Debate na Fiesc revela que até 45% das atividades feitas por pessoas podem ser automatizadas
“Máquinas deverão substituir pessoas nas tarefas altamente
previsíveis e nas atividades perigosas. Empregos no campo da matemática e
tecnologia terão maior potencial de crescimento e, na contramão,
empregos com predomínio do uso da força física correm o risco de serem
extintos”, revelou Glauco José Côrte (foto), presidente da Federação das
Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), na abertura do Ciclo de
Conferências do INSS e do 2º Seminário Aliança Saúde Competitividade. O
encontro discutiu na semana passada o tema Automação – o impacto na
sociedade e seus reflexos no setor previdenciário. “Competências como o
pensamento crítico e a resolução de problemas, colaboração,
adaptabilidade, empreendedorismo, comunicação oral e análise de
informações passarão a ter destaque no trabalho do futuro”, destacou
Côrte, lembrando que a automação deverá alavancar o crescimento da
produtividade.
Ele enfatizou também que a revolução tecnológica
vai gerar impactos significativos no setor. “A medicina digitalizada
deslocará o tratamento realizado em hospitais para a mão de
profissionais de saúde e dos indivíduos. Pessoas informadas serão
parceiras no seu autocuidado, mas imprimirão um nível maior de exigência
da qualidade dos serviços prestados”, disse Côrte, destacando ainda que
para esse momento de transformação, a revisão da regulamentação do
setor e novas ferramentas como Big Data, Internet das Coisas, serão
exigências básicas.
Para o presidente do INSS, Leonardo Gadelha, a
automação é uma força disruptiva que está sendo discutida no mundo
inteiro e seu impacto na previdência será inevitável. “Ela traz muitos
ganhos de produtividade para a sociedade e, certamente, teremos produtos
mais baratos e diversificados, mas ela também traz preocupação. Para
nós que fazemos o sistema previdenciário no Brasil, há uma preocupação
muito clara: se os cidadãos perderem seus postos de trabalho, perderemos
arrecadação”, analisou. “Dessa forma, teremos um fardo duplo para o
Estado brasileiro: além de termos menos dinheiro entrando, teremos mais
pessoas usufruindo nossos benefícios”, acrescentou.
O secretário
de avaliação e gestão da informação do Ministério de Desenvolvimento
Social, Vinícius de Oliveira Botelho, destacou que a economia global é
cada vez mais robotizada. “Até 45% das atividades feitas por humanos
podem ser robotizadas em alguma medida. Isso reduz a demanda de força de
trabalho e provoca o declínio da quantidade de empregos. Robôs
superarão humanos em muitas tarefas”, destacou. Ele alertou ainda para o
impacto da automação da distribuição de renda. “Se os robôs substituem
completamente o trabalho humano, o produto por pessoa aumenta, no
entanto, sem política pública adequada, a desigualdade de renda tende a
aumentar, pois os robôs aumentam a oferta de força de trabalho,
reduzindo salários”, analisou.
Renato da Fonseca, gerente
executivo de pesquisa e competitividade da CNI, afirmou que a Indústria
4.0 é um processo contínuo de inovação tecnológica. “O medo do
desaparecimento do emprego não é novo e aparece toda vez que máquinas
são criadas. Ganham mais aqueles cuja atividade é complementar à nova
tecnologia. A ideia é que os robôs substituam trabalhos que não queremos
fazer”, salientou. Ele destacou ainda que empregos que requerem
habilidade de resolver problemas, com criatividade e alto nível
educacional, tendem a aumentar com a automação, assim como deve cair o
índice de empregos em atividades rotineiras. “Se a automação continua
aumentando a produtividade, o problema não é a destruição de empregos,
mas a distribuição da riqueza”, revelou Fonseca.
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