terça-feira, 14 de maio de 2024

Decisão do BC de não dar indicação futura sobre juros foi unânime, mostra ata do Copom

 


Selic

Apesar da divisão sobre o tamanho do corte na Selic, todos os membros da diretoria do Banco Central defenderam a adoção de uma política monetária mais contracionista, mais cautelosa e sem indicações futuras sobre os próximos movimentos nos juros, mostrou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta terça-feira, 14.

No documento, o Copom reiterou que a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo “firme compromisso” de convergência da inflação à meta.

Na última quarta-feira, o Copom anunciou uma redução no ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, para 10,50% ao ano, após seis quedas consecutivas de 0,50 ponto na taxa. Também foi abandonada a indicação para passos futuros da política monetária.

Racha na decisão sobre o corte

A decisão sobre o corte foi tomada com divergência dos quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defenderam a manutenção do corte mais forte nos juros básicos, de 0,50 ponto.

A ata divulgada nesta terça-feira abriu detalhes sobre a divisão, afirmando que o grupo majoritário considerou que o cenário esperado não se confirmou em função da desancoragem adicional das expectativas, da elevação das projeções de inflação, do cenário internacional mais adverso e da atividade econômica mais dinâmica do que esperado.

“Para tais membros, o ‘forward guidance’ indicado na reunião anterior sempre foi condicional e houve alteração no cenário em relação ao que se esperava”, disse o documento.

Esses membros, segundo a ata, ressaltaram que muito mais importante do que o eventual custo reputacional de não seguir o ‘guidance’, mesmo que condicional, é o risco de perda de credibilidade sobre o compromisso com o combate à inflação e com a ancoragem das expectativas.

O grupo minoritário, por sua vez, propôs debate sobre o custo de não seguir a indicação dada na reunião anterior, questionando se o cenário mudou a ponto de valer a mudança do ‘guidance’, “o que poderia levar a uma redução do poder das comunicações formais do Comitê”.

“Para tais membros, julgou-se apropriado, tal como em reuniões anteriores, seguir o ‘guidance’, mas reafirmando o firme compromisso com a meta e com a requerida taxa de juros terminal para que o objetivo precípuo do Comitê de convergência da inflação para a meta seja alcançado”, disse.

O Copom reiterou que, para todos os membros, a extensão e a adequação de ajustes futuros na taxa de juros serão ditadas pelo “firme compromisso” de convergência da inflação à meta.

A ata inda ressaltou que o cenário para a inflação se tornou mais desafiador, com aumento das projeções de curto e médio prazos, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada.

Na reunião, o BC apontou como possíveis motivos da desancoragem a piora do cenário externo, os recentes anúncios de política fiscal e uma percepção de agentes econômicos acerca do compromisso da autoridade monetária com o atingimento da meta ao longo dos anos.

Repercussão

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a mensagem da ata deverá ser bem recebida pelo mercado, pois evidencia o compromisso dos diretores em controlar a inflação e sinaliza uma possível necessidade de interromper o ciclo de queda de juros mais cedo do que o previsto anteriormente.

“Para a próxima reunião, parece haver consenso em adotar uma abordagem mais flexível, possivelmente com um diminuição de 0,25%. É plausível supor que o texto tenha sido objeto de intensa discussão interna, visando transmitir a mensagem de unidade no Banco Central e rejeitando a ideia de uma divisão entre os membros em relação à aceitação de uma inflação mais alta”, avaliou.

Para Helena Veronese, economista-chefe da B.Side, a ata buscou esclarecer as divergências entre os membros do Copom, mas manteve tom duro e de maior cautela. “O tom ainda duro e a preocupação com as expectativas, com o cenário externo e com a resiliência da atividade deixam ainda mais claro a mensagem que o comunicado já havia passado: a Selic terminal certamente será mais alta do que a imaginada no início do ano”, disse.


segunda-feira, 13 de maio de 2024

Brasileira Surf Telecom entra no mercado de telefonia nos EUA

 Surf lider de soluções de conexão para grandes marcas


A empresa brasileira Surf Telecom anunciou nesta segunda-feira, 13, o início da sua operação de telefonia e internet nos Estados Unidos, onde terá o nome de Surf USA. A nova empresa terá como foco os consumidores das regiões da Flórida e de Nova York (onde há maior concentração de brasileiros), mas com cobertura em todo o território.

A Surf Telecom é uma operadora virtual (MVNO, na sigla em inglês). Isto é: ela presta o serviço a partir das redes de outra operadora. Aqui no Brasil, a parceria é com a TIM. Já nos Estados Unidos, usará a rede da T-Mobile.

A Surf atua bastante no setor corporativo, com a oferta de planos de celular personalizados para empresas como Correios, Uber e Pernambucanas, além de times de futebol, que estendem os serviços aos seus usuários finais.

Na visão de Yon Moreira, presidente da Surf Telecom, o objetivo de lançar o negócio nos Estados Unidos é abocanhar uma fatia no mercado de operadoras móveis de lá, que respondem por cerca de 10% de participação no mercado de telefonia norte-americano. Isso, por si só, supera o total de acessos à internet via MVNOs no Brasil, que chegam a 5,2 milhões.

Para se diferenciar, a Surf USA apostará em diferenciais do serviço, como a ativação do plano pré ou pós-pago em menos de um minuto, realizado pelo próprio cliente por meio do aplicativo. Outro é o atendimento por telefone 24 horas por dia, por funcionários falantes de inglês, espanhol e português (em vez de mensagens automáticas), pensando em atender o público latino.

O evento de lançamento da Surf USA aconteceu nesta segunda-feira, no Hotel Mandarin, em Nova York, com participação por vídeo do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, e do presidente da Anatel, Carlos Baigorri, além da presença do presidente da Apex, Jorge Viana.

Conflitos societários

A cerimônia de lançamento da nova empresa nos Estados Unidos aconteceu a despeito de um disputa societária feroz, que voltou a emergir dias atrás. Há poucos dias, a Justiça Federal de São Paulo concedeu uma decisão liminar que permite à Plintron assumir o controle na Surf.

A Plintron é uma multinacional de telecomunicações com origem em Cingapura. Por aqui, ela é dona da Plintron do Brasil, sócia minoritária da Surf que reivindica o direito de assumir o controle da empresa. A anuência para transferência do controle foi vetada pelo conselho diretor da Anatel, mas a liminar derrubou o veto.

Startups israelenses apresentam soluções para energias renováveis no Sul

 


Estudos revelam que o investimento para descarbonizar a indústria brasileira deve alcançar US$ 40 bilhões até 2050 
 
 
José Eduardo Fiates (ao centro), Anastasiya Litvinenko e Juliano Froehner na abertura do evento promovido pela Fiesc

 

 

Uma das bandeiras da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), a descarbonização, esteve no centro do evento que reuniu indústrias catarinenses e startups israelenses na quarta-feira (27). A Câmara de Assuntos de Energia da Fiesc, em conjunto com a Câmara de Comércio SC-Israel e a Missão Econômica e Comercial de Israel no Brasil, viabilizaram a apresentação de soluções inovadoras na geração e conservação de energias renováveis desenvolvidas por empresas do país do Oriente Médio. A chefe da missão israelense, Anastasiya Litvinenko, explicou que Israel destaca-se em projetos inovadores na área de energias limpas dada sua necessidade de ser autossustentável na produção.

"Somos considerados uma ilha de eletricidade, já que temos pouquíssima integração com sistemas de países vizinhos. Temos a necessidade de aumentar nossa eficiência energética e a meta de sermos cada vez menos dependentes de combustíveis fósseis", destaca. Segundo ela, o país está revisando sua meta de produção de energias renováveis de 17% da matriz até 30% em 2030. O diretor de inovação e competitividade da Fiesc, José Eduardo Fiates, avalia que as similaridades entre Israel e Santa Catarina no que se refere ao ecossistema de inovação de ambos favorecem o desenvolvimento de parcerias de negócio e de novas tecnologias. "Temos muito o que aprender com Israel. Essa aproximação entre o estado de SC e Israel tem potencial para se transformar rapidamente em projetos concretos", afirma.

O evento DemoDay Descarbonização contou com a apresentação de seis empresas de Israel, com soluções inovadoras como a transformação, armazenamento e transporte de hidrogênio, redução de emissões e transformação de metais, produção de amônia com emissão zero de carbono e, ainda, a captura de carbono e sua conversão em gás natural. A Electriq apresentou o primeiro gerador de energia movido a hidrogênio em pó. A solução transforma o hidrogênio em um combustível em pó, facilitando o transporte e o armazenamento do insumo, reduzindo riscos ambientais e de explosões, por exemplo. A inovação apresentada pode ser usada para abastecer canteiros de obras, como backup para infraestruturas críticas, a exemplo de hospitais, geração auxiliar e projetos de microgrid e ainda como postos de abastecimento de veículos elétricos.

A Nitrofix trouxe sua solução para a produção de amônia com emissão de carbono zero. Usada largamente como fertilizante e nas indústrias alimentícia, de produtos de limpeza e higiene e também de equipamentos de refrigeração, a produção atual de amônia é responsável por cerca de 2% da emissão global de gases do efeito estufa. O processo de produção apresentado usa água e ar em vez de combustíveis fósseis, e reduz o gasto de energia pela metade em relação ao método atual. A Helios apresentou sua tecnologia para refinar minério de ferro com emissão direta de carbono zero, reduzindo o consumo de energia em 50% e de custos de produção em 20%. Armazenamento e transporte de hidrogênio também é o foco da tecnologia desenvolvida pela HydroX. Para isso, criou uma solução líquida não-tóxica, não-inflamável e não-explosiva para o armazenamento e transporte de hidrogênio. A H2Pro criou um processo que usa eletricidade para dividir a água em oxigênio e hidrogênio em duas etapas diferentes, sendo a primeira eletroquímica e a segunda baseada em um processo químico termo ativado. A inovação apresentada pela Standard Carbon usa a captura de carbono de emissões por meio de um solvente químico e o transforma em gás natural.

Descarbonização

 
Estudos da CNI revelam que o investimento para descarbonizar a indústria brasileira deve alcançar US$ 40 bilhões até 2050. Investir em projetos de descarbonização pode ser uma alternativa para as indústrias catarinenses gerarem receitas, além de reduzirem suas emissões. Pesquisa da Allied Market Research aponta que o mercado de hidrogênio limpo deve movimentar US$ 5,9 bilhões em 2030, enquanto o mercado de captura, uso e armazenagem de carbono deve alcançar US$ 7 bilhões no mesmo ano. Atenta a essas oportunidades, a federação catarinense lança durante a programação do Radar Reinvenção, em 3 de abril, o Hub de Descarbonização Fiesc. A iniciativa inédita visa mobilizar os setores produtivos, governo, universidades e centros de pesquisa para alcançar uma economia de baixo carbono. O evento DemoDay Descarbonização realizado nesta quarta-feira também contou com a participação do secretário de articulação internacional do governo do estado, Juliano Froehner, do presidente da Câmara de Comércio Santa Catarina-Israel, Daniel Leipnitz, e do presidente da Câmara de Assuntos de Energia da Federação, Manfredo Gouvea Junior.

 

 https://amanha.com.br/categoria/sustentabilidade/startups-israelenses-apresentam-solucoes-para-energias-renovaveis-no-sul

Lucro líquido da 3tentos avança 51% entre janeiro e março

 


Companhia lançou campanha de arrecadação para reconstrução das localidades afetadas pelas enchentes no RS 
 
Companhia gaúcha apresenta o 21º trimestre seguido de crescimento

 

 

A 3tentos obteve crescimento no primeiro trimestre do ano nos três segmentos em que atua, registrando lucro líquido de R$ 156,4 milhões, aumento de 51% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a receita operacional líquida cresceu 48,5%, atingindo R$ 2,7 bilhões. Em insumos, o crescimento foi de 35,4%, em grãos, 21,6%, e, na indústria, 68,6%. O CEO da 3tentos, Luiz Osório Dumoncel, destaca que este é o 21° trimestre consecutivo de resultados positivos, o que demonstra a capacidade da companhia em manter um crescimento consistente. O início da indústria de processamento de soja e produção de biodiesel de Vera (MT), em julho do ano passado, e a melhor safra de soja do Rio Grande do Sul nos últimos dois anos (colhida antes dos recentes temporais) alavancaram os números do trimestre.

Ele também ressaltou a expansão para o Vale do Araguaia (MT), onde a 3tentos irá instalar sua primeira indústria de processamento de milho. Prevista para 2026, ela terá capacidade para produzir 935 metros cúbicos de etanol por dia. No início do ano, a 3tentos anunciou um novo ciclo de crescimento, com investimento previsto de R$ 2 bilhões nos próximos sete anos. A primeira loja de 2024 foi inaugurada no município de Espumoso (RS). Hoje, a companhia conta com um total de 64 lojas (56 no Rio Grande do Sul e oito no Mato Grosso), que atendem o produtor na venda de insumos e originação de grãos.

Os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul não interromperam o funcionamento das duas indústrias, em Ijuí e Cruz Alta. Entre as 56 lojas, apenas duas delas, em Santa Maria e Cachoeira do Sul, tiveram acúmulo de água, porém, sem comprometimento de estruturas ou estoques. A empresa está recebendo e fazendo doações, além de atuar na logística para distribuição de alimentos e roupas. A companhia lançou também uma campanha de arrecadação para reconstrução das localidades afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul que está sendo divulgado pelos seus canais de comunicação nas redes sociais. "Estamos juntos a todos os gaúchos no atendimento das demandas emergenciais de socorro, amparo e acolhimento, e certamente também estaremos juntos com toda a sociedade na reestruturação e recuperação do nosso estado. Estaremos aqui, firmes e com coragem, junto com nossos colaboradores, clientes e fornecedores, sempre alicerçados na confiança e parceria fazendo o que for preciso para superarmos essa tragédia", afirma Dumoncel.

 

 https://amanha.com.br/categoria/negocios-do-sul1/lucro-liquido-da-3tentos-avanca-51-entre-janeiro-e-marco?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Lucro+l%C3%ADquido+da+3tentos+avan%C3%A7a+51%25+entre+janeiro+e+mar%C3%A7o+-+Grupo+Amanh%C3%A3&utm_medium=email&utm_source=dinamize&utm_term=News+Amanh%C3%A3+13_05_2024

Dona do Spoleto fecha sociedade com marca de açaí

 Dona do Spoleto fecha sociedade com marca de açaí - Giro News



  Em uma estratégia de diversificação do negócio, o Grupo Trigo anuncia uma sociedade com a Ação Sustentável da Amazônia (ASA), empresa de alimentação denominada saudável, para alavancar a ASA Açaí. Sediada no Rio de Janeiro, a marca é responsável pela criação e desenvolvimento de alimentos com matérias-primas oriundas de cooperativas amazônicas. Além de açaí na tigela, o cardápio inclui grãos, farinhas, frutas, polpas e opções de refeições quentes para serem consumidas no local ou atendendo a pedidos por delivery.


Expansão

 

  Atualmente, a Asa Açaí possui unidades em Ipanema, Leblon e Jardim Botânico, na Zona Sul carioca. A expectativa é ter mais 19 lojas este ano, entre operações assinadas e inauguradas. Com mais de 600 restaurantes pelo país, o Grupo Trigo abrange as franquias Spoleto, Koni, LeBonton, Gendai, China in Box e Gurumê.

 

 https://gironews.com/food-service/dona-do-spoleto-fecha-sociedade-com-marca-de-acai/

 

 https://gironews.com/food-service/dona-do-spoleto-fecha-sociedade-com-marca-de-acai/

Oxxo leva sua primeira loja emblemática ao litoral paulista

 


OXXO inicia expansão no litoral paulista - BizNews Brasil ...


 A loja Oxxo Porchat, no bairro do Boqueirão, em Santos, terá uma ambientação temática para receber o campeonato interclubes da Europa. A ação será promovida por Pepsi, uma das patrocinadoras da UEFA Champions League, com duração de dois meses. A unidade terá uma televisão e uma arquibancada do lado de fora, para que os clientes possam assistir aos jogos. No período noturno, o ponto de venda receberá uma iluminação com luzes de led com as cores da marca. Segundo a rede, também será instalado o “Desafio sentabol”, em que dois jogadores se sentam frente a frente para disputar uma partida embaixo de uma mesa de acrílico transparente.


Retail media

 

 As lojas emblemáticas fazem parte do pilar de trade marketing e retail media do Grupo Nós, buscando aprofundar a experiência do cliente por meio de ativações em parceria com a indústria. Segundo a rede, o objetivo é influenciar a experimentação maior dos produtos e gerar venda incremental. Essa é a oitava loja da Oxxo que segue esse conceito.

 “O mercado de não alcoólicos tem crescido muito no país e a Pepsi Black tem tido forte destaque na categoria. Com isso, desenvolvemos a Loja Emblemática em parceria com a Pepsi e Oxxo para aproveitar o momento da marca junto à Champions League e alavancar a experiência dos clientes em loja, ponto este que é central na nossa estratégia”, comenta Guilherme Lima, Head Nacional de Não Alcoólicos da Ambev.

 

 https://gironews.com/supermercado/oxxo-leva-sua-primeira-loja-emblematica-ao-litoral-paulista/

Brasil vai produzir baterias para carros elétricos antes de 2030, aposta ABVE

 


Ricardo Bastos é presidente da ABVE - Edilson Rodrigues/Agência Senado

Deputados aprovaram nesta terça (7/5) urgência na votação do PL que institui o Programa Mover
Nayara Machado


 

O Brasil deve ter produção de baterias para veículos elétricos já nos próximos cinco anos, com empresas apostando na demanda nacional e de países vizinhos na América Latina, disse nesta terça (7/5) o presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Ricardo Bastos.

"Nos próximos cinco anos, dentro do Mover, eu tenho certeza que teremos produção de baterias no Brasil, não apenas montagem", afirmou durante audiência pública na Comissão de Viação e Transportes sobre o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover).

Segundo Bastos, algumas empresas já montam baterias para veículos pesados, como ônibus e caminhões, aqui no Brasil, mas os componentes são importados. Ele observa que entre as empresas associadas há um movimento para nacionalizar a fabricação.

Uma delas é a chinesa BYD, que planeja investir R$ 5,5 bilhões em Camaçari, na Bahia, em um projeto que inclui exploração e beneficiamento do lítio, além de fabricação de baterias e carros elétricos.

Além disso, o executivo avalia que os anúncios de investimentos em carregadores e instalações de redes de recarga apontam que a eletrificação da frota vai ganhar cada vez mais tração.

A estimativa da ABVE é que em 2024, mais de 150 mil veículos elétricos sejam vendidos - um salto em relação às cerca de 94 mil unidades emplacadas em 2023, que também foram recorde.

"Vamos crescer mais de 60% nos eletrificados, considerando também os híbridos, que são muito importantes nesse processo".

Para o presidente da ABVE, o Mover também é uma oportunidade para o Brasil retomar o mercado de ônibus da América Latina com os elétricos, e os veículos leves podem seguir o mesmo caminho.

"Nós já temos produtores de ônibus elétricos aqui de alta qualidade, inclusive empresas com capital 100% nacional. Então temos a oportunidade de recuperar esse mercado. E não podemos deixar passar os leves. Se há uma demanda na América Latina e em outros países de veículos elétricos, o Brasil tem que produzi-los", completou.

Regime de urgência

Lançado pelo governo via medida provisória no final do ano passado, o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover) está em discussão na Câmara também na forma de um projeto de lei encaminhado pelo Executivo em março.

Nesta tarde, o Plenário aprovou o requerimento do deputado líder do governo, José Guimarães (PT/CE), pedindo urgência na votação do PL 914/2024, que está sob relatoria do deputado Átila Lira (PP/PI).

Enquanto o PL não é votado, vale a medida provisória, ainda em vigor. 23 empresas já foram habilitadas para receber os incentivos para inovação e descarbonização da cadeia automotiva.

Algumas questões, no entanto, podem passar por revisão. Durante a audiência, a ABVE criticou o chamado "pedágio de P&D", que impõe investimentos mínimos em pesquisa e inovação para que as empresas possam usufruir dos benefícios.

"Ficou um pouco alto, ficou mal calibrado no nosso entendimento. Talvez até não haja necessidade desse pedágio, uma vez que todos são investimentos em P&D", comentou Bastos. Ele acredita que o pedágio pode desestimular a entrada de novas empresas no Brasil.

Outro ponto é a potência, que estaria ligada a motores a combustão. A visão da associação dos veículos elétricos é que o ideal é abordar eficiência energética e descarbonização.

Pedágio


Os gastos mínimos obrigatórios em P&D serão crescentes e variam entre veículos leves e pesados, começando em 1% em 2024, para comerciais leves e chegando a 1,8% em 2028. Nos pesados, vai de 0,6% em 2024 a 1% em 2028. Entenda.

Esses percentuais também foram classificados como "agressivos" pela Anfavea, mas a associação que representa os fabricantes de automóveis pondera que eles são acompanhados por incentivos tributários.

"É um pedágio bastante agressivo, calculado em cima da receita operacional bruta de cada fabricante. Mas sempre trazendo aquela visão de que os desenvolvimentos feitos, a partir de um certo volume, eles passam a ter um incentivo tributário que pode ser utilizado pelo fabricante", disse Henry Joseph Junior, diretor de Assuntos Técnicos da Anfavea.

Baterias nos leilões de reserva


Além da mobilidade elétrica, as baterias estão ganhando mercado internacionalmente para armazenamento de energia renovável. Aqui no Brasil, a tecnologia busca espaço nos leilões de reserva de capacidade.

Falta regulação, no entanto, e superar algumas questões para que elas possam fazer parte do sistema nacional.

Também nesta terça, durante a primeira audiência da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados sobre o tema, o secretário executivo de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral, disse que é preciso adequar a modelagem do Operador Nacional do Sistema (ONS) para permitir o acionamento dos sistemas de armazenamento e definir se o uso será diário ou apenas em momentos críticos.

Outros pontos indefinidos são se a contratação das baterias ocorreria de forma conjunta ou separada das fontes de geração, como serão escolhidos os locais para a instalação dos sistemas, e se projetos ganhadores de contratos no leilão poderiam "empilhar contratos" para desempenhar outras atividades.

Curtas


5 mil ônibus verdes


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar nesta semana um pacote com mais de 5 mil ônibus menos poluentes e obras para favelas. A renovação de frota prevê a compra de ônibus elétricos e/ou versões mais modernas, ainda a diesel. O evento no Palácio do Planalto para a apresentação das medidas está previsto para quarta-feira (8).

Armazenamento em conta


50% mais barato, o sistema de armazenamento solar para residências e comércios está com preço similar ao dos kits de energia fotovoltaica tradicional vendidos em 2021, calcula a SolaX Power. Segundo a empresa, a queda de quase 50% no preço dos módulos contribuiu para essa competitividade, mas as baterias mais baratas também estão ajudando o cenário.

As baterias de lítio, que são as tradicionalmente utilizadas no sistema fotovoltaico, tiveram uma redução de 97% em quase 30 anos.

Mercado livre


A comercializadora de energia do grupo Migratio pretende faturar R$ 300 milhões em 2024, fechando o ano com mais de 600 clientes em carteira, dos quais 500 no mercado varejista.

Com a abertura do ambiente de contratação livre para todos os consumidores do grupo A, independentemente da demanda por eletricidade, a empresa com sede em Limeira (SP) está fazendo um esforço para captar também os contratos menores, de média tensão, conta o sócio-diretor e fundador, Hélio Lima.

Clima extremo


As fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul desde a semana passada já provocaram 90 mortes e atingiram 388 dos 497 municípios gaúchos. Cerca de 155,7 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e 48,1 mil delas estão morando em abrigos, segundo os dados da Defesa Civil do estado divulgados na manhã desta terça-feira (7/5).

O governo do Rio Grande do Sul ainda contabiliza que 1,3 milhão de pessoas foram afetadas pelo evento climático extremo. Há 361 feridos e 132 desaparecidos.

A lista


CPFL, Compass e EDP estão entre as 12 empresas brasileiras com nota máxima na transparência em informações ambientais, a chamada 'A List' elaborada pelo CDP. A plataforma global gerencia dados de 23 mil organizações relacionados a mudanças climáticas, florestas e segurança hídrica. Para ingressar na lista é necessário ter planos de transição climática com metas alinhadas ao limite máximo de 1,5ºC.

Descarbonização com digitalização


A Refinaria de Mataripe (BA), operada pelo fundo Mubadala, reduziu em 7,5 mil toneladas as emissões de CO2 em 2023, em relação ao ano anterior, com o uso de automação e iniciativas da indústria 4.0. Para 2024, a meta é reduzir as emissões em mais 80%.

Entre as iniciativas estão o uso de câmeras termográficas para monitoramento do flare e um sistema para otimizar o uso de energia em tempo real, além de revitalização de sistemas de controle de processo para aumento da eficiência do refino. Foram restauradas seis caldeiras e 190 trocadores de calor, que representam 16% do parque total da planta.

EPBR
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