. Por
outro lado, é possível ser repetível com o modelo pay-per-view – o mesmo
filme é distribuído a qualquer um que queira pagar por ele sem que isso
impacte na disponibilidade do produto ou no aumento significativo do
custo por cópia vendida.
– Ser escalável é a chave de uma startup: significa crescer cada
vez mais, sem que isso influencie no modelo de negócios. Crescer em
receita, mas com custos crescendo bem mais lentamente. Isso fará com que
a margem seja cada vez maior, acumulando lucros e gerando cada vez mais
riqueza.
Os passos seguintes
É justamente por esse ambiente de incerteza (até que o modelo
seja encontrado) que tanto se fala em investimento para startups – sem
capital de risco, é muito difícil persistir na busca pelo modelo de
negócios enquanto não existe receita. Após a comprovação de que ele
existe e a receita começar a crescer, provavelmente será necessária uma
nova leva de investimento para essa startup se tornar uma empresa
sustentável. Quando se torna escalável, a startup deixa de existir e dá
lugar a uma empresa altamente lucrativa. Caso contrário, ela precisa se
reinventar – ou enfrenta a ameaça de morrer prematuramente.
Startups são somente empresas de internet? Não necessariamente.
Elas só são mais frequentes na Internet porque é bem mais barato criar
uma empresa de software do que uma de agronegócio ou biotecnologia, por
exemplo, e a web torna a expansão do negócio bem mais fácil, rápida e
barata – além da venda ser repetível. Mesmo assim, um grupo de
pesquisadores com uma patente inovadora pode também ser uma startup –
desde que ela comprove um negócio repetível e escalável.
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