Analistas perceberam que o empresário "ataca" de dois em dois anos, nos anos ímpares
Chegou a hora de Jorge Paulo Lemann voltar à caça.
Esse é o boato que corre na indústria de alimentos, na qual o
bilionário brasileiro vem fechando grandes negócios aproximadamente a
cada dois anos.
Em 2013, ele convenceu Warren Buffett a unir-se a ele na
H.J. Heinz. Depois, em 2015, a dupla orquestrou a fusão de US$ 55
bilhões entre Heinz e Kraft Foods.
“Pela lógica, este seria o ano”, disse David Palmer, analista do setor de alimentos do RBC Capital.
A especulação deixa os traders nervosos. No mês passado, uma
reportagem de uma revista suíça pouco conhecida, que requentou a antiga
especulação sobre o plano de Lemann de comprar a Mondelez junto com
Buffett, provocou uma alta imediata das ações da gigante americana dos
lanches (os papéis subiram 28 por cento em poucos minutos).
Até o momento, nenhum acordo foi anunciado.
Independentemente disso, a dúvida sobre se Lemann poderia ir atrás do
alvo em 2017 está fazendo com que praticamente todo mundo procure
pistas.
Entre os demais nomes além da Mondelez estão General Mills, Kellogg e Campbell Soup.
Existe até mesmo uma especulação de que a adorada Coca-Cola
de Buffett poderia entrar no páreo, uma perspectiva que alguns
consideram fantasiosa.
Toda essa atenção mostra a que ponto Lemann, de 77 anos, reformulou e influenciou a indústria global de alimentos e bebidas.
Na última década, Lemann e seus sócios brasileiros da 3G
Capital ganharam fama com uma série de aquisições chamativas, como
Anheuser-Busch e Burger King, e a visão singular de eliminar todos os
custos possíveis.
Modus Operandi
A equipe dele tem sido tão efetiva para aumentar os lucros
que as empresas vêm sendo obrigadas a mudar suas formas de fazer
negócios — para não correrem o risco de virar alvo.
Alguns especialistas do setor criticam os métodos da 3G,
chamando-os de draconianos e míopes, e sugerem que a constante
necessidade de aquisições reflete o fato de que os cortes de custos, por
si só, não são capazes de estimular as vendas.
Na Mondelez, a CEO Irene Rosenfeld afirma que uma abordagem
mais equilibrada para melhorar as margens acabará gerando retornos
maiores para os acionistas.
“Temos tentado assobiar e chupar cana ao mesmo tempo”, disse
Rosenfeld. Ela preferiu não comentar se a fabricante das marcas Cadbury
e Oreo, há tempos especulada como alvo da 3G, foi abordada para tratar
de uma combinação com a Kraft Heinz.
No entanto, Lemann conseguiu conquistar Buffett, amplamente
reconhecido como um dos investidores mais inteligentes e bem-sucedidos
do mundo.
Com Buffett, que comanda uma fortuna de US$ 85 bilhões, a
estratégia é simples. Buffett disponibiliza o dinheiro para ajudar a
financiar as aquisições e a equipe de Lemann faz o trabalho sujo.
Invariavelmente, isso significa demitir empregados, fechar fábricas e cortar despesas desnecessárias.
Quando todos os cortes são realizados, a 3G procura o
próximo alvo. E não faltam opções no setor de alimentos embalados, em
dificuldades no momento porque os consumidores estão evitando produtos
tradicionais de supermercados e buscando opções mais saudáveis.
A 3G preferiu não comentar essa reportagem, assim como as
empresas Kraft Heinz, General Mills, Kellogg e Campbell. Buffett não
respondeu aos pedidos de comentário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário