Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Os honorários advocatícios contratuais que adotarem a quota litis
— que autoriza o pagamento somente no final do processo — devem ser
calculados com base na quantia efetivamente recebida pelo cliente ou no
valor apurado na liquidação da sentença, quando o contrato assim
estabelecer. Honorários contratuais devidos devem ser calculados com base na quantia efetivamente recebida pelo cliente Reprodução
A decisão é da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao reformar
acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo. A controvérsia envolveu um
trabalhador que contratou advogados, com percentual de honorários de
23%, para moverem reclamação trabalhista contra empresa que teve
falência decretada.
Vencedor na demanda, o recorrente teria de
receber R$ 37.388, mas cedeu seu crédito a terceiro pelo valor de R$
10.782. Em ação de execução, os advogados postularam o recebimento de R$
8.599, valor equivalente ao percentual contratado aplicado sobre R$
37.388.
O juiz de primeiro grau considerou improcedentes os
embargos à execução opostos pelo devedor na ação de execução movida
pelos advogados, e o TJ-SP confirmou a sentença.
No STJ, o
recorrente impugnou o acórdão, alegando que o valor por ele devido aos
advogados deveria ser calculado sobre a quantia efetivamente recebida.
O
ministro Raul Araújo, cujo voto foi seguido pela maioria da turma,
observou que o contrato escrito da prestação do serviço entre o
trabalhador e os advogados previu a adoção de cláusula quota litis e estabeleceu os honorários advocatícios no patamar de 23% sobre o valor apurado em liquidação de sentença.
“O
contrato de prestação de serviços advocatícios elaborado pelos
advogados e firmado com o contratante, ora recorrente, adotou como
critério remuneratório, repita-se, a cláusula quota litis. Por
meio desta, estipula-se que os honorários serão fixados com base na
vantagem obtida pelo cliente, sujeitando, portanto, a remuneração do
advogado ao seu sucesso na demanda, pois, em caso de derrota, nada
receberá. E mais: a sua adoção implica, necessariamente, que a
remuneração do advogado constituído jamais poderá ser superior às
vantagens advindas em favor do constituinte”, explicou.
O ministro
lembrou julgado da 3ª Turma (REsp 1.155.200) que, ao apreciar a
validade de contrato de honorários com adoção de cláusula quota litis fulminado por vício de lesão, entendeu ser exorbitante a remuneração ad exitum do advogado em 50% sobre o benefício econômico do cliente, reduzindo-a para 30%.
Para
Raul Araújo, no caso analisado, os honorários contratuais devidos devem
ser calculados com base na quantia efetivamente recebida pelo cliente,
em razão da cessão de seu crédito a terceiro.
“No presente caso,
vale destacar, os advogados almejam receber quantia bem superior ao
benefício gerado pela causa ao cliente, o que demonstra a ausência de
razoabilidade da cobrança formulada pelos causídicos”, concluiu.
Ao
dar provimento ao recurso especial, a turma, por maioria, reformou o
acórdão para que o valor da execução tenha como base de cálculo o valor
efetivamente recebido pelo recorrente. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
Fontes ligadas ao negócio dizem que acordo já foi assinado; oficialmente, nenhuma das empresas se pronuncia sobre a operação
Por
Estadão Conteúdo
Protesto de trabalhadores da Ford na fábrica em São Bernado do Campo (SP) (Amanda Perobelli/Reuters)
A Caoa vai assumir as operações da fábrica da Ford
em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O grupo brasileiro,
capitaneado por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, inclusive, já
assinou acordo para a compra da unidade, segundo fontes ligadas à
negociação.
Na fábrica paulista, a Caoa manterá apenas a produção de
caminhões. Até recentemente, também era produzido na unidade o hatch
Fiesta. A ideia da Caoa é fazer os veículos pesados sob licença da Ford.
A empresa já é hoje a maior revendedora da marca hoje no País.
Trata-se de uma operação parecida com a que o grupo mantém com a
Hyundai em Anápolis (GO). Lá, são montados o Hyundai Tucson e ix35, além
dos Tiggo 5X e Tiggo 7.
Em fevereiro, a Caoa já havia confirmado o interesse na fábrica. Em
nota divulgada na ocasião, o grupo informou que mantém uma “forte
parceria” com a Ford há quatro décadas.
“Dessa forma, é natural que a Caoa e a Ford conversem sobre futuros
negócios. Assim como ocorre com outras empresas sempre que há uma boa
oportunidade”, dizia o comunicado.
Oficialmente, nenhuma das duas empresas confirma o acordo. “Não vamos
nos manifestar sobre o tema”, limitou-se a dizer um porta-voz da Ford.
A venda das instalações da Ford vem sendo intermediada pelo
governador de São Paulo, João Dória (PSDB). O objetivo principal é
manter operações de produção no local, bem como a mão de obra, conforme
pede o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cujos dirigentes chegaram a ir
aos Estados Unidos pedir para a matriz rever a decisão do fechamento.
A Ford emprega atualmente no local 4,5 mil funcionários, sendo 3 mil diretos e 1,5 mil terceirizados.
Estratégia global
A venda da fábrica da Ford no ABC paulista faz parte de um plano
global de reestruturação da companhia norte-americana. Em abril do ano
passado, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou que a empresa deixaria
de oferecer os sedãs Fiesta, Focus e Fusion nos EUA e concentraria os
investimentos na produção de SUVs. O objetivo da montadora é melhorar a
rentabilidade.
Embora em 2017 a Ford tenha registrado lucro líquido global de US$
1,74 bilhão, valor quase 9% superior ao US$ 1,6 bilhão de 2016, a margem
caiu de 6,4% para 5,2%, nos EUA. Até 2020, a empresa pretende ampliar a
margem para 8% globalmente e em 10% nos EUA. Com isso, a Ford deverá
cortar US$ 25,5 bilhões em custos.
O plano também inclui uma parceria com a Volkswagen. Diferentemente
do que ocorreu quando as duas companhias formaram a Autolatina, o acordo
não prevê compra ou troca de ações entre as montadoras.
O objetivo da parceria é o desenvolvimento conjunto de vans
comerciais e picapes médias a partir de 2022. O primeiro produto desse
acordo será a nova Ranger, que ganhará sua versão da VW.
As duas empresas também trabalharão juntas para desenvolver carros
elétricos. Outra frente será o aperfeiçoamento de sistemas que
permitirão o avanço da operação de veículos autônomos.
Um dos passos para viabilizar o carro sem motorista é a interação
entre os veículos e o entorno. Essa tecnologia, batizada de V2X, conta
com a colaboração de várias marcas e foi apresentado em janeiro pela
Ford na CES, feira de tecnologia em Las Vegas (EUA).
Agressivo
A Caoa vem investindo pesado no Brasil. O grupo brasileiro também é o
importador oficial das marcas Hyundai e Subaru. No fim de 2017, a Caoa
comprou parte das operações da Chery no Brasil. Com isso, incorporou a
fábrica da marca chinesa em Jacareí (SP) – a empresa já produzia
veículos da Hyundai em Anápolis (GO).
De lá para cá, já lançou quatro modelos da nova marca Caoa Chery no
mercado nacional. São eles os SUVs Tiggo 2, Tiggo 5X e Tiggo 7 e o sedã
Arrizo 5X.
O resultado é que a Caoa Chery foi a marca que mais cresceu no País
em 2018. Foram 8.640 unidades vendidas no ano passado, ente 3.734 em
2017, uma alta de 131%.
As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo.
Tais desafios
incluem operações e forças de trabalho da aviação comercial, além de
potenciais dificuldades não previstas na segregação de operações
Por
Estadão Conteúdo
Boeing e Embraer: A empresa precisa ser
capaz de segregar a unidade de negócios de aviação comercial de acordo
com o tempo e os custos (Germano Luders/EXAME)
São Paulo — A Embraer afirmou que enfrenta desafios inerentes à divisão dos negócios na implementação da parceria estratégica com a Boeing.
Tais desafios, segundo informou a empresa no formulário 20-F
arquivado na Securities and Exchange Commission (SEC, a comissão de
valores mobiliários dos EUA), incluem operações e forças de trabalho da
aviação comercial e de outras empresas, além de potenciais dificuldades
não previstas na segregação de operações e sistemas e os custos
relacionados a isso.
“A segregação do negócio de aviação comercial de nossos outros os
negócios e a contribuição dos ativos e passivos relevantes para à joint
venture da Aviação Comercial são complexos, dispendiosos e demorados, e
podem desviar o foco e os recursos de nossa administração de nossas
operações cotidianas”, disse a empresa no documento.
As dificuldades de segregar o negócio de aviação comercial de outros
incluem, segundo a Embraer: dificuldades em segregar as operações e
sistemas do negócio da aviação comercial, incluindo propriedade
intelectual e ativos de tecnologia da informação; desafios na obtenção
das licenças necessárias e autorizações governamentais e de terceiros,
consentimentos ou aprovações; custos imprevistos; dificuldades em
segregar e reter pessoal chave; desafios em manter clientes e
fornecedores existentes; e déficits de desempenho como resultado do
desvio da atenção da gerência.
“Se não formos capazes de segregar nossa unidade de negócios de
aviação comercial de acordo com o tempo e os custos originalmente
planejados, nossos negócios e operações, bem como o preço de negociação
de nossas ações e ADSs podem sofrer um efeito adverso relevante”,
informou a Embraer.
De acordo com a companhia, os acordos operacionais na aviação
comercial e a parceria para o KC-390 gerarão sinergias e outros
benefícios, como escala, recursos e presença de mercado mais amplos,
incluindo o acesso à oferta global da Boeing, vendas, marketing e cadeia
de serviços, maior eficiência e competitividade de nossos produtos e
serviços.
“No entanto, nossa capacidade de perceber os benefícios da transação
dependerão, em grande medida, do sucesso, da tempestividade e
implementação destas joint ventures e do desempenho dos Acordos
Operacionais da joint venture da Aviação Comercial e do KC-390, de uma
maneira que facilite as oportunidades de crescimento e alcance as
economias de custos tendências de crescimento de receita identificadas
por nós”, relatou a Embraer.
Os fatores que podem afetar essa implementação incluem, segundo a
companhia, a ocorrência de dificuldades operacionais imprevistas,
especialmente considerando a relação mútua de dependência operacional
que resultará da transação; divergências potenciais com a Boeing;
dificuldades em alcançar sinergias antecipadas, oportunidades de
negócios e perspectivas de crescimento da parceria estratégica; custos
inesperados; desafios para sustentar as atividades que iremos conduzir
de forma autônoma; perda potencial de funcionários-chave; alterações
potenciais ou rescisão antecipada dos Acordos Operacionais da joint
venture da Aviação Comercial; e percepção negativa dos mercados
financeiros e agências de rating dos negócios e operações da Embraer
pós-transação.
A Embraer diz que não pode garantir que a parceria estratégica com a
Boeing, se consumada, será bem-sucedida e, portanto, trará todas as
sinergias e benefícios previstos. “Se não formos capazes de realizar
integralmente os benefícios previstos da Transação, ou se o valor da
Transação for reduzido por qualquer motivo, nossos negócios, resultados
operacionais e condição financeira, bem como o preço de negociação de
nossas ações ordinárias e ADSs pode ser afetada material e
adversamente”.
Resultado é o menor para o mês em três anos, informa Ministério da Economia
Por Agência Brasil
redacao@amanha.com.br
A queda nas exportações fez a
balança comercial fechar março com o menor saldo positivo em três anos.
No mês passado, o Brasil exportou US$ 4,99 bilhões a mais do que
importou. O saldo representa recuo de 22,2% em relação ao superávit de
US$ 6,42 bilhões registrado em março do ano passado e é o menor para o
mês desde 2016. No mês passado, o país exportou US$ 18,12 bilhões, queda
de 1% em relação a março do ano passado pelo critério da média diária.
As importações somaram US$ 13,130 bilhões, com ala de 5,1% também pela
média diária.
Com o
resultado de março, a balança comercial acumula superávit (exportações
menos importações) de US$ 10,889 bilhões nos três primeiros meses do
ano, com recuo de 11,1% na comparação com o mesmo período de 2018,
quando o superávit tinha atingido US$ 12,243 bilhões. Nos três primeiros
meses do ano, as exportações somaram US$ 53,026 bilhões, retração de 3%
em relação ao mesmo período de 2018 pelo critério de média diária. As
importações totalizaram US$ 42,138 bilhões, recuo de 0,7% na mesma
comparação.
Em
março, as exportações de produtos básicos aumentaram 7,9% em relação ao
mesmo mês do ano passado, com destaque para algodão bruto (+123,6%),
milho em grãos (+86,7%), fumo em folhas (+38,9%) e farelo de soja
(+30,2%). A venda de produtos semimanufaturados caiu 0,5%, puxada por
açúcar bruto (-34,6%), celulose (-12%) e couros e peles (-10,8%). A
principal queda nas exportações ocorreu com os produtos manufaturados,
cujas vendas caíram 6,5% em relação a março do ano passado. As maiores
retrações foram na venda de veículos de carga (-68,2%), óleos
combustíveis (-49,6%), automóveis de passageiros (-41,4%) e autopeças
(-13,4%). A maior parte dessa queda é efeito da crise na Argentina,
principal comprador de produtos industrializados do Brasil e terceiro
maior parceiro comercial do país. Somente em março, as exportações para o
país vizinho caíram 48,4%.
Depois
de o saldo da balança comercial ter encerrado 2018 em US$ 58,959
bilhões, o segundo maior resultado positivo da história, o mercado
estima um superávit menor em 2019 motivado principalmente pela
recuperação da economia, que reativa o consumo e as importações. Segundo
o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras
divulgada pelo Banco Central, os analistas preveem superávit de US$
50,25 bilhões para este ano. O Ministério da Economia ainda não fez
projeções oficiais para o saldo da balança comercial em 2019.
A Aramco, empresa estatal petroleira da Arábia Saudita,
é a empresa mais rentável do mundo, segundo os dados divulgados nesta
segunda-feira pela agência Moody’s. A companhia, que produz cerca de 10%
do petróleo extraído no mudo, registrou em 2018 um lucro líquido de
111,1 bilhões de dólares (430 bilhões de reais), que supera o lucro
somado de Apple,
Facebook e Microsoft. A qualificação ocorre pouco antes de uma
bilionária emissão de títulos por parte da empresa, como primeiro passo
para uma futura abertura de capital em Bolsas, anunciada em 2016, mas
adiada para 2021.
Desde sua nacionalização, no final da década de
1970, a Aramco manteve em sigilo seus dados de faturamento e lucros. Mas
agora, a petroleira saudita forneceu essas informações à Moody's para
obter uma qualificação de crédito que ampare a emissão de
aproximadamente 10 bilhões de dólares em títulos que a empresa prepara.
Esta é a primeira vez que a empresa sairá à procura de financiamento nos
mercados internacionais.
Tanto a Moody's
como a Fitch atribuíram à Aramco o quinto grau mais confiável (-A1 e
A+, nas suas respectivas nomenclaturas, considerados de baixo risco), o
mesmo dado à dívida soberana saudita, mas inferior ao de petroleiras
como Exxon, Shell e Chevron.
O fato de a Aramco e o Estado saudita obterem a mesma nota evidencia os
estreitos vínculos entre a empresa e o Reino do deserto.
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A Moody's informou que a firma alcançou em 2018 uma
produção de 13,6 milhões de barris de petróleo por dia, e que seu
faturamento líquido foi de 255,3 bilhões de dólares (988,5 bilhões de
reais). A Fitch, por sua vez, detalhou que os lucros antes de
interesses, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla em
inglês) foi de aproximadamente 223,5 bilhões de dólares (865,3 bilhões
de reais).
O lucro líquido da petroleira estatal superou não só o
de grandes empresas internacionais, como Apple e Facebook — 229,9 e 85,4
bilhões de reais, respectivamente —, como também equivale a quatro
vezes o lucro conjunto das 163 empresas registradas na Bolsa saudita,
segundo a Bloomberg.
Em seu relatório, a Fitch destacou “a alta produção, as
vastas reservas, os baixos custos de produção e o conservador perfil
financeiro” da companhia, mas observou que a Aramco não obteve uma nota
mais alta devido aos vínculos entre a empresa e o Estado e às regulações
às que está submetida em questões de produção, impostos e dividendos.
Rehan Akbar, analista da Moody's, salientou que “a Aramco tem muitas
características das empresas qualificadas como Aaa — a categoria mais
alta —, com uma dívida mínima em relação ao fluxo de caixa, uma produção
em grande escala, liderança no mercado e acesso a uma das maiores
reserva de hidrocarbonetos da Arábia Saudita”. Mas sua nota ficou em A1
“devido aos estreitos vínculos entre o Governo e a empresa”, acrescentou
o analista.
Esta dependência, segundo a análise, afeta
imediatamente o quanto a petroleira estatal lucra por barril. Devido à
carga fiscal a que é submetida — quase 50% —, em 2018 a Aramco arrecadou
cerca de 100 reais por barril, enquanto empresas não estatais, como
Royal Dutch Shell e a francesa Total, ganhavam 143 e 117 reais por
barril, respectivamente.
Ações em Bolsa
Sobre os planos da
Aramco de lançar ações na Bolsa em 2021, a Fitch afirmou que, se isso
ocorrer, não terá um “grande impacto” na posição financeira, embora deva
gerar uma “maior transparência” e “possivelmente” traga maior
autonomia.
O príncipe herdeiro da Arábia Saudita e homem forte do regime, Mohamed bin Salman,
anunciou em 2016 o plano de vender 5% da Aramco através de uma abertura
de capital em Bolsas locais e internacionais — uma venda que, segundo
suas previsões, colocaria o valor conjunto da empresa em dois trilhões
de dólares (7,75 trilhões de reais, pelo câmbio atual) ou mais.
Especialistas independentes, entretanto, duvidaram dessa avaliação. A
privatização parcial do gigante petroleiro era o elemento central das
reformas para reestruturar a economia do país e reduzir sua dependência
dos dividendos do petróleo.
A prevista emissão de bônus da Aramco,
por sua vez, tem como objetivo financiar a compra de 70% da empresa
petroquímica Sabic, com um custo aproximado de 265 bilhões de reais. A
Sabic é a maior companhia com ações na Bolsa saudita em termos de valor
de mercado, com um faturamento líquido superior a 21,7 bilhões de reais,
segundo a Bloomberg.
Em 2015, a única fábrica do grupo farmacêutico suíço Roche
no Brasil, instalada em Jacarepaguá, Rio de Janeiro, celebrava um aporte
de R$ 300 milhões destinado à modernização das instalações. “O Brasil é
a afiliada que mais cresce entre os mercados emergentes. Este
investimento reforça o nosso compromisso com a América Latina e está
totalmente alinhado à nossa estratégia no País”, disse o presidente do
Conselho de Administração do Grupo, Dr. Christoph Franz, durante o
evento. Quatro anos depois, a estratégia da companhia parece ter mudado.
Na segunda-feira 25, a Roche anunciou que vai fechar a fábrica e
encerrar totalmente a produção de medicamentos no Brasil até 2024. A
multinacional fabrica remédios por aqui desde 1931.
Em resposta aos questionamentos enviados pela DINHEIRO, a empresa diz
que o fechamento da unidade está relacionado ao plano global de
inovações da empresa e às transformações no portfólio de medicamentos. A
ideia da farmacêutica é concentrar as apostas em produtos inovadores e
de baixo volume de produção para tratamentos complexos. A Roche produz
no País remédios como Bactrim, Rivotril e Lexotan, que são itens de
baixa complexidade e alta tiragem. “Continuaremos trabalhando em
parceria com governos, clientes e demais agentes da sociedade na
incorporação de nossas inovações ao mercado brasileiro e geração de
acesso à saúde”, disse, em nota, o presidente da Roche Farma Brasil,
Patrick Eckert. Na prática, a companhia vai continuar atuando no Brasil
com sua sede administrativa em São Paulo e o centro de distribuição em
Goiás, mas só com a venda de produtos importados.
É um movimento que faz sentido para as empresas do setor. Há 20 anos,
os medicamentos genéricos causaram uma revolução na indústria
farmacêutica, levando algumas empresas a investir mais em áreas
complexas, como câncer e diabetes. O problema é que o custo com
pesquisas clínicas aumentou e o valor de desenvolvimento de um novo
produto passou a custar mais de U$ 1 bilhão, segundo dados do
Sindusfarma (Sindicato de Produtos Farmacêuticos). Resultado? A
indústria entra em colapso e não consegue se desenvolver. “O Brasil tem a
maior carga tributária para medicamentos do mundo”, diz Nelson
Mussolini, presidente-executivo da Sindusfarma. O professor e economista
Otto Nogami, do Instituto de Pesquisas Econômicas (Insper), concorda
que isso tira a competitividade nacional no setor. “Fica muito mais
barato produzir os remédios no exterior e depois importá-los para a
distribuição no mercado interno.”
Patrick Eckert, Presidente da Roche Farma Brasil:
“Continuaremos trabalhando na incorporação de nossas inovações ao
mercado brasileiro e geração de acesso à saúde ” (Crédito:Divulgação)
MAIS INCENTIVOS A preocupação dos especialistas é
que o movimento seja seguido por outros laboratórios. A consequência
seria desastrosa, já que o segmento gera cerca de 90 mil empregos
diretos, 500 mil indiretos e movimenta mais de R$ 62,3 bilhões em vendas
por ano. “Quando as indústrias deixam de produzir aqui, o governo
também para de recolher impostos e o orçamento público fica
comprometido”, afirma Nogami. “A operação só é viável no Brasil na
medida em que o Estado oferece soluções competitivas.”
No caso da Roche, 440 pessoas que trabalham na fábrica de Jacarepaguá
ficarão com os empregos comprometidos. A companhia, no entanto, diz que
não haverá demissões em 2019 e que os colaboradores “receberão o melhor
suporte possível” no período de transição.
Para Nelson Mussolini, há espaço para que as farmacêuticas cresçam no
País, já que o aumento da expectativa de vida do brasileiro na última
década tem elevado o consumo de produtos para saúde. Mas para que esse
cenário se concretize, o governo precisa flexibilizar a regulação de
preços para que as farmacêuticas aumentem a rentabilidade e consigam
inovar. “Existem novas formas e tecnologias para trazer mais eficiência
aos medicamentos, mas para isso é necessário ter mais incentivos”, diz
Mussolini.
O secretário do Tesouro dos
EUA, Steven Mnuchin (c), e o representante americano para o Comércio,
Robert Lighthizer (d), em 28 de março de 2019 em Pequim. - AFP
Negociadores de China e Estados Unidos retomaram nesta
sexta-feira as conversações em Pequim para superar a áspera disputa
comercial entre as duas maiores economias do planeta.
Ao deixar o hotel para mais um dia de negociações, o secretário
americano do Tesouro, Steven Mnuchin, declarou que as discussões da
véspera foram “muito produtivas”.
“É um prazer vê-lo novamente”, disse Mnuchin ao seu interlocutor
chinês, o vice-primeiro-ministro Liu He, antes da reunião desta
sexta-feira.
A delegação dos EUA inclui ainda o Representante Americano para o Comércio, Robert Lighthtizer.
Os dois países buscam superar suas divergências. A principal queixa
americana é que a China utiliza práticas desleais de comércio, como os
enormes subsídios a suas empresas e a transferência de tecnologia
estrangeira.
Liu liderará a delegação chinesa na próxima rodada de negociações, prevista para a próxima semana, em Washington.
Embora o presidente americano, Donald Trump, tenha expressado
recentemente a esperança de conseguir assinar em breve um acordo com o
colega chinês, Xi Jinping, as negociações se arrastam, sem chegar aos
temas substanciais do desentendimento.
Os dois gigantes econômicos adotaram em 2018 reciprocamente tarifas
de importação totalizando 360 bilhões de dólares, um duelo que afetou a
indústria e a agricultura dos dois países, com efeitos colaterais para
diversas outras economias.
Trump deu a entender que as tarifas adotadas por Washington poderiam
ser mantidas mesmo no caso de um acordo, para verificar se a China
cumpre com sua parte.
Pequim, no entanto, aprovou medidas para atender as reclamações americanas.
No início de março, o Parlamento chinês aprovou uma lei que protege
as empresas estrangeiras da necessidade de transferir tecnologia, uma
das principais queixas do governo dos Estados Unidos.
O primeiro-ministro chinês Li Keqiang reiterou na quinta-feira o
compromisso de aumentar as sanções aos que violam a propriedade
intelectual, um tema central na disputa com Washington.