sexta-feira, 21 de julho de 2017

Entidades do Sul: alta de impostos compromete volta do crescimento


Para industriais, o equilíbrio das contas públicas deve ser perseguido pela contenção dos gastos

 

Da Redação, com Agência Brasil

 

redacao@amanha.com.br
Governo divulga aumento de tributos sobre combustíveis


Algumas entidades do setor produtivo do Sul criticaram o aumento de tributos sobre os combustíveis. 

Para Edson Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), a medida deve comprometer a retomada do crescimento econômico. “Representa mais um aumento no já pesado Custo Brasil, impactando diretamente no setor produtivo e dificultando ainda mais a superação da crise”, afirma. “As empresas estão com suas planilhas de custos no limite e não têm condições de absorver mais esta alta de impostos, que terá que ser repassada ao preço final dos produtos, prejudicando também o consumidor e toda a economia”, acrescenta. A Fiesc e a Fiergs não emitiram nota até o fechamento desta edição. 

"A técnica já é antiga. Aumentar impostos cada vez que as contas não fecham sem tomar medidas internas para ajustar suas contas ou fechar as torneiras dos recursos mal concedidos", reagiu Simone Leite, presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande Sul (Federasul). “Teremos um festival de aumentos em todos os setores”, prevê Simone lembrando que “nossa economia já sofre com a crise econômica intensificada pela crise política e agora o governo, o principal responsável por esta situação, vem buscar mais recursos numa sociedade vítima de gestões nada republicanas”, conclui.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o equilíbrio das contas públicas deve ser perseguido pela contenção dos gastos, em vez do aumento dos impostos. A entidade recomendou a aceleração das reformas estruturais, principalmente a da Previdência Social, para melhorar o ambiente de negócios e buscar o ajuste fiscal no longo prazo. Segundo a CNI, somente as reformas restabelecerão a confiança dos empresários e dos consumidores e farão a economia recuperar-se.

Com dificuldades em recuperar a arrecadação, o governo decidiu aumentar tributos para arrecadar R$ 10,4 bilhões e cumprir a meta fiscal de déficit primário de R$ 139 bilhões. O Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a gasolina, o diesel e o etanol subirá para compensar as dificuldades fiscais, segundo nota conjunta, divulgada nesta quinta-feira (20), dos ministérios da Fazenda e do Planejamento. A alíquota subirá de R$ 0,3816 para R$ 0,7925 para o litro da gasolina e de R$ 0,2480 para R$ 0,4615 para o diesel nas refinarias. Para o litro do etanol, a alíquota passará de R$ 0,12 para R$ 0,1309 para o produtor. Para o distribuidor, a alíquota, atualmente zerada, aumentará para R$ 0,1964. A medida entrará em vigor imediatamente por meio de decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União.

O governo também contingenciará [bloqueará] mais R$ 5,9 bilhões de despesas não obrigatórias do Orçamento. Os novos cortes serão detalhados na sexta-feira (21), quando o Ministério do Planejamento divulgará o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. Publicado a cada dois meses, o documento contém previsões sobre a economia e a programação orçamentária do ano. A nova alíquota vai impactar o preço de combustível nas refinarias, mas o eventual repasse do aumento para o consumidor vai depender de cada posto de gasolina.

Em março, o governo tinha contingenciado R$ 42,1 bilhões do Orçamento. Em maio, tinha liberado cerca de R$ 3,1 bilhões. Com a decisão de agora, o volume bloqueado aumentou para R$ 44,9 bilhões. De acordo com a nota conjunta, esse corte adicional será revertido antes do fim do ano com a entrada de recursos extraordinários previstos ao longo do segundo semestre. Antes de embarcar para a reunião de cúpula do Mercosul, em Mendoza, na Argentina, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou que a queda da arrecadação justificou o aumento de tributos. “Isso ocorreu pela queda da arrecadação e em função da recessão e dos maus resultados, principalmente das empresas e de pessoas financeiras que refletiram nos prejuízos acumulados nos últimos dois anos que estão sendo amortizados. Existem medidas de ajuste fazendo com que o mais fundamental seja preservado: a responsabilidade fiscal, o equilíbrio fiscal”, destacou Meirelles.

No mês passado, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, tinha dito que o Orçamento poderia ser reforçado em até R$ 15 bilhões por meio de três fontes de receitas extraordinárias: a devolução ao Tesouro Nacional de precatórios [dívidas de sentenças judiciais] não sacados pelos beneficiários, a ampliação do programa de parcelamento e dívidas de contribuintes com a União e a renegociação de dívidas dos produtores rurais. No entanto, o governo tem enfrentado a frustração de receitas ao longo do ano.

Dessas medidas, apenas a regulamentação dos precatórios foi aprovada até agora. De outro lado, o governo enfrenta dificuldades com a tramitação das medidas provisórias da reoneração da folha de pagamentos, anunciadas no fim de março, e do programa especial de parcelamentos. Outra dificuldade está no atraso no programa de concessões. Na semana passada, o Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu um alerta para que o governo desconsidere das estimativas de receitas para o segundo semestre R$ 7 bilhões, que não deverão entrar no caixa do governo ainda este ano.

14 empresas que trocaram de comando em 2017 – até agora

Enquanto alguns deixaram o cargo em meio a escândalos, outros presidentes passaram o bastão por motivos pessoais

 


 
 
São Paulo – Escândalos e polêmicas levaram a trocas de presidentes de empresas no primeiro semestre deste ano. É o caso do cofundador do Uber, que deixou o cargo depois da divulgação de casos de assédio moral e sexual dentro da companhia, e Shigenori Shiga, que renunciou à presidência da japonesa Toshiba por perdas bilionárias em uma unidade de energia nos Estados Unidos.

Já outros presidentes passaram o bastão por motivos pessoais, aposentadoria ou pelo desejo de se dedicar mais à família, como Victor Mezei, da Pfizer, e Hélio Magalhães, que deixa o Citi Brasil depois de 33 anos no banco.

Há também casos de diretores que receberam uma promoção para liderar uma área maior, como Guilherme Ribenboim, então presidente do Twitter Brasil, que irá liderar a área global de desenvolvimento de soluções para clientes. No seu lugar, Fiamma Zarife se tornou a nova diretora-geral da rede social no país.

Confira na lista abaixo as danças das cadeiras na liderança de empresas.

Pfizer

 

Após 11 anos à frente da Pfizer no Brasil, o executivo Victor Mezei vai deixar o comando da companhia. O anúncio foi feito no início de julho e ainda não foi escolhido seu sucessor. Segundo a farmacêutica, a saída é por motivos pessoais. Sob a liderança de Mezei, a Pfizer comprou a Teuto, estreando em genéricos.

BNDES

 

O economista e advogado Paulo Rabello de Castro ocupa, a partir de junho, a liderança do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É o maior banco de fomento da América Latina, comandado até então por Maria Silvia Bastos, que deixou a posição por motivos pessoais, segundo ela.

Uber

 

Travis Kalanick, cofundador do Uber, se afastou e, mais tarde, renunciou ao cargo de presidente da companhia em junho. A Uber tenta reconstruir sua imagem depois que vieram à tona relatos de assédio sexual, machismo e uma cultura de trabalho tóxica e agressiva. A saída e renúncia do executivo foi pedida pelos investidores.

Citi Brasil

 

Depois de 33 anos no Citi Brasil, o presidente do banco, Hélio Magalhães, anunciou em junho sua intenção de se aposentar no fim do ano. O Citi informou que anunciará o novo presidente para o país nos próximos meses. Magalhães começou no Citi em 1984. Ele trabalhou ainda por 11 anos na American Express, onde foi presidente no Brasil e no México, antes de retornar ao Citi, em 2012, para comandar a operação brasileira.

Twitter Brasil

 

Outra empresa que ganhou uma nova liderança no Brasil é o Twitter. Fiamma Zarife é a nova diretora-geral da rede social no país.  Ela substitui Guilherme Ribenboim, que segue como vice-presidente da empresa para a América Latina e passa a liderar a área global de desenvolvimento de soluções para clientes. A executiva já estava no Twitter desde 2012.

Vale

 

Em fevereiro, a Vale anunciou a saída de Murilo Ferreira, que estava no comando da presidência da mineradora desde maio de 2011. No comunicado enviado ao mercado no início do ano, a companhia ressaltou que o executivo esteve à frente da mineradora “durante um período de muita turbulência na indústria da mineração mundial e enfrentou alguns dos momentos mais difíceis da história da empresa.”.

Murilo deixou a Vale com o registro de um lucro de 1,6 bilhão de reais nos últimos três meses de 2016 – no quarto trimestre de 2015, o prejuízo acumulado era de 33,2 bilhões de reais, pior resultado desde a privatização da empresa, em 1997.
 

Quem assumiu o lugar de Ferreira foi Fabio Schvartsman, que era presidente da Klabin desde 2011. Já o ex-presidente da Vale, assumiu, em junho, o cargo de diretor independente da Brookfield.

Alelo

 

Raul Francisco Moreira deixou em janeiro a vice-presidência de negócios de varejo do Banco do Brasil, que passa a ser ocupada Marcelo Labuto, até então presidente da BB Seguridade. Em seguida, ele assumiu a presidência da Alelo, empresa de benefícios corporativos controlada pelo BB, juntamente com o Bradesco. Funcionário de carreira, Moreira trabalhava há mais de 29 anos no banco.

Toshiba

 

Uma perda multimilionária levou o presidente da Toshiba, Shigenori Shiga, a renunciar em fevereiro. A empresa japonesa deixará a construção de usinas nucleares por causa de uma deterioração de ativos que poderá custar 6 bilhões de dólares. A causa para a perda foi a compra e mal gerenciamento de uma unidade de energia nuclear da Toshiba nos Estados Unidos.

Bloomin Brands Brasil

 

O grupo Bloomin’ Brands perdeu o presidente da operação brasileira em janeiro deste ano. O empresário Salim Maroun faleceu depois de ocupar o cargo de CEO por dois anos. Foi ele, com mais dois sócios, que trouxe a Outback Steakhouse para o Brasil. No cargo de CEO do grupo, também inaugurou, no país, as marcas Abbraccio Cucina Italiana, Fleming’s Prime Steakhouse & Wine Bar e Mexcla. Em seu lugar, foi nomeado Pierre Berenstein em maio deste ano. Pierre comanda mais de 100 restaurantes em 37 cidades, 14 estados brasileiros e Distrito Federal, além de mais de 11 mil colaboradores.

Decolar

 

Em fevereiro deste ano, Robert Souvirón deixou a presidência da Decolar, empresa que ajudou a fundar há 17 anos. Ele estava na liderança da agência digital de viagens desde 1999 e deixou o cargo para se dedicar mais à sua família. A busca pelo novo presidente demorou dois anos, afirmou a companhia. Ele foi substituído por Damián Scokin, executivo que trabalhou por 11 anos na consultoria McKinsey.

Nextel

 

Roberto Rittes assumiu em abril o comando da Nextel Brasil. Francisco Valim, que ocupava o cargo há 18 meses, deixa a função. Rittes tem passagens como diretor da Brasil Telecom e da Oi, e mais recentemente era diretor do fundo de private equity HIG Capital. Ele precisará resolver a questão da dívida da companhia, que inviabiliza a capitalização para novos investimentos.

Tok&Stok

 

Em abril, a então presidente da Tok&Stok, Ghislaine Dubrule, deixou o cargo. Da família fundadora da loja de móveis, ela foi para o conselho de administração da companhia. No seu lugar, entrou Luiz Fazzio, ex-presidente do Carrefour. Ele assumiu em maio, com o compromisso de recuperar as vendas da loja.

Claro

 

Paulo Cesar Pereira Teixeira retornou ao mercado de telefonia. Ele havia sido CEO da Telefônica Vivo até 2015 e, após sua saída, assinou um compromisso de não concorrência: por dois anos não trabalharia em outra companhia do setor. Em 2017, esse período venceu e, em abril, ele se tornou presidente da Claro. O cargo era ocupado interinamente por José Félix, presidente do Grupo América Móvil Brasil (controladora da Claro, Net e Embratel).Teixeira buscará a liderança do mercado.

Ultrapar

 

A dona de negócios como os postos Ipiranga, a Ultragaz e a Extrafarma trocou seu presidente. Quem ocupará o cargo na Ultrapar é Frederico Curado, ex-presidente da Embraer, a partir de outubro deste ano. Em junho, o então presidente, Thilo Mannhardt, informou que não tinha intenção de renovar seu contrato com a companhia. Como consequência, a Embraer também trocou o comando, que passou para Paulo Cesar de Souza e Silva.



quinta-feira, 20 de julho de 2017

Livraria Cultura compra Fnac no Brasil de olho em terreno digital

 

A meta da Cultura era ampliar a participação do e-commerce de 22% para 70% até 2020. No Brasil, cerca de 50% da receita da Fnac vem do e-commerce.

 






São Paulo – No dia 23 de junho, Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura, recebeu EXAME Hoje em seu escritório, na Avenida Paulista, para uma entrevista franca sobre a enxurrada de problemas da empresa fundada há 70 anos. No prejuízo desde 2012, a livraria dava como certo mais um ano no vermelho para 2017. Herz falou que havia passado a hora de ganhar terreno no digital, e de deixar suas lojas tradicionais mais inteligentes.

Também deixou a possibilidade de um negócio em aberto: “se a Amazon vier aqui dizendo que vai me comprar, eu vou avaliar”. Outra possibilidade, que surgiu em forma de boato no início deste ano, era uma fusão com a concorrente Saraiva. “Não dá para dizer ‘eu nunca beberei dessa água’”, disse Herz. Eis que, nesta terça-feira 19, a Cultura anunciou a compra da operação da francesa Fnac no Brasil. De 17 lojas, vai passar a 29.

Mas o mais importante é a participação de mercado. A Cultura conta com 11% e, com a nova aquisição, passa para 16%. Ainda continua como a segunda livraria do país, mas diminui a diferença em relação à Saraiva, que conta com cerca de 25%. A Saraiva, inclusive, havia saído na frente na negociação para aquisição da Fnac, quando a empresa anunciou que queria deixar a operação no Brasil. Vencer esse páreo foi crucial para a sobrevivência da Cultura no mercado. A operação ainda vai ter custo zero. A Fnac vai aportar 150 milhões de reais para deixar o país, conforme adiantou o jornalista Lauro Jardim, d’O Globo, com informações confirmadas por EXAME Hoje.

A verba vai ajudar a cobrir o fluxo de caixa negativo das duas empresas, além de outras pendências, e a dívida da Cultura com os bancos, que está em cerca de 60 milhões de reais. Deixando essas dívidas para trás, a empresa ganha mais potencial para investir, e os retornos para a Fnac virão nos termos do contrato de licenciamento. Com o negócio, a Cultura adquiriu os direitos de utilização da marca Fnac no Brasil, que ainda será vista por um tempo no país.

De acordo com a consultora Ana Paula Tozzi, que assessora a Cultura, as lojas devem passar por uma remodelação, para se adequar ao modelo da tradicional livraria, que aposta no glamour e na experiência para atrair os clientes.

Além disso, a Cultura vai conseguir ampliar os centros de distribuição, ter ganhos no comércio de eletro-eletrônicos, em que ainda não atua de forma consistente, e que representam 47% das vendas globais da Fnac no mundo, ou 3,5 bilhões de euros ao ano. E, de certa forma, a companhia ainda encurta o caminho para o plano de cinco anos da Cultura: ser uma empresa mais digital e com lojas cada vez mais desejadas. A meta da Cultura era ampliar a participação do e-commerce de 22% para 70% até 2020, mas Herz afirmou a EXAME Hoje que queria “fazer mais rápido”. No Brasil, cerca de 50% da receita da Fnac vem do e-commerce.

Segundo nota divulgada pela Fnac Darty, a Cultura “apresentou um projeto industrial ambicioso para a Fnac Brasil”. O negócio, segundo o comunicado, vai “permitir à Livraria Cultura diversificar suas atividades com os produtos tecnológicos da Fnac”. A Cultura, por sua vez, afirmou em nota que “a união entre os dois grupos criará valores e sinergias, compartilhando culturas similares… e permitirá que a Livraria Cultura diversifique seus negócios adicionando novas linhas dos produtos e serviços”.

O negócio era disputado, e alguns outros pontos também pesaram a favor da Cultura. “É uma empresa com boa reputação no mercado, bem estruturada, com boa capacidade de operação e com tradição de ser boa pagadora. Acabou sendo mais eficiente na negociação”, afirma a consultora Ana Paula Tozzi.

No Brasil há cerca de duas décadas, a Fnac opera com 12 lojas e o negócio representa 2% das vendas anuais do grupo, estimadas em 7,4 bilhões de euros. Com a queda das vendas nos últimos anos, a operação tem caixa suficiente para se manter com seus atual capital de giro, mas precisa de recursos de fora para conseguir expandir o negócio. A venda das operações no Brasil é parte do plano global da Fnac Darty de focar os investimentos diretos na Europa, e buscar investidores para expandir as operações em outros mercados.

Outro ponto que afastou a empresa de permanecer no Brasil foi a dificuldade para consolidar uma liderança. Desde a saída da presidente Claudia Elisa Soares, em fevereiro deste ano, após apenas um ano no cargo, o processo para tentar sair do país se acelerou. Executivos afirmaram na época de que ela não conseguiria reestruturar a empresa com a velocidade necessária para fazer a operação ser rentável no Brasil.

A Cultura enfrenta queda nas receitas há dois anos — em 2016, o faturamento ficou em 380 milhões de reais, ante 460 milhões em 2014. Em dezembro, a Cultura comprou a participação de 25% que o fundo Neo detinha no negócio. O Neo havia adquirido a participação em 2009, injetando capital para acelerar o processo de expansão física da rede, que passou de um faturamento de 220 milhões para 440 milhões entre 2008 e 2013, antes de estagnar junto com a economia brasileira. A meta de faturar 500 milhões de reais em 2014 nunca foi alcançada.

Desde que herdou de seu pai o comando da empresa da família, em 2009, Sergio Herz tinha planos de dar uma guinada na estratégia de negócios da Cultura. A ideia era parar de abrir livrarias, e incrementar ainda mais as unidades existentes para servirem como polos culturais (assim como já acontece há muito tempo na principal loja da rede, no Conjunto Nacional, em São Paulo). O motivo é evidente: livrarias que vendem basicamente livros estão em frangalhos no mundo todo.

Alguns testes dessa loja do futuro estão em andamento. Desde o ano passado a loja do Shopping Market Place, em São Paulo, começou a usar um sistema que precifica os produtos de acordo com o horário de compra e com o perfil do cliente. Um livro específico poderá ter preços diferentes para clientes diferentes. É a mesma lógica que a Amazon levou para suas livrarias físicas. EXAME Hoje visitou a primeira loja da rede em Nova York em maio, e constatou que apenas os livros mais populares no site da companhia têm vez em suas prateleiras.

Para não ficar para trás, a Cultura fez o negócio mais ousado em seus 70 anos.

Compra da Fnac pela Cultura (ambas em apuros) causa surpresa

 

Segundo consultores entrevistados por EXAME.com, operação causou surpresa no mercado, já que as duas empresas enfrentavam dificuldades financeiras

 



São Paulo – Para ganhar força e enfrentar a ameaça da Amazon, a Livraria Cultura anunciou a compra da operação brasileira da Fnac.

Segundo consultores entrevistados por EXAME.com, a operação causou estranheza no mercado, já que as duas empresas enfrentavam dificuldades financeiras.

Elas sofriam com vendas de livros cada vez mais baixas. A queda real foi de 17,1% de 2006 a 2016, já com valores atualizados pela inflação, segundo pesquisa do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Os números melhoraram ligeiramente em 2017, segundo dados da Nielsen, mas ainda estão longe do auge.

“Não só nos livros, mas também vemos queda nas vendas de CDs, DVDs e até eletrônicos”, afirmou Jean Paul Rebetez, sócio-diretor da consultoria GS&Consult.

Assim, “a Fnac já cambaleava há um tempo e a Livraria Cultura conseguia segurar as pontas, mas sem muita margem para grandes movimentações”, afirmou ele.

Sérgio Herz, presidente da Livraria Cultura, afirmou ao EXAME Hoje que a rede operava no prejuízo desde 2012 e já esperava mais um ano no vermelho para 2017.

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, nos últimos dois anos a Livraria Cultura viu sua receita cair 17%. Para combater as quedas, buscou ser mais eficiente e cortou custos. Reduziu seus escritórios de três andares para um e demitiu 800 funcionários. “A gente fez a lição de casa, reduzimos custos e ganhamos eficiência”, disse Herz ao jornal.

Já a empresa comprada, no Brasil desde 1999, está em processo de reestruturação na Europa e decidiu alocar investimentos diretos apenas para a expansão dos negócios no continente, enquanto que para negócios internacionais, como o Brasil, o capital para investimentos virá de fontes externas.

Por isso, desde o final do ano passado a Fnac buscava um sócio ou comprador para tocar a operação no Brasil, algo necessário para a expansão e continuidade da empresa, segundo Arthur Negri, presidente da Fnac do Brasil, em uma entrevista a EXAME.com em março.

Preço atraente e sinergias

 

As empresas não divulgaram o valor da operação. Mas, por conta da baixa no mercado e dos apuros financeiros das companhias, os consultores avaliam que o preço deve ter sido bem atraente para a compradora.

A Fnac já buscava um sócio desde o ano passado e, para ter fechado a operação apenas agora, deve ter oferecido um preço oportuno para a Cultura, analisa Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer, consultoria especializada em varejo e bens de consumo.

A compra pode ajudar a Cultura a se levantar, analisam os consultores. Com a aquisição, a empresa pode cortar custos duplicados em sua operação e ganhar com sinergias. “A empresa pode otimizar a mão de obra e até ter mais força para discutir com fornecedores”, diz Rebetez.

A rede também se torna mais capilar e presente no Brasil. Com as 12 lojas da Fnac, ela passa a ter 30 livrarias pelo Brasil.

Experiência em eletrônicos

 

A maior vantagem para a Cultura, porém, é o ganho de experiência na venda de eletrônicos. Segundo o comunicado enviado pela rede de livrarias, a aquisição permite que ela “diversifique seus negócios adicionando novas linhas dos produtos e serviços”.

“A compra é uma forma para a Livraria Cultura ganhar mais musculatura e conhecimento em um mix mais ampliado”, afirma Foganholo. Para ele, as vendas de eletrônicos podem impulsionar o comércio eletrônico da empresa.

Ele afirmou que o modelo de negócios da Fnac é muito peculiar. Não só as suas lojas são maiores que as da concorrência, mas também o mix de produtos é bastante distinto, com muitos produtos eletrônicos, eletrodomésticos e até roupas e miniaturas para colecionadores.

Essa variedade pode se tornar um grande atrativo para a Cultura que precisará se reinventar para voltar a crescer.

Ameaça gigante

 

Além das dificuldades financeiras, as redes de livrarias ainda sofrem com a ameaça da Amazon. A gigante do comércio eletrônico começou as vendas de livros físicos no Brasil em 2014, mas ainda tem pouca força no mercado brasileiro. No entanto, ela começou a se fortalecer por aqui, com contratações e investimentos.

“A Amazon ainda está muito acanhada no Brasil. Mas, na hora em que esse gigante resolver colocar o pé no acelerador, pode ser uma ameaça muito grande para o mercado”, afirma Rebetez.

Lala Foods negocia compra da Vigor com exclusividade, diz jornal


A mexicana apresentou o contrato mais simples e vantajoso em termos de preço, segundo a Coluna Broad, do Estadão

 







São Paulo – A Lala Foods está negociando a compra da Vigor com exclusividade. A fabricante de laticínios ofereceu a melhor proposta de preço para a J&F, holding que também controla a JBS e que tenta vender ativos para melhorar sua dívida.

A informação é da Coluna Broad, do Estadão. A mexicana Lala Foods também apresentou o contrato mais simples.

A Lactalis, francesa de lacticínios, também estava na disputa, mas seu contrato seria mais complexo. Como a J&F tem pressa para fechar o negócio, teria descartado a oferta, afirmou a coluna.

A Vigor foi oferecida também para a Danone e a suíça Emmi, segundo fontes. O processo de venda é assessorado pelos bancos Santander Brasil e Bradesco

A holding dos irmãos Batista busca levantar recursos para pagar dívidas, multas e acordos de leniência. Ela também colocou a Eldorado Celulose à venda.

Há uma semana, a J&F passou o controle da Alpargatas, dona da marca Havaianas, para a Itaúsa (holding de investimentos do Itaú), Cambuhy Investimentos (fundo da família Moreira Salles) e Warrant Administração de Bens e Empresas. O preço total do negócio foi de 3,5 bilhões de reais.

Grandes multinacionais disputam controle da Braskem


Exxon, Shell e Dow Chemical já teriam manifestado interesse

 

Da Redação

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Unidade da Braskem, em Triunfo


Grandes grupos petroquímicos multinacionais poderão entrar na disputa pela participação acionária da Petrobras na Braskem (foto), que é a maior fabricante de resinas termoplásticas das Américas. A informação consta na edição desta quinta-feira (20) do jornal Valor Econômico. 

“Segundo fontes da indústria, Exxon, Shell, LyondellBasell e Dow Chemical já teriam manifestado interesse na companhia brasileira, cuja receita líquida totalizou R$ 47,7 bilhões no ano passado. Fundos de private equity e de pensão, além da Saudi Aramco, apontada no passado como potencial compradora, também teriam indicado disposição de olhar o ativo”, anuncia a reportagem.

De acordo com a publicação, a chegada ao capital da Braskem – que tem unidade no Polo Petroquímico de Triunfo (RS) – significará para essas empresas assumir a liderança no mercado de resinas termoplásticas do continente americano. Para a maioria dos grupos, a aquisição representaria ainda a entrada no mercado brasileiro de resinas, que no ano passado movimentou cerca de 5 milhões de toneladas.

“A Exxon, companhia americana de petróleo e gás, já tem presença relevante em petroquímica fora do Brasil e seu braço para essa indústria é maior que a Braskem. No país, a companhia também está olhando oportunidades em exploração de óleo e refino e poderia integrar as matérias-primas à produção de resinas”, destaca o Valor.

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terça-feira, 18 de julho de 2017

Em dez anos, Brasil deve ultrapassar os EUA na produção de soja


Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são responsáveis por 35,5% da colheita do grão no país

 

Por Agência Brasil 

 

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Em dez anos, Brasil deve ultrapassar os EUA na produção de soja


O Brasil deve ultrapassar os Estados Unidos como o maior produtor de soja mundial em dez anos, de acordo com o novo relatório Perspectivas Agrícolas 2017-2026, divulgado na semana passada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Durante o período analisado, espera-se que a produção mundial de soja continue expandindo-se, mas em um ritmo de 1,9% por ano, abaixo da taxa de crescimento de 4,9% anual da última década.

De acordo com o relatório, a produção de soja no Brasil deve crescer a 2,6% por ano, o maior crescimento entre os principais produtores, já que dispõe de mais terras, comparado com a Argentina, com crescimento projetado de 2,1% por ano e os Estados Unidos, de 1% por ano. A expectativa é de que, com isso, o Brasil ultrapasse os Estados Unidos como o maior produtor de soja. As exportações do produto em 2026 serão dominadas pelo Brasil e Estados Unidos que, juntos, respondem por quase 80% das exportações mundiais.

As estimativas do último levantamento da safra 2016/2017 divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pareceram confirmar as expectativas traçadas pela FAO e OCDE. A Conab projeta que a safra no período seja de 237,2 milhões de toneladas de grãos. Uma produção recorde, com crescimento de 27,1% em relação ao período anterior. De acordo com a pesquisa, a produção de soja deve crescer 19,4% e chegar a 113,9 milhões de toneladas colhidas, mantendo assim a expectativa dos números divulgados em maio. Atualmente, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são responsáveis por 35,5% da colheita do grão no país.

Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil, Marcos da Rosa, todas essas estimativas podem ter impacto nos preços, que já vêm caindo. “Fazer um anúncio de safra grande pode fazer com que o mercado precifique para baixo, o que é ruim para todo mundo. Quando olhamos o preço das commodities soja e milho, observamos que houve queda e isso é um desestímulo. Como as duas últimas safras de soja, no norte e no sul, foram boas, a gente sentiu uma oferta maior que a demanda. Sentimos no bolso que a oferta foi muito grande e os valores pagos caíram bastante em relação à safra passada”, destaca.

Na avaliação do chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Soja, Alexandre Cattelan, o Brasil tem um potencial de crescimento para os próximos anos inclusive superior ao projetado pelas organizações internacionais. No entanto, os preços do mercado externo e questões logísticas podem desestimular os produtores. “O Brasil praticamente já atingiu o limite da logística, aliás, está acima do limite da logística. Estamos observando que esse ano a safra ainda não foi totalmente comercializada principalmente em termos de exportação. Tem muita soja estocada e o milho da segunda safra praticamente não tem onde ser armazenado. Vemos milho a céu aberto. Em parte, a soja não foi totalmente escoada por conta dos baixos preços”, aleta Cattelan. O pesquisador defende que, para que o Brasil siga lucrando com a soja, o ideal é agregar valor.  “Temos de agregar valor, transformar a soja em carne, seja frango, porco, boi, usando-a como ração. Outra opção é o biodiesel, que tem tido um aumento paulatino e é um mercado interessante porque 90% é produzido com óleo de soja”, sugere. 


Outras projeções
 

O relatório da OCDE e da FAO traz projeções até 2026 para os principais produtos agrícolas. No período analisado, a produção mundial de grãos crescerá cerca de 1% por ano, o que levará a um aumento total em 2026 de 11% para o trigo, 14% para o milho, 10% para os grãos secundários e 13% para o arroz. Em relação à pecuária, é previsto que a participação dos dois maiores países exportadores de carne, que são Brasil e Estados Unidos, aumente até aproximadamente 44%, contribuindo com quase 70% no aumento previsto das exportações mundiais de carne durante o período analisado. Em relação a biocombustíveis, a expectativa é de que a demanda brasileira de etanol expanda-se em 6 bilhões de litros no período analisado, o que resultaria em um aumento na produção de mais de 40% nos próximos dez anos.