Em 2023, o Brasil enfrentou uma triste realidade: a cada seis horas, uma mulher perdeu a vida vítima de feminicídio. De acordo com um estudo divulgado nessa quinta-feira (7) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o país registrou 1.463 casos desse tipo de crime no ano passado.
Esse número representa um aumento de 1,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e é o maior desde a criação da lei do feminicídio, em 2015. Nos últimos nove anos, o Brasil contabilizou pelo menos 10.655 feminicídios.
O estudo também revelou que Mato Grosso foi o estado com a maior taxa de feminicídio em 2023, com 2,5 mortes para cada 100 mil mulheres. Acre, Rondônia e Tocantins empataram em segundo lugar, com uma taxa de 2,4 mortes por 100 mil. Enquanto Acre e Tocantins viram um aumento de, respectivamente, 11,1% e 28,6%, Rondônia conseguiu reduzir a taxa de feminicídios em 20,8%.
O Distrito Federal ocupou a terceira posição, com uma taxa de 2,3 feminicídios a cada 100 mil mulheres, um aumento de 78,9% entre 2022 e 2023.
Subnotificação: Um problema a ser enfrentado – 6 horas
Os estados com as menores taxas de feminicídio foram Ceará (0,9 por 100 mil), São Paulo (1,0 por 100 mil) e Amapá (1,1 por 100 mil). No entanto, apesar dos números aparentemente positivos do Ceará, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública alerta para um problema grave: a subnotificação.
“Desde a tipificação da lei, a Polícia Civil do Ceará tem reconhecido um número muito baixo de feminicídios quando comparado com o total de homicídios de mulheres ocorridos no estado. Isso nos leva a crer que estamos diante de uma expressiva subnotificação. Em 2022, por exemplo, de um total de 264 mulheres assassinadas, apenas 28 casos receberam a tipificação de feminicídio, 10,6% do total”, alerta o Fórum.
Os dados apresentados na pesquisa apontam para o contínuo crescimento da violência baseada em gênero no Brasil, sendo o feminicídio a evidência mais clara dessa realidade. “Apesar do enfrentamento à violência contra a mulher ter sido um tema importante na campanha de 2022, nem todos os governadores têm dado a atenção necessária ao tema”, conclui o estudo. A luta contra o feminicídio no Brasil continua, e é fundamental que essa questão seja tratada com a seriedade que merece.