Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Uma
startup brasileira desenvolveu um purificador de água portátil que vem
sendo usado para ajuda humanitária em 20 países, desde zonas de guerra
até regiões remotas sem acesso à água potável. O equipamento, na
prática, funciona como uma espécie de estação de tratamento de água e
usa dialisadores hospitalares para filtrar partículas muito pequenas de
sujeira.
Os
dialisadores são usados em hospitais para filtrar resíduos no sangue de
pacientes e funcionam como última barreira do purificador para evitar a
contaminação da água por vírus e bactérias.
O
equipamento, produzido pela startup paulistana PWTech, permite que
comunidades tornem potáveis fontes de água alternativas, como poços,
rios ou água de chuva. Ele pesa cerca de 20 quilos e tem o tamanho um
pouco maior do que uma mala de viagem – um metro de largura e 43
centímetros de altura. O aparelho tem autonomia para filtrar até 10 mil
litros de água por dia e custa cerca de R$ 15 mil.
“O
equipamento estava fornecendo um litro de água por pessoa a cada dia no
Haiti. Já na Ucrânia, cerca de dez litros. Depende da necessidade e da
condição de cada lugar”, diz Fernando Marcos Silva, CEO e um dos
fundadores da startup. “No Haiti, o equipamento estava processando seis
mil litros de água por dia, portanto, impactando seis mil pessoas”.
A
portabilidade fez com que os purificadores fossem utilizados pelo
governo brasileiro para prestar assistência em regiões remotas, como
terras indígenas Yanomami ou para auxílio humanitário no exterior, em
locais como Haiti, Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Ele
pode ser ligado diretamente à rede elétrica, por meio de geradores ou
placas solares. É comum, inclusive, que o equipamento seja enviado para
essas regiões junto de painéis fotovoltaicos. “A inovação está na
portabilidade do equipamento”, afirma Silva.
Empresa busca expandir operações com vendas para empresas
A
PWTech foi fundada em 2018 e possui atualmente 20 funcionários. A
startup registrou um faturamento de R$ 7,8 milhões no ano passado e
busca mais do que duplicar esses números em 2024, com previsão de
arrecadar R$ 20 milhões. Para isso, a companhia quer vender cada vez
mais para empresas privadas, expandindo sua atuação para além da venda
para órgãos governamentais.
A mineradora Vale e a
empreiteira Andrade Gutierrez, por exemplo, são alguns dos clientes da
startup. Elas utilizam os aparelhos em regiões com pouco ou nenhum
acesso à água potável, para distribuição a seus funcionários. Além de
diminuir os custos com a compra de galões de água e contratação de
caminhões pipa, as companhias vêm vantagens em termos de
sustentabilidade, já que há diminuição nas emissões de carbono com o
processo.
“O
desafio para nós é criarmos o mercado. Os competidores virão depois”,
diz Silva, mencionando os esforços da companhia para a venda dos
equipamentos para outras empresas. “O galão de 20 litros e o caminhão
pipa são nossos maiores concorrentes”, afirma.
Para o
consultor de negócios da WIV Gestão Financeira, Vitor Moura, não há
problema específico no fornecimento de equipamentos para o governo, mas a
concentração das vendas com poucos clientes pode representar um risco
para qualquer companhia.
“A estratégia da pequena empresa
sempre tem que focar na diversificação de sua carteira de clientes para
não correr riscos”, afirma Moura. “Fornecer para o governo não é um
risco necessariamente, se você tiver uma diversidade de carteira dentro
das compras governamentais”, pontua.
Equipamento levou seis meses para ser desenvolvido
O
purificador da PWTech foi desenvolvido pelos engenheiros químicos
Fernando Marcos Silva e Maria Helena Azevedo, fundadores da companhia,
com ajuda de professores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
por meio de um acordo operacional.
Silva,
que já trabalhava com a construção de sistema de tratamento de resíduos
para shopping centers, havia mapeado soluções usadas no exterior para o
tratamento de água com sistemas móveis. Ele buscava, porém, soluções
mais portáteis e de baixo custo. Os equipamentos identificados por ele
eram muito grandes ou com custo de instalação e manutenção elevados.
O
purificador da marca usa elementos como cloro de piscina, filtros
limpáveis e dialisadores hospitalares para fazer o tratamento da água. A
autonomia antes da necessidade de troca dos filtros é de 150 mil
litros. O custo para manutenção é de cerca de R$ 800.
Um
dos primeiros equipamentos foi testado em uma comunidade na ilha do
Bororé, localizada na represa Billings, zona Sul de São Paulo. Com o
sucesso dos testes, a companhia percebeu a possibilidade de expandir e
oferecer os equipamentos para o governo e empresas em uma escala maior.
Atualmente
as estações de tratamento portáteis da PWTech são reconhecidas pela
Organização das Nações Unidas (ONU) como um projeto para ajuda
humanitária. Além disso, a companhia é considerada Empresa Estratégica
de Defesa pelo Ministério da Defesa, o que permite uma melhor
interlocução para a venda dos dispositivos para as Forças Armadas.
O
Bradesco BBI publicou na segunda-feira, 12, um relatório mostrando que
os bancos estão “inchados” em suas carteiras de crédito imobiliário e
que as consequências serão: pressão de baixa no volume de novos
empréstimos (especialmente para aquisição de imóveis usados e para
construção de novos empreendimentos) e pouca probabilidade de corte nas
taxas de juros no curto prazo.
Apesar
disso, o cenário não aponta para uma falta de crédito, afirmaram os
analistas Bruno Mendonça, Gustavo Schroden, Pedro Lobato e Eric Ito, que
assinaram um profundo relatório do banco sobre o setor.
O
estudo se debruçou sobre a carteira de crédito baseada em recursos do
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que tradicionalmente
é usada para financiar imóveis de médio e alto padrão. Não entraram
aqui os financiamentos para imóveis populares, dentro do Minha Casa
Minha Vida, que são abastecidos pelo Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço (FGTS).
Os analistas diagnosticaram que a carteira de
crédito imobiliário dos cinco principais bancos do setor (Caixa
Econômica Federal, Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) no fim
de 2023 era composta, em média, por 27% de recursos com origem fora das
cadernetas, o que implica em um custo maior para as transações e menor
capacidade de tomada de crédito pelos consumidores e pelas empresas.
O
nome técnico para esse “inchaço” é “sobreaplicação” ou “sobrealoção”.
Independente do nome, trata-se de um crescimento relevante em relação a
2022, quando este foi de 18%. O patamar de 2023 quase alcançou o pico
histórico de 28%, registrado em 2015, quando o País estava em recessão,
com juros subindo, e os financiamentos para habitação tiveram uma das
maiores secas da história.
Vale
lembrar que funciona assim: as regras do Banco Central determinam que
65% dos depósitos das cadernetas sejam destinados ao crédito
imobiliário. A regulação visa dar liquidez à compra e à venda de imóveis
no País, com oferta de recursos para empréstimos a custos mais baixos
de captação. Hoje, a poupança tem remuneração de TR + 6%.
Os
bancos não são impedidos de emprestar mais que o equivalente a 65% dos
depósitos da poupança. Nesses casos, porém, precisam buscar recursos em
fontes de mercado, cujo custo é maior. São os casos de letras de crédito
ou certificados de recebíveis, geralmente atrelados ao CDI – que foi de
13% em 2023, mais que o dobro da caderneta.
Em termos relativos, o
Banco do Brasil é o mais sobrealocado, com 41% da sua carteira de
crédito imobiliário excedendo os seus depósitos da poupança, ou seja,
baseada em taxas mais altas, de mercado. Em seguida vêm Santander (39%),
Caixa (33%) e Bradesco (25%). O menos sobrealocado é o Itaú, com 8%.
Em
termos nominais, a Caixa é a mais sobreaplicada, com R$ 101 bilhões
além dos seus depósitos em poupança, justamente pela sua posição de
liderança em volumes. Depois vêm Bradesco (R$ 29 bilhões), Santander (R$
24 bilhões), Itaú (R$ 10 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 9 bilhões).
“Vemos
a sobrealocação de 27% dos bancos próxima dos níveis de 2015 e 2016,
quando tivemos a pior seca de financiamentos da história do SBPE”,
descreveram os analistas do Bradesco BBI. “A principal diferença é que
vemos a Selic caindo em 2024, o que é oposto ao cenário daquela época, o
que dá um certo alívio”, ponderaram.
Quais os problemas desse ‘inchaço’
Embora
os bancos possam ficar mais seletivos na concessão de crédito para
habitação, os analistas do Bradesco BBI reiteraram diversas vezes no
relatório que não esperam rupturas na cadeia ou falta de crédito. Na
avaliação, o que existe é uma tendência de maior “seletividade” das
instituições financeiras, pressionando para baixo o volume de
financiamentos daqui para frente, mas esses ajustes devem acontecer de
modo suave.
Pelas contas dos analistas, os bancos teriam
capacidade de financiar em torno de R$ 100 bilhões por ano, contando só
com a poupança. Já a projeção oficial da Associação Brasileira das
Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é de R$ 153 bilhões
em 2024, patamar estável perante 2023.
A conclusão dos analistas é
que, para chegar ao volume projetado pela Abecip, os bancos terão,
necessariamente, que recorrer a recursos atrelados ao CDI, ou seja, mais
caros. Caso contrário, vão enxugar os volumes.
Consequentemente, o
cenário de maior exposição das carteiras ao CDI diminui
consideravelmente as chances para as taxas de juros dos financiamentos
caírem em 2024, mesmo que a Selic continue a ser reduzida. Atualmente,
os bancos cobram em torno de 11% a 12% + TR nos financiamentos
imobiliários.
Imóveis novos e usados
O
time do Bradesco BBI alertou para a grande quantidade de condomínios,
cujas obras estão ficando prontas e serão entregues ao longo do ano (é
na entrega das chaves que os compradores de imóveis buscam o
financiamento no banco).
Se os bancos seguirem mais seletivos na
concessão de crédito para aquisição de imóvel pelos consumidores, isso
pode forçar as construtoras a dar algum desconto sobre o valor do
apartamento na hora da entrega, o que poderia prejudicar as suas
margens. Ainda assim, o impacto seria muito mais suave do que se a venda
fosse cancelada e a unidade fosse devolvida ao estoque da construtora,
ponderaram os analistas.
O segmento mais impactado deve ser o de
compra e venda de imóveis usados, na visão dos analistas. Isso porque os
bancos tradicionalmente priorizam o financiamento das moradias novas,
recém-entregues pelas construtoras. Estas, por sua vez, usam o dinheiro
da venda dos imóveis para pagar o banco pelo financiamento da obra, em
um ciclo que se alimenta.
Com tudo isso em vista, os bancos tendem
a fechar um pouco mais da torneira do crédito para as construtoras
erguem novos empreendimentos daqui para frente. “À medida em que vemos
os bancos priorizando o crédito aos consumidores que estão comprando
imóveis novos, o crédito empresarial para construtoras apoiado pelo SBPE
também se tornará mais restritivo, o que a nosso ver já está
acontecendo”, afirmou o time do Bradesco BBI.
As construtoras
maiores, com relações comerciais mais profundas com os bancos, devem
ficar com o bolo de crédito mais barato, via SBPE. As demais devem ter
que recorrer a linhas atreladas ao CDI, mais caras.
Um
processo judicial que se arrasta desde o começo da pandemia gerou um
desfalque de R$ 11,689 bilhões aos cofres públicos. O valor se refere ao
que as operadoras de celular deixaram de pagar para o Fundo de
Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) entre 2020 e 2024.
Criado
pela lei 5.070, de 1966, o Fistel tem por objetivo cobrir as despesas
com a fiscalização dos serviços de telecomunicações. Os recursos
recolhidos vão para o Tesouro Nacional, que repassa uma parte para
compor o orçamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Em
abril de 2020, para minimizar os impactos da crise de covid, o governo
de Jair Bolsonaro editou a Medida Provisória (MP) 952, que autorizou as
teles a postergarem o recolhimento do fundo setorial. Mesmo após a MP
expirar, as empresas não voltaram a pagar.
As teles apelaram
argumentando que o valor arrecadado pelo Fistel é muitas vezes superior
ao que é, de fato, utilizado na fiscalização do setor, e, portanto,
defenderam o corte definitivo da cobrança. “Tem um excesso de
arrecadação que não faz sentido a título de cumprimento da política
pública”, disse uma representante das operadoras, que preferiu não se
identificar. “O resto vinha sendo usado para tentar fazer um superávit”,
emendou.
Entre 2020 e 2024, a União repassou R$ 3 bilhões para
compor o orçamento da Anatel (valor nominal consolidado no período, sem
considerar a inflação). Isso representa uma fatia de cerca de 25% do
total que teria sido arrecadado pelo Fistel.
O
argumento das teles foi aceito temporariamente pela Justiça, e a
cobrança do Fistel foi suspensa por meio de liminar até que haja uma
decisão sobre o mérito da questão. O processo corre no Tribunal Regional
Federal (TRF), onde dois desembargadores já votaram, sendo um a favor e
outro contra a manutenção da cobrança. Não há prazo para conclusão. O
próximo pagamento de Fistel deveria ocorrer no fim de março.
Entre
as empresas, o maior valor em aberto é da Telefônica Brasil (dona da
Vivo), com R$ 4,3 bilhões. Em seguida vêm: TIM (R$ 3,0 bilhões), Claro
(R$ 2,8 bilhões), Oi (R$ 1,3 bilhão), Algar (R$ 124 milhões) e Sercomtel
(R$ 3 milhões).
“A utilidade do Fistel já perdeu a natureza do
que era usado”, afirmou o presidente de Telefônica, Christian Gebara, em
entrevista coletiva semana passada. “Não pagamos durante a pandemia.
Depois, ela perdeu a função. Por isso, a gente questiona a necessidade
de fazer o pagamento”, emendou.
Recursos sob risco
O
caso agora está sob avaliação da Advocacia Geral da União (AGU) e,
enquanto isso, o funcionamento da Anatel tem sido mantido por outras
fontes que compõe o Orçamento Geral da União.
Na
visão do presidente da Anatel, Carlos Baigorri, o maior problema dessa
disputa é o rombo na arrecadação pública. “Já fiz o que tinha que fazer,
falei com desembargadores e apresentei nossos argumentos. Quem tem que
estar preocupado é o (Fernando) Haddad (ministro da Fazenda). Liga para
ele e pergunta o que ele acha de ter quase R$ 12 bilhões faltando no
orçamento”, disse Baigorri, ao ser perguntando pela imprensa se está
preocupado com o impacto da suspensão do Fistel para o funcionamento da
agência reguladora.
Baigorri alertou para o fato de os valores em
discussão não terem sido depositados em juízo pelas empresas, o que
levanta dúvidas sobre sua capacidade de pagamento lá na frente em caso
de uma decisão favorável à União. “Estamos numa discussão judicial. Os
caras não querem pagar, e vamos brigar. O que me traz preocupação é que
não estão depositando em juízo. Estão acumulando dívida se um dia
perderem”, disse.
Empresas
A reportagem procurou as
empresas para esclarecer porque os valores em discussão não foram
depositados em juízo e qual sua política de provisionamento. Vivo,
Claro, TIM e Oi não quiseram responder as perguntas e direcionaram a
reportagem para a Conexis, associação que representa as empresas. Esta,
por sua vez, também não deu mais detalhes: “A Conexis informa que as
operadoras aguardam a decisão do julgamento do recurso de apelação”,
informou em nota.
O
maior volume de investimentos da indústria no Nordeste tem reaquecido a
demanda deste setor por galpões logísticos, segundo levantamento da
consultoria imobiliária Binswanger Brasil. O movimento é reflexo dos
mais recentes investimentos de montadoras, empresas de energia e
startups de tecnologia na região.
A
chegada da BYD – montadora chinesa investida pela Berkshire Hathaway,
de Warren Buffett – à Camaçari (BA), no terreno onde funcionou a fábrica
da Ford, contribuirá para o crescimento da procura por fornecedores da
indústria automotiva por galpões, apontou a Binswanger.
Outro
caso é da montadora Stellantis, que tem investimentos em curso em
Pernambuco. No setor de petróleo e gás, a Petrobras retomará as obras da
Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, e a Noxis Energy terá refinaria
no Ceará.
O perfil dos inquilinos nos galpões logísticos na região
Nordeste passou por uma transformação nos últimos anos. O setor
industrial perdeu participação para as empresas de transporte e
logística – acompanhando o avanço do comércio eletrônico, uma mudança
vista no Brasil todo.
Em 2016, indústrias de bens de consumo eram
as principais ocupantes dos galpões no Nordeste. Já em 2023, os
empreendimentos se destinavam, principalmente, a transporte e logística.
O crescimento do comércio eletrônico, impulsionado pela pandemia de
covid-19, explica parte da mudança observada desde 2020, mas pesou
também a queda da participação da indústria na economia da região.
O
levantamento da Binswanger apontou que empresas de alimentos, bebidas e
fumo lideravam o ranking de setores ocupantes de galpões, no Nordeste,
em 2016, com 38.951 metros quadrados contratados. Em seguida, vinha o
segmento de transportes e logística, com 15.606 metros quadrados, e o de
varejo, com 11.104 metros quadrados.
No ano passado, a composição
era bem diferente, com transportes e logística na primeira colocação,
com 757.787 metros quadrados. Em segundo lugar, ficou o varejo, com
483.374 metros quadrados e, em terceiro, empresas que atuam na internet,
com 365.949 metros quadrados.
O
conselho de administração do Carrefour aprovou a mudança no estatuto
social da companhia para extinguir o cargo de vice-presidente do
colegiado, que era ocupado por Abilio Diniz, falecido no dia 18 de
fevereiro.
A
conselheira Flavia Almeida assume o cargo de presidente do Comitê de
Talentos, Cultura e Integração, anteriormente ocupado pelo empresário.
Na
mesma reunião, os conselheiros aprovaram ainda a indicação de Marcelo
D’Arienzo como novo membro, junto com a proposta de reeleição dos demais
integrantes, a serem aprovados em assembleia.
Marcelo D’Arienzo é CEO do Grupo Wine desde 2019, além de sócio-diretor da Península, que era liderada por Diniz.
Maior
empresa do País muda política de distribuição de dividendos e espalha
medo de ingerência do governo. Mas será que o pânico se justifica?
Ao fazer valer sua vontade sobre o não pagamento de dividendos
extraordinários da Petrobras, Lula produziu uma das maiores
desvalorizações na bolsa brasileira. Prates, presidente da petroleira,
agora tenta acalmar o mercado (Crédito:Ricardo Stuckert)
editora3i
Maior empresa brasileira, a Petrobras ocupou o Olimpo dos investimentos nos últimos anos. As ações da companhia, em uma década, se valorizaram impressionantes 185%.
Em 2022, embalada pelo lucro líquido de R$ 188,3 bilhões, o maior
resultado de sua história até então, foi a segunda no ranking global de
pagamento de dividendos, atrás apenas da mineradora anglo-australiana
BHP. Para euforia dos investidores, a estatal distribuiu nada menos do
que R$ 124,7 bilhões — cifra superior, por exemplo, a todo o lucro de R$
95,9 bilhões da Vale naquele mesmo ano.
A queridinha do mercado, no entanto, tem gerado desespero nos acionistas desde a semana passada. •
Ao anunciar mudanças na política de distribuição de dividendos
extraordinários, a Petrobras encolheu em R$ 55,3 bilhões seu valor de
mercado num único dia. • As ações da companhia, na sexta-feira (8), derreteram 10%.
•A empresa acordou valendo R$ 533,1 bilhões e foi dormir valendo R$
480,8 bilhões, maior perda desde 22 de fevereiro de 2021, segundo dados
da B3. • Os papéis chegaram a subir próximo a 3% na terça-feira
(12), mas o susto não havia passado. E há razões para tantas incertezas.
O
mercado teme que a estatal seja explorada como instrumento político do
governo Lula e sua equipe econômica — medo que ganhou força na
quinta-feira (7), quando o Conselho de Administração da Petrobras
aprovou a distribuição apenas dos dividendos obrigatórios (R$ 14,2
bilhões). Outros R$ 43,9 bilhões (dividendos extraordinários) ficaram
retidos numa chamada reserva estatutária. No dia seguinte, a companhia
tombou.
O presidente Lula classificou a reação como “choradeira” e chamou os investidores de “um dinossauro voraz que quer tudo para ele e nada para o povo”. Mais: “É
muito engraçado. Às vezes, vejo notícias assim: ‘Petrobras cresce 30%’,
‘Petrobras bate recorde de produção de gasolina’, ‘Petrobras bate
recorde de exportação de petróleo’, ‘Petrobras bate recorde de
arrecadação’. E a gente não ganha nada com isso”, disse Lula ao SBT. “Se for atender apenas à choradeira do mercado, você não faz nada.”
Bem,
derreter uma companhia em R$ 55 bilhões durante o horário comercial não
pode ser chamado exatamente de choradeira do mercado.
Lula até tentou vincular a retenção dos dividendos à solução de temas graves.
“Será que o mercado não tem pena de 735 milhões de pessoas [em todo o
mundo] que não têm o que comer? Será que o mercado não tem pena das
pessoas que dormem na sarjeta no centro de São Paulo e do Rio de
Janeiro? Será que o mercado não tem pena das meninas com 12 e 13 anos
que, às vezes, vendem o corpo por um prato de comida?”.
A retórica presidencial tem um pouco de falácia,
já que o dinheiro não pago como dividendos extraordinários não
resolveria nenhum dos problemas anteriores, em especial na dinâmica
política brasileira em que o Executivo é refém do Congresso.
LUCRO
A Petrobras contabilizou em 2023 o segundo melhor resultado de todos os tempos, com lucro de R$ 124,6 bilhões. Além disso,
a decisão sobre os dividendos não é um confisco das fatias de direito
dos acionistas, mas uma retenção dos valores além dos previstos.
Na tentativa de apagar o incêndio, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que os dividendos extraordinários não serão utilizados para investimentos ou pagar dívidas. Prates disse que houve ingerência de Lula, mas que se trata de movimento para corrigir uma política exagerada de distribuição dos lucros.
“O dividendo [retido] é para distribuição, de qualquer forma. Não pode
pagar dívida ou investir, como falsas notícias que andam por aí”, afirmou Prates. “Clarificando isso, todo esse susto aí desaparece, porque se sabe que essa reserva é dividendo e uma hora volta.”
Prates
revelou que os conselheiros indicados pela União votaram para o envio
de 100% desses recursos (os R$ 43,9 bilhões extraordinários) para a
reserva, enquanto os conselheiros privados, chamados minoritários,
votaram todos pelo pagamento de 100% aos acionistas.
Prates
se absteve de votar, mas defendeu uma proposta intermediária, da
diretoria, de encaminhar 50% para reserva e pagar 50% aos acionistas.
Na quinta-feira (14), ele foi ao X (antigo Twitter) e postou que “o
mercado ficou nervoso esperando dividendos sobre cuja decisão foi
meramente de adiamento e reserva. Falar em intervenção na Petrobras é
querer criar dissidências, especulação e desinformação”.
DÉFICIT ZERO
Na
prática, o próprio governo federal deixará de embolsar até R$ 12
bilhões com a decisão da Petrobras de não distribuir dividendos
extraordinários de 2023. A União é acionista majoritária da empresa — detém a maior parte das ações com poder de voto. Entre os papéis com prioridade no pagamento de dividendos, possui 28,67%.
Caso
a Petrobras mantivesse a postura adotada nos últimos anos e
distribuísse 100% dos dividendos extraordinários, a União teria um
importante reforço de caixa, em um ano de busca por déficit zero pelo
ministro Fernando Haddad. Esse dividendo extraordinário apurado
em 2023, no entanto, não tem previsão de pagamento, segundo Prates.
Existia folga para pagamento de extraordinário, mas o Conselho de
Administração decidiu mandar os recursos para a reserva. Isso se baseia,
segundo Prates, na “busca de balanço robusto e cuidado com alocação de capital” em anos com esforço de investimento muito grande para a Petrobras.
NOVAS REGRAS
Após o impasse envolvendo a Petrobras, os acionistas e a equipe de Lula, o governo anunciou que fará mudanças para “oxigenar” os conselhos de administração das empresas estatais.
• No
caso da Petrobras, segundo Rui Costa, chefe da Casa Civil, Lula quer
que o Ministério da Fazenda ocupe uma das seis cadeiras que o governo
tem, como principal acionista, no conselho da estatal. • O secretário-executivo-adjunto da pasta, Rafael Dubeux, foi indicado. • Costa afirmou que Lula poderá fazer outras mudanças no conselho da petroleira. •
O presidente definiu uma vaga para a Fazenda após se reunir na
segunda-feira (11) com Prates e ministros, entre os quais, Rui Costa,
Fernando Haddad (Fazenda) e Alexandre Silveira (Minas e Energia). • O encontro foi convocado exclusivamente em resposta à polêmica dos dividendos extraordinários.
Pessoas próximas ao governo afirmam que a ordem do presidente é deixar a poeira baixar,
e não tomar nenhuma nova decisão nas próximas semanas. Isso porque, na
visão do presidente, é injusta a acusação de interferência na Petrobras,
principalmente em um cenário de lucros recordes e após quatro anos de
gestão pseudoliberal que, na prática, se tornou de total ingerência de Jair Bolsonaro.
Nos quatro anos do último governo, a Petrobras teve quatro presidentes:
Roberto Castello Branco, general Joaquim Silva e Luna, José Mauro
Coelho e Fernando Borges. Todos foram demitidos ou teriam pedido para
sair em razão da discordância de Bolsonaro com a Preço de Paridade de
Importação (PPI), política adotada no governo Temer.
ANALISTAS
Seja exagerada ou não a resposta do mercado às mudanças na Petrobras, o fato é que os investidores devem se preparar para uma interferência maior do governo nos rumos das estatais, segundo o economista Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos. “Não é novidade para ninguém que o Lula tem uma característica mais estatista e de maior controle sobre as estatais”, disse. “O presidente sempre defende que as empresas públicas precisam ter compromissos sociais, não só com retorno aos investidores.”
Na sua avaliação, o medo
dos investidores é que a empresa volte a ser explorada politicamente a
ponto de retornar aos patamares de dez anos atrás, quando ocupou a
vexatória posição de empresa mais endividada do mundo (US$ 237 bilhões), em 2013, segundo relatório do Bank of America Merril Lynch.
“Mas essa volta ao passado é difícil que ocorra já que o mundo mudou.
Hoje as leis e regras das S/A impedem que o governo faça o que quiser”,
disse Marcatti.
• O Plano Estratégico da Petrobras para o quinquênio 2024-2028 prevê investimento de US$ 102 bilhões, alta de 31% em relação ao ciclo anterior. • O foco será, segundo a companhia, em projetos de transição energética e descarbonização.
Na visão do economista Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a polêmica dos dividendos pode marcar o fim da lua-de-mel do mercado com a Petrobras,
mas não é totalmente justa. Arbetman avalia que mesmo que a Petrobras
confirme a redução de 60% para 45% no pagamento de dividendos, não será
tão ruim assim. “A reação não foi exagerada, mas pode ser que não
dure muito. Afinal, é prorrogativa do controlador fazer a gestão da
companhia, conforme seu interesse. E os riscos de se investir em uma
estatal já estão precificados nos papeis”, afirmou Arbetman.
“Uma volta ao passado é difícil que ocorra já que o mundo mudou. e Hoje a lei das S/A impede que o governo faça o que quiser.” Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos
Assim como Arbetman, a economista Ana Paula Debiazi, CEO da Leonora Ventures,
atribuiu o medo dos investidores a uma interferência direta do governo
em sua gestão, mas que acabam voltando quando o governo estabiliza. “Os
investidores investem por retorno financeiro. Esse é o objetivo. Quando
o governo diz que vai mudar as regras, impactando diretamente no
retorno financeiro, é obvio que os investidores irão reagir”, disse.
Ela prevê que todos devem esperar esse sobe e desce, mas acreditar que no médio e longo prazo as ações da estatal têm tendência de alta. “Pela
importância da empresa na economia e no mundo, as ações estão baratas. O
momento é de compra. Os investidores que enxergarem o potencial da
empresa vão aproveitar este momento para comprar. E logo se autorregula,
os preços voltam a subir.”
“Os investidores que enxergarem o potencial da empresa vão aproveitar este momento para comprar. logo os preços voltam a subir.” Ana Paula Debiazi, CEO da Leonora Ventures
Essa avaliação está em linha com a do professor de economia do Ibmec-SP Alexandre Pires.
Os investidores continuarão recebendo os valores mínimos definidos pelo
Conselho de Administração da petroleira, ficando de fora apenas dos
dividendos extraordinários.
“Podemos esperar até o fim desse
governo que haverá uma tentativa de direcionar os investimentos para
regiões mais estratégicas, de acordo com sua agenda política”, afirmou Pires. “Isso
não pode levar a uma descapitalização da empresa. Mas só os próximos
anos dirão se o governo Lula errou ou acertou na decisão.”
Até lá, não se sabe se a mão de Lula na Petrobras é uma interferência política ou se faz parte de um plano maior.
(Tania Regô/Agência Brasil)Para
os analistas econômicos, a estatal brasileira tem fundamentos sólidos e
robustez para investimentos (Crédito:Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Com o objetivo de oferecer uma nova experiência em loja
física, a Casa Bauducco traz uma mudança de marca com novo logo, inspirado na
tipografia das fachadas italianas. O rebranding faz parte da estratégia da
marca-mãe, a Bauducco, de "contemporanização" da empresa, abrangendo desde o
conceito e portfólio até a identidade visual.
A primeira unidade a receber a
repaginação de layout e ambiente foi a do Shopping Eldorado (SP). As próximas
unidades a passarem pela atualização serão as do Shopping Higienópolis (SP) e
Aeroporto de Guarulhos (SP). "Em 12 meses, 50 novas franquias e 50 unidades que
estão em operação estarão repaginadas", afirma Renata Rouchou, Diretora de
Expansão da Casa Bauducco. Com investimento inicial a partir de R$ 450 mil no
modelo de franquia, a marca tem mais de 150 lojas pelo país.