Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
A entrada de empresas de tecnologia no setor agrícola vai garantir
concorrência apesar da fusão entre Bayer e Monsanto, afirma Liam Condon,
membro do Conselho de Administração e presidente da divisão agrícola da
empresa alemã.
Em entrevista à Folha, o executivo defende que a
união entre as gigantes agrícolas –a Bayer, que atua no setor de insumos
agrícolas, como pesticidas, e a Monsanto, empresa americana de
sementes– não vai gerar redução da competição. A compra foi anunciada em
2016 por US$ 66 bilhões.
O executivo diz que a entrada na agricultura de empresas de tecnologia, como Google, Bosch e start-ups, é subestimada.
"Há
uma nova competição surgindo que as pessoas ainda não percebem muito,
mas nós sim. Não temo que haja falta de concorrência, minha preocupação é
que a Bayer ainda esteja por aqui daqui a dez anos."
A fusão está
prevista para o início de 2018. "Há um pouco de sobreposição na área de
sementes, e autoridades regulatórias dirão o que teremos que alienar e,
uma vez que eliminemos isso, não vemos redução de concorrência", diz
Condon.
Em outubro, a Superintendência-Geral do Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica) recomendou que a fusão fosse
impugnada pelo tribunal do órgão, que tem até março para decidir.
A
nova empresa poderá dominar mais de um quarto do mercado mundial de
sementes e pesticidas.
Segundo o Cade, a fusão "pode determinar as
condições de acesso à biotecnologia e do risco de adoção de práticas
comerciais que dificultem o desenvolvimento de concorrentes".
Para
Condon, mesmo após a fusão, a tecnologia será acessível para pequenos
produtores. "Tudo o que fazemos é baseado em gerar mais inovação que
nossos competidores para que os agricultores tenham incentivo para usar
nossos produtos", diz.
Em 2016, a divisão agrícola da Bayer investiu € 1,2 bilhão (11,7% das vendas globais) em pesquisa e desenvolvimento.
Ele
afirmou ainda que a marca Monsanto é uma preocupação, pois carrega uma
imagem negativa entre os consumidores, e que a fusão terá que contornar
isso.
BRASIL E EUA
Condon também avaliou a situação do Brasil,
que, ao lado dos Estados Unidos, forma os dois maiores mercados
estratégicos da Bayer.
O executivo afirmou haver "uma crescente
desconexão entre a instabilidade política e a economia" –enquanto a
crise política perdura no Brasil, a economia "parece ir razoavelmente
bem".
Condon diz que o mercado brasileiro tem sido volátil, inclusive
pelo clima tropical, mas há razões para acreditar no crescimento e
investir a longo prazo.
"O que percebemos nesses tempos é que a
recessão está sendo bastante dura para a economia no geral, mas a
agricultura ainda tem uma performance razoavelmente boa", afirma o
executivo.
Ainda assim, o fraco desempenho no país fez com que a
Bayer revisse a expectativa de faturamento da divisão agrícola para
menos de € 10 bilhões em 2017 –queda de 5% ante a previsão anterior.
A seca e a diminuição da pressão de pragas levaram a uma queda na demanda por pesticidas e fungicidas
Fazenda-modelo no Centro-Oeste do Brasil
O
Brasil está no centro das ações da divisão agrícola da Bayer para os
próximos anos. Em 2018, a empresa deve inaugurar uma "Forward Farm",
espécie de fazenda-modelo, na região Centro-Oeste –o anúncio deve
ocorrer ainda este ano.
Na fazenda, a Bayer coloca suas inovações e
tecnologias em prática em parceria com empresas, universidades,
entidades e o dono da propriedade.
A ideia é, em um ambiente mais
realístico, demonstrar que a agricultura moderna pode criar um local
sustentável e de sucesso econômico.
As "Foward Farms" já existem na Europa e também serão inauguradas na Argentina e no Chile no próximo ano.
Também
está agendado para o Brasil, em 2019, o próximo Youth Ag-Summit. O
evento da Bayer reúne jovens do mundo todo para discutir, durante quatro
dias, soluções para combater a fome de modo sustentável num cenário de
aumento populacional, mudanças climáticas e falta de recursos naturais.
Na
edição mais recente, em outubro, na Bélgica, cinco brasileiros foram
selecionados para compor o grupo de cem jovens de 49 países.
Escolhidos
por meio de uma redação individual, os participantes depois formaram
turmas com desafios específicos ligados aos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável da ONU.
Os três melhores projetos ganharam financiamento
da Bayer –de € 3 mil a € 10 mil. O grupo de Tamires Santos Lacerda, 23,
estudante de relações internacionais de Sete Lagoas (MG), ficou em
terceiro lugar, com uma campanha para incentivar crianças a consumir
frutas e vegetais imperfeitos. "Isso impacta nos preços, pois o
distribuidor vai aumentar o preço dos produtos 'bonitos' porque está
perdendo lucro com o desperdício dos considerados 'feios'", diz.
O
projeto vencedor, ligado à igualdade de gênero, propunha engajar
mulheres de países em desenvolvimento na agricultura.
A Camex (Câmara de Comécio Exterior) lançou nesta quarta-feira (8) a
consulta pública para receber contribuições da sociedade sobre as
práticas e os problemas dos órgãos anuentes que impactam o mercado
brasileiro de comércio exterior.
Essa é a chance de você
expressar sua opinião e participar diretamente nos processos de
regulamentação que os órgãos utilizam atualmente, e de que maneira eles
podem se aproximar do dia a dia dos despachantes aduaneiros, comissárias de despacho, agentes de carga e operadores logísticos.
É quase como se a Apple te chamasse para montar o novo iPhone!
A consulta irá resultar na criação da Agenda Regulatória de Comércio
Exterior para o período 2018-2019. Esse documento será usado como um
planejamento na identificação e organização de temas estratégicos para a
Camex.
O edital para a consulta foi publicado nessa terça-feira (7/11), e ficará aberto para participação até o dia 8 de janeiro.
Essa é a primeira vez que essa consulta será feita, então é o momento
ideal para você participar, e comunicar aos órgãos quais ações devem ser
implementadas, promovendo e estimulando a transparência e
previsibilidade do Governo.
Ficou interessado em participar?
Então basta preencher os formulários, separados por área temática, e
envie para secamex@camex.gov.br dentro do prazo.
A fabricante de aeronaves brasileira Embraer está a três
meses de conseguir a aprovação para começar a entregar uma nova geração
de aviões que, na avaliação do diretor comercial da companhia, John
Slaterry, será um catalisador para conseguir mais encomendas.
A Embraer lançou formalmente a chamada geração E-2 de aviões
regionais e pequenos mais de quatro anos atrás e colocou no ano passado o
modelo introdutório para voar, o E190-E-2, de 100 lugares. As entregas
para os clientes devem começar em abril. A família de aviões, que inclui
uma versão maior e outra menor, foi alvo de uma grande série de
encomendas iniciais – embora o ritmo dos negócios tenha desacelerado
durante seu desenvolvimento.
Slattery disse, no Dubai Air Show, que a companhia tem “campanhas
múltiplas” para acordos em andamento, que devem ser fechados nos
próximos trimestres. A Embraer irá gradualmente no próximo ano passar a
uma nova versão da aeronave, mas a produção das versões atuais não será
interrompida. A empresa pretende continuar a produzir o E175 de 76
lugares atual por pelo menos mais uma década.
O Brasil é um dos cinco maiores exportadores de armas leves do
mundo. Apesar da posição relevante no setor, esse é um mercado
relativamente pequeno para o País. Estima-se que as exportações
brasileiras somem, por ano, cerca de US$ 500 milhões em rifles,
pistolas, munições e armamentos não letais. Não obstante, o lobby da
indústria armamentista no Congresso é forte e tem conseguido algumas
vitórias, como subsídios e afrouxamento das regulamentações. Para o
canadense Robert Muggah, diretor de pesquisas do Instituto Igarapé,
organização dedicada ao estudo da violência, esse é um caminho perigoso.
“Há fortes evidências de que mais armas resultam em mais violência”,
diz Muggah, um dos maiores especialistas no mercado bélico, do mundo. A
força política dessa indústria vem de um intenso financiamento de
candidatos, que chegou a US$ 500 mil nas eleições de 2014. Ao mesmo
tempo, a possibilidade de receber investimentos de empresas estrangeiras
de armas tem atraído as atenções de Estados, como Goiás. “Toda arma
começa sua vida útil de forma legal. Em algum ponto da cadeia, elas são
desviadas e vão parar no mercado ilegal”, afirma Muggah. Mais
transparência e controle pode evitar que isso aconteça.
Confira a
entrevista:
DINHEIRO – Qual é o papel do Brasil no mercado global de armamentos?
ROBERT MUGGAH – Armas são um grande
negócio e o Brasil tem mercados interessantes globalmente. Se você olhar
para os dados de exportações, verá que, desde o ano 2000, o Brasil
vendeu armamentos para mais de 100 países, incluindo os Estados Unidos,
boa parte do Leste Europeu e mais de 30 países da África. É interessante
notar que o País enxerga a indústria armamentista como estratégica e
promove o seu crescimento. Tem havido esforços para a assinatura de
acordos comerciais no setor e de parcerias para a produção em solo
brasileiro, como no caso do caça Gripen, dos mísseis da Avibras, entre
outros. E com subsídios do BNDES. Agora, o Brasil precisa de mais
transparência no comércio de armas.
DINHEIRO – O que configura essa falta de transparência?
MUGGAH – É difícil ter clara noção do
tamanho desse negócio no Brasil. Não há informações sobre o que é
produzido ou exportado. As autoridades não exigem relatórios muito
precisos, então, Taurus e CBC, as maiores fabricantes de armas e
munições brasileiras, muitas vezes não informam quem são seus clientes.
DINHEIRO – Qual é o potencial desse mercado para o Brasil?
MUGGAH – Na última década, o Brasil tem
ficado entre os cinco maiores exportadores de armas leves do mundo. Isso
se deve muito à Taurus, que, embora sofrendo alguns reveses, continua
aumentando sua produção, tendo como seu maior mercado os Estados Unidos.
Em relação a outros produtos militares, o País tem se mantido entre os
30 maiores exportadores, sendo mais conhecido nos segmentos de
aeronaves, veículos leves e lançadores de foguetes. Nesses segmentos, o
Brasil não chega a ser um grande fornecedor, mas não é irrelevante. Vale
notar que houve um grande esforço em montar essa capacidade durante a
ditadura, mas também durante o governo do PT.
DINHEIRO – Em termos de política externa, o Brasil utiliza sua indústria armamentista para fazer acordos mais abrangentes?
MUGGAH – Essa foi uma expectativa das
administrações anteriores, particularmente no governo Lula. A ideia era
levar esse conhecimento brasileiro para outros países, notadamente do
Cone Sul. Acredito que a esperança era de, com o setor de defesa,
facilitar as negociações em outras áreas, como construção e mineração.
Em especial na África, onde o Brasil tem instalações militares na
Namíbia e em Cabo Verde, realiza uma série de exercícios e faz parcerias
para pesquisa e desenvolvimento. Por exemplo, há um míssil sendo
desenvolvido pela Avibras em parceria com a África do Sul. Há, também,
acordos com a França para desenvolver submarinos, um deles nuclear, além
do Gripen. Mas isso é em termos de armamentos pesados. No campo das
armas leves, o Brasil é conhecido pela facilidade em se negociar, pois
não exige os mesmo níveis de conformidade com os direitos humanos do que
outras nações. Nesse âmbito, não há ambições de parcerias mais
abrangentes, já que são produtos de baixo valor agregado. Agora,
francamente, se o Brasil parar de exportar armas leves amanhã, será
facilmente substituído por outro fornecedor. E trata-se de um mercado
pequeno. O Brasil comercializa cerca de US$ 500 milhões por ano em armas
leves, ainda que seja um dos cinco maiores exportadores.
DINHEIRO – Apesar de ser um negócio
pequeno em termos de exportações, comparando com setores como indústria e
agronegócio, o lobby do setor armamentista é forte. Por que?
MUGGAH – Parte disso se deve ao fato de
que há um número relevante de políticos que falam em nome das empresas
de armas. Na última eleição, cerca de 30 candidatos ao congresso
receberam um total de US$ 530 mil em financiamento de fabricantes de
armas, sendo que 21 foram eleitos. A CBC, sozinha, doou US$ 200 mil para
16 candidatos. O que eles buscam é um ambiente favorável, tanto para
exportações, quanto para o mercado doméstico.
DINHEIRO – É a chamada bancada da bala…
MUGGAH – Sim. Essa bancada tem interesse
em expandir o consumo local e aumentar os subsídios para a indústria.
Eles têm tido algum sucesso, nos últimos tempos. A Taurus e algumas
outras companhias receberam subsídios, na forma de créditos do BNDES,
por exemplo. No campo da política externa, a bancada da bala tem sido
bem sucedida em impedir que o Brasil participe de tratados
internacionais. Em 2013, o País assinou o Tratado sobre Comércio de
Armas (acordo que regula o comércio mundial de armas convencionais,
ratificado por 50 países e em vigor desde 2014). Sua ratificação, no
entanto, está parada no Congresso. Mais recentemente, surgiu no Brasil
uma tendência de conectar a posse de armas com liberdades individuais.
Isso é algo novo por aqui, onde a posse é considerada um privilégio, não
um direito constitucional, como nos Estados Unidos. Agora, claramente
há interesses econômicos por trás disso.
DINHEIRO – Empresas estrangeiras têm
procurado entrar no mercado brasileiro. A austríaca Glock fez várias
tentativas. Mais recentemente, a Caracal, dos Emirados Árabes, firmou um
acordo com o Estado de Goiás para construir uma fábrica. O que elas
veem no Brasil? Ao mesmo tempo, a bancada da bala é financiada por
empresas como a CBC, que tem o governo brasileiro como acionista. Isso
pode gerar conflitos?
MUGGAH – Acredito que sim. A bancada da
bala tem, naturalmente, instintos de proteção nacionalistas. Uma das
questões é que o Brasil está estimulando investimentos estrangeiros, num
momento em que o País passa por uma crise econômica. Mas há outro
fator, que considero interessante, que é certa frustração com produtos
nacionais, especialmente da Taurus. Alguns Estados reclamaram que as
armas da empresa eram inferiores e houve casos de disparos acidentais.
Isso criou um movimento a favor da importação de produtos, ou da criação
de um ambiente favorável a empresas estrangeiras se instalarem no País.
DINHEIRO – O sr. disse que o Brasil é
visto como uma país onde é mais fácil negociar armas. Essas empresas
estrangeiras podem estar interessadas em usar o País para atingir
mercados que atualmente não conseguem?
MUGGAH – É possível. Há outros motivos
para o interesse delas, como o fato de o País já ter uma capacidade
instalada para fabricação. Mas a Caracal vê no Brasil uma possibilidade
de exportar para outros países na América Latina. O problema está no
baixo nível de transparência. Quando o Brasil vende armas para mercados
estrangeiros, não há um sistema robusto que garanta que a entrega foi
feita ao destinatário certo. Como consequência, armas brasileiras acabam
aparecendo em zonas de conflito. Agora, é interessante como o Brasil,
que sempre se mostrou protecionista, vem permitindo e incentivando a
chegada de novos competidores.
DINHEIRO – No caso da Caracal, trata-se de uma iniciativa do governo de Goiás…
MUGGAH – De alguma forma, acredito que é uma resposta à baixa qualidade do produto nacional. Isso deve mexer com o mercado.
DINHEIRO – Sobre o mercado ilegal de armas: como rifles e pistolas vão parar nas mãos de bandidos?
MUGGAH – Existem alguns caminhos. O
primeiro são as chamadas sobras de conflitos. É um número relativamente
pequeno, mas relevante. Uma boa parte dos AK-47 em circulação no mercado
negro foi utilizada em conflitos há 30 ou 40 anos. Outro caminho são as
pessoas que compram armas legalmente, nos Estados Unidos ou outros
lugares, e as vendem no mercado negro. A grande maioria das armas
compradas pelo crime organizado no México e na América Central vem dos
Estados Unidos. Elas são adquiridas, inicialmente, de forma legal.
Existem 64 mil lojas de armas nos EUA, mais do que Starbucks. No México,
só existe uma loja de armas. Então, obviamente, há uma demanda que está
sendo atendida por empresas americanas. Nossa estimativa é de que mais
de 200 mil armas cruzem a fronteira, por ano. Um terceiro caminho são os
desvios de estoques militares e policiais. Esse é um grande problema na
América Central e do Sul. Por último, existem os grandes traficantes de
armas, que movimentam contêineres por todo o mundo.
DINHEIRO – E qual é a origem dessas armas?
MUGGAH – Toda arma começa sua vida útil de
forma legal, produzida por algum fabricante legítimo. Em algum ponto da
cadeia, elas são desviadas e vão parar no mercado ilegal. Não é incomum
fabricantes perderem de vista lotes inteiros.
DINHEIRO – Mais transparência pode evitar que essas armas caiam nas mãos do crime?
MUGGAH – Certamente. Existem esforços para
melhorar a marcação e o rastreamento de armas. Qualquer produto tem
algum tipo de número de série. Na maioria das indústrias, esse código é
padronizado. No mercado de armas, no entanto, há uma resistência em
criar padrões. O motivo para isso é a possibilidade de litigação, no
caso de o produto cair em mãos erradas. É extraordinário pensar nisso.
Televisões, carros, escovas de dente, enfim, quase tudo pode ser
rastreado. Armas não. Até foram criados sistemas de marcação embutidos,
ou mesmo dispositivos de biometria, que bloqueiam outras pessoas, que
não o dono, de usar a arma. Mas a resistência das fabricantes, incluindo
as brasileiras, é enorme. É um aspecto muito frustrante.
DINHEIRO – Como a política irrestrita de venda de armas dos EUA afeta a América Latina?
MUGGAH – Historicamente, a América Latina,
o Brasil inclusive, é um grande cliente dos americanos. Vemos armas
compradas legalmente nos EUA indo parar no México e na América Central.
Agora, sem querer amenizar o impacto que o mercado americano tem no
mundo, acredito que subestimamos outras fontes de fornecimento, em
especial os desvios de estoques militares e policiais. Há também a
questão das empresas de segurança privada. Na América Latina, para cada
policial, há dois seguranças particulares. Trata-se de um mercado
enorme, que não é bem regulado. Ao mesmo tempo, vários países
latino-americanos estão produzindo. É o caso do Brasil, da Colômbia e,
também, da Venezuela, que fabrica AK-47. No fundo, apesar de não estar
errado, é conveniente apontar o dedo para os EUA.
DINHEIRO – Agora, há a questão da
liberdade individual e do direito de se defender. Podemos considerar
que, se tivermos mais armas nas mãos das pessoas certas, estaremos mais
seguros?
MUGGAH – Esse é a posição de grupos como a
National Rifle Association (associação americana que defende a
indústria armamentista). Todo mundo tem a necessidade e o direito de se
proteger. A questão é: se armar é a maneira mais eficiente de se
defender? As evidências não mostram isso. A maioria dos crimes violentos
na América do Norte, e, de certa maneira, também no Brasil, envolve
parceiros íntimos. Homens matando mulheres. Nos EUA, a maior parte das
mortes por arma de fogo é resultado de crimes passionais ou suicídios.
Estatisticamente, é mais provável morrer em uma briga ou por suicídio do
que num assalto. Ao mesmo tempo, ter uma arma em casa aumenta em até
dez vezes as chances de ser morto por um bandido. A presença da arma
amplia a chance de um encontro violento, que geralmente resulta na morte
do dono dela. Há fortes evidências de que mais armas resultam em mais
violência. Não estou argumentando que devemos nos livrar totalmente das
armas. No Brasil, hoje, isso seria impossível. Agora, precisamos
balancear seu uso legítimo com o dano social que elas causam. Para isso,
é preciso mais regulação.
Abalada por uma severa crise econômica, a Venezuela entrou em
default seletivo, depois que não conseguiu pagar 200 milhões de dólares
em bônus globais, declarou a agência de classificação financeira
Standard & Poors, o que ameaça desencadear o não cumprimento de sua
dívida externa gigantesca.
A S&P, a primeira a anunciar o default parcial da Venezuela,
explicou que tomou a decisão após os 30 dias concedidos para a
realização dos pagamentos dos títulos 2019 e 2024.
“Rebaixamos duas notas para ‘D’ (default) e reduzimos a classificação
da dívida soberana em moeda estrangeira a longo prazo a ‘SD’ (default
parcial)”, indicou a S&P.
A agência fez o anúncio poucas horas depois de uma reunião em Caracas
entre o governo de Nicolás Maduro e credores internacionais, aos quais
não foi apresentado um plano concreto para a renegociação de sua dívida
externa, de quase 150 bilhões de dólares.
A reunião durou apenas 25 minutos, mas foi considerada um sucesso
pelo governo de Nicolás Maduro. Os credores, no entanto, saíram
decepcionados.
O vice-presidente Tareck El Aissami leu um texto no qual prometeu
novos encontros para “avaliar propostas”, sem estabelecer datas,
afirmaram à AFP algumas fontes.
El Aissami declarou ao canal estatal de TV que a Venezuela está
“blindada”, mas acusou o governo de Donald Trump de “fechar vias” ao
país com as sanções financeiras.
Maduro anunciou em 2 de novembro que o país buscaria “refinanciar e
reestruturar” a dívida, em consequência de uma “perseguição financeira”
comandada pelos Estados Unidos.
“O default nunca chegará”, afirmou o presidente no domingo.
O governo afirmou que muitos investidores compareceram ao encontro,
mas outras fontes afirmaram à AFP que os estrangeiros não estavam na
reunião porque o governo dos Estados Unidos incluiu El Aissami na lista
de sanções, proibindo seus cidadãos de negociar com ele.
“As sanções dos Estados Unidos sobre a Venezuela e funcionários do
governo provavelmente resultarão em uma longa e difícil negociação com
proprietários de títulos”, opinou a S&P.
– Default esperado –
O não cumprimento dos pagamentos pode ser declarado pelo governo, os
grandes credores ou pelas agências classificação. A S&P é a
primeira.
Em Nova York, a Associação Internacional de Swaps e Derivativos
(ISDA), que reúne proprietários de títulos da dívida, disse que nesta
segunda-feira verificou informações “sobre se ocorreu uma interrupção de
pagamento” de um bônus da PDVSA de 1,161 bilhão de dólares.
O governo garante que já transferiu os recursos, mas os credores não
haviam recebido até sexta-feira. A avaliação vai continuar nesta
terça-feira e, em caso negativo, resultaria no pagamento dos seguros CDS
(Credit Default Swaps).
Caracas afirma que pagou a cota vencida na sexta-feira, de 81 milhões
de juros de um título da PDVSA, assim como os 200 milhões de dívida
soberana que deveriam ser cancelados na segunda-feira.
Com reservas internacionais de apenas 9,7 bilhões de dólares, a
Venezuela deve quitar até o fim do ano pelo menos 1,47 bilhão de
dólares. E para 2018 tem obrigações de mais de US$ 8 bilhões.
Analistas previam que a Venezuela terminaria em default, mas divergiam sobre a data.
– Aposta em China e Rússia –
Maduro anunciou avanços nas negociações com seus aliados: China – uma
dívida de 28 bilhões de dólares – e Rússia, que esta semana assinará um
acordo de reestruturação de três bilhões dos oito bilhões devidos pela
Venezuela.
A assinatura está prevista para quarta-feira, indicou à AFP uma fonte
próxima ao governo russo. O ministério das Finanças do país não
confirmou a informação e nenhum evento público está programado, enquanto
a embaixada da Venezuela em Moscou anunciou uma entrevista coletiva
para a data.
O porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Geng
Shuang, disse que “a cooperação sino-venezuelana em termos de
financiamento acontece normalmente”.
“Pensamos que o governo e o povo venezuelano têm a capacidade de resolver o problema da dívida de seu país”, disse.
China e Rússia boicotaram, ao lado de Bolívia e Egito, uma reunião
informal no Conselho de Segurança da ONU sobre a Venezuela, durante a
qual a representante dos Estados Unidos chamou o país sul-americano de
“ameaça”.
Maduro
enfrenta forte pressão internacional. Somando-se a EUA e Canadá, os
chanceleres da União Europeia (UE) adotaram na segunda-feira uma série
de medidas. Entre elas, um embargo de armas e um marco jurídico sobre
futuras sanções contra “responsáveis por graves violações dos direitos
humanos”, com o objetivo de “favorecer” o diálogo na Venezuela.
Caracas chamou as medidas de “hostis” e pediu uma reunião com a diplomacia europeia.
Com a queda dos preços do petróleo, fonte de 96% das divisas do país,
o governo cortou drasticamente as importações para pagar a dívida, o
que provocou uma severa escassez de alimentos e medicamentos.
De acordo com o Eurasia Group, Maduro busca “liberar recursos” para
importações antes das eleições presidenciais de 2018. A médio prazo, no
entanto, a crise deve piorar e a Venezuela enfrentaria litígios e
possíveis embargos de ativos da PDVSA.
A Odontoprev fechou a aquisição de 100% do capital social da
Odonto System Planos Odontológicos, sediada em Fortaleza (CE). O valor
da aquisição será equivalente a 9 vezes o Ebitda (lucro antes de juros,
impostos, depreciações e amortizações) ajustado da Odonto System neste
ano, e será pago na data de fechamento do contrato. Poderão ser pagas
ainda quantias variáveis em 2019 e 2020, condicionadas a metas do
Ebitda.
A Odonto System opera planos privados de assistência odontológica
para cerca de 622 mil beneficiários, segundo informa a Odontoprev em
Fato Relevante.
Em 12 meses até junho, a receita operacional líquida da empresa foi
de R$ 97,557 milhões, e o Ebitda ajustado ficou em R$ 17,681 milhões.
A transação está sujeita à aprovação da Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS), pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) e pelo Banco Central. O Bradesco BBI atuou como assessor
financeiro da Odontoprev na transação.