terça-feira, 4 de julho de 2017

EUA adiarão decisão para evitar comprar etanol do Brasil


 


A possibilidade de as refinarias importarem etanol do Brasil e biodiesel da Argentina para cumprir as metas de mistura obrigatória de biocombustíveis nos Estados Unidos levou o chefe da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Scott Pruitt, a repensar os índices atuais. É o que dizem fontes próximas à administração do programa.

Teria sido esse o motivo do atraso na publicação da proposta da EPA para 2018, segundo quatro fontes que estão acompanhando as deliberações. Pruitt estuda uma redução nos volumes obrigatórios para que as refinarias possam preenchê-los majoritariamente com etanol de milho e biodiesel de fabricação local.

A EPA já havia enviado uma proposta à Casa Branca, que fixava o volume de mistura em 15 bilhões de galões (57 milhões de litros) de combustível renovável, mas, por temor às importações, o órgão está sendo levado a refazer suas contas, segundo fontes que pediram anonimato.

O debate surge num momento em que o presidente Donald Trump começa a botar em prática a política America First nas relações comerciais. Numa tentativa de respaldar empresas americanas e resguardar a segurança nacional, o governo estuda a imposição de tarifas alfandegárias sobre produtos importados como o aço e o alumínio. Após reunir-se com o presidente sul-coreano Moon Jae-in, na última quinta, Trump afirmou que o país asiático precisa parar de exportar “aço com dumping” (preço artificialmente baixo para destruir a concorrência) para o mercado americano.

No começo de junho, num discurso em Iowa tratando dos esforços para priorizar a energia gerada nos Estados Unidos, Trump declarou: “Por sinal, estamos salvando as usinas de etanol”. Na semana passada, ele exaltou ainda a “superioridade energética americana” e a capacidade de as exportações americanas suprirem as demandas energéticas mundiais.

As controvérsias comerciais já contaminaram o mercado de biocombustíveis. Produtores americanos de biodiesel entraram com uma representação contra as importações vindas da Argentina e da Indonésia, pedindo que o governo crie tarifas alfandegárias para compensar os subsídios injustos e o dumping praticado por esses países.

Ao contrário do que acontece com essas investigações comerciais, a EPA tem um poder limitado para desestimular a importação de biocombustíveis pelas regras do programa, instituído pelo Congresso. O programa visa a fomentar a produção de combustível local, mas suas cotas se aplicam a todos os combustíveis renováveis, não importando a origem.

Se a EPA vier mesmo a tomar medidas para restringir as importações, o resultado pode ser um salto no valor dos créditos usados para o cumprimento das metas, o que “encareceria o custo para o consumidor de forma expressiva”, segundo Mike McAdams, presidente da Advanced Biofuels Association.

“Se você quer mandar a conta para o consumidor, Sr. Secretário, vá em frente e reduza a cota para combustíveis importados com sua míope política de América em primeiro lugar”, afirmou o presidente da associação, que conta com produtores brasileiros entre seus filiados. “É preciso importar para atender às metas”, acrescentou.

Os atrasos podem dificultar o cumprimento do prazo legal (até 30 de novembro) para finalizar as cotas de biocombustível para o próximo ano. O governo Obama perdeu esse prazo repetidas vezes, só vindo a conseguir divulgá-las a tempo no ano passado. Pruitt prometeu respeitar o cronograma do programa e “honrar a vontade” do Congresso ao promulgar a mistura obrigatória.

Nenhum representante da EPA consultado pela reportagem quis comentar a respeito do assunto.

Pelas regras da Norma para Combustíveis Renováveis (RFS), instituída em 2005 pelo Congresso, as refinarias podem recorrer a importações para cumprir parcialmente as várias metas do programa e sanar déficits de abastecimento. Exemplo: embora utilizem etanol de milho fabricado nos Estados Unidos para cumprir a maior parte do volume obrigatório de 2017 (15 bilhões de galões de renováveis convencionais), as refinarias estão importando biocombustível para fechar a meta.

Segundo dados da Secretaria de Informações Energéticas dos EUA, o país importou 36 milhões de galões (136 milhões de litros) de etanol brasileiro no ano passado. Em 2012, foram 400 milhões de galões (1,5 bilhão de litros). De acordo com esses mesmos dados, as usinas americanas produziram um valor recorde de 15,3 bilhões de galões (58 bilhões de litros) de etanol em 2016.

A EPA é encarregada de fixar as cotas específicas anuais, mas possui autoridade limitada para alterar objetivos estatutários e reduzir metas. Além disso, a margem de atuação da EPA foi posta em dúvida por uma ação movida pelo setor de biodiesel, em tramitação na Justiça federal, questionando os poderes legais conferidos à agência durante o mandato do presidente Barack Obama.

Além da meta global para biocombustíveis, a EPA define parâmetros para o biodiesel, normalmente de soja; para os biocombustíveis avançados, que emitem menos carbono; e para o etanol celulósico, derivado de matérias-primas como resíduos agrícolas e algas.

O etanol de cana fabricado no Brasil entra na categoria “biocombustível avançado”, servindo, portanto, para preencher duas cotas diferentes: a de biocombustíveis avançados e a de combustíveis renováveis global.

O biodiesel importado é particularmente útil porque vale na composição de três diferentes cotas: a de avançados, a total e a de biodiesel. Pelas regras do programa, as refinarias recebem 1,5 crédito para cada galão de biodiesel misturado aos derivados de petróleo 

(Bloomberg, 3/7/17)

Liberdade econômica cerceada: a vedação ao marketing advocatício no Brasil




Por Ricardo Bordin, publicado pelo Instituto Liberal


Estratégias de marketing são inerentes a toda e qualquer atividade econômica, visando, essencialmente, a otimização do lucro por meio da adequação da produção e da oferta de mercadorias ou serviços às necessidades e preferências dos consumidores. Recorre-se, com este intuito, a pesquisas de mercado, campanhas publicitárias, atendimentos pós-venda, e outras ações similares.

Todo empreendedor, portanto, precisa preocupar-se com a adequada divulgação de sua marca, mantendo um canal de relacionamento com seus clientes, propiciando-lhes tomar conhecimento dos bens por ele disponibilizados, ressaltando suas características e a conveniência de adquiri-los.

Mas nem todos os empresários, em verdade, estão submetidos a estas leis naturais que norteiam as relações comerciais travadas em um ambiente saudável de trocas voluntárias. Os advogados do Brasil, em especial, são tolhidos da possibilidade de utilizar esta importante ferramenta de ampliação da freguesia por sua própria entidade de classe, a OAB.

O código de ética e disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil é claro a respeito do tema em seu artigo 39:
A publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão.
Difícil não notar a mentalidade marcadamente avessa ao capitalismo que predomina na redação do referido diploma legal. Sob o pretexto de preservar a imagem da categoria profissional em questão perante a população, ele regula sua publicidade e a restringe severamente.

Quer dizer que advogados precisam comportar-se como se suas empresas fossem instituições sem fins lucrativos? Seria imoral “captar clientela”? Seria antiético promover o estabelecimento junto ao público visando conquistar mais fatias do mercado – como quaisquer outros empreendimentos de ramos diversos o fazem? Talvez para mentes deturpadas pelo marxismo cultural, quem sabe. Para indivíduos que precisam sempre agradar seus consumidores para fechar as contas no final do trimestre, a realidade é bem outra.


PUBLICIDADE


Em linhas gerais, o conteúdo das propagandas deveria, conforme delimitado pela OAB, ater-se a informações sobre a identificação “pessoal e curricular” do advogado; campos de atuação; títulos acadêmicos e qualificações profissionais relativos a seu ofício; indicação de associações culturais e científicas de que ele faça parte; nome dos integrantes – em caso de associação de advogados; horário de atendimento e afins.

A regra geral, portanto, é a permissão da publicidade, desde que realizada com “discrição e moderação”, sendo permitida em sua modalidade informativa, e vedada em sua forma “indutiva”, conforme depreende-se dos precedentes normativos emitidos pela OAB:
“Publicidade ou Propaganda – Distinção – Moderação e Discrição – Internet e Placas Indicativas. A propaganda está mais vinculada à ideia de comércio ou mercantilização de produtos, e visa alcançar público maior, incentivando a demanda para maior lucro do empresário ou comerciante. A publicidade é a informação mais discreta, sem alardes, para público menor e direto, pressupondo a existência de interesse anterior, por menor que seja. O advogado não vende produto, mas presta serviço especializado. Eventual anúncio de advogado, na internet ou em placas indicativas, deve ser discreto, observando a mesma moderação do veiculado em jornais e revistas especializadas que, em qualquer hipótese, não poderá ser em conjunto com outra atividade.”
Os maiores prejudicados por esta imposição da OAB, sem dúvidas, são os advogados recém-ingressos na profissão, que precisam atrair clientes dos escritórios já consolidados no setor – tarefa dificultada em muito pelas barreiras ao marketing. O resultado é que aqueles empresários já estabelecidos não se veem ameaçados pelos novatos, e a concorrência resta substancialmente reduzida – para o azar dos próprios usuários de serviços advocatícios e para a degradação da já combalida segurança jurídica no Brasil.


Reserva de mercado pura e simples.


Nos Estados Unidos, pesquisas recentes revelaram que a maioria da população daquele país associa uma publicidade competente a profissionalismo e eficiência, o que teria efeito positivo na imagem dos advogados em geral – ao contrário do que afirma a OAB. Após o caso Bates vs State Bar of Arizona, de 1977, a Suprema Corte americana entendeu inconstitucional a vedação à publicidade por advogados, por violação à primeira emenda (que trata da liberdade de expressão).

Aliás, no seriado da rede AMC intitulado Better Call Saul, há uma sequência de eventos muito elucidativa sobre este mister: o protagonista da série, o advogado Saul Goodman, constata que uma clínica de repouso de idosos estaria extorquindo-os indevidamente. Resolve, então, levar ao ar um curto comercial no intervalo de um programa matutino muito apreciado pelo pessoal da terceira idade. Como resultado, centenas deles entram em contato com seu escritório a fim de ajuizar ações de indenização por danos materiais e morais, logrando, ao fim, serem ressarcidos pela atitude lesiva da empresa, e enriquecendo licitamente seu representante legal.

Eis um legítimo cenário de ganha-ganha, cujo roteiro  não tem como repetir-se no Brasil, pois o risco de ser processado por “publicidade abusiva” com base em conceitos tão subjetivos como os adotados pela OAB é deveras elevado.

Mais uma vez, mostra sua face a mentalidade paternalista das instituições brasileiras, as quais, em vez de confiar na capacidade de discernimento dos indivíduos, prefere “protegê-los” preventivamente de profissionais que supostamente estariam visando tão somente, vejam vocês…ganhar dinheiro.

O normal, pois, seria deixar na mão das próprias pessoas a tarefa de julgar a qualidade do serviço prestado pelos advogados, as quais elegeriam para dominar este nicho os melhores (enquanto conseguissem manter satisfeitos seus clientes), e relegariam ao fechamento de portas os piores – como ocorre em qualquer atividade pouco regulada pelo Estado. Se algum advogado veiculasse propaganda enganosa, sua má fama seria espalhada aos quatro ventos – fenômeno potencializado pelas redes sociais.

Mas acho que, na cabeça dos iluminados tecnocratas, jamais atingiremos tal nível de maturidade – para a felicidade dos que vivem de interferir onde não devem. Nas palavras de Thomas Sowell, os “intelectuais ungidos” sentem um profundo incômodo com a imperfeição humana, e veem no poder coercitivo do Estado o instrumento ideal para impor regras e mover os membros de uma população como se peças em um tabuleiro fossem.

Com o advento deste grave entrave à cadeia produtiva da atividade jurídica, aqueles que dela necessitam e os prestadores de serviços que poderiam atender tais demandas ficam impossibilitados de encontrar-se no livre mercado, atrasando, inclusive, a disseminação das soluções transacionais ou autocompostas (técnicas conhecidas como mediação ou arbitragem), as quais possuem o condão de acelerar a resolução de conflitos e reduzir o tempo de tramitação de lides no Judiciário (por dispensarem a prestação jurisdicional estatal).

O intervencionismo governamental no marketing empresarial, na verdade, vem se alastrando bastante nos últimos tempos. Lei Federal aprovada em 2014 proibiu a publicidade voltada para o público infantil, afastando os patrocinadores de programas de desenhos animados e congêneres, e tornando tal programação um privilégio exclusivo das crianças que possuem acesso a canais fechados de televisão. Até mesmo refrigerantes estão na mira do Legislativo e podem ter suas ações de divulgação afetadas por leis arbitrárias em breve. Propagandas de Cigarros? Nem pensar.

Não há, portanto, como esperar mudanças de postura da OAB neste quesito. Seguirão de mãos amarradas, por tempo indeterminado, os profissionais do Direito em mais este aspecto de sua atuação – sendo que eles já são obrigados a aturar o anacrônico tabelamento de preços imposto pela entidade. Mas pense em atrasar o pagamento da anuidade para ver o que acontece…

Diante de um quadro tão espinhoso pintado pelo próprio Estado na iniciativa privada, que ninguém estranhe o fato de que a maioria dos bacharéis da área saiam das faculdades ávidos por cargos públicos, passando a clamar, dali em diante, por mais concursos, estimulando o inchaço do governo, em um ciclo que se retroalimenta e somente malefícios gera à sociedade.


 http://www.gazetadopovo.com.br/rodrigo-constantino/artigos/liberdade-economica-cerceada-vedacao-ao-marketing-advocaticio-no-brasil/

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Lei das Estatais evita assédio ilegítimo e é cumprida, diz Temer

O presidente também frisou que o Banco do Brasil a Petrobras e o BNDES se adaptaram integralmente às novas regras antes do prazo previsto

 






Em evento comemorativo de um ano da Lei de Responsabilidade das Estatais, o presidente Michel Temer e o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, disseram que as estatais brasileiras estão cumprindo o cronograma previsto para a aplicação da nova legislação, e que Banco do Brasil, Petrobras e Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já se adaptaram integralmente às novas regras antes do prazo previsto.

De acordo com o governo, com as mudanças, já é possível perceber redução da dívida e no aumento do valor de mercado das estatais.

Em discurso, Temer reiterou que a falta de responsabilidade com as contas, tanto nos governos como nas empresas, na busca por “aplausos fáceis”, é o que destrói as empresas e corrompe as instituições brasileiras.

“A ideia principal dessa lei é que era preciso protegê-las de assédios ilegítimos de quem quer que fosse, na tentativa de impedir qualquer influência que não fosse geradora de uma administração eficiente”.

A Lei das Estatais estabeleceu novas regras para nomeação de diretores e conselheiros, como a proibição de que dirigentes partidários, ocupantes de cargos políticos ou políticos que disputaram eleições recentes ocupem diretorias ou conselhos. Por meio dessa restrição, busca-se evitar que sejam feitas indicações políticas para o comando das estatais.

Segundo ele, foi tomando esses cuidados que a Petrobras conseguiu sair de um prejuízo de R$ 3,8 bilhões para um lucro de R$ 4,8 bilhões no período de um ano.

“Após 7 anos de crescimento das dívidas, as estatais viram reduzir seu endividamento em 24% [entre 2015 e 2016]. Com isso o valor de mercado dessas empresas conheceu um incremento extraordinário”, argumentou.

Temer reiterou que a responsabilidade fiscal é o “caminho da democracia, da justiça e do desenvolvimento” e que é preciso avançar “em nome dos 14 milhões de brasileiros que não têm carteira assinada”.

“O Brasil não tem tempo a perder”, disse. “Não podemos deixar que nada impeça que o Brasil continue respirando”, completou.

Redução de endividamento

 

O ministro Dyogo Oliveira disse que as “três das maiores empresas já cumpriram integralmente todas as determinações”, referindo-se ao Banco do Brasil, BNDES e Petrobras. “Essas ações de gestão nos traz resultados efetivos e concretos”, disse.

“Em primeiro lugar, o resultado financeiro das principais empresas, que no primeiro trimestre de 2016 foi um somatório de apenas R$ 500 milhões, passou nesse primeiro trimestre de 2017 para R$ 10,5 bilhões e um crescimento de 2000%. Tivemos também crescimento de valor de mercado da Eletrobas de 144%; do Banco do Brasil, de 70%; e da Petrobras, de 54%”, afirmou o ministro.

De acordo com Oliveira, o endividamento das empresas caiu de R$ 544 bilhões para R$ 437 bilhões entre o fim de 2015 e o final de 2016. “Essa tendência de queda permanece ao longo de 2017 e teremos ao final do ano um endividamento ainda menor”.

Comunidades de Língua Portuguesa


Mais cedo, Michel Temer participou de uma cerimônia fechada com integrantes da 15ª Conferência dos Ministros da Justiça da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A conferência ocorre desde o dia 27 na Academia Nacional de Polícia (ANP), onde cerca de 80 agentes públicos estrangeiros e brasileiros passam por capacitação para implementar ações de incentivo e de prevenção e combate a crimes de lavagem de dinheiro e de corrupção, no âmbito dos países membros da CPLP.

Criada em 1996, em Lisboa, a comunidade tem como Estados-membros Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

Entre seus objetivos está o de estimular a cooperação e a promoção e defesa da língua portuguesa, através de um intenso diálogo cultural. Por meio da comunidade, foi aplicado e ratificado o acordo ortográfico de 1990.

Crise no Brasil põe acordo entre UE e Mercosul em xeque


A negociação, que começou em 1999, estava finalmente numa fase decisiva, com todos os governos dispostos a fechar um entendimento até o fim do ano

 




Genebra – Um grupo de deputados europeus pediu que a negociação para a criação de um acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a Europa seja suspensa diante da crise política no Brasil.

Numa carta à chefe da diplomacia de Bruxelas, os eurodeputados citam a instabilidade do governo de Michel Temer e as acusações de corrupção envolvendo o chefe de Estado no País.

A negociação, que começou em 1999, estava finalmente numa fase decisiva, com os governos tanto da Europa quanto do bloco sul-americano dispostos a fechar um entendimento até o fim do ano.

Para isso, porém, os dois lados precisam ceder. A Europa tem de incluir uma abertura maior para seu mercado no setor agrícola e de carnes, enquanto o Mercosul terá de admitir um corte mais profundo de tarifas no setor industrial.

Mas a crise política hoje no Brasil põe uma pressão extra sobre o processo. No Parlamento Europeu, 22 deputados enviaram uma carta para a chefe da diplomacia da Comissão Europeia, Federica Mogherini, alertando que a negociação “precisa ser interrompida diante da crise política no Brasil”.

A carta é assinada por representantes de quatro grupos políticos. Além da instabilidade política, a carta obtida pelo Estado ainda alerta Federica sobre o “aumento da violência no campo e o uso de forças armadas para reprimir protestos”.

Um dos grupos que apoiaram a iniciativa foi o Podemos, partido na Europa que chacoalhou a política espanhola nos últimos anos. De acordo com o deputado Xabier Benito, vice-presidente da Comissão para o Mercosul dentro do Parlamento, o “Tribunal Superior de Justiça investiga o presidente Temer e seu entorno político por supostos delitos de corrupção”.

Miguel Urbán, porta-voz de Podemos na Europa, também insiste que é “absolutamente inaceitável que a Comissão Europeia continue com as negociações de um acordo de comércio com o Mercosul sem considerar a grave situação de direitos humanos no Brasil.”

Demanda


Além de suspender imediatamente o acordo, o grupo pede que a comissão “avalie o impacto sobre os direitos humanos das relações de comércio e investimentos existentes entre a UE e o Mercosul”.

O grupo de deputados representa menos de 10% do Parlamento Europeu. Mas fontes apontam que os deputados que assinaram a carta ocupam cargos importantes dentro das comissões de trabalho do Parlamento.

Oficialmente, Bruxelas indica que continua comprometida com o processo. Um dos objetivos é de ter um acordo desenhado já para dezembro para ser anunciado no mesmo mês durante da Conferência Ministerial da OMC, em Buenos Aires. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Redução de meta de inflação é elogiada, mas embute risco


Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, diz que a mudança para 2019 já era esperada, mas a de 2020 foi novidade

 







O Banco Central terá que perseguir um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 4,25% em 2019 e de 4% em 2020 com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.


Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, diz em nota que a mudança para 2019 já era esperada, mas a de 2020 foi novidade.

O que abriu o caminho foi um decreto presidencial publicado na manhã desta quinta-feira (29) estendendo o horizonte de fixação da meta de 18 meses para 30 meses.

Para Schwartsman, a decisão relacionada ao futuro pode inclusive ajudar a manter a inflação baixa já no presente, já que há um horizonte na fixação de preços.

“Em um cenário onde o Banco Central consegue ancorar as expectativas, e então convence os fixadores de preços que a melhor aposta em relação à inflação futura é a meta, diminuir a meta empurra para baixo também a inflação atual”, diz a nota.

A capacidade do Banco Central ancorar as expectativas não é um “poder mágico”, continua o texto, e sim resultado da credibilidade conquistada pela equipe que assumiu há pouco mais de um ano.

Atualmente, os economistas consultados pelo Boletim Focus já esperam que a inflação feche 2017 em 3,48%, abaixo da meta de 4,5%.

Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, concorda que as metas são “críveis e atingíveis” diante da credibilidade da equipe e do ambiente benigno para a inflação.

“Acreditamos firmemente que entregar inflação baixa e estável é a melhor contribuição que o BC pode dar para criar condições para um crescimento e desenvolvimento sólido, sustentável e socialmente empoderador. A decisão de hoje do CMN é um passo à frente nesta direção”, diz a nota.

Ele aponta que mesmo países latino-americanos tem metas mais baixas e com menor margem de tolerância, como Chile, Colômbia e México (meta de 3% com tolerância de 1 ponto percentual) e Peru (meta de 2% com tolerância de 1 ponto percentual).

Mas há uma ameaça: o fiscal. Se uma ampla reforma da Previdência não for aprovada, os gastos com pensões e aposentadorias ocuparão um espaço cada vez maior no Orçamento.

Isso tornaria inviável o teto de gastos e segundo Schwartsman, ressuscitaria o temor de “dominância fiscal” muito debatido no início de 2016.


Na coletiva de imprensa concedida hoje após a decisão, a equipe econômica tentou isolar a questão monetária da fiscal.

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse que as reformas abaixam a taxa de juros estrutural da economia, mas que “as metas de inflação serão cumpridas” independentemente disso.

“O BC nunca disse que não conseguiria entregar a meta sem a reforma, o BC vai entregar a meta, sim. A sinalização foi sobre a dosagem dos instrumentos”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Em outras palavras: para conseguir atingir a meta em um cenário onde o fiscal não colabora, os juros teriam que ficar mais altos e por mais tempo.

É grande a expectativa em relação à próxima reunião do Copom nos dias 25 e 26 de julho. O BC havia indicado redução no ritmo de corte de juros, atualmente em 1 ponto percentual, diante da crise política.

Mas o mercado continua relativamente calmo e a inflação em queda livre: há quem espere que o IPCA deve mostrar deflação em junho pela primeira vez em 11 anos.

Siemens e Bombardier estudam joint ventures ferroviárias


Uma joint venture seria para as operações de materiais rodantes, controladas pela Bombardier, e outra para sinalização, da Siemens, disseram fontes

 




Londres/Frankfurt/Montreal – A Siemens e a Bombardier analisam opções, incluindo duas joint ventures ferroviárias, como parte de uma combinação planejada nos ramos de trens e equipamentos, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

As empresas avançam em direção a uma joint venture para suas operações de materiais rodantes, que seriam controladas pela Bombardier, que tem sede em Montreal, e outra para sinalização, na qual a Siemens teria maioria, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque as conversas são privadas. O acordo pode ser fechado nos próximos meses, disseram.

Nenhuma decisão final foi tomada e qualquer combinação exigiria apoio político e autorização das autoridades antimonopolistas, e além disso enfrentaria oposição dos sindicatos, disseram eles.

Representantes da Siemens, que tem sede em Munique, e da Bombardier preferiram não comentar.

As joint ventures “beneficiarão a Siemens se a empresa realmente ficar com as atividades de sinalização, em que as margens são maiores”, a concorrência não é tão feroz e o capital de giro não é tão pesado, disse Lionel Pellicer, analista da AlphaValue.

As negociações para combinação ocorrem em um momento em que ambas as empresas, juntamente com a francesa Alstom, enfrentam uma maior concorrência da líder do setor, a chinesa CRRC Corporation, criada em 2015 a partir da fusão de duas das principais fabricantes de trens regionais do país.

As operações ferroviárias da Siemens e da Bombardier têm uma sobreposição significativa na Europa, especialmente na Alemanha, o que aumenta a probabilidade de que ocorram vendas de ativos para diminuir preocupações regulatórias e a possibilidade de cortes de postos de trabalho.

Queda da Alstom

 

As ações da Siemens caíam 1,7 por cento às 17h11 desta quinta-feira em Frankfurt, para 121,15 euros, enquanto a Alstom caía 3,6 por cento, para 30,53 euros em Paris. As ações da Bombardier caíram 0,8 por cento em Toronto, para 2,42 dólares canadenses.

Se a Siemens e a Bombardier chegarem a um acordo, “isso pode afetar o preço das ações da Alstom por algum tempo”, disse Pellicer, acrescentando que a combinação pode na verdade não ser uma notícia completamente ruim, dado que a empresa francesa tem conseguido contratos apesar da concorrência com os chineses.

“A Alstom não precisa necessariamente crescer. A empresa alcançou um tamanho crítico e está focada na manutenção e nos serviços”, disse ele, acrescentando que a empresa chinesa não tem necessariamente uma vantagem de custo porque muitos países exigem produção local.

A Siemens delineou em maio planos para cortar 300 postos de trabalho na operação ferroviária na cidade de Krefeld, na região oeste da Alemanha.

A unidade ferroviária da Bombardier, que fabrica metrôs, bondes e trens de alta velocidade, eliminará 2.200 empregos na Alemanha até 2020, de acordo com plano anunciado anteriormente, e pretende cortar 7.500 postos de trabalho em todo o mundo, disse o porta-voz Marc-Andre Lefebvre nesta quinta-feira, em entrevista por telefone.
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Governo assinará acordo com a indústria para reduzir açúcar em alimentos



Governo assinará acordo com a indústria para reduzir açúcar em alimentos



O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o governo pretende assinar um acordo com a indústria para reduzir a quantidade de açúcar em alimentos processados, como ocorreu com o sódio. Desde 2011, a indústria retirou mais de 17,2 mil toneladas de sal dos alimentos, segundo balanço divulgado em junho.

“Assim como a diminuição do sódio, esse semestre ainda assinaremos o acordo de redução de açúcar, e a educação será feita a partir da portaria interministerial Saúde na escola e isso vai nos permitir melhorar o controle da obesidade através do ensino de melhores hábitos de consumo e também da conscientização para o exercício físico”, disse Barros em um painel sobre consumo de açúcar durante o Ethanol Summit 2017, em São Paulo. O evento discute energias renováveis, particularmente o etanol e produtos derivados da cana-de-açúcar.

Segundo Barros, o ministério também trabalha para melhorar a rotulagem dos alimentos industrializados em relação às quantidades de açúcar e sal dos produtos. “Melhorar a rotulagem, com dosador de sal e açúcar, pois é preciso que as pessoas entendam com clareza o quanto adicionam [sal e açúcar] na comida.” Outra ação da pasta, em parceira com a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia), será a proibição do refil de refrigerante em lanchonetes de fast food.

 
Educação alimentar
 

O presidente da Abia, Edmundo Klotz, destacou que a entidade tem realizado oficinas técnicas para discutir o consumo excessivo de açúcar. No entanto, ele acredita que apenas a redução do ingrediente nos produtos industrializados não será suficiente para mudar hábitos dos brasileiros. “Temos que aprender a diminuir [o açúcar], isso só podemos fazer educando, dando informação ao público consumidor”, disse.

O nutrólogo e cardiologista do Instituto Dante Pazzaneze, Daniel Magnoni, também defendeu a educação para a mudança de hábitos alimentares. “A educação nutricional de crianças e as mudanças dos rótulos dos produtos alimentares podem impactar a longo prazo na alimentação.” Segundo o médico, a classificação dos alimentos em bons e maus não é a mais adequada. “Acredito que nada deva ser proibido, o alimento do mal é aquele consumido em excesso”, ressaltou.

O deputado federal Evandro Roman (PSD-PR) também destacou o papel da educação alimentar para que a população brasileira fique mais saudável. Ex-secretário de Esportes do Paraná, Roman defende projetos nas áreas de esporte e saúde. “Estamos caminhando para uma população doente, por isso temos agora que agir nas escolas. Temos que seguir a alimentação equilibrada, atividade física e qualidade do sono”, listou.

Outro participante do painel, o preparador físico Márcio Atalla ressaltou a necessidade de incluir atividades físicas na rotina dos brasileiros. “É preciso olhar o sedentarismo como problema de saúde pública, uma pessoa sedentária é alguém potencialmente doente, não podemos nos conformar com o sedentarismo.”

Para Atalla, além da alimentação, é preciso considerar o estilo de vida do brasileiro. “Uma das coisas que me chateia é o foco excessivo em achar um vilão na alimentação, a bola da vez é o alimento industrializado, mas chegou a hora de olhar o estilo de vida, por isso a informação precisa chegar de maneira mais prática à população.”

De acordo com a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada em abril, o excesso de peso no Brasil cresceu 26,3% nos últimos dez anos, passando de 42,6% da população em 2006 para 53,8% em 2016. Segundo o estudo, o problema é mais comum entre os homens: passou de 47,5% para 57,7% no período. Já entre as mulheres, o índice passou de 38,5% para 50,5% (Agência Brasil, 28/6/17)

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