Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou praticamente estável nesta quinta-feira, mas não sem antes oscilar entre altas e baixas, evidência da falta de consenso do mercado sobre o que esperar do ansiado discurso do chefe do banco central norte-americano na sexta-feira.
O dólar interbancário variou 0,01% para cima, a 5,1111 reais. Ao longo do dia, foi de 5,08575 reais (-0,49%) a 5,1444 reais (+0,66%).
Os mercados externos também mostraram algum vaivém, embora tenham tentado firmar melhora na sessão vespertina de olho em estímulos anunciados pela China. Ainda, contudo, operaram a dúvida sobre qual será a sinalização de Jerome Powell em sua fala no simpósio de Jackson Hole, a partir de 11h (de Brasília) de sexta.
As declarações de Powell serão examinadas em busca de qualquer sinal de que uma desaceleração econômica possa alterar a estratégia do banco central e de que a autoridade monetária conseguirá alcançar um “pouso suave” para a economia. Dados mostraram mais cedo que os EUA viram retração econômica menor que a anteriormente estimada no segundo trimestre.
“Acho que Powell vai sinalizar redução no ritmo de alta de juros, para 0,50 ponto percentual, mas também uma taxa terminal mais alta que o esperado pelo mercado”, disse Gabriel Cunha, especialista em mercados internacionais C6 Bank. “Se ele falar que o Fed terá de ir acima do nível neutro, como algumas autoridades do banco central já disseram, o mercado vai entender esse sinal como ‘hawkish'”, completou.
O termo “hawkish” indica maior disposição dos formuladores de política monetária a restringir as condições financeiras visando controlar a inflação, ainda que a um custo econômico.
O índice do dólar frente a uma cesta de divisas tinha leve queda de 0,18% nesta tarde, mas não longe de uma máxima em 20 anos alcançada em julho.
Por aqui, embora as medidas de volatilidade implícita para a taxa de câmbio tenham amenizado –a medida para um mês recuou de um pico de 19,5% na segunda-feira para 18,7% nesta quinta–, a movimentação no mercado de opções ainda sugere maior demanda por compra da moeda norte-americana como proteção.
A medida para um mês que compara a busca por contratos de opções de compra (“calls”) de dólar e a demanda por “puts” (opções de venda) de dólar alcançou 1,2 nesta quinta, maior valor desde 5 de julho.
A maior procura por “calls” de dólar estaria associada a apostas de que o preço da moeda pode subir a partir dos patamares atuais, já que o instrumento dá ao comprador da “call” o direito de adquirir moeda a um preço mais baixo ao exercer a opção.
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