terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Pode isso Arnaldo? O jogo nefasto das grandes empresas com seus intraempreendedores



Como diria um amigo meu “tá rolando um lance estranho” no mercado de inovação corporativa. Se você é funcionário de uma grande empresa e quer fazer a diferença esse post é SOBRE você. Se você é executivo de alta gestão de uma grande empresa, esse post é PRA você.

Tem havido crescente preocupação de grandes empresas em inovar mais e melhor. Está mais do que evidente que as grandes empresas precisam ser mais ágeis. A disrupção não é só coisa de empresa de internet. Nesse sentido, a conexão com startups em programas de corporate venture de diferentes formatos é uma alternativa muito interessante para dar agilidade na inovação. Mas, definitivamente, as startups não são a única fonte de inovação.

Lá dentro das grandes empresas tem diversos inovadores corporativos. Caras que querem reinventar a forma de fazer negócios em setores maduros como saúde, educação, varejo, financeiro e tantos outros. Profissionais que tem o desconforto com o status quo. Que não aguentam mais o ambiente altamente político que se dissemina em algumas dessas corporações. Gente que não quer apenas dar o próximo passo para ter melhores benefícios, um carro mais legal e um plano de saúde com maior cobertura. Esses são intraempreendedores que estão dispostos a tomar riscos, investir tempo que nem existe e aprender algo novo que possa levar essa empresa ao futuro e, eles, a realizarem seus sonhos.

Mas o jogo não tem sido fácil pra essa turma. Na verdade o jogo pra eles tem tido regras distintas.

Quando se relacionam com startups as empresas tem adotado 4 práticas de gestão críticas para o sucesso de novos negócios:
  1. Alocação de pessoas qualificadas: Ao se relacionar com startups as grandes empresas fazem criteriosos filtros para identificar as melhores pessoas para as novas oportunidades
  2. Dedicação total de tempo: Quando estabelecem programas de corporate venture, as corporações garantem aos empreendedores dedicação exclusiva para a nova oportunidade, afinal, ninguém cria algo novo e grande aos 44 min do segundo tempo.
  3.  Disponibilidade de recursos financeiros: No momento que decidem investir em startups por meio de programas de aceleração corporativa, como o da Oxigênio da Porto Seguro por exemplo, é garantido aos empreendedores funding upfront para explorar o novo campo.
  4.  Autonomia para alterar projetos e aprender ao longo do caminho: Nesse tipo de situação a grande empresa dá ao empreendedor a liberdade de testar e alterar o Project charter original que foi aprovado entre as partes dado que 95% das inovações mudam substancialmente de sua ideia original.
Essas práticas não são exclusividade de startups. São pre-condições para explorar novas oportunidades.  São a ciência adequada a tais situações. Agora vejamos como ocorre com os funcionários da maioria das grandes empresas quando eles tentam inovar:
  1. Pessoas: As melhores pessoas são destinadas a operar o core business. São selecionados para as oportunidades disruptivas profissionais com menor “poder de convocatória” como diz meu amigo Romeo Busarello.
  2. Tempo: Para não aumentar despessa as empresas diluem o tempo de profissionais já atarefados com diversas questões em novas oportunidades que serão tratadas quando “sobrar tempo”.
  3. Autonomia: Esses profissionais menos seniores que tem que tocar as oportunidades como part-timers precisam inovar sem mudar as regras do jogo e seguindo práticas de gestão adequadas ao core business e inadequadas a novas oportunidades.
  4. Dinheiro: Sobra para esses profissionais “santos” como os chama o Adriano Silva do Projeto Draft, a necessidade de ter que montar um excel de 14 abas com projeções para 5 anos que tem que provar que vai dar certo uma nova oportunidade que mal se tem o entendimento do que seja. Quando conseguem o dinheiro nem sempre aparece...
Esse tipo de incoerência tem gerado a conclusão de que inovação corporativa com os funcionários não funciona. E que o pessoal de startups é inteligente e visionário enquanto os funcionários não conseguem pensar fora da caixa. Usando a expressão de um conhecido locutor esportivo brasileiro, cabe pergunta: Pode isso Arnaldo?

O que “tá rolando” nas corporações no que tange a inovação é uma incoerência entre ambição e método. O problema não são os inovadores corporativos. A solução não são as startups. Tanto uns quanto os outros podem ter melhores e piores resultados desde que aplicando as práticas adequadas para o contexto de incerteza, ambiguidade e risco que enfrenta quem quer inovar.

Experimente dar tempo, autonomia, recursos financeiros e pessoal qualificado para suas novas oportunidades. Não importa se com startups ou seus próprios funcionários. Os resultados tenderão a ser positivamente estranhos!


Até a próxima inovação
Maximiliano Carlomagno

Por Maximiliano Carlomagno

Sócio fundador da Innoscience, firma de consultoria especializada em estratégia, inovação e crescimento.
Administrador de empresas e mestre em Administração pelo MAN (PUC-RS). Certificate em Strategy and innovation no MIT/SLOAN.
Possui experiência empresarial desempenhando funções executivas em empresas nacionais e multinacionais.
Atuou  como professor de cursos de graduação e MBA em estratégia e inovação e na capacitação de mais de 5.000 executivos no Brasil e America Latina. 

Tem mais de 10 anos de experiência de consultoria para alta gestão em setores como tecnologia da informação, saúde, varejo, indústria, cosméticos, farmacêutico, educação, automotivo, serviços financeiros, mídia entre outros. Atualmente é sócio da Innoscience Consultoria em Gestão da Inovação. Autor dos livros Gestão da Inovação na Prática e Práticas dos Inovadores: Tudo que você precisa saber para começar a inovar e do e-book A Prática da Inovação;

 http://www.3minovacao.com.br/inovadores/pode-isso-arnaldo-o-jogo-nefasto-das-grandes-empresas-com-seus-intraempreendedores?utm_source=Administradores&utm_medium=Newsletter&utm_campaign=Administradores3M

Nenhum comentário:

Postar um comentário