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Em grave crise de segurança pública, o
México há tempos deixou de frequentar o noticiário econômico. Passada a
euforia do início da década de 90, no período de Carlos Salinas de
Gortari – depois, abatido politicamente por várias denúncias de
corrupção -, o país entrou num ciclo de incertezas, amplificadas por
mais uma grave crise financeira.
O fortalecimento da China
atraiu linhas de montagens que o Nafta havia levado para a fronteira
mexicana com os Estados Unidos, e o país estacionou, enquanto o Brasil,
impulsionado pela estabilização econômica do Real, ganhou grande força.
Agora, por uma trapaça das conjunturas
históricas dos dois países, as situações se invertem: o México renasce –
apesar dos problemas de segurança – e o Brasil rateia no esgotamento
dos efeitos positivos das reformas da Era FH e não consegue criar
condições para outro salto.
O elemento catalizador desta nova fase
mexicana tem sido o recém-empossado presidente, o jovem Peña Nieto, de
46 anos, eleito pelo velho PRI, mas com uma agenda animadora de governo,
por reformista. E assumiu com grande trunfo: um documento, “Pacto pelo
México”, com as reformas, assinado também pelos partidos de oposição. É
como se fosse FH em 1995, sem um PT para mover-lhe dura oposição. O
entendimento se reflete na composição da equipe de governo, em que há
representantes de várias correntes.
Estão na mira de Nieto mudanças para dar flexibilidade à economia:
o fim de monopólios, como o das telecomunicações e energia,
revitalização da Pemex (a petroleira estatal), inspirada no que foi
feito com a Petrobras (pré-PT); reforma tributária, na Educação, etc.
Ajuda o plano de governo de Peña Nieto o fato de a economia do México já se encontrar em boa fase. Somada ao mau momento da economia brasileira, esta circunstância chama ainda mais a atenção dos investidores para o país.
Os números mexicanos são de causar inveja a brasileiros: a economia
cresceu algo na faixa dos 4% no ano passado – o dobro da média
verificada na última década -, com uma inflação também no nível dos 4%.
Para comparar: o Brasil sai de 2012 com um “pibinho” no nível de 1% de
expansão, uma inflação já próxima dos 6% e lépida.
Mesmo com juros de 4,5% (7,25% no
Brasil), o mercado financeiro do México, segundo o “Financial Times”,
atraiu, nos primeiros nove meses de 2012, US$ 57 bilhões, mais que cinco
vezes o fluxo para o Brasil. (O Brasil, registre-se, procurou afastar
este dinheiro, devido ao câmbio, mas não deixa de ser um dado para análise).
O jornal inglês chama o México de um
“Tigre Asteca” que sai “da sombra do Brasil”. A considerar que o governo
brasileiro tem assustado os investidores com ações intervencionistas e
se aliado no continente a bolivarianos chavistas, enquanto o México se
junta, além dos EUA, ao Chile, à Colômbia e ao Peru, para abrir-se ainda
mais ao exterior, a diferença entre os dois países tende a ficar mais
nítida. Em prejuízo do Brasil.
O Globo