LOS ANGELES - Empresas de tecnologia de capital fechado conduzidas por mulheres são mais eficientes financeiramente, alcançam retorno sobre investimento 35% maior e, quando recebem aporte de capital, trazem ganhos 12% superiores em comparação às companhias que têm donos homens. Isso segundo uma nova pesquisa apresentada recentemente em uma conferência em São Francisco, organizada pela Women 2.0, uma empresa de mídia dedicada a mulheres fundadoras de negócios no setor de tecnologia. Isso indica que empreendedoras, que tradicionalmente ficam atrás de seus pares homens, estão se superando, pelo menos em alguns indicadores.
Conduzido por Vivek Wadhwa, que têm diplomas em Stanford e Duke, e Lesa Mitchell, vice-presidente da Kauffman Foundation, o estudo "Women in Technology: Evolving, Ready to Save the World” foi feito com respostas de uma pesquisa on-line com 500 mulheres no setor de tecnologia (dentro e fora dos Estados Unidos) e está agendado para ser publicado nos próximos meses.
A pesquisa mostra que a idade média das mulheres empreendedoras fundadoras de empresas de tecnologia caiu de 41 para 32 anos, comparando com dados de um estudo menor feito em 2009, e que a porcentagem das que têm nível superior aumentou, de 40% para 56%. As descobertas sobre as contribuições das mulheres para o sucesso reforçam pesquisas anteriores de fontes diversas, incluindo um relatório do Instituto de Pesquisa Credit Suisse e uma análise da Dow Jones VentureSource.
No evento, Wadhwa falou sobre as disparidades de gênero e raça no Vale do Silício, observando que as mulheres agora ficam com mais de 50% dos títulos de bacharelado e mestrado e cerca de metade dos de doutorado. Ainda assim, elas começam apenas 3% das empresas de tecnologia e quase não estão presentes nas equipes de gestores, fora posições em marketing e direito.
Ele conseguiu muitos aplausos das cerca de mil mulheres (e alguns poucos homens), entre 21 e 45 anos de idade, presentes na plateia. Suas descobertas, incluindo os fatos que 33% das empreendedoras de tecnologia enfrentam "atitudes desdenhosas" de seus colegas e que 15% afirmam ter suas habilidades questionadas, surgiram em uma apresentação que ele condenou "moleques arrogantes" - homens, claro - obtendo investimento de fundos para "aplicativos bobos de mídias sociais" de investidores que esperam que eles sejam o próximo Mark Zuckerberg.
Em contraste, ele encorajou fundadoras mulheres a colocar seus pontos de vista em problemas internacionais maiores, como a melhoria do sistema de saúde, a entrega de água limpa e a reunião de dados da internet para melhorar a educação e tirar as pessoas da pobreza. A vencedora do concurso de "pitch" (apresentação direcionada aos investidores) que ocorreu no evento da Women 2.0, Lesley Marincola, administra a Angaza Design, uma empresa de Palo Alto, na Califórnia, que distribui sistemas de energia solar na África.
Os dados de Wadhwa, os quais ele diz ainda estar refinando e espera usar como parte de um livro de diversas fontes, seguem um estudo de janeiro de 2013 que analisou dados do censo dos Estados Unidos sobre mulheres donas de negócios com mais de US$ 10 milhões em faturamento. O estudo, organizado pela American Express OPEN, mostra que o crescimento em negócios abertos por mulheres com mais de US$ 10 milhões em faturamento é 47% maior do que de todas as empresas com o mesmo faturamento - entram aqui as fundadas por qualquer gênero.
O robusto crescimento dessas 12.700 companhias surpreendeu a autora do estudo, Julie Weeks. "Isso vem acontecendo sob nossos narizes, mas porque os dados específicos não haviam sido estudados antes, nós não sabíamos disso", ela diz.
(Bloomberg Businessweek)