terça-feira, 9 de maio de 2017

Fitch espera por reformas antes de decidir sobre rating do Brasil


O rating soberano do Brasil pela Fitch atualmente é BB, com perspectiva negativa

 




Sede da Fitch Ratings em Londres




São Paulo – A Fitch Ratings aguarda maior clareza na agenda de aprovação de reformas pelo governo do presidente Michel Temer, notadamente a da Previdência, antes de considerar uma eventual ação sobre a nota do Brasil, disse nesta terça-feira o diretor da agência de classificação de risco no país, Rafael Guedes.

“Os analistas da agência esperam mais clareza na aprovação de reformas e no cenário de recuperação fiscal e de atividade econômica antes de tomar qualquer medida”, disse Guedes, durante apresentação a investidores.

O rating soberano do Brasil pela Fitch atualmente é BB, com perspectiva negativa.



Para onde olha a maior exportadora do Sul?


O ajuste comandado por Abilio Diniz quer devolver os bons resultados da BRF, uma ambição desafiada pela Carne Fraca

 

Por Marcos Graciani

 

graciani@amanha.com.br
O ajuste comandado por Abilio Diniz quer devolver os bons resultados da BRF, uma ambição desafiada pela Carne Fraca

A tempestade perfeita ocorrida em 2016 abalou a estratégia  da BRF – até então tida como segura – de manter metade de sua receita atrelada ao comércio exterior. O preço do milho, matéria-prima básica da cadeia de frangos e suínos, inflou no Brasil, refletindo a  quebra da safra. Já a colheita recorde do grão nos Estados Unidos fez com que a companhia de Itajaí (SC) perdesse competitividade lá fora.  Se não bastasse isso, enquanto os produtores brasileiros de frango reduziram a produção ante o cenário adverso do setor, concorrentes ao redor do mundo aproveitaram o momento de maior competitividade relativa e aumentaram a oferta do produto. 

Na Tailândia, por exemplo, a produção de carne da ave cresceu 10,7% em 2016, e os volumes exportados para outros países da Ásia aumentaram consideravelmente no segmento in natura. Na Europa, a Polônia elevou a produção em cerca de 13% em 2016 (dados até outubro) e elevou seus embarques para outros países do continente. O mesmo ocorreu com a Ucrânia, que, além da alta na produção de frango, teve forte crescimento no volume de exportação, com destaque para mercados do Oriente Médio e da Europa.

Por aqui, a crise econômica fez com que os consumidores buscassem produtos mais baratos. Por causa da política de repasse de preços encabeçada pela BRF, a concorrência passou a acompanhar o movimento de maneira mais rápida. No início do ano passado, por exemplo, os reajustes de preços feitos pela BRF no Brasil para compensar a alta dos grãos só foram seguidos por outros players dois meses depois, o que ajudou a reduzir a participação de mercado da empresa.

Isso fez com que a reintrodução da marca Perdigão, lançada no segundo trimestre para ganhar mercado da Seara, tirasse share da própria Sadia, grife de maior rentabilidade no portfólio da BRF. Esse conjunto de fatores fez com que a companhia catarinense reportasse seu primeiro prejuízo anual desde que foi criada, em 2009. No ano passado, a empresa teve um prejuízo líquido  de R$ 372 milhões, ante um lucro líquido de R$ 2,9 bilhões em 2015. O revés foi provocado pelo desempenho do quarto trimestre, período no qual a empresa teve perda de R$ 460 milhões. A BRF também foi afetada pela alta do real perante o dólar. A valorização da moeda brasileira reduziu a rentabilidade das exportações da empresa. No acumulado de 2016, a receita líquida da companhia aumentou  4,8%, chegando a R$ 33,7 bilhões. O crescimento das vendas no ano passado decorreu, sobretudo, das aquisições feitas pela empresa no exterior.

O resultado desanimador fez com que Abilio Diniz, presidente do Conselho de Administração da companhia, viesse a público anunciar mudanças. A BRF contratou a consultoria BCG para dar suporte ao novo desenho de gestão. O plano foi apresentado em uma reunião de conselho que durou quase 10 horas – praticamente o dobro do tempo habitual. “Não queremos ficar à mercê dos ciclos ou mesmo do câmbio”, afirmou Diniz. O empresário também revelou a criação de um comitê para corrigir os erros, em particular na ligação entre a cadeia produtiva e o consumidor. Diniz comentou durante a análise do resultado anual, diante de analistas de mercado, que a reorganização levada a cabo na empresa, a partir de 2013, fez com que houvesse uma ruptura no gerenciamento da cadeia produtiva. A partir de agora, no entanto, a BRF reestabelecerá o canal entre produção e vendas.

A companhia também voltará a centralizar a maior parte das decisões, pois a descentralização exercida tanto em nível global como regionalmente, no Brasil, foi avaliada como muito excessiva. A decisão foi tomada ainda no final do ano passado, mesmo com o comitê passando a operar apenas a partir de fevereiro. O grupo composto por Abilio, Eduardo D´Ávila, José Carlos Magalhães (sócio da Tarpon, gestora de recursos que tem uma fatia da BRF) e Walter Fontana (membro do conselho de administração da BRF e ex-presidente da Sadia) tem reuniões semanais. “Passamos a olhar muito mais o consumidor. Acho que isso é certo, mas tem de equilibrar. O consumidor puxa, mas você tem de  empurrar com a produção”, admite Diniz. Ele também negou boatos de que a Península, sua firma de investimentos, estaria deixando a operação da BRF. “Está na hora de olharmos primeiro no espelho e depois na janela, pois a janela você não controla e o espelho você controla”, compara Diniz, buscando demostrar o comprometimento com as mudanças em curso.


Política agressiva
 

Se muitas coisas tendem a mudar na nova gestão comandada pelo comitê, a política agressiva da BRF no exterior deve seguir inalterada. Pelo menos foi o que deu a entender o CEO Pedro Faria. “Temos de compreender que, na maior parte dos mercados onde atuamos, a BRF é, talvez, o maior player e, de certa forma, temos a capacidade de comandar ações”, argumenta. Na Arábia Saudita, por exemplo, a companhia repassou o aumento de impostos para o preço final. No Oriente Médio como um todo, porém, a empresa optou por se defender às custas da redução da rentabilidade média de curto prazo. Essa estratégia fez com que se reestabelecesse um nível de estoque mais saudável nesses mercados. “O cenário competitivo que enfrentamos no Oriente Médio não é diferente daquele a que estamos acostumados historicamente”, atesta Faria. Essa parte do mundo, aliás, é a maior aposta da BRF no plano internacional. 

Tanto é que, desde o inicio de janeiro, a empresa iniciou as operações da OneFoods (anteriormente chamada de Sadia Halal). Esse braço é destinado ao mercado halal, onde o processamento e o consumo de alimentos é feito de acordo com as tradições muçulmanas. A BRF mira um público consumidor aproximado de 1,8 bilhão de pessoas. Sediada em Dubai, nos Emirados Árabes, a empresa tem cerca de 15 mil funcionários. O fornecimento dos produtos será feito a partir de dez plantas industriais: oito no Brasil, uma em Abu Dhabi e outra na Malásia. Hoje, a companhia detém quase metade ( 45%) do mercado de frango em países como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar e Omã. 

Para alguns especialistas, a escolha pelo mercado halal também configura a ponta de lança para que a empresa de Itajaí se torne global, de fato. “A BRF ainda é majoritariamente brasileira. A oportunidade de se tornar global, operando fábricas fora do país, faz com que se mitigue o risco interno”, opina Ronaldo Kasinsky, analista da área de alimentos e bebidas do Santander. A ambição da empresa é que as suas unidades fabris no exerior representem 25% da produção total dentro de alguns anos – hoje, esse índice é de 10%. Também como parte desse plano, a BRF anunciou, em janeiro, seu desembarque na Turquia, o maior consumidor de frango halal do mundo. Lá, a companhia assumiu as operações da Banvit, maior produtora de aves no país. A Turquia tem uma população de cerca de 80 milhões de pessoas, que responde por cerca de 10% do consumo halal em todo o mundo. Ainda assim, o consumo local de frango per capita é pequeno, cerca de 20 quilos ao ano, e o mercado de alimentos processados apresenta baixa penetração. Ou seja, o país oferece grande potencial de crescimento para a maior exportadora do Sul. 

A BRF já afirmou no passado que também planeja ter uma planta industrial na China, em até cinco anos. Um passo foi dado em novembro de 2016, quando a  multinacional brasileira concluiu a aquisição de 1,9% de participação na chinesa Cofco Meat. “A BRF vem dando pequenos passos para atingir o objetivo de ser cada vez mais global. Isso demanda tempo e parcimônia. Pode ser que os recentes anúncios a façam ampliar o prazo de seus objetivos por dois ou mais anos, mas o que interessa é não desviar do norte”, avalia Vinícius Piccinini, analista de renda variável da Quantitas. 


O desafio da Carne Fraca

 
A Carne Fraca, operação que apura o envolvimento de frigoríficos acusados de subornar fiscais para comercializar produtos em condições impróprias, também atingiu a BRF. Alguns países chegaram a interromper a exportação de carne, mas depois reconsideraram a decisão. A questão é simples: algumas nações são quase “dependentes” da proteína brasileira – e não podem simplesmente suspender a importação e desabastecer o país. Ainda que esse detalhe torne o cenário menos nebuloso, o quadro da BRF é bem mais complexo. “No curto prazo, o consumidor tem bons argumentos para pagar menos pela marca, o que deixa a companhia em uma posição muito ruim de negociação. O X da questão é entender qual será a capacidade dela de aguentar essa queda de braço, visto que a BRF lida com um produto perecível”, alerta Piccinini. Ou seja, o desafio de Abilio Diniz se tornou ainda maior.
http://www.amanha.com.br/posts/view/3962

Atlantia deve fazer oferta de aquisição da Abertis em breve


Segundo duas fontes, a Atlantia assegurou um pacote de financiamento avaliado em cerca de 11 bilhões de euros para bancar uma oferta em dinheiro e ações




Londres/Milão/Madri – O grupo italiano de rodovias Atlantia está planejando fazer uma oferta de aquisição da rival espanhola Abertis nos próximos dias, disseram nesta terça-feira duas fontes com conhecimento da situação.

Uma fusão entre Atlantia e Abertis criaria a maior operadora de rodovias da Europa, com um valor de mercado combinado de mais de 36 bilhões de euros.

No Brasil, a Abertis é controladora indireta da Arteris, uma das maiores operadoras rodoviárias do país. Já a Atlantia foi uma das interessadas em 2015 em fazer um aporte na EcoRodovias, rival da Arteris, operação que acabou sendo realizada pelo grupo Gavio, também italiano.

A fusão também poderá acelerar os planos da Atlantia em se diversificar para além de seu mercado local, uma vez que o grupo combinado vai gerar cerca de 60 por cento de seus resultados fora da Itália.

“É uma questão de dias. A oferta deve ocorrer mais para o final da semana ou início da próxima semana”, disse uma das fontes, acrescentando que as duas partes têm interesse em um acordo amigável.

Representantes da Atlantia não puderam comentar o assunto de imediato e a Abertis preferiu não se manifestar.

As fontes afirmaram que a Atlantia assegurou um pacote de financiamento avaliado em cerca de 11 bilhões de euros para bancar uma oferta em dinheiro e ações.

A Atlantia tem uma reunião de conselho de administração marcada para a sexta-feira para discutir resultados trimestrais e poderá tentar formalizar a oferta pela Abertis, disseram as fontes.


CMAA investe até R$ 500 mi em usina de açúcar e etanol

CMAA investe até R$ 500 mi em usina de açúcar e etanol



Aclamado por seus pares ao chegar ao almoço anual que promove para marcar a abertura da safra de cana-de-açúcar em Minas Gerais, José Francisco Santos, 61 – fundador da Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA) e da JF Citrus –, exala carisma ao cumprimentar todos os cerca de 300 convidados. No discurso, dispara frases como: “Criei meus filhos para serem gestores, e não herdeiros”, referindo-se a Francisco José, diretor da JF Citrus, uma das quatro maiores produtoras de laranja do país; Carlos Eduardo, presidente da CMAA; e Luiz Gustavo, membro do conselho da JF Citrus e da CMAA.

É com toda essa energia contagiante que José Francisco Santos, presidente do conselho de administração da CMAA e da JF Citrus, fala também do novo investimento do grupo – uma usina de açúcar dentro da unidade Vale do Pontal, em Limeira do Oeste, no Triângulo Mineiro, que será inaugurada no dia 16 de maio. O investimento total – incluindo a compra da usina, a plantação e a área de açúcar – Santos calcula que foi de R$ 450 milhões a R$ 500 milhões. “Serão 2,5 milhões de toneladas de cana. Ela vai produzir álcool, açúcar e energia”, conta Santos. Só para adaptar e criar a fábrica de açúcar foram investidos R$ 80 milhões para a produção de 60 mil toneladas de açúcar. A área plantada é de 20 mil hectares.

A outra usina da CMAA, a Vale do Tijuco, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, já está com a moagem anual de 4 milhões de toneladas de cana numa área plantada de 50 mil hectares. Lá são produzidos 35 mil sacos de açúcar por dia. “Ficamos em terceiro lugar no ano passado. Prefiro estar entre os melhores do que estar entre os maiores”, dispara Santos, diante de um crescimento sustentável do grupo.

Empregos gerados. O presidente da CMAA, Carlos Eduardo Turchetto Santos, conta que as duas usinas geram 2.000 empregos diretos, sendo 1.300 na Vale do Tijuco e 700 na Vale do Pontal. “Com a fábrica de açúcar, houve um incremento de quase cem pessoas já contratadas e em treinamento”. Juntas, as duas usinas vão faturar R$ 1 bilhão neste ano.

Questionado sobre se tem mais alguma unidade sucroenergética no radar, Santos, antes de responder, pensa por instantes, olha para o horizonte e responde: “Pode ter. Mas o mercado melhorou. Usina que tem cana boa para moer e boas terras não está passando dificuldades”, desconversa.

JF Citrus está entre as 4 maiores

Mineiro de Oliveira, José Francisco Santos é um dos quatro maiores produtores do país com sua JF Citrus. “Neste ano vamos produzir 8 milhões de caixas de laranja, sendo 90% para exportação. Trabalhamos mais com suco concentrado”, diz, animado. Cada caixa de laranja tem 40,8 kg, acrescenta o empresário, que tem 700 empregados e outros 2.000 na safra.

Com uma área plantada de 12 mil hectares para o negócio da laranja, Santos explica que as plantações estão distribuídas entre Minas Gerais e São Paulo, sendo que esse último detém 70% da produção. “Temos laranja em Avaré, Mogi Mirim e Bebedouro (as três em São Paulo) e, em Minas, na cidade do Prata, onde temos mais de 1 milhão de pés irrigados, e em Comendador Gomes”, afirma.

Santos conta que paga US$ 400 para cada tonelada de suco de laranja que exporta, por isso ele é a favor de uma taxa para o Brasil importar etanol 

(O Tempo)

Coach compra varejista de luxo Kate Spade por US$ 2,4 bilhões


No início deste ano, a companhia afirmou que estava buscando alternativas estratégicas para seu negócio, como uma venda

 






São Paulo – De olho na Geração Y, A Coach anunciou ontem, 8, que comprou a Kate Spade por US$ 2,4 bilhões. A varejista de luxo estava à venda desde o início do ano.

O preço, de US$ 18,50 por ação, representa um prêmio de 27,5% em relação ao valor das ações em 27 de dezembro de 2016. Essa data não foi escolhida por acaso. Segundo a Coach, foi o último dia em que o preço das ações não foi afetado por especulações de compra.

Em novembro, o fundo de investimentos Caerus Investors enviou uma carta à A Kate Spade, pressionando que a companhia se colocasse à venda. “Estamos profundamente preocupados com o declínio íngreme do valor das ações da Kate Spade nos últimos dois anos e meio, provocado pela inabilidade da direção de alcançar as próprias metas”, diz a carta.

No início deste ano, a companhia afirmou que estava buscando alternativas estratégicas para seu negócio, como uma venda.

A Coach, fabricante de bolsas e acessórios de luxo baseada em Nova York, afirmou que a aquisição fará dela uma companhia de grandes e reconhecidas marcas de luxo modernas.

Para Victor Luis, CEO da Coach, “a Kate Spade tem uma posição de marca verdadeiramente única e diferenciada com amplo sortimento de produtos de estilo de vida e de forte reconhecimento entre os consumidores, especialmente millienials”.

Essa atração entre a população mais jovem é justamente sua maior força e um dos principais motivos para a compra, dizem analistas.

“A experiência extensa da Coach em abrir e operar lojas especializadas globalmente, além da construção de marcas em mercados internacionais pode desbloquear o potencial de crescimento global da Kate Spade, em grande parte inexplorado”, diz o presidente.

As empresas esperam sinergias, ou cortes de custos advindos da aquisição, de US$ 50 milhões em três anos. Este valor virá de melhorias em eficiência operacional, na escala e gestão de estoque e otimização da rede de fornecedores da Kate Spade.

Tribunal nega adiar depoimento de Lula a Moro


Juiz rejeitou pedido da defesa do ex-presidente para adiar os depoimentos

 






O juiz federal Nivaldo Brunoni, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), manteve o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para esta quarta-feira, 10. O magistrado rejeitou pedido liminar da defesa do petista para suspender a ação penal e o interrogatório do ex-presidente.

“Não há razão para o deferimento de suspensão do interrogatório do paciente e sobrestamento da ação penal”, afirmou o magistrado.

Nivaldo Brunoni pontuou que “não pode passar despercebido que o interrogatório do réu, ato comum a qualquer ação penal, ganhou repercussão que extrapolou a rotina da Justiça Federal de Curitiba/PR e da própria municipalidade”.

“Medidas excepcionais foram tomadas para evitar tumulto e garantir a segurança nas proximidades do fórum federal; prazos foram suspensos, o acesso ao prédio-sede da Subseção Judiciária será restrito a pessoas previamente identificadas e o trânsito nas imediações será afetado, medidas que vem mobilizando vários órgãos da capital paranaense”, observou o magistrado.

O ex-presidente vai ser interrogado nesta quarta-feira, 10, pelo juiz federal Sergio Moro. Na ação, ele é acusado de ter recebido R$ 3,7 milhões em propinas da OAS que, em troca, teria fechado três contratos com a Petrobras, supostamente por ingerência de Lula.

Os advogados de Lula pediram por meio de habeas corpus a imediata (concessão de liminar) suspensão do processo criminal em que ele é réu por corrupção e lavagem de dinheiro no caso triplex – imóvel situado no Guarujá, litoral de São Paulo, que a Lava Jato diz pertencer a Lula, o que é negado por ele. A defesa alegou que não teria tempo suficiente para analisar o conteúdo de uma supermídia com 5,42 gigabytes com documentos que a Petrobras anexou aos autos – estima-se que o arquivo tenha 100 mil páginas.

A defesa de Lula havia solicitado pelo menos 90 dias para examinar os documentos da Petrobras e queriam que o Tribunal determinasse “a renovação dos atos processuais prejudicados pelos atos ilegais impugnados, em especial, o interrogatório marcado para o dia 10 de maio de 2017 e a etapa do artigo 402 do Código de Processo Penal”.

Para Brunoni, “no tocante ao prazo de 90 dias para o exame do material apresentado pela Petrobras, não merece acolhimento o pedido por falta de previsão legal”.

“A documentação juntada em meio digital é inédita para todas os atores processuais (defesa, acusação e juízo). Não se desconsidera que a existência de milhares de páginas para exame demanda longo tempo, mas foge do razoável a defesa pretender o sobrestamento da ação penal até a aferição da integralidade da documentação por ela própria solicitada, quando a inicial acusatória está suficientemente instruída”, anotou Nivaldo Brunoni.


segunda-feira, 8 de maio de 2017

Nordex Acciona quer ampliar papel na energia eólica do Brasil


A empresa está seriamente comprometida em avançar no país mesmo em um ciclo de baixa dos investimentos em novas usinas

 






São Paulo – A fabricante de turbinas para usinas de energia eólica Nordex Acciona quer ampliar sua participação no mercado brasileiro, que passa por um momento de forte competição devido a uma pausa na contratação de novos projetos desencadeada pela crise econômica do país, disse à Reuters o diretor local da companhia.

Fruto de uma fusão da alemã Nordex com a espanhola Acciona, que já tinha fábrica no Brasil, a nova empresa é mais forte e está seriamente comprometida em avançar no país mesmo em um ciclo de baixa dos investimentos em novas usinas.

“Queremos continuar no Brasil porque achamos que o mercado é rentável, e queremos aumentar nosso market share”, afirmou o diretor da Nordex Acciona para o Brasil, Pablo Pulpeiro Mori.

Atualmente, a companhia estima ser a quinta maior entre os fornecedores de equipamentos presentes no país, atrás da norte-americana GE, da espanhola Gamesa, da dinamarquesa Vestas e da alemã Enercon.

“Queremos ser o terceiro ou o quarto player no Brasil”, disse Mori, que vê a companhia ganhar mais musculatura para competir com as líderes após a fusão.

“Agora somos uma empresa muito maior, com balanço mais forte e uma melhor presença geográfica, o que reduz o risco da companhia, porque esse é um mercado cíclico, e o desempenho em um país pode ajudar a compensar o outro”, explicou.

Ele disse também que a busca por crescimento poderá se dar com a retomada dos leilões para contratar novas usinas realizados pelo governo, cuja falta tem pressionado os fornecedores de equipamentos, que temem ficar com as fábricas vazias a partir de 2018.

Ao mesmo tempo em que não há novos projetos, a maior parte das usinas contratadas nos últimos anos já fechou a compra de turbinas ou enfrenta problemas e não deverá sair do papel, o que gera uma enorme disputa pelas poucas oportunidades ainda disponíveis para vender equipamentos, conforme reportado pela Reuters em março.

“Tem muita concorrência, e tem havido muitos descontos. Mas não é só aqui, isso é a nível global”, disse.

Nesse cenário, segundo o executivo, empresas mais frágeis ou com menor presença global podem sentir o baque e não conseguir continuar no mercado de energia eólica do Brasil.

“Infelizmente, o mercado ainda não chegou no número certo de players, tanto em nível local quanto em nível global”, disse.

Ele lembrou que o negócio tem passado por uma onda de consolidação, como a recente fusão dos negócios em energia de GE e Alstom e a fusão entre a Siemens e a espanhola Gamesa, sem contar o próprio movimento da Nordex com a Acciona.

“A nível global, esse é um mercado em que você precisa de tamanho, e esse é um dos motivos da fusão… quem não tem presença global vai sofrer, vai ser difícil.”


Onda estrangeira

 

Em um momento de economia ainda em busca de recuperação, a Nordex Acciona tem sentido que uma eventual retomada dos investimentos no setor de energia eólica deverá ser comandada por companhias estrangeiras.

Segundo Mori, havia forte interesse do investidor externo às vésperas de um leilão que contrataria novas usinas eólicas no final do ano passado, que acabou cancelado na última hora devido à falta de demanda por eletricidade.

“No geral, cerca de 80 por cento dos investidores deverão ser estrangeiros”, afirmou.

O executivo disse ainda estar confiante na retomada dos leilões de energia neste ano, devido a uma sinalização recente do governo de que deverá haver ao menos uma licitação até setembro.

Ele também tem expectativa que o cancelamento de projetos problemáticos, que não foram adiante por diversas dificuldades, bem como a retomada da economia devem ajudar a melhorar a demanda por energia e levar à necessidade de mais um leilão em 2018.

“O mercado está em um momento de limpeza… esse mercado ainda tem que virar, e o Brasil voltar a estar de novo entre os 5 ou 6 maiores mercados eólicos do mundo”, disse.

As turbinas já em operação da Nordex Acciona no Brasil somam quase 800 megawatts, um número que deverá alcançar 1,2 gigawatt em meados de 2018, quando algumas máquinas vendidas mais recentemente forem entregues.