quinta-feira, 25 de julho de 2019

Máquinas têm mais tecnologia do que é efetivamente usado, diz CEO da John Deere


Para Paulo Herrmann, falta conectividade no campo para viabilizar a agricultura 4.0 no Brasil

Por Karine Menoncin

karine.menoncin@amanha.com.br
Para Paulo Herrmann, falta conectividade no campo para viabilizar a agricultura 4.0 no Brasil


Os desafios e o potencial de crescimento do agronegócio brasileiro foram debatidos por Paulo Herrmann, presidente da John Deere no Brasil, durante sua participação na reunião-almoço Tá na Mesa, promovida pela Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) nesta quarta-feira (24), em Porto Alegre. 

Fundada nos Estados Unidos, em 1837, a John Deere está no Brasil desde 1979, com fábricas no Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo. No ano passado, o faturamento global da companhia totalizou R$ 131 bilhões, tendo o Brasil como seu segundo maior mercado no mundo.  

Ao canal AMANHÃ TV,  Herrmann abordou questões como tecnologia no campo e as oportunidades do agronegócio nacional com o mercado asiático. 


Edição: Allan Pochmann



 http://www.amanha.com.br/posts/view/7861

Privatização da BR Distribuidora cria modelo de negócios inédito no Br

Resultado de imagem para logo da br distribuidora



A privatização da BR Distribuidora inaugurou um novo modelo de negócios no Brasil: o de empresa de controle pulverizado, mas com um sócio estatal como principal acionista. O esqueleto dessa nova companhia foi desenhado pela Petrobrás antes da privatização da sua subsidiária, que aconteceu terça-feira, 23.

Elaborado pela estatal e aprovado em assembleia de acionistas da BR no início de junho, o novo estatuto define o que será a distribuidora daqui para frente: uma empresa controlada por um conselho de administração e diretoria. Já as práticas comerciais pouco devem mudar, dizem especialistas.

A Petrobrás se desfez de 30% do capital da BR com a venda de ações da empresa no mercado financeiro por R$ 8,56 bilhões, mas manteve participação de 41,25%. Com a venda de mais um lote residual de ações, a arrecadação deve alcançar R$ 9,6 bilhões. A presença estatal na distribuidora, por sua vez, irá cair ainda mais, para até 37,5%. De qualquer forma, a petroleira deixou de ser a acionista controladora da BR, ao mesmo tempo em que manteve o posto de maior acionista individual.

Com a privatização, a maior parte das ações da BR Distribuidora passa a estar diluída entre diferentes investidores. Caberá aos nove membros do conselho de administração da companhia e aos seis diretores, incluído o presidente, definir os rumos da empresa. O novo estatuto social prevê ainda a criação um comitê de governança corporativa e que metade do conselho será composto por membros independentes. Ao inserir essas duas condições no estatuto social, a Petrobrás buscou sinalizar a potenciais investidores que não haverá interferência do governo na BR.

“Esse modelo de composição acionária pode funcionar como um projeto piloto para várias estatais”, diz José Roberto Faveret, sócio do escritório Faveret Lampert, especialista no setor de petróleo e gás. “É interessante porque o centro de decisões continua a ser local.” Ele diz ainda que deve acontecer um período de aprendizado na convivência entre os sócios. Mesmo como principal acionista, a influência da Petrobrás vai ser limitada. “Existem ferramentas legais para evitar os abusos”, disse. “A estatal pode, por exemplo, ser impedida de participar de votações que tenham conflito de interesse.”

A BR deverá convocar uma assembleia de acionistas após a divulgação dos resultados financeiros, no dia 31 de julho, para reafirmar a atual gestão ou trocar alguns nomes, segundo uma fonte próxima ao assunto. A tendência, disse a fonte, é que a atual diretoria permaneça no cargo, já que foram todos empossados neste ano e a maioria deles construiu carreira na iniciativa privada.

Gestores. Até lá, quem manda na empresa é o atual presidente Rafael Grisolia, engenheiro de produção, que já passou pela ExxonmMobil, Cosan, Cremer e Grupo Trigo. Ele entrou na BR em agosto de 2017, durante a gestão de Pedro Parente. Em junho de 2018, Grisolia foi convocado para ocupar a diretoria financeira da Petrobrás, na gestão de Ivan Monteiro. Em maio de 2019 voltou para a BR, no cargo de presidente.

Para o consumidor final dos combustíveis vendidos pela BR e para as suas concorrentes, a privatização não deve ter efeitos práticos no curto prazo, mas pode contribuir para ampliar a competição no setor, segundo o professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ (GEE-UFRJ) Edmar Almeida. “O que muda é a percepção de risco”, disse. “Com mais transparência e confiança maior na regra do jogo, o setor de revenda fica mais atrativo a novos concorrentes e aumenta a qualidade e a intensidade da competição.”

Para Carolina Fidalgo, professora de Direito Público da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e sócia do escritório Rennó, Penteado, Reis & Sampaio Advogados, a grande mudança com a privatização é que a BR vai ser liberada dos sistemas de controle estatais, como da exigência de promover licitações e realizar concursos públicos. Além disso, diz ela, o Tribunal de Contas da União (TCU) vai rastrear apenas os negócios e gastos relativos à participação da Petrobrás na distribuidora.

Já a equipe do BTG Pactual, em relatório, destacou o desafio de melhorar as margens de lucro, num mercado hoje marcado pela competição. “Apesar de continuar sendo um bom negócio, o segmento de distribuição de combustíveis não vai mais repetir os fortes retornos financeiros do passado”, escreveram os analistas Thiago Duarte e Pedro Soares. 


 https://www.istoedinheiro.com.br/privatizacao-da-br-distribuidora-cria-modelo-de-negocios-inedito-no-br/

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Dona da Flores Online, Grupo Flora expande para mais de 30 países


 

O grupo de e-commerce firmou parcerias com 10 grandes redes globais de flores e prevê um aumento de faturamento de 30% ao ano

 





Criada como uma pequena floricultura há 20 anos, a Flores Online está cada vez maior. O Grupo Flora, de venda de flores e cestas pela internet e dono das marcas Flores Online, Isabela Flores e Uniflores, irá expandir sua atuação para mais de 30 países, como Alemanha, Reino Unido, Argentina, México e Emirados Árabes, entre outros. 

O grupo de e-commerce firmou parcerias com 10 grandes redes globais de flores, que têm centros de distribuição para preparar e enviar os produtos em grandes cidades nesses países. Aos poucos, também irá incluir as floriculturas locais desses países em sua plataforma para atingir novas regiões.

“Percebemos que estávamos no momento certo para internacionalizar nossa operação, pois já estamos bem consolidados no Brasil”, afirmou Thiago Almeida Dias, diretor de novos negócios do Grupo Flora.

Também contratou novo meio de pagamento, que aceitasse também moedas diferentes e que permitisse também pagar parceiros e fornecedores em outros países. Com a nova empreitada, o grupo prevê um aumento de faturamento de 30% ao ano.


Demanda forte


A empresa já recebia demandas internacionais, de brasileiros que moravam fora do país e queriam presentear parentes e amigos no país, no Dia das Mães, Dia dos Namorados ou aniversários e momentos especiais. Foram 16.390 pedidos feitos de fora no primeiro semestre, de um total de 120 mil compras realizadas no período. Floriculturas internacionais também procuraram a companhia para firmar parcerias.

Segundo o executivo, mais do que atingir brasileiros que queiram enviar presentes para o exterior, o objetivo é ser a plataforma online de vendas de flores nos países em que passará a atuar.


Logística e qualidade


Expandir uma operação de comércio eletrônico já envolve desafios, que ficam ainda maiores quando se trata de produtos frescos e frágeis, como flores e chocolates.

Por isso, nem todos os itens do portfólio do Grupo Flora estão disponíveis em todos os países, por questões de clima, abastecimento e sazonalidade. Assim, para garantir a uniformidade da operação, apenas 65 produtos foram selecionados para as vendas internacionais. Os arranjos de rosas vermelhas e flores do campo são os campeões de venda em todos os países, assim como as orquídeas.  

Para garantir a qualidade dos produtos, o grupo realizou testes e pede para que os parceiros internacionais enviem fotografias dos arranjos antes das entregas.

Por aqui, a companhia tem um centro de distribuição em São Paulo, que prepara os arranjos e cestas para serem entregues na região em um dia, e parcerias com 3 mil floriculturas nacionais para atender todo o país – 800 delas ativas. Há também uma equipe em São João da Boa Vista, cidade de São Paulo perto da fronteira com Minas Gerais.



 https://exame.abril.com.br/negocios/dona-da-flores-online-grupo-flora-expande-para-mais-de-30-paises/

Limite de 500 reais é balde de água fria para impacto econômico do FGTS



Mercado estima que saques de contas ativas e inativas devem gerar impacto de apenas 0,1 ponto percentual no crescimento do PIB deste ano

 




São Paulo – O governo federal confirmou nesta quarta-feira (24) que vai fazer uma nova liberação do saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Ele vale para contas ativas e inativas. O valor a ser retirado depende do saldo, mas todos terão limite de 500 reais. As regras serão anunciadas em uma entrevista coletiva às 16 horas e não haverá mudanças na multa de 40% sobre o saldo total do FGTS a ser paga pelos empregadores em caso de demissão sem justa causa.

A expectativa oficial é de que a medida atenda 96 milhões de trabalhadores, donos de 260 milhões de contas ativas e inativas no fundo.

A ideia é gerar um estímulo de curto prazo enquanto o andamento de reformas estruturais, como a da Previdência, não surta maior efeito.

“É algo emergencial, sim, é emergencial, porque a nossa economia não vai bem, né, se bem que já está dando sinais de recuperação. E eu acho que dá para a gente ajudar bastante no corrente ano, entrando um dinheirinho no comércio aí”, disse Bolsonaro nesta manhã em entrevista.

O valor liberado por trabalhador, no entanto, é bem menor do que havia sido antecipado inicialmente e não deve gerar um impacto relevante no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.

“Antes, o impacto já era pequeno. Agora, limitando a 500 reais o valor do saque, não vejo como poderia ajudar”, diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados.

As previsões tanto do governo quanto do mercado são de crescimento do PIB na faixa de 0,8% neste ano.

Nos cálculos de Sergio Vale, considerando que parte dos saques será direcionado a pagamento de dívidas, o impacto no PIB deste ano ficaria entre 0,1 a 0,2 ponto percentual extra.

O cálculo, porém, é otimista. Como o valor liberado é baixo, a avaliação do economista é que muitas pessoas nem vão sacar.

Andre Perfeito, economista-chefe da Necton Corretora, também estima um impacto de 0,10 ponto percentual levando o crescimento do ano de 0,5% para 0,6%, na ponta mais pessimista do mercado.

Vitor Velho, economista da LCA Consultores, estima um impacto de 0,15 p.p. no PIB de 2019 e de 0,10 p.p. no PIB de 2020 caso o governo liberasse R$ 46 bilhões nos 6 meses a partir de setembro,

Ontem, o ministro Paulo Guedes disse que R$ 30 bilhões seriam liberados neste ano e R$ 12 bilhões no ano que vem, num impacto total de R$ 42 bilhões.

“Eles (governo Temer) soltaram de uma vez só, nós vamos soltar todo ano”, disse Guedes a jornalistas.

Em 2017, a gestão de Michel Temer liberou saques das contas inativas do FGTS. A injeção de recursos na economia foi de aproximadamente R$ 44,3 bilhões, equivalente a 0,71% do PIB.

Com base em pesquisas qualitativas do Ibre/FGV em 2017 e de um mapeamento feito pelo Banco Central no início de 2018, Vitor Velho, da LCA, um terço deste valor virou consumo e o impacto no PIB foi de 0,2 ponto percentual.

O motivo é que uma parte do valor é utilizada para o pagamento de dívidas. O percentual de famílias brasileiras com dívidas estava em 62,4% em março, praticamente a mesma taxa registrada no final de 2017, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O valor total médio das dívidas com pagamento em atraso, no entanto, está caindo: foi de R$ 2.980 em 2017 para R$ 2.615,98 em 2018, segundo estudo do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) com a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).

O SPC ressaltou que isso não reflete uma melhora no poder aquisitivo e sim que com a crise econômica, as famílias não estão contraindo novas dívidas, porque sabem que não vão conseguir pagar.

Vai e volta


O anúncio dos novos saques do FGTS estava marcado para a semana passada, durante a solenidade de 200 dias de governo Bolsonaro, mas acabou sendo adiada por conta de pressão por parte das empresas da construção civil.

O motivo é que uma retirada maciça de recursos do FGTS afetaria o setor, já que o fundo é usado para o financiamento de imóveis, de saneamento básico e infraestrutura a juros mais baixos.

O anúncio do limite de R$ 500 para este ano seria uma forma de não atrapalhar a construção civil, um dos setores mais prejudicados na crise econômica e que tem entre seus apoiadores o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Futuro


O secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, disse ontem que as mudanças no FGTS não serão “repeteco” das anunciadas pelo governo Michel Temer porque terão impacto de “curto e longo prazos”.

A partir do ano que vem, a ideia do governo é permitir que os trabalhadores tenham direito a uma nova modalidade de retirada dos recursos: o “saque aniversário”.

Se escolher essa opção, o trabalhador abre mão de resgatar a totalidade do fundo caso seja demitido sem justa causa e continuaria a sacar a parcela dos recursos anualmente até acabar.

Para Vale, o governo precisa focar em soluções estruturais, inclusive para o FGTS, “e não perder tanto tempo com elementos que vão causar desgaste e não vão ajudar tanto a economia”.

Uma opção seria usar o FGTS como fundo-base para um eventual regime de capitalização na Previdência, proposta de Guedes que acabou sendo excluída da reforma no Congresso.




 https://exame.abril.com.br/economia/limite-de-500-reais-e-balde-de-agua-fria-para-impacto-economico-do-fgts/

As “fake news” atingem também os negócios


A produção de conteúdo falso não só está se proliferando como se sofisticando


Startups têm desenvolvido negócios para combater a disseminação de fake news (Foto: Pexels)


Dois professores da Universidade de Washington, Jevin West e Carl Bergstrom, criaram o jogo online “Qual Rosto é Real” a partir de milhares de rostos humanos virtuais artificiais desenvolvidos pela dupla. O desafio consiste em adivinhar qual rosto é verdadeiramente humano. Meio milhão de jogadores disputaram 6 milhões de rodadas. A tecnologia do jogo é da Nvidia, empresa de processadores gráficos, e usa redes neurais (deep learning/inteligência artificial) treinadas num imenso conjunto de retratos de pessoas. O percentual de acertos girou em torno de 60% na primeira tentativa, atingindo 75% de precisão em tentativas posteriores. Segundo seus criadores, a intensão foi alertar a sociedade sobre a capacidade tecnológica atual de gerar imagens falsas. O risco é que não há como evitar usos não tão nobres dessa tecnologia.

Em outro exercício acadêmico, dois pesquisadores da Global Pulse, iniciativa ligada à ONU, usando apenas recursos e dados de código-fonte aberto, mostraram com que rapidez poderiam colocar em funcionamento um falso gerador de discursos de líderes políticos em assembleias da ONU. O modelo foi treinado em discursos proferidos por líderes políticos na Assembleia Geral da organização entre os anos de 1970 e 2015. Em apenas treze horas e a um custo de US$ 7,80 – despesa com recursos de computação em nuvem – , os pesquisadores conseguiram proferir discursos "realistas" sobre uma ampla variedade de temas sensíveis e de alto risco, de desarmamento nuclear a refugiados.

O tema das fake news ganhou visibilidade pelos impactos negativos em processo eleitorais,  sobretudo na eleição de Donald Trump em 2016 com os bots russos se passando por eleitores - americanos. No Brasil, a eleição de 2018 disseminou o uso de robôs e tecnologias de impulsionamento automático de mensagens visando influenciar os eleitores. A produção de conteúdo falso (fake news) não só está se proliferando como se sofisticando: agregando inteligência artificial, despontam as deep fakes!

O fenômeno de falsificação na internet extrapola o âmbito das notícias e da política, atingindo igualmente o mundo dos negócios, particularmente as plataformas centradas em dados. A Review Meta, um site independente que monitora a veracidade do feedback online, identificou um crescimento de avaliações na plataforma da Amazon postadas por usuários que não compraram o item em questão, ou seja, não experimentaram o produto e, não por coincidência, 98,2% dessas postagem avaliam em cinco estrelas. Zeynep Tufekci, em artigo na revista Wired (julho/agosto 2019) alerta que as alegações de falsidade também podem ser falsas: "Na Amazon, você dificilmente pode comprar um filtro solar simples sem encontrar avaliações que alegam que o produto é falsificado. Aliviado por ter sido avisado, você pode ficar tentado a não comprar. Mas talvez essa revisão em si seja falsa, plantada por um concorrente”.

O modelo de negócio do Google e Facebook, para citar dois dos gigantes de tecnologia, baseia-se em oferecer aos anunciantes acesso segmentado aos potenciais consumidores, tornando mais assertivas as campanhas publicitárias online. Observa-se, contudo, que esse modelo também está suscetível a fraudes, repleto de visualizações e cliques falsos. Em 2016, o Facebook admitiu ter exagerado na quantificação do tempo que seus usuários assistem vídeos na plataforma, caracterizando como um “erro" com efeito zero sobre o faturamento. Aparentemente, não foi esse o entendimento de muitos pequenos anunciantes: em 2018 entraram com uma ação coletiva alegando que a rede social estava inflando seus números propositalmente.

São muitos os exemplos mundo afora. Na Bulgária, em 2017, por exemplo, o Spotify sofreu um esquema que levou US$ 1 milhão: fraudadores geravam músicas de 30 segundos (tempo médio de escuta) e criavam contas falsas automatizadas para reproduzi-las. Assim, embolsavam a diferença entre os royalties e a quantia paga à plataforma para listar suas próprias faixas.

Vivemos um período de crise generalizada de confiança, que extrapola os eventos na internet. Acima de regras morais e éticas, arcabouço regulatório e sistemas de punição, para funcionar de maneira sadia a sociedade precisa de um mínimo de confiança entre seus agentes - instituições, governos e cidadãos. As facilidades da tecnologia e do meio digital só exacerbam o atual cenário.

*Dora Kaufman é pós-Doutora COPPE-UFRJ (2017) e TIDD PUC-SP (2019), Doutora ECA-USP com período na Université Paris – Sorbonne IV. Autora dos livros “O Despertar de Gulliver: os desafios das empresas nas redes digitais” (2017), e “A inteligência artificial irá suplantar a inteligência humana?” (2019). Professora convidada da FDC e professora PUC-SP.


 https://epocanegocios.globo.com/colunas/noticia/2019/07/fake-news-atingem-tambem-os-negocios.html

Deputados europeus expressam reservas sobre acordo UE-Mercosul

Deputados europeus expressam reservas sobre acordo UE-Mercosul
(Arquivo) A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström - AFP
O acordo alcançado entre a União Europeia (UE) e o Mercosul enfrentou, nesta terça-feira (23), seu primeiro teste no Parlamento Europeu, onde os deputados do bloco manifestaram reservas sobre a proteção ao meio ambiente e à agricultura.

A comissária europeia de Comércio, Cecilia Malmström, e seu colega da Agricultura, Phil Hogan, defenderam um acordo “equilibrado, global e ambicioso” em suas primeiras falas, diante de suas respectivas comissões do novo Parlamento.

“Aceito que o acordo representa um desafio para alguns setores agrícolas, mas também garantimos muitas oportunidades (…) e fomos defensivos”, garantiu Hogan diante dos deputados europeus da Comissão de Agricultura.

O comissário irlandês respondia às críticas de vários deputados, como o ecologista alemão Martin Hausling, para quem o acordo “vende” a agricultura europeia e deixará o mercado de carne bovina “no chão”.

Para desfazer as dúvidas dos parlamentares, que no futuro terão de aprovar o texto, Hogan destacou um mecanismo de salvaguarda que garante a proteção dos produtores diante de impactos no mercado interno.
“É a primeira vez que conseguimos isto (…) para produtos submetidos a tarifas”, celebrou o comissário, lembrando que o acordo prevê “um pacote de 1 bilhão de euros” para “distorções do mercado”.

Sua homóloga sueca, cujo mandato à frente da pasta do Comércio acaba em 31 de outubro, como o de Hogan na Agricultura, também teve de enfrentar as reservas do Parlamento. Em seu caso, a questão mais sensível é no terreno ambiental.

“Como podemos nos assegurar de que não fique apenas no papel, que haja um compromisso firme com o Acordo de Paris (sobre o clima)?”, questionou a deputada socialdemocrata Kathleen Van Brempt, dirigindo-se à Cecilia Malmström.

“Um acordo comercial por si só não pode salvar a Amazônia (…), mas pode ser um instrumento muito útil”, garantiu a comissária, anunciando sua avaliação do impacto ambiental do acordo para o fim do ano.

A política ambiental do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, fez os alarmes dispararem no Parlamento Europeu. Malmström lembrou que, em última instância, os países podem decidir suspender o acordo comercial.

“Mas existem maneiras de ir aumentando a pressão”, acrescentou a comissária europeia.
Em uma entrevista recente à AFP, ela estimou em cerca de “dois anos” o tempo necessário para a entrada em vigor provisória do acordo com o Mercosul.

Após o acordo alcançado em junho, os países do Mercosul e os da UE devem aprovar o texto formalmente nos Parlamentos. Em seguida, o pacto poderá ser aplicado, de modo provisório, após sua ratificação por parte do Parlamento Europeu.

A aplicação definitiva do acordo acontecerá após os parlamentos nacionais ratificarem o documento – um trâmite que, do lado europeu, pode durar muito anos, a partir da entrada em vigor provisória.
https://www.istoedinheiro.com.br/deputados-europeus-expressam-reservas-sobre-acordo-ue-mercosul/

Nissan se prepara para um drástico corte de funcionários


A fabricante japonesa Nissan, que já foi a força motriz da aliança com a a francesa Renault, está em crise: prepara-se para anunciar na quinta-feira medidas drásticas para reequilibrar suas contas, com a imprensa japonesa evocando mais de 10 mil cortes de empregos.

Seu chefe, Hiroto Saikawa, já havia alertado: as reformas serão dolorosas, e o grupo não tem outra escolha, encurralado, segundo ele, pela estratégia de expansão forçada liderada por Carlos Ghosn.

“Não comentamos sobre especulações”, respondeu uma porta-voz da Nissan. Mas de acordo com a agência de notícias Kyodo e os principais jornais do país, o anúncio virá na quinta-feira, por ocasião da publicação pela fabricante de seus resultados trimestrais, que deverão ser muito fracos.

Depois de uma queda de 57% em seu lucro líquido em 2018/19, a Nissan deverá ter uma queda de 90% no lucro operacional no primeiro trimestre do atual ano fiscal (abril-junho), informou o jornal econômico Nikkei em seu site, sem citar fontes.

Sua compatriota Mitsubishi Motors, última a entrar na aliança, apresenta suas contas nesta quarta-feira e, depois de um ano muito bom, também espera uma queda nos lucros.


– “Inevitável” –


Com os 4.800 postos já mencionados em maio pela Nissan, pelo menos 5.200 postos de trabalho adicionais estão na mira. Os cortes podem afetar fábricas na América do Sul e em outras áreas onde a rentabilidade da Nissan é baixa, diz Kyodo.

Hiroto Saikawa, que se distinguiu por seu zelo em cortar custos sob as asas de Carlos Ghosn na virada dos anos 2000, quando a Nissan estava à beira da falência, adota agora o mesmo método. A força de trabalho será reduzida em mais de 7% em um grupo de 139.000 funcionários. 

Na Bolsa de Valores de Tóquio, esses cortes foram recebidos de forma bastante positiva por investidores que calculam especialmente as vantagens financeiras: as ações fecharam com um ganho de 0,95%, a 781,6 ienes.

“Esta é uma resposta apropriada para as vendas fracas”, comentou friamente à AFP Janet Lewis, especialista do setor na Macquarie Capital Securities. “As montadoras não estão em plena forma, e algumas precisam reduzir sua produção”, diz, tomando como exemplo as americanas Ford e General Motors. 

Para a Nissan, “uma reestruturação em larga escala de toda a empresa, não apenas das fábricas, é inevitável”, diz Tatsuo Yoshida, analista da Sawakami Asset Management.


– “Surdo ou cego” –


Segundo ele, o grupo está em “excesso de capacidade” devido às ambições passadas de Ghosn, obcecado em ser o maior do mundo. 

Mas, em um contexto difícil para a indústria, a Nissan parece hoje sem fôlego. A empresa sofreu um forte declínio nas vendas de seus carros nos Estados Unidos e na Europa, sem mencionar o impacto em sua imagem do caso Ghosn.

A empresa japonesa contribuiu largamente para desencadear a saga, conduzindo a investigação interna contra seu chefe emblemático. Preso em novembro, o magnata deposto foi indiciado quatro vezes pelos tribunais japoneses.

Não existe uma fórmula mágica para ressuscitar a Nissan”, mas requer “liderança sólida” e este não é o caso de Saikawa, que continua na liderança por falta de outros candidatos potenciais, segundo o especialista.

Contestado pelos acionistas e pouco apoiado internamente devido à sua antiga proximidade com Ghosn, ele pode “não aguentar muito tempo”, prognostica Yoshida. E “a Nissan deve melhorar a situação sem demora ou fortalecer sua posição” em uma aliança à beira da ruptura.

Os dois parceiros não estão na mesma sintonia: a Renault, que detém 43% de seu capital, quer mais integração, enquanto a Nissan quer preservar sua independência a todo custo.

Jean-Dominique Senard, presidente do conselho da Renault e chefe da aliança alertou sobre sua vigilância. “Tem que ser surdo ou cego para não entender que a recuperação da Nissan é uma questão prioritária”, disse ele em uma entrevista em junho.