A ideia será dar mais segurança jurídica para a venda de ativos atrativos de empresas que enfrentam recuperação
Brasília – O governo vai alterar a Lei de Recuperação Judicial
como mais uma iniciativa no âmbito das reformas microeconômicas,
afirmou nesta terça-feira à Reuters uma fonte do primeiro escalão da
equipe econômica, e tentará facilitar a venda de ativos neste contexto.
As mudanças propostas na lei, contudo, não farão parte de
uma nova rodada de medidas que serão anunciadas na semana que vem com o
objetivo de melhorar o ambiente de negócios e impulsionar a economia,
pois o entendimento é que o assunto é complexo e demanda estudo mais
profundo.
A ideia será dar mais segurança jurídica para a venda de
ativos atrativos de empresas que enfrentam recuperação, afastando dos
eventuais compradores qualquer responsabilidade sobre a dívida das
companhias.
“Hoje a dívida da pessoa jurídica contamina todos os ativos.
Se você compra o ativo, corre o risco de herdar a dívida inteira”,
disse a fonte.
Olhando para o setor de construção civil, o governo também
analisa mudanças na lei para dar amparo à quebra de contrato na
aquisição de imóveis.
Mas, segundo a fonte, também há avaliação que o assunto é complexo por envolver contratos em andamento.
“Tem que haver alteração legislativa e não concluímos ainda
qual é a melhor solução”, disse. “Eu não diria que é algo prioritário”,
acrescentou.
Outra medida que está sendo analisada é a criação de uma
nova faixa para o programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida,
mas sem nenhuma decisão tomada até o momento.
Segundo a fonte, que falou na condição de anonimato, todo o
conjunto de medidas microeconômicas, incluindo as que foram anunciadas
no fim de 2016, podem aumentar o Produto Interno Bruto (PIB) potencial
brasileiro em 0,7 ponto percentual.
Em dezembro, o pacote incluiu a possibilidade de saque pelos
trabalhadores de recursos parados no FGTS e redução nas taxas cobradas
no rotativo do cartão de crédito.
O governo enxerga PIB potencial de 2 a 2,5 por cento para o Brasil, segundo a fonte.
Em outra frente de expansão, a diminuição do tamanho do
Estado possibilitada por medidas como a implementação do teto para
crescimento dos gastos públicos e a reforma da Previdência, que ainda
tramita de maneira inicial no Congresso, pode elevar esse potencial em
mais 0,7 ponto, disse a fonte.
Mais a longo prazo, o governo também estuda alteração na
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para que flutue com juros mais
próximos aos de mercado.
Uma referência é a remuneração das NTN-Bs (títulos
remunerados pela inflação mais uma taxa prefixada), disse a fonte,
fazendo a ressalva que qualquer mudança ocorrerá de forma gradual e terá
como benefício o aumento da eficácia da política monetária, bem como a
diminuição dos custos de financiamento para o Tesouro.
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