Ricardo Bastos é presidente da ABVE - Edilson Rodrigues/Agência Senado
Deputados aprovaram nesta terça (7/5) urgência na votação do PL que institui o Programa Mover
Nayara Machado
O
Brasil deve ter produção de baterias para veículos elétricos já nos
próximos cinco anos, com empresas apostando na demanda nacional e de
países vizinhos na América Latina, disse nesta terça (7/5) o presidente
da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), Ricardo Bastos.
"Nos
próximos cinco anos, dentro do Mover, eu tenho certeza que teremos
produção de baterias no Brasil, não apenas montagem", afirmou durante
audiência pública na Comissão de Viação e Transportes sobre o programa
Mobilidade Verde e Inovação (Mover).
Segundo Bastos, algumas
empresas já montam baterias para veículos pesados, como ônibus e
caminhões, aqui no Brasil, mas os componentes são importados. Ele
observa que entre as empresas associadas há um movimento para
nacionalizar a fabricação.
Uma delas é a chinesa BYD, que planeja
investir R$ 5,5 bilhões em Camaçari, na Bahia, em um projeto que inclui
exploração e beneficiamento do lítio, além de fabricação de baterias e
carros elétricos.
Além disso, o executivo avalia que os anúncios
de investimentos em carregadores e instalações de redes de recarga
apontam que a eletrificação da frota vai ganhar cada vez mais tração.
A
estimativa da ABVE é que em 2024, mais de 150 mil veículos elétricos
sejam vendidos - um salto em relação às cerca de 94 mil unidades
emplacadas em 2023, que também foram recorde.
"Vamos crescer mais de 60% nos eletrificados, considerando também os híbridos, que são muito importantes nesse processo".
Para
o presidente da ABVE, o Mover também é uma oportunidade para o Brasil
retomar o mercado de ônibus da América Latina com os elétricos, e os
veículos leves podem seguir o mesmo caminho.
"Nós já temos
produtores de ônibus elétricos aqui de alta qualidade, inclusive
empresas com capital 100% nacional. Então temos a oportunidade de
recuperar esse mercado. E não podemos deixar passar os leves. Se há uma
demanda na América Latina e em outros países de veículos elétricos, o
Brasil tem que produzi-los", completou.
Regime de urgência
Nesta tarde, o Plenário aprovou o requerimento do deputado líder do governo, José Guimarães (PT/CE), pedindo urgência na votação do PL 914/2024, que está sob relatoria do deputado Átila Lira (PP/PI).
Enquanto o PL não é votado, vale a medida provisória, ainda em vigor. 23 empresas já foram habilitadas para receber os incentivos para inovação e descarbonização da cadeia automotiva.
Algumas questões, no entanto, podem passar por revisão. Durante a audiência, a ABVE criticou o chamado "pedágio de P&D", que impõe investimentos mínimos em pesquisa e inovação para que as empresas possam usufruir dos benefícios.
"Ficou um pouco alto, ficou mal calibrado no nosso entendimento. Talvez até não haja necessidade desse pedágio, uma vez que todos são investimentos em P&D", comentou Bastos. Ele acredita que o pedágio pode desestimular a entrada de novas empresas no Brasil.
Outro ponto é a potência, que estaria ligada a motores a combustão. A visão da associação dos veículos elétricos é que o ideal é abordar eficiência energética e descarbonização.
Pedágio
Os gastos mínimos obrigatórios em P&D serão crescentes e variam entre veículos leves e pesados, começando em 1% em 2024, para comerciais leves e chegando a 1,8% em 2028. Nos pesados, vai de 0,6% em 2024 a 1% em 2028. Entenda.
Esses percentuais também foram classificados como "agressivos" pela Anfavea, mas a associação que representa os fabricantes de automóveis pondera que eles são acompanhados por incentivos tributários.
"É um pedágio bastante agressivo, calculado em cima da receita operacional bruta de cada fabricante. Mas sempre trazendo aquela visão de que os desenvolvimentos feitos, a partir de um certo volume, eles passam a ter um incentivo tributário que pode ser utilizado pelo fabricante", disse Henry Joseph Junior, diretor de Assuntos Técnicos da Anfavea.
Baterias nos leilões de reserva
Além da mobilidade elétrica, as baterias estão ganhando mercado internacionalmente para armazenamento de energia renovável. Aqui no Brasil, a tecnologia busca espaço nos leilões de reserva de capacidade.
Falta regulação, no entanto, e superar algumas questões para que elas possam fazer parte do sistema nacional.
Também nesta terça, durante a primeira audiência da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados sobre o tema, o secretário executivo de Transição Energética e Planejamento do Ministério de Minas e Energia (MME), Thiago Barral, disse que é preciso adequar a modelagem do Operador Nacional do Sistema (ONS) para permitir o acionamento dos sistemas de armazenamento e definir se o uso será diário ou apenas em momentos críticos.
Outros pontos indefinidos são se a contratação das baterias ocorreria de forma conjunta ou separada das fontes de geração, como serão escolhidos os locais para a instalação dos sistemas, e se projetos ganhadores de contratos no leilão poderiam "empilhar contratos" para desempenhar outras atividades.
Curtas
5 mil ônibus verdes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve anunciar nesta semana um pacote com mais de 5 mil ônibus menos poluentes e obras para favelas. A renovação de frota prevê a compra de ônibus elétricos e/ou versões mais modernas, ainda a diesel. O evento no Palácio do Planalto para a apresentação das medidas está previsto para quarta-feira (8).
Armazenamento em conta
50% mais barato, o sistema de armazenamento solar para residências e comércios está com preço similar ao dos kits de energia fotovoltaica tradicional vendidos em 2021, calcula a SolaX Power. Segundo a empresa, a queda de quase 50% no preço dos módulos contribuiu para essa competitividade, mas as baterias mais baratas também estão ajudando o cenário.
As baterias de lítio, que são as tradicionalmente utilizadas no sistema fotovoltaico, tiveram uma redução de 97% em quase 30 anos.
Mercado livre
A comercializadora de energia do grupo Migratio pretende faturar R$ 300 milhões em 2024, fechando o ano com mais de 600 clientes em carteira, dos quais 500 no mercado varejista.
Com a abertura do ambiente de contratação livre para todos os consumidores do grupo A, independentemente da demanda por eletricidade, a empresa com sede em Limeira (SP) está fazendo um esforço para captar também os contratos menores, de média tensão, conta o sócio-diretor e fundador, Hélio Lima.
Clima extremo
As fortes chuvas que afetam o Rio Grande do Sul desde a semana passada já provocaram 90 mortes e atingiram 388 dos 497 municípios gaúchos. Cerca de 155,7 mil pessoas tiveram que deixar suas casas e 48,1 mil delas estão morando em abrigos, segundo os dados da Defesa Civil do estado divulgados na manhã desta terça-feira (7/5).
O governo do Rio Grande do Sul ainda contabiliza que 1,3 milhão de pessoas foram afetadas pelo evento climático extremo. Há 361 feridos e 132 desaparecidos.
A lista
CPFL, Compass e EDP estão entre as 12 empresas brasileiras com nota máxima na transparência em informações ambientais, a chamada 'A List' elaborada pelo CDP. A plataforma global gerencia dados de 23 mil organizações relacionados a mudanças climáticas, florestas e segurança hídrica. Para ingressar na lista é necessário ter planos de transição climática com metas alinhadas ao limite máximo de 1,5ºC.
Descarbonização com digitalização
A Refinaria de Mataripe (BA), operada pelo fundo Mubadala, reduziu em 7,5 mil toneladas as emissões de CO2 em 2023, em relação ao ano anterior, com o uso de automação e iniciativas da indústria 4.0. Para 2024, a meta é reduzir as emissões em mais 80%.
Entre as iniciativas estão o uso de câmeras termográficas para monitoramento do flare e um sistema para otimizar o uso de energia em tempo real, além de revitalização de sistemas de controle de processo para aumento da eficiência do refino. Foram restauradas seis caldeiras e 190 trocadores de calor, que representam 16% do parque total da planta.
EPBR
https://epbr.com.br/brasil-vai-produzir-baterias-para-carros-eletricos-antes-de-2030-aposta-abve/
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