Na semana passada, o Banco Central surpreendeu ao cortar a Selic em 0,75 ponto percentual, a 13 por cento ao ano
Brasília – O Banco Central informou que a
opção pela redução mais intensa nos juros básicos ajudaria a atividade
econômica, conforme ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, em meio ao cenário de desinflação mais disseminada.
“Essa decisão contribuiria desde já para o processo de
estabilização e posterior retomada da atividade econômica, sem que isso
exigisse desvio em relação ao objetivo de levar a inflação para a meta
de 4,5 por cento em 2017 e 2018”, trouxe o documento.
Na semana passada, o BC surpreendeu ao cortar a Selic em
0,75 ponto percentual, a 13 por cento ao ano, após duas reduções
seguidas de 0,25 ponto cada.
A queda da Selic é vista por economistas como uma das únicas
ferramentas à disposição do governo para dar impulso à economia em meio
ao persistente quadro de desarranjo fiscal.
Ainda assim, a avaliação é que a política monetária perdeu
força e vai levar mais tempo para se refletir integralmente na atividade
diante do cenário de forte recessão e baixa confiança tanto das
famílias quanto das empresas.
Na ata, o BC também defendeu que o corte de 0,75 ponto era
compatível com sua comunicação, “que favorece explicitar
condicionalidades econômicas sobre a evolução da política monetária, o
que melhor transmite a racionalidade econômica que guia as suas
decisões”.
Após a investida mais agressiva do BC, muitos agentes
ajustaram suas previsões para contemplar queda da taxa básica de juros a
um único dígito ainda neste ano.
No boletim Focus mais recente, feito semanalmente pelo BC
com previsões de uma centena de instituições, a expectativa passou a ser
de Selic fechando 2017 a 9,75 por cento, contra 10,25 por cento antes.
Na ata do Copom, o BC repetiu que a extensão do ciclo e
possíveis revisões no ritmo de flexibilização continuarão dependendo das
projeções e expectativas de inflação e da evolução dos fatores de
risco.
“Nada na minha visão mudou frente às conclusões que davam
para ser tiradas no comunicado (do Copom) da semana passada”, afirmou o
economista-chefe do banco J.Safra, Carlos Kawall.
“(O BC) reconhece o progresso da desinflação, que está mais
disseminada com economia mais fraca”, acrescentou ele, para quem o BC
cortará os juros em 0,75 ponto nas próximas três reuniões do Copom,
diminuindo a intensidade para encerrar o ano com a Selic em 9,25 por
cento ao ano.
Do lado favorável para a inflação, a ata do Copom destacou
que a economia tem operado em ritmo mais fraco do que se esperava há
alguns meses e que os passos no processo de encaminhamento de reformas e
ajustes fiscais continuam sendo positivos.
Em sua última previsão sobre o Produto Interno Bruto (PIB),
feita no fim de dezembro, o BC projetou expansão de 0,8 por cento para
2017. Economistas, por sua vez, esperam crescimento de 0,5 por cento
segundo o Focus, enquanto o FMI vê alta de apenas 0,2 por cento.
Após assinalar na semana passada que os efeitos do fim do
interregno benigno têm sido limitados no âmbito do ainda incerto cenário
externo, o BC reforçou essa mensagem nesta terça.
Se de um lado as perspectivas são de impacto para o custo do
financiamento nos países emergentes, disse o BC, países exportadores de
commodities –como é o caso do Brasil– vêm experimentando melhorias em
seus termos de trocas.
“Esse contexto reforça a avaliação dos membros do Comitê, de
que não há relação mecânica entre o cenário externo e a política
monetária”, disse o BC.
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