segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Equinox Gold vende minas de ouro no Brasil para CMOC, da China, por US$ 1 bilhão

 Barras de ouro valem US$ 1 milhão pela primeira vez

A canadense Equinox Gold anunciou a venda de minas de ouro no Brasil por US$ 1,015 bilhão para a chinesa CMOC Group. As minas vendidas são Aurizona, no Maranhão, Riacho dos Machados, em Minas Gerais, e outras no chamado Complexo Bahia. Serão vendidos 100% das operações.

No acordo acertado com os chineses, a Equinox Gold vai receber US$ 900 milhões em dinheiro no fechamento da operação, que ainda depende de aprovação de órgãos brasileiros.

Outros US$ 115 milhões serão pagos um ano depois, sujeito a ajustes e contingentes de produtividade, de acordo com comunicado. A expectativa é que o fechamento da operação deve acontecer no primeiro trimestre de 2026.

A venda das minas acontece em meio aos recordes de alta do ouro no mercado mundial, com o aumento da incerteza geopolítica e econômica levando os investidores a buscarem segurança no metal.

A demanda pelo ouro vem ganhando força há pelo menos três anos, puxada pelas compras de bancos centrais, sobretudo o da China. Desde 2023, o ouro já subiu mais de 60% e este ano o preço da onça-troy superou pela primeira vez a marca de US$ 4 mil.

Com a alta do ouro, banqueiros de investimento e escritórios de advocacia contam que tem sido intenso o movimento de sondagem de compradores estrangeiros por minas de ouro no Brasil e em outras partes do mundo. Recentemente, entrou no mercado a venda de uma mina na Argentina.

A Equinox Gold deve usar os recursos da venda para pagar dívidas, uma de US$ 500 milhões referente a um empréstimo e outra de US$ 300 milhões. Com a venda da operação brasileira, a Equinox informa que vai se concentrar nas operações no Canadá, na Califórnia e na Nicarágua.

Na transação, a Equinox foi assessorada pelo banco BMO Capital Markets e pelos escritórios Blake, Cassels & Graydon e o Veirano Advogados. A CMOC teve a assessoria da Canaccord Genuity Corp e os escritórios McCarthy Tétrault e Mattos Filho.

Copom de dezembro praticamente apaga apostas no Focus de corte da Selic em janeiro

 Copom eleva juros básicos da economia para 14,25% ao ano ...

O comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) da quarta-feira, 10, praticamente apagou as apostas em um corte da Selic em janeiro do relatório Focus. As medianas do Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o boletim, indicam que a taxa básica de juros vai permanecer em 15% na próxima reunião do colegiado, marcada para os dias 27 e 28 do primeiro mês de 2026.

A mediana para a Selic em janeiro já havia subido de 14,75% para 15% no relatório anterior, publicado no dia 8, considerando as estimativas dos últimos 30 dias úteis. Mas, levando em conta apenas as projeções dos últimos cinco dias úteis, mais sensíveis a novidades, a mediana passou de 14,875% – exatamente dividida entre 15% e 14,75% – no Focus passado para 15% agora.

As médias também têm avançado, o que mostra uma queda nas apostas em cortes maiores. A média do Focus para a Selic em janeiro passou de 14,8269% no relatório do dia 8 para 14,8427% agora. Levando em conta apenas as projeções atualizadas em cinco dias úteis, oscilou de 14,8415% para 14,8564%.

No comunicado da última quarta-feira o Copom afirmou que a estratégia em curso, de manutenção da Selic em 15% por período “bastante prolongado”, é “adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”. “O comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz o texto.

O Copom divulga a ata da sua reunião nesta terça-feira, 16, às 8 horas. As medianas do Focus, tanto de 30 como de cinco dias úteis, continuam indicando um primeiro corte da Selic na segunda reunião de 2026, dos dias 17 e 18 de março, a 14,50%.

Inflação

Mesmo com a sinalização mais dura do Copom e a expectativa de menos cortes, o mercado continua esperando uma inflação maior do que a estimada pelo Banco Central. A mediana do Sistema Expectativas de Mercado para o IPCA acumulado em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2027, o horizonte relevante da política monetária, oscilou de 3,92% para 3,91%. A taxa continua bem acima da previsão do BC, de 3,2%.

Os números foram calculados pela Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) com base nas medianas do sistema para a inflação trimestral.

Quando calculada com base nas medianas para a inflação mensal, a estimativa intermediária para o IPCA acumulado em 12 meses até junho de 2027 cedeu de 3,90% para 3,89%, também acima da projeção do Copom.

Macron e Meloni articulam adiamento de votação da UE sobre acordo com Mercosul

 Representantes de governos do Mercosul planejam estratégia ...

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e o presidente da França, Emmanuel Macron, concordaram sobre a necessidade de adiar a votação final da União Europeia sobre o acordo comercial com o Mercosul, segundo fontes ouvidas pela Reuters. O movimento reforça a articulação francesa para reunir uma “minoria de bloqueio” contra o tratado negociado pela Comissão Europeia, cuja deliberação no Conselho era esperada em Bruxelas ainda nesta semana.

A pressão ocorre às vésperas de uma votação agendada para a terça-feira, 16, no Parlamento Europeu sobre as chamadas cláusulas de salvaguarda do acordo Mercosul-UE, que tratam de mecanismos de proteção para produtos agrícolas sensíveis.

Apesar de confirmada ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) por um representante da UE, o agendamento da votação pode ser alterado, já que a agenda do Parlamento Europeu é provisória.

O texto em discussão faz parte do processo legislativo europeu relativo às “salvaguardas bilaterais” previstas no pacto com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

O acordo Mercosul-UE, negociado ao longo de cerca de 25 anos e frequentemente travado perto da conclusão, é visto em Bruxelas como uma forma de diversificar os laços da Europa, como reforçado mais cedo por um porta-voz da Comissão Europeia.

Ampliação da faixa de isenção do IR contribuirá com aceleração econômica em 2026, diz ministra

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A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, disse nesta segunda-feira, 15, que a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) vai contribuir com a aceleração da economia brasileira em 2026, junto com o equacionamento das arestas com os EUA e a queda de juros, que, segundo ela, “tende a acontecer o mais breve possível diante de inflação controlada e declinante e da taxa de juros – em especial a americana – em queda”.

Segundo Dweck, a mudança no IR ajudará a reduzir desigualdades ao tributar “quem ganhava muito e não pagava nada”. A ministra disse ainda que é um absurdo dizer que o Brasil não está reduzindo desigualdades, pois há diferentes medidas complementares neste sentido.

“Já é a segunda vez na história do Brasil que, por um lado, consegue crescer reduzindo desigualdades e que tentam dizer que isso não é verdade”, defendeu ela, apontando estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que suportaria a afirmação. “O estudo do Ipea é bom porque usa diversas formas de medir desigualdades. O Brasil tem uma das maiores desigualdades, não tem dúvida disso. Mas dizer que não está tendo redução das desigualdades é um absurdo.”

Dweck enfatizou o papel das estatais na economia brasileira que, segundo ela, estão indo muito bem no agregado ao responderem por 5% do Produto Interno Bruto (PIB). Ela ainda criticou as sugestões de privatização das estatais. “Vimos o que aconteceu em São Paulo. Bairros de classe altíssima ficaram dois dias sem luz. Imagine em bairros de classe média ou baixa perdendo tudo que têm na geladeira”, disse.

A Grande São Paulo passou por um longo apagão após uma ventania histórica na semana passada. O serviço de fornecimento de energia elétrica foi privatizado e hoje cabe à Enel.

A ministra admitiu que os Correios passam por uma crise, da mesma forma que empresas em todo o mundo, mas defendeu manter a universalização dos serviços postais. “Estamos trabalhando há um ano para pensar na reestruturação dos Correios”, disse, enfatizando que em outros países foi preciso se associar a outros serviços.

De acordo com ela, a sobrevivência do setor de bens de capital no Brasil se deve ao BNDES. “Sem BNDES não haveria no Brasil setor de bens de capital.”

Dweck participa do evento “Democracia e Direitos Humanos: Empresas juntas por um Brasil mais igualitário”, realizado na sede do banco, na região central do Rio de Janeiro.

1ª previsão da Hedgepoint é de safra de café do País de até 74,4 mi/sacas em 2026

 Hedgepoint Global Markets | LinkedIn

São Paulo, 15 – A Hedgepoint Global Markets divulgou, na sexta-feira, 12, sua primeira estimativa para a safra brasileira de café 2026/27, cuja colheita começa entre meados de abril e maio de 2026. A produção total deve alcançar entre 71 milhões e 74,4 milhões de sacas de 60 kg. Desse total, a colheita de arábica pode atingir entre 46,5 milhões e 49 milhões de sacas, acima dos 37,7 milhões de sacas projetados para 2025/26. A safra de conilon (robusta) está estimada entre 24,6 milhões e 25,4 milhões de sacas, em comparação com a previsão de 27 milhões na temporada anterior.

Conforme a Hedgepoint, porcentualmente a safra de arábica deve ser de 23,3% a 30% maior ante 2025/26, “impulsionada por novas áreas, bom manejo e ciclo bienal positiva em diversas lavouras, apoiada por clima favorável após meados de outubro, embora a produtividade ainda seja desigual entre regiões”. Já a produção de conilon pode apresentar recuo de 8,9% a 5,9% em comparação com 2025/26, “após ciclo excepcional, parcialmente compensado por expansão e renovação de áreas desde 2023”.

A empresa explicou que “as chuvas de outubro e novembro favoreceram a floração do arábica, enquanto o conilon manteve bom desenvolvimento nas principais regiões produtoras, ainda que o volume deva ficar abaixo do pico da safra 2025/26”.

“De agosto ao início de outubro, a seca atrasou a floração e causou perdas nas primeiras floradas em parte das áreas. A partir de meados de outubro, volumes mais robustos de chuva retornaram às regiões de arábica, permitindo uma segunda floração e restaurando expectativas para 2026/27”, continuou a Hedgepoint.

A analista de café da Hedgepoint, Laleska Moda, disse em comunicado que houve aumento de podas em áreas com plantas danificadas que não haviam sido podadas na última temporada em virtude dos preços elevados. “Ao mesmo tempo, segue o investimento em novas áreas, cujos resultados se tornarão mais visíveis nos próximos anos”, afirmou.

No conilon, a consistência das precipitações e bons níveis de reservatórios no Espírito Santo e na Bahia favorecem a floração e o enchimento dos grãos.

A Heddgepoint acrescentou que, co0m a recuperação no arábica e uma produção de conilon ainda elevada, a safra 2026/27 tende a contribuir para recomposição dos estoques globais. Entretanto, números mais certeiros virão após a fase de enchimento dos grãos (dezembro a março), mantendo o mercado sensível a qualquer adversidade climática e propenso à volatilidade. “O sentimento recente ficou mais baixista diante da perspectiva de maior produção brasileira e da remoção da maioria das tarifas dos EUA sobre o café brasileiro, ainda que a condição dos estoques e menor exportações brasileiras possam trazer suporte no curto prazo”, ponderou.

De acordo com a analista, revisões na estimativa serão publicadas entre março e abril, quando os rendimentos de processamento poderão ser avaliados com maior precisão. “A safra 2026/27 deve marcar um ponto de inflexão para o mercado. Apesar do recuo natural no conilon após um ciclo histórico, a expansão de áreas e a regularidade das chuvas sustentam um quadro positivo. Até ser concluída a fase do enchimento dos grãos, os preços seguirão sensíveis ao clima no Brasil e aos níveis dos estoques nos destinos, o que pode causar janelas de volatilidade e oportunidades”, concluiu Moda.

Novonor, ex-Odebrecht, fecha acordo com IG4 e deixa de ser controladora da Braskem

 

 

A Braskem informou nesta segunda-feira, 15, que a Novonor (ex-Odebrecht) assinou um acordo de exclusividade com a empresa de investimentos IG4 Capital para vender sua participação na petroquímica.

Conforme o documento, a Novonor se comprometeu a transferir a participação na Braskem para um fundo da IG4, que passará a deter 50,111% do capital votante e 34,323% do capital total da petroquímica. Veja aqui o fato relevante.

A IG4 acrescentou em outro comunicado que a operação envolve cerca de R$ 20 bilhões em dívida e não causará mudanças operacionais imediatas na Braskem.

Após a conclusão da operação, a Novonor permanecerá com 4% da Braskem.

A Petrobras é a outra grande sócia da Braskem, com participação de 47% no capital votante e 36,1% no capital total.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Trump retira Moraes e esposa da lista de sancionados pela Lei Magnitsky

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou nesta sexta-feira, 12, o nome do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes da lista de sancionados pela Lei Maginitsky. A decisão também incluiu a remoção da advogada Viviane Barci, esposa do magistrado, e do Instituo Lex, empresa mantida pelo casal.

Moraes foi sancionado pelo governo Trump no dia 30 de julho deste ano em um contexto de pressão das autoridades americanas para que ele recuasse no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por liderar uma organização criminosa em uma tentativa de golpe de Estado.

Já Viviani e a empresa foram incluídos na lista mantida pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros no dia 22 de setembro deste ano, num gesto de retaliação após a Primeira Turma do STF acompanhar o voto de Moraes e condenar Bolsonaro a 27 anos de prisão, no dia 11 do mesmo mês.

A lei Magnitsky impõe sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. O dispositivo legal à disposição do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos nunca havia sido utilizado contra membros do Poder Judiciário. O governo americano ainda não publicou a justificativa para ter retirado o ministro e a sua esposa da lista de sancionados.

Em julho, o Departamento de Tesouro dos Estados Unidos afirmou que “o objetivo final das sanções não é punir, mas promover uma mudança positiva de comportamento”.

A gestão Trump puniu Moraes por considerar que ele promovia uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro e seus apoiadores, conforme declarou o próprio presidente dos Estados Unidos. O secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, reproduziu o discurso de Trump ao justificar a punição e afirmou que Bolsonaro foi um dos alvos de Moraes “em sua campanha de censura, detenções arbitrárias que violam direitos humanos e perseguição política”.

A aplicação da Lei Magnitsky pelo governo Trump foi fruto de intensa pressão do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), que se mudou para os Estados Unidos em fevereiro deste ano com o objetivo de convencer as autoridades americanas de que o julgamento do seu pai era fruto de perseguição política. O lobby de Eduardo junto à administração Trump contou com o apoio do influenciador Paulo Figueiredo.

Em nota publicada, Eduardo afirmou ter recebido “com pesar a notícia da mais recente decisão anunciada pelo governo americano”, mas disse estar grato pelo apoio de Trump. “Esperamos sinceramente que a decisão do presidente Donald Trump seja bem-sucedida em defender os interesses estratégicos dos americanos, como é o seu dever”, afirmou.

O rol de punições a Moraes incluía o bloqueio de bens em seu nome ou que sejam seus, mas que, eventualmente, estivessem sob posse de norte-americanos. Além disso, quaisquer empresas ou entidades ligadas ao ministro ficaram proibidas de operar no país.

A aplicação da Lei Magnitsky também implicava em sanções a instituições financeiras e outras pessoas que “se envolverem em determinadas transações ou atividades” com o ministro. Empresas como bancos e operadoras de cartões de crédito foram proibidas de realizarem qualquer operação que envolva Moraes, sob pena de receberem multas milionárias e outras sanções.

‘Clima de guerra’, ‘deve ter muita gente preocupada’: Como a Câmara reagiu à operação da PF

 

Parlamentares da Câmara dos Deputados amanheceram preocupados ao saberem da operação da Polícia Federal feita na Casa Legislativa nesta sexta-feira, 12, contra a assessora da Câmara dos Deputados, Mariângela Fialek, conhecida como “Tuca”, e falam de novo “clima de guerra” entre os Três Poderes. A PF a aponta como integrante de uma “estrutura organizada’ que atuava “supostamente” sob ordens do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) para distribuir indevidamente as emendas do orçamento secreto.

Alguns deputados relatam o clima ruim no Congresso. “Deve ter muita gente preocupada com essa operação”, afirmou Aluísio Mendes (Republicanos-MA). “Clima de guerra”, disse Luísa Canziani (PSD-PR).

Sob condição de reserva, outros congressistas estavam particularmente furiosos com o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do caso sobre emendas na Corte. Congressistas enxergam parcialidade no magistrado, que agiria como um intermediário do governo. Alguns deles também veem a operação como uma “porrada direta” contra Lira. A reportagem conversou com deputados e lideranças do governo, da oposição e do Centrão.

O sentimento entre parlamentares do Centrão na Câmara é que o STF se aproveita de um momento de fraqueza do atual presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), para avançar contra as emendas do orçamento secreto.

Nesta semana, sob protestos do próprio Lira, a Câmara acabou convertendo a cassação de Glauber Braga (PSOL-RJ), que era dada como certa, em uma pena de seis meses de suspensão de mandato, e rejeitou a cassação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Parlamentares do Centrão elogiam a assessora. Alguns deles dizem que ela é “querida” e uma intermediária dos pedidos de Motta e do próprio Lira. Ela foi assessora técnica da Presidência da Câmara durante a gestão de Lira e é considerada braço-direito do ex-presidente da Câmara para a viabilização de emendas parlamentares.

Parlamentares dizem que na era Motta ela ainda faz esse trabalho. Um deles explicou o processo: o parlamentar despacha ou com Motta ou com o próprio Lira, um dos dois encaminha o pedido a ela, e depois o deputado a cobra. Ela também faz o acompanhamento das emendas com os ministérios.

Anotações obtidas pela PF reforçaram as suspeitas de que os recursos públicos eram destinados conforme interesses privados dos deputados e sem compromisso com projetos de longo prazo.

Ao pedir autorização para as buscas contra a assessora, cumpridas nesta sexta, a Polícia Federal destacou “o incomum desapego à formalidade na formulação orçamentária”.

“Uma anotação à mão, realizada de maneira rudimentar, foi responsável pela realocação de recursos de um município para outro. Lamentavelmente, não há como não comparar a maneira de controlar e organizar o orçamento secreto coordenado por Tuca a uma ‘conta de padaria’. A anotação transparece que milhões em recursos públicos eram direcionados a partir de comandos verbais, sem qualquer preocupação com projetos ou interesses republicanos de fato”, afirmou a Polícia Federal na representação.

Deputados do governo ouvidos pela reportagem dizem que o problema não é com eles, que a relação entre os Poderes deve piorar, mas mencionam que o Poder Judiciário tem a vantagem de ter a opinião pública do lado no caso das emendas, ponderou um petista.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP), crítica da falta de transparência nas emendas, entende como positivas operações que possam ajudar a trazer mais transparência nos repasses, mas tem ressalvas. “Tudo continua como antes. Houve um pouco de transparência, mas ainda há repasses sem critério objetivo e sem autoria clara, escondida sob os nomes das lideranças dos partidos”, afirmou.

CEO da Nvidia é eleito ‘Pessoa do Ano’ pelo Financial Times por seu papel na revolução de IA

 Jensen Huang – Wikipédia, a enciclopédia livre

O Financial Times anunciou Jensen Huang como sua Pessoa do Ano, destacando o papel central do CEO da Nvidia na revolução da inteligência artificial (IA). Em entrevista ao jornal, Huang relembra o telefonema inesperado recebido em seu aniversário, do presidente americano, Donald Trump, que marcou o início de uma relação incomum entre o republicano e o engenheiro.

O FT afirma que está nomeando Huang como sua pessoa do ano “em razão do papel que ele desempenhou nessa transformação”, destacando que a Nvidia lidera um dos maiores ciclos de investimento privado da história. A companhia se tornou a mais valiosa do mundo, impulsionada pela demanda por chips que se tornaram “o ímpeto por trás da mania de IA”.

Huang afirmou ao jornal que vê a empresa no centro da “construção de uma indústria inteira que produz inteligência digital”. Sobre temores de bolha, diz ao FT: “Os investidores que de fato assinam os cheques são bastante disciplinados”.

Ellison perde US$ 31 bi com tombo da Oracle e cai para 3º no ranking de bilionários da Forbes

 

Após as ações da Oracle despencarem mais de 13% na véspera, o fundador e presidente executivo da empresa, Larry Ellison, amanheceu um pouco menos rico nesta sexta-feira, 12. Segundo a Forbes, a fortuna do bilionário diminuiu US$ 31 bilhões em um único dia, para US$ 249,5 bilhões. Ellison caiu para a terceira posição na lista de pessoas mais ricas do mundo elaborada pela revista.

Apenas três meses atrás, no começo do mês de setembro, Ellison chegou pela primeira vez ao topo da lista enquanto sua fortuna decolava, impulsionada por valorizações recordes em meio a corrida das empresas de inteligência artificial (IA). Agora, resultados decepcionantes levantam suspeitas entre os investidores de uma possível bolha no setor.

Na segunda posição do ranking, está o cofundador e ex-CEO do Google, Larry Page, com uma fortuna de US$ 256,7 bilhões. A empresa também sofreu revezes nesta semana por preocupações com seus investimentos em IA, porém atenuados devido a negócios consistentes em outras áreas e um menor endividamento. Já a primeira colocação está com Elon Musk, dono da Tesla, da SpaceX e de um patrimônio de US$ 491,8 bilhões.

Quem é Larry Ellison

Larry Ellison nasceu em 1944 em Nova York e foi criado por seus tios adotivos após abandonar a faculdade. No final dos anos 1960, mudou-se para a Califórnia e, em 1977, co-fundou a Software Development Laboratories (SDL). A inspiração para o principal produto da empresa, um sistema de banco de dados, veio de um modelo conceitual da IBM que Ellison adaptou.

A SDL foi rebatizada como Oracle em 1982 e rapidamente se tornou líder global em sistemas de gerenciamento de banco de dados. Sob sua liderança, a Oracle prosperou, transformando Ellison em um dos CEOs de tecnologia mais influentes da história, comparável a Bill Gates e Steve Jobs.

A crise da Oracle

A Oracle reportou resultados variados para o seu segundo trimestre fiscal na tarde da última quarta-feira, dia 10. O lucro por ação ajustado atingiu US$ 2,26, superando significativamente a estimativa de Wall Street de US$ 1,64. Contudo, essa alta foi em grande parte impulsionada pela venda da participação da Oracle na empresa de chips Ampere para a Softbank, um negócio que gerou US$ 2,7 bilhões.

Para intensificar sua disputa com gigantes do setor de tecnologia, como Amazon, Microsoft e Google, a Oracle tem investido pesado em computação em nuvem. A empresa fechou acordos importantes, incluindo uma parceria com a OpenAI, o que ajudou a impulsionar o valor de suas ações em quase 34% neste ano.

Apesar do sucesso em nuvem e do aumento no preço das ações, a estratégia da Oracle tem levantado preocupações entre os investidores. Os investimentos da empresa, que são financiados por dívidas, e a forte dependência da OpenAI geram temores de que a companhia esteja vulnerável em um cenário de “bolha de IA”.

Veja o atual ranking dos bilionários da Forbes

#NomePatrimônio (Atual)Variação (24h)Fonte da RiquezaPaís
1Elon MuskUS$ 491,9 bi▼ US$ 2,5 bi (-0,52%)Tesla, SpaceXEstados Unidos
2Larry PageUS$ 256,7 bi▼ US$ 5,8 bi (-2,24%)GoogleEstados Unidos
3Larry EllisonUS$ 249,5 bi▼ US$ 26,7 bi (-9,69%)OracleEstados Unidos
4Jeff BezosUS$ 241,9 bi▼ US$ 1,3 bi (-0,54%)AmazonEstados Unidos
5Sergey BrinUS$ 236,8 bi▼ US$ 5,4 bi (-2,24%)GoogleEstados Unidos
6Mark ZuckerbergUS$ 223,8 bi▲ US$ 874,7 mi (+0,39%)FacebookEstados Unidos
7Bernard Arnault & famíliaUS$ 187,7 bi▲ US$ 1,9 bi (+1,07%)LVMHFrança
8Jensen HuangUS$ 157,1 bi▼ US$ 2,4 bi (-1,53%)SemicondutoresEstados Unidos
9Michael DellUS$ 154,3 bi▼ US$ 1,8 bi (-1,20%)Dell TechnologiesEstados Unidos
10Steve BallmerUS$ 147,2 bi▲ US$ 1,2 bi (+0,85%)MicrosoftEstados Unidos

(*com informações de Reuters e Estadão Conteúdo)

Enel SP acumula falhas, multas e questionamentos; veja histórico da empresa

 

Após o vendaval que atingiu a cidade de São Paulo na quarta-feira, 10, com rajadas de até 98 km/h, mais de 800 mil unidades consumidoras na capital e região metropolitana seguiam sem energia nesta sexta-feira, 12. A Enel Distribuição São Paulo afirmou que o evento causou “danos severos à infraestrutura elétrica” e que será necessário reconstruir trechos da rede, sem informar prazo para a normalização do serviço.

A resposta da Enel SP à situação passou a ser acompanhada de perto por equipes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), que fiscalizam o cumprimento do plano de contingência e as providências adotadas após o vendaval. O apagão afetou comércio e serviços, que perderam ao menos R$ 1,54 bilhão em faturamento, segundo a FecomercioSP. A Enel afirmou ter mobilizado mais de 1,5 mil equipes e veículos ao longo da quarta-feira para atender os clientes.

Falhas recorrentes e multas

Os problemas no fornecimento não são isolados. Ao longo de 2025, episódios de chuvas intensas deixaram dezenas de milhares de imóveis sem energia em diferentes momentos em janeiro, fevereiro e março, principalmente nas zonas norte e oeste da capital e em municípios da região metropolitana.

Dados apresentados pela Aneel mostram que o tempo médio de atendimento a ocorrências emergenciais da Enel em São Paulo aumentou de 9,13 horas em 2019 para 12,21 horas em 2024, um acréscimo de cerca de três horas.

As falhas recorrentes renderam sanções. Em 2024, a Arsesp aplicou R$ 165,8 milhões em multas à Enel por problemas no fornecimento na Grande São Paulo, valor 4.116% maior do que o registrado em 2019. A concessionária afirma cumprir suas obrigações contratuais e regulatórias e sustenta que realiza “investimentos recordes” para modernizar a rede.

Ainda assim, o contrato virou alvo de questionamentos políticos e judiciais. Em outubro de 2025, a Justiça Federal suspendeu o processo administrativo de prorrogação antecipada da concessão, atendendo a pedido da Prefeitura de São Paulo.

Desde quando a Enel fornece energia em SP?

A Eletropaulo, antecessora da Enel no fornecimento de energia em São Paulo, foi fundada em 1981 e privatizada em 1999, quando o então governador do Estado, Mário Covas (PSDB), a incluiu no Programa Estadual de Desestatização (PED). Na privatização, a companhia foi dividida em quatro: Eletropaulo Metropolitana, Empresa Bandeirante de Energia (EDP Bandeirante), Empresa Paulista de Transmissão de Energia e Empresa Metropolitana de Águas e Energia (EMAE).

A Eletropaulo Metropolitana, responsável pela distribuição na Grande SP, foi adquirida por consórcio liderado pela AES Corporation. Após a compra pela AES de ações das outras empresas do consórcio em 2001, e outras mudanças de reestruturação societária em 2002, a AES assumiu a Eletropaulo – que passou a ser chamada de AES Eletropaulo até 2018.

A Enel Distribuição São Paulo entrou em cena em 2018, após a AES Eletropaulo ser comprada pelo Grupo Enel, multinacional italiana do setor elétrico. Em junho daquele ano, a Enel adquiriu 73,38% das ações da Eletropaulo por R$ 5,55 bilhões, em leilão realizado na B3.

À época, o governo estadual era comandado por Márcio França (PSB). O Estado não vendeu sua participação no processo porque os papéis estavam dados como garantia em outra operação financeira. Com a operação, a marca Eletropaulo deixou de existir, dando origem à Enel Distribuição São Paulo.

História da empresa italiana

O Grupo Enel foi fundado na Itália em 1962, inicialmente como estatal. A empresa passou por um processo de privatização nas décadas de 1990 e 2000 e hoje tem capital aberto, com ações negociadas nas bolsas de Milão e Nova York. O governo italiano mantém uma participação minoritária, de cerca de 23,6%. No Brasil, além de São Paulo, a Enel atua na distribuição de energia no Rio de Janeiro e no Ceará.

Somente em São Paulo, a concessionária atende 7,5 milhões de unidades consumidoras em 24 municípios da região metropolitana, sendo responsável por cerca de 70% da energia distribuída no Estado. Apesar do porte, a empresa acumula críticas de moradores, prefeitos e governos estadual e federal.

Nove dias antes do último blecaute, uma auditoria técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou que a Aneel avaliasse a possibilidade de intervenção federal na Enel, apontando o descumprimento de sete dos onze Planos de Resultados firmados e a baixa efetividade das punições, muitas delas travadas pela judicialização das multas.

Tarifaço pressiona indústria e EUA ‘não ganharam nada até agora’, diz presidente da Abimaq

 

A indústria brasileira de máquinas e equipamentos espera um desempenho mais tímido em 2026, com uma estimativa de crescimento da receita líquida de vendas em torno de 4%. A expectativa para este ano, revisada para baixo é de um crescimento de 6,1% pressionado pelo tarifaço.

Em entrevista à IstoÉ Dinheiro, o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, afirmou que o cenário é preocupante para a indústria brasileira e ressaltou que os Estados Unidos “não ganharam nada” com a ofensiva tarifária até agora.

Os Estados Unidos absorvem cerca de 26% das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos, o que representa aproximadamente 300 milhões de dólares por mês, segundo dados da Abimaq. O país é o principal mercado para a indústria nacional, que embarcou cerca de 3,5 bilhões de dólares em produtos no ano passado.

Mas, com as tarifas, o setor enfrenta prejuízos. Velloso explica que, no mês de setembro, houve uma queda de 13% no faturamento em relação a setembro do ano anterior. Em outubro, a queda foi de 42% em relação ao mesmo mês do ano passado. A projeção é de uma queda ainda maior em novembro.

O setor de máquinas e equipamentos deve enfrentar queda de 30% nas exportações para os Estados Unidos em 2025. Caso a taxação seja mantida, a tendência é de que as vendas ao país cheguem a zero em 2026.

“As exceções já foram dadas. Elas contemplaram os produtos que os Estados Unidos não produzem e aqueles que afetam diretamente o cálculo da inflação. Agora chegamos aos itens que ficam fora desse cálculo e onde temos concorrentes no mercado americano. Por isso é fundamental iniciar uma negociação comercial quanto antes”, aponta.

Otimismo cauteloso

O presidente da Abimaq avalia que a retirada de alguns itens da lista sujeita à tarifa de 40% já representa um avanço relevante.

“Estamos otimistas porque acreditamos que as negociações devem começar em breve. Os Estados Unidos têm interesse nisso. Veja: os EUA não ganharam nada com o tarifaço até agora. Eles não ampliaram acesso ao mercado e tampouco reduziram as tarifas, que seguem elevadas no Brasil”, disse.

Ainda assim, o fator tempo preocupa o setor, observa Velloso, que teme que a demora nas negociações amplie as perdas para a indústria. A expectativa é que um possível acordo só saia em 2026.

“Acreditamos que isso vai ficar lá para fevereiro, março do ano que vem, porque uma negociação dessas leva muito tempo, aproximadamente 90 dias. Então, daí vem o nosso receio, porque, nesse período, um produto industrial pode ser substituído por um concorrente. Uma vez substituído, a gente não consegue voltar”, disse.

Governo intensifica negociações

O vice-presidente Geraldo Alckim disse nesta semana que os trabalhos devem ser redobrados para reduzir a lista de produtos brasileiros afetados pelas tarifas.

Ele afirmou que atualmente, 22% dos produtos brasileiros exportados para os EUA seguem sujeitos às taxas mais elevadas (10% + 40%). Antes do anúncio de Trump na semana passada, eram 36%.

“O próximo passo é excluirmos mais produtos e reduzirmos a alíquota. Temos o desafio da manufatura: máquinas, motores, produtos industrializados, madeira, muita coisa mesmo. Alimentos ficaram de fora, o mel por exemplo. Então, o trabalho agora será continuar após esse anúncio”, disse.

Alckmin reiterou que as discussões com os Estados Unidos nas próximas semanas devem ir além das tarifas, incluindo temas como a importação brasileira de biocombustível americano, terras raras e investimentos ligados ao programa Redata, que incentiva a instalação de data centers no Brasil.

Veja como fica a situação das exportações brasileiras aos EUA

  •  Isentos de sobretaxa: 37,1% das exportações (US$ 15,7 bilhões)
  •  Total de exportações sujeitas a algum tipo de tarifa: 62,9%
  • Tarifa recíproca de 10%: 7,0% das exportações (US$ 2,9 bilhões)
  • Tarifa adicional de 40%: 3,8% das exportações (US$ 1,6 bilhão)
  • Tarifa combinada de 50% (10% de tarifa recíproca + 40% específica ao Brasil): 32,7% das exportações (US$ 13,8 bilhões)
  • Tarifa setorial de 50% (Seção 232): 11,9% das exportações (US$ 5 bilhões)
  • Isenção da tarifa de 40% condicionada à destinação para a aviação civil, instituída pela Ordem Executiva de julho: 7,5% das exportações (US$ 3,2 bilhões)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

BNDES aprovou R$ 16,18 bi em crédito a empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço dos EUA

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) informou nesta quinta-feira, 11, ter aprovado R$ 16,18 bilhões em crédito para empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos exportados pelo Brasil.

O montante aprovado significa um atendimento de 99,75% de todos os pedidos de crédito protocolados no banco de fomento desde 18 de setembro. A demanda total foi de R$ 16,22 bilhões.

Foram realizadas 1.131 operações de crédito, sendo 810 delas com micro, pequenas e médias empresas. O total aprovado inclui R$ 8,37 bilhões da linha Giro Diversificação, que fomenta a busca de novos mercados, R$ 7,48 bilhões para a linha Capital de Giro, voltada ao fomento a despesas gerais, e R$ 295,6 milhões para a linha Bens de Capital.

“Com agilidade e competência, o BNDES cumpriu a missão dada pelo presidente de Lula de apoiar as empresas exportadoras brasileiras e fornecedores diante das medidas tarifárias impostas de maneira unilateral e injustificada. O tempo para a aprovação do crédito no Brasil Soberano pelo BNDES foi de apenas 26 dias, sete vezes mais rápido do que a média. Uma atuação fundamental para garantir a manutenção dos empregos no Brasil”, relatou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, em nota distribuída à imprensa.

Segundo o banco de fomento, as aprovações somaram R$ 12,4 bilhões para a indústria de transformação, R$ 2 bilhões para o setor de comércio e serviços, R$ 1 bilhão para a agropecuária e R$ 203 milhões para a indústria extrativa.

O Estado de São Paulo concentrou a maior fatia de aprovações, com R$ 4,7 bilhões, seguido por Santa Catarina (R$ 2,3 bilhões), Rio Grande do Sul e Paraná (R$ 2 bilhões), Minas Gerais (R$ 1,1 bilhão) e Bahia (R$ 500 milhões).


JHSF faz ‘maior IPO do setor imobiliário’ e levanta R$ 5,2 bilhões em imóveis

 

A JHSF levantou R$ 5,2 bilhões em uma operação que já é o maior IPO de um fundo de investimento imobiliário (FII) e do setor como um todo na história do mercado de capitais brasileiro. A operação foi feita pelos bancos XP, Bradesco e Itaú, e a gestão do fundo ficará sob responsabilidade da JHSF Capital.

A incorporadora informa que a carteira do fundo é composta por produtos prontos ou em desenvolvimento da própria construtora. Entre os empreendimentos, estão os condomínios de luxo Boa Vista Village, Boa Vista Estates, Reserva Cidade Jardim, São Paulo Surf Club Residences e Fazenda Santa Helena.

O fundo não será negociado em bolsa de valores, mantendo-se como um fundo fechado. A JHSF irá deter participação correspondente a 24,9% das cotas.

“Uma estrutura de capital mais dinâmica ajuda a nos preparar para seguir crescendo de forma sustentável”, afirma José Auriemo Neto, presidente do Conselho de Administração da JHSF.

JHSF é construtora e financeira

Apesar de existir como construtora desde 1972, a JHSF Capital surgiu apenas em 2022, ou seja, há cerca de três anos. A gestora já conta com 18 fundos em atividade, como um FII composto pelos três shopping centers do grupo, que captou R$ 780 milhões.

Investimentos em Guarulhos e Congonhas devem somar R$ 8 bi, diz ministro Costa Filho

 Ministro de Portos e Aeroportos, Sílvio Costa Filho ...

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, disse que investimentos nos aeroportos de Guarulhos e de Congonhas, em São Paulo, somam mais de R$ 8 bilhões. Nesta quinta-feira, 11, o plano de investimentos do aeroporto internacional de Guarulhos foi anunciado, com um total de R$ 2,5 bilhões até 2029.

O montante inclui aportes públicos e das concessionárias dos aeroportos. O grupo Aena, que controla o Aeroporto de Congonhas, já anunciou em 2024 o investimento de R$ 2 bilhões para ampliação e modernização das instalações.

Em Guarulhos, há também R$ 1,8 bilhão direcionado para galpões nos terminais logísticos. O valor vem do programa Investe + Aeroportos, de acordo com o ministro.

Costa Filho disse ainda que o ministério montou um grupo de trabalho junto com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para acompanhar os eventos meteorológicos no Estado de São Paulo nos últimos dois dias. Foram mais de 110 voos cancelados no período por causa dos fortes ventos.

Weg compra indiana Sanelec Excitation Systems por US$ 5,2 milhões

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São Paulo, 11 – A Weg anunciou nesta quinta-feira, 11, que fechou a compra da Sanelec Excitation Systems, empresa indiana especializada na fabricação de reguladores de tensão e sistemas de excitação, e atual parceira exclusiva na Índia da Reivax, empresa do Grupo Weg. Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o negócio foi avaliado em US$ 5,2 milhões, valor a ser pago após a conclusão da transação, estando sujeito a ajustes de preços comuns a este tipo de operação.

De acordo com a Weg, a companhia foi fundada em 1998 na cidade de Bangalore, Karnataka, e é uma empresa especializada no projeto e fabricação de reguladores automáticos de tensão para geradores e motores elétricos síncronos, além de sistemas de controle de excitação para geração de energia.

A Sanelec conta com aproximadamente 40 colaboradores e apresentou uma receita operacional líquida de US$ 2,3 milhões em 2024, com uma margem Ebitda de 29%.

“A aquisição visa ampliar a presença da Reivax no mercado internacional, apoiando o atual portfólio de clientes e buscando aumentar sua participação no mercado de soluções de controle de geração de energia”, diz a Weg. “A conclusão da transação está sujeita ao cumprimento de determinadas condições precedentes, usuais neste tipo de operação.”

Patamar da Selic aumenta gastos do governo com juros e dívida pública, diz nº 2 de Haddad

 

O nível dos juros no Brasil tem elevado a dívida pública e é preciso que haja convergência entre as políticas fiscal e monetária, disse nesta quinta-feira o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, horas após o Banco Central manter postura dura, sem indicar quando cortará a taxa Selic.

Em evento sobre o arcabouço fiscal na Câmara dos Deputados, Durigan disse que a elevação da dívida pública tem menor relação com os resultados primários do governo, ressaltando que o impacto maior vem da política monetária, que aumenta o gasto do governo com pagamento de juros.

“Hoje, o crescimento da nossa dívida pública não se dá pelo crescimento do déficit primário, o resultado fiscal melhora ano a ano, desde 2023 até hoje. Agora, sem dúvida nenhuma, o patamar de juros no país tem gerado um endividamento maior”, afirmou.

BC sinaliza manutenção de juros em 15% por ‘tempo prolongado’

Na noite de quarta-feira, o BC decidiu manter a Selic em 15% ao ano, como esperado, mas afastou expectativa de parte dos analistas de que poderia indicar a possibilidade de um corte de juros em janeiro. A autarquia não sinalizou quando poderá iniciar um ciclo de flexibilização, reforçando que a manutenção desse nível de juros por período bastante prolongado é a estratégia adequada para levar a inflação à meta de 3%.

A dívida pública bruta do Brasil ficou em 78,6% do Produto Interno Bruto (PIB) em outubro, segundo dados do BC, com o gasto do governo com juros ficando em R$987,2 bilhões no período acumulado em 12 meses.

No evento, Durigan reconheceu que o governo terá no futuro o desafio de acomodar o ritmo de crescimento das despesas obrigatórias dentro do arcabouço fiscal, o que também contribuiria para a estabilização da dívida pública.

Para o secretário, um cenário de gastos desproporcionais “como muita gente da esquerda quer” não daria condição sustentável de crescimento para o país, enquanto um arrocho fiscal sem olhar para a população como defendido por “parte da centro-direita” também não daria certo.

“Por isso que nós estamos buscando um caminho do meio, que é o caminho que tem dado resultado para o país”, disse.

Arcabouço fiscal

O arcabouço fiscal limita o crescimento real das despesas do governo e vincula a alta dos gastos ao desempenho das receitas. O regramento em vigor desde 2023 também depende de ganhos de arrecadação.

Em linha com o argumento da equipe econômica de que o governo tem buscado uma recomposição da arrecadação, e não uma elevação pura da carga tributária, o secretário disse que o país deve registrar em 2026 o mesmo nível de receita de 2022, de 18,5% do PIB.

Sabesp supera metas de novas ligações e reforça plano de universalizar até 2029

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A Sabesp superou as metas de novas ligações de água e esgoto previstas para o ciclo 2024-2025, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira, 10. Com isso, a empresa reforça o plano de universalizar os serviços até 2029, quatro anos antes do prazo nacional. A mudança de cronograma foi uma das premissas centrais da privatização da companhia, concluída em julho do ano passado.

Até novembro, foram 645,7 mil novos acessos à rede de água e 762,6 mil à de esgoto, acima das metas de 435,8 mil e 588,4 mil, respectivamente. Os parâmetros estão estipulados no novo contrato firmado pelo governo paulista, por meio da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp).

“Esse resultado nos dá confiança de que entregaremos a universalização conforme pactuado um ano atrás”, afirmou o CEO da Sabesp, Carlos Piani, em entrevista à Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. “Sabemos que temos muito a melhorar e o final sempre vai ficando mais difícil, mas, se mantivermos esse ritmo, estaremos bem encaminhados”, complementou.

Para atingir a universalização, a Sabesp mira investir cerca de R$ 70 bilhões em obras. O montante inclui a instalação de mais de 10 mil quilômetros de novas tubulações para o abastecimento e outros 12 mil quilômetros de tubulações para a rede de esgoto.

Investimentos e oportunidades

Entre janeiro e setembro de 2025, foram R$ 10,4 bilhões aportados, alta de 150% ante igual período de 2024. O valor faz da companhia a quarta maior investidora da Bolsa, atrás de Petrobras, Vale e Localiza, segundo Piani.

Nesse cenário, o executivo destaca que, embora a empresa seja “extremamente rentável”, a geração de caixa operacional e a receita tarifária ainda não são suficientes para bancar sozinhas o atual ciclo de obras, o que tem aumentado a procura da empresa por instrumentos de crédito.

No mês passado, a Sabesp oficializou a liquidação de uma debênture corporativa no montante de R$ 5 bilhões, a maior já emitida pela companhia. Com essa captação, ultrapassou R$ 18 bilhões movimentados junto ao mercado em 2025, por meio de diferentes mecanismos de financiamento.

“Quando precisamos captar nessa magnitude, não podemos escolher um único instrumento. Abrimos todas as portas para usar o que estiver disponível no momento mais favorável”, disse. Entre os instrumentos, citou debêntures no mercado local, debêntures incentivadas, linhas setoriais como o Saneamento para Todos e emissões de bonds no exterior.

Piani afirmou ainda que os resultados do primeiro ano pós-privatização abrem espaço para avaliar oportunidades em outros estados, além de São Paulo. “Não temos nenhuma restrição, podemos olhar para fora se acharmos adequado. Mas nossa licença para isso é fazer um bom trabalho aqui”, disse.

Aumento tarifário

O avanço acelerado das obras também repercute na discussão tarifária. O tema ganhou força após a Sabesp anunciar, no início de dezembro, o primeiro reajuste desde a privatização. O aumento de 6,11%, válido a partir de 1º de janeiro de 2026, gerou críticas porque o governo estadual havia defendido, durante o processo de venda da companhia, que a operação não resultaria em alta de preços no curto prazo.

Piani lembra que, no ato da privatização, as tarifas foram reduzidas, cerca de 10% na tarifa social, 1% na residencial padrão e aproximadamente 0,5% nas demais categorias. Segundo ele, o reajuste agora anunciado ocorre em um momento em que os investimentos cresceram de forma acelerada para cumprir a meta de universalização antecipada, enquanto o reconhecimento desse custo na tarifa é gradual, como previsto nas regras regulatórias.

Para mitigar esse descompasso, ele destaca a criação, pelo governo paulista, do Fundo de Apoio à Universalização (FAUSP), abastecido com parte dos recursos obtidos na venda da companhia e com os dividendos da participação remanescente do Estado. O fundo, diz Piani, foi estruturado justamente para evitar um aumento maior neste período de obras intensificadas.

“O objetivo é garantir que a tarifa não suba mais do que se a Sabesp ainda fosse pública, mesmo com o aumento dos investimentos. Essa é a lógica do mecanismo”, explicou.

Quem é Henrique Braun, brasileiro que será o novo CEO da Coca-Cola global

 

Nesta quarta-feira, a Coca-Cola anunciou a nomeação do brasileiro Henrique Braun, executivo interno, como seu novo presidente-executivo, substituindo James Quincey, enquanto as empresas de alimentos tentam ajustar suas estratégias para consumidores que buscam bebidas e lanches mais saudáveis e acessíveis.

Braun, de 57 anos, assumirá o cargo de CEO da gigante de bebidas em 31 de março. Veja a íntegra do comunicado global da Coca-Cola.

O portfólio de bebidas sem açúcar da Coca-Cola, bem como suas linhas de produtos mais premium, como o leite Fairlife, tem mantido a empresa em melhor situação em um cenário de consumo instável, ao contrário de rivais como a PepsiCo.

Tanto Quincey quanto Braun ingressaram na empresa em 1996 e ocuparam cargos de liderança em todo o mundo na Coca-Cola.

Braun foi nomeado diretor de operações da Coca-Cola em janeiro, trazendo consigo experiência na empresa em áreas como cadeia de suprimentos, desenvolvimento de novos negócios e operações de engarrafamento.

Ele nasceu na Califórnia, mas foi criado no Brasil. Formado em engenharia agronômica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem mestrado em ciências pela Michigan State University e MBA pela Georgia State University. O executivo foi presidente da Coca-Cola Brasil entre 2016 e 2020 e progrediu em funções de crescente responsabilidade na América do Norte, Europa, América Latina e Ásia. Veja aqui o currículo.

“Vou me concentrar em dar continuidade ao impulso que construímos com nosso sistema. Trabalharemos para desbloquear o crescimento futuro em parceria com nossos engarrafadores”, disse Braun em comunicado.

Desafios

O preço das ações da Coca-Cola subiu quase 63% desde que Quincey, de 60 anos, assumiu o cargo de presidente-executivo em maio de 2017.

Quincey esteve à frente da empresa durante um período em que a fabricante de refrigerantes intensificou seu foco em bebidas sem açúcar e com baixas calorias, além de adicionar linhas de produtos como leite, água com gás, café e bebidas energéticas por meio de aquisições.

“Quincey estabeleceu um padrão elevado. Os investidores podem esperar que o novo presidente-executivo continue a renovar o portfólio de marcas”, disse Kimberly Forrest, diretora de investimentos da Bokeh Capital Partners.

O setor de bens de consumo passou por uma série de mudanças em cargos de alta direção este ano, à medida que as empresas se adaptam a um ambiente de consumo dividido, além de desafios operacionais e na cadeia de suprimentos devido às tarifas.

A Coca-Cola enfrenta vários desafios, incluindo a demanda morna por seus produtos nos Estados Unidos e na Europa, além do aumento do escrutínio dos clientes sobre seus ingredientes. Neste verão, após um incentivo do presidente americano, Donald Trump, a empresa declarou que lançaria uma versão de seu refrigerante tradicional com açúcar de cana-de-açúcar em vez de xarope de milho rico em frutose.

Por que mercado já não espera corte na Selic em janeiro mesmo com a inflação em queda

 

A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central (BC) de manter a taxa de juros em 15% ao ano na quarta-feira, 9, veio, mais uma vez, acompanhada do comentário de que o cenário uma política monetária “em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”.

Uma parte do mercado apostava em um corte já na próxima reunião, no final de janeiro do ano que vem, expectativa que foi reforçada após o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmar em um evento que a expressão não é “zerada” a cada nova reunião, já que ela aparece nos últimos comunicados, dando margem ao entendimento de que o ‘período bastante prolongado’ poderia estar chegando ao fim.

Essa aposta em janeiro também ganhou reforço com os dados mais recentes do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor – Amplo), índice que mede a inflação oficial do país. Na própria quarta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que o IPCA acumulou nos 12 meses até novembro alta de 4,46%. A taxa em 12 meses foi abaixo do teto da meta pela primeira vez em pouco mais de um ano.

Na medição anterior, o IPCA marcava 4,15% no ano e a 4,50% em 12 meses. Além disso, a mais recente pesquisa Focus do BC apontava a expectativa do mercado para a inflação diminuindo, com projeção de que o índice encerre este ano com alta de 4,40%. A meta é de 3% ao ano, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

A taxa de juros é a principal ferramenta de política monetária para controle da inflação. Em geral, patamar mais alto dos juros esfria a atividade econômica e reduz a trajetória de alta dos preços.

Mas o comunicado que acompanhou a decisão dessa quarta-feira reforça agora a aposta daqueles que apostavam no início do afrouxamento nos juros só partir da segunda reunião de 2026, em março. Em geral, analistas consideraram que o tom do Copom foi mais duro (hawkish) do que se esperava, já que a expectativa era de que o Copom deixasse já aberta a possibilidade de corte de juros para os próximos meses.

“Mas ele não fez isso. Pelo contrário. Esse tom duro joga para março a possibilidade de corte. Isso faz com que aquela chance de cortar os juros na próxima reunião de janeiro, fique descartada. Primeiro o Comitê vai ter que, na reunião de janeiro, precisar ajustar o discurso, e vai ter que justificar essa possibilidade de corte de juros para mais para frente, para março”, afirma Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.

Outro ponto está na avaliação do Comitê sobre o cenário doméstico, principalmente a inflação, que ainda segue resiliente no setor de serviços. Apesar de reconhecer que a inflação cheia recuou, o grupo pontua que o IPCA, índice oficial que mede a inflação do país, ainda segue acima do centro da meta, que é de 3%, podendo atingir até 4,5% em 12 meses.

“A meta não é a banda superior. A banda foi feita para que, dado que (a inflação) oferece flutuações… criou-se um ‘buffer’ para amortecer eventuais flutuações. Mas de maneira nenhuma a meta é de 4,5%”, afirmou Galípolo durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no final de novembro. “Tenho que perseguir uma meta de inflação de 3%”, reforçou o chefe do BC.

“Por mais que exista o reconhecimento de um avanço no arrefecimento da atividade, na queda da inflação, a estratégia do Banco Central permanece a mesma. Existe um reconhecimento de que as coisas estão acontecendo na direção necessária. A nossa conclusão é de que a comunicação do BC vai na direção de que cortes de juros somente a partir de março de 2026”, diz Rafael Cardoso, economista-chefe do Daycoval.

Detalhes da comunicação

Os analistas também apontaram para ‘ajustes marginais’ no texto do comunicado em relação ao anterior, mas que, apesar de mudanças sutis, passam informações importantes para a leitura sobre as considerações do Comitê.

“Houve ajustes marginais na sinalização, com a introdução da noção de ‘integral’ ao falar em ‘estratégia em curso’, e a troca de ‘suficiente’ por ‘adequada’, o que sugere maior confiança na estratégia [de juros mais elevados]”, aponta Natalie Victal, economista-chefe da SulAmerica Investimentos.

“A substituição do termo ‘suficiente’ por ‘adequada’ não é trivial, reforça José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos. “Na reunião anterior, o Comitê entendia que 15% era suficiente. Agora, considera que este é o nível que deve ser mantido — o patamar adequado — sem sugerir a necessidade de elevação adicional. O balanço de riscos foi reiterado integralmente, sem qualquer alteração, mantendo a avaliação que sustenta a taxa de juros em 15% ao ano”, afirma.

Para Camargo, o tom geral do comunicado é firme e indica, “com clareza”, que é muito pouco provável que o processo de redução da taxa de juros tenha início em janeiro. “Como não houve qualquer indicação nesse sentido, o cenário mais provável é de que o ciclo possa começar em março — desde que, em janeiro, o Comitê dê sinais de que essa será a data adequada”.

O que diz quem pensa diferente

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitoria, diverge dos pares quando podem começar os cortes, assim como a economista do BTG Pactual, Iana Ferrão, e veem a possibilidade já na próxima reunião em janeiro.

“O Comitê tem reiterado que a decisão de janeiro será orientada pelo conjunto de dados a ser divulgado até lá. Nosso cenário prospectivo contempla continuidade da desaceleração da atividade [econômica], já evidente nos segmentos mais cíclicos, bem como moderação adicional do mercado de trabalho e dos núcleos de inflação. Nesse contexto, entendemos que as condições para o início da flexibilização estarão dadas em janeiro de 2026”, diz Ferrão.

Rafaela Vitoria, do Inter, também mantém a expectativa de início da flexibilização a partir de janeiro de 2026, mas condicionada a uma evolução positiva do cenário, que seria de nova queda da inflação nos próximos meses. “Com a atividade desacelerando, deve resultar em novas revisões de baixa das expectativas e abrir espaço para o início dos cortes no começo de 2026.”

Leia a íntegra do comunicado do Copom

O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores segue apresentando, conforme esperado, trajetória de moderação no crescimento da atividade econômica, como observado na última divulgação do PIB, enquanto o mercado de trabalho mostra resiliência. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes seguiram apresentando algum arrefecimento, mas mantiveram-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,4% e 4,2%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o segundo trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,2% no cenário de referência (Tabela 1).

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.