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Atuação: Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Dura 7 horas reunião de Dilma e Cristina sobre agenda econômica bilateral
Vale acompanha, nos EUA, investigação de corrupção supostamente praticada por sócio
Executivos
da brasileira Vale disseram nesta quinta-feira (25/4) estarem confiantes de que
nada de ilegal foi praticado pela empresa.
O
conselheiro legal da Vale, Clóvis Torres, afirmou que a companhia foi
surpreendida pela investigação, iniciada em terras americanas porque
envolve residentes no país que podem ter levado para os EUA recursos
adquiridos de forma ilegal no exterior.
Segundo Torres, o governo da Guiné provocou o assunto e houve mandados de prisão emitidos nos EUA.
Ele disse que a Vale foi intimada pela Justiça americana e está reunindo documentos pedidos para enviar ao Departamento de Justiça daquele país, que atua no caso juntamente com o FBI.
“Estamos à disposição para colaborar”.
Documentos submetidos a um tribunal federal dos EUA em Nova York relatam que Frederic Cilins, ligado a empresa BSG Resources, parceira da Vale na Guiné, ofereceu subornos para garantir os direitos de mineração para a concessão de Simandou, totalmente detida pela Rio Tinto até 2008.
A BSG Resources e a Vale detêm a concessão de lavra para a metade de Simandou, uma das maiores descobertas do mundo de minério de ferro, mas o trabalho foi suspenso no ano passado depois que o governo começou a rever a licença do projeto.
A BSG, controlada pelo bilionário Beny Steinmetz, tem repetidamente negado as acusações do governo da Guiné, de que pagou subornos para obter os seus direitos de mineração e disse que Cilins não era um empregado.
A Vale procurou se distanciar de seu parceiro, dizendo que não tinha conhecimento das ações Cilins e não teve nenhuma participação em quaisquer ações tomadas pelo Grupo BSG em conexão com a atribuição da concessão Simandou.
A empresa vendeu à Vale uma participação de 51% da concessão em 2010 por US$ 2,5 bilhões, mas apenas US$ 500 milhões foram pagos.
A Vale se negou a pagar o restante recentemente, argumentando que as metas de desenvolvimento do projeto não foram cumpridas.
Fonte:
redação, com agências
Advogada aconselha importadoras entrarem com ação sobre ICMS
No
dia 20 de março, o Plenário do Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade
de incidência de ICMS na base de cálculo da PIS e Cofins em operações de
importação.
A regra está contida no artigo 7º, segunda parte do inciso I, da Lei 10.865/2004.
A advogada Priscila Dalcomuni, do Martinelli Advocacia Empresarial, explica que com esta decisão o contribuinte passará a recolher o PIS e a Cofins na importação com a base de cálculo reduzida, ou seja, apenas o valor aduaneiro, sem a soma expressiva que representava os tributos.
Para que as empresas consigam se beneficiar com o resultado do julgamento, a advogada recomenda que entrem com ação na Justiça.
“Como já era de se esperar, a Fazenda Nacional pleiteou a modulação dos efeitos desse julgamento tendo em vista os valores envolvidos na causa que, segundo ela, giram em torno de R$ 34 bilhões.
Porém,
foi decidido que eventual modulação só poderá ocorrer na ocasião da análise de
eventuais embargos de declaração, certamente serão protocolados pela
Fazenda Nacional nos próximos dias. Portanto, o contribuinte que ainda não
questionou a famigerada base de cálculo do PIS e da Cofins na importação
tem mais alguns dias para ajuizar a medida judicial, sob pena de, em não o
fazendo, perder a oportunidade de se beneficiar do atual julgado.”
Ela
salienta ainda que os contribuintes que são tributados sobre o lucro real, o
valor de Pis/Cofins recolhido na importação gera crédito e, portanto, a
redução da base de cálculo representa benefício
financeiro, pois o desembolso no momento do pagamento das exações será menor.
De acordo com
Priscila, para os contribuintes
tributados sobre lucro presumido, o Pis/Cofins na operação de
importação não pode ser compensado, de forma que uma eventual redução
representa um grande benefício.
Revista Consultor Jurídico, 23 de abril de 2013
TÍMIDO AVANÇO NA DESBUROCRATIZAÇÃO DO VISTO DE TRABALHO
Emissão de visto temporário de curta duração fica mais simples para
trabalhadores estrangeiros. Interessados em vir ao Brasil para prestar
serviço de assistência técnica ou transferência de tecnologia podem
solicitar a documentação.
O trabalhador estrangeiro que pretende vir ao Brasil para transferir
tecnologia ou prestar serviço de assistência técnica e que não tenha
vínculo empregatício com qualquer empresa brasileira poderá ter o visto
temporário concedido desde que sua estada no País não ultrapasse 90
dias.
A Resolução Normativa nº 100
do Conselho Nacional de Imigração (CNIg), publicada nesta quarta-feira
(24/04/2013) no Diário Oficial da União, passa a valer em 9 de maio e
simplifica a emissão de visto temporário para este tipo de profissional.
Agora, o estrangeiro que vier ao Brasil para transferência de
tecnologia ou prestar serviço de assistência técnica por até três meses
passa a ser enquadrado no inciso V do artigo 13 (que define a quem pode
ser concedido o documento) da Lei nº 6.815.
“Na verdade estamos fazendo uma grande reavaliação dos procedimentos
de vistos de trabalho. O CNIg criou uma comissão especial que está
avaliando a atual política de imigração, normas e regras para emissão de
vistos no trabalho no Brasil. A ideia dessa comissão é verificar pontos
para que a atual legislação possa ser simplificada, para que os
tramites sejam simples, rápidos e com baixa burocracia”, explica o
presidente do Conselho Nacional de Imigração, Paulo Sérgio de Almeida.
Apesar de não exigir o vínculo empregatício com empresa nacional, o
documento só é concedido para os casos em que exista um contrato, acordo
de cooperação ou convênio firmado entre a pessoa jurídica brasileira e a
pessoa jurídica estrangeira.
A prorrogação deste visto temporário e a sua transformação em
permanente é vedada pela legislação. Além disso, a documentação será
cedida uma única vez a cada período de 180 dias para o mesmo cidadão
estrangeiro.
Os pedidos de vistos devem ser realizados nos consulados brasileiros
no exterior sem a necessidade de tramitação do Ministério do Trabalho e
Emprego. A expectativa é a de que o processo de emissão do visto fique
de 10 a 15 dias mais rápido sem a necessidade do trâmite pelo
ministério.
A solicitação do documento é feita pela empresa brasileira que irá
contratar os serviços do trabalhador estrangeiro ligado a uma empresa
fora do Brasil. Para isso, ela deve apresentar carta-convite atestando o
vínculo entre o estrangeiro e o serviço a ser prestado no Brasil e a
sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).
Caso existam indícios de substituição de mão-de-obra nacional, o
Ministério do Trabalho e Emprego pode solicitar ao Ministério da Justiça
o cancelamento do visto. O mesmo pode ocorrer caso venha a existir uma
relação de emprego formal entre trabalhador estrangeiro e a empresa
brasileira.
“O profissional (estrangeiro) tem um outro conhecimento e ele pode
trazer informações importantes. Ainda que não haja obrigatoriedade de
apresentar um treinamento, é comum que exista uma absorção de
conhecimento por parte dos brasileiros. Esta nova regra viabiliza
investimentos por parte das empresas, como aquisição de máquinas e
equipamentos do exterior e ao mesmo tempo aumenta o intercâmbio de
experiências”, avalia Almeida.
O trâmite, porém, não muda para o profissional estrangeiro que irá
passar mais de 90 dias em território brasileiro. A empresa brasileira
precisa enviar a documentação básica para o Ministério do Trabalho e
Emprego, como a comprovação de contrato de prestação de serviço, da
experiência profissional mínima de 3 anos do profissional e plano de
treinamento para que o estrangeiro transfira conhecimento para seus
pares brasileiros.
Menos burocracia
Desde 2009, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 5.655
que pretende atualizar a legislação vigente sobre imigração. Até a sua
votação, o CNIg tem feito estudos para implantar medidas de
simplificação do processo de concessão de vistos, como o envio de
documentação pela internet (espera-se que o sistema seja implementado
até o fim do primeiro semestre de 2013) e a desoneração do envio de
documentação obrigatória.
“Queremos que todos os pedidos de vistos que entrem no Ministério do
Trabalho e Emprego sejam feitos diretamente pela internet, sem a
necessidade de envio de documento físico. Estamos avaliando também se os
documentos que são pedidos são realmente necessários. Existe hoje a
regra de que todo o documento tem de passar por tradução juramentada e
ser legalizado pela embaixada. Vamos tentar simplificar um pouco mais
para baixar a carga documental”, explica o presidente do CNIg.
(Portal Brasil – 24/04/2013)
ESTRANGEIRO TIPO IMPORTAÇÃO
Onda Local (Canadá e Eslováquia) – Uma namorada
brasileira foi a responsável por convencer Simon Croisetiere a se mudar
para São Paulo, em 2009. Mas o canadense de 33 anos já estava de olho em
outras características da cultura nacional. “Sabia que havia muitas
oportunidades para empreendedores na área de internet”, diz.
Há dois anos, Croisetiere conheceu Peter Propper, 29 anos, um
eslovaco que buscava novos negócios. Juntos fundaram a OndaLocal,
startup especializada em marketing digital para pequenas e médias
empresas.
“Nosso objetivo é aumentar o número de clientes dessas empresas, ao
melhorar seu posicionamento no Google, ajudar a comprar anúncios no
Facebook e em classificados online”, diz Croisetiere. A OndaLocal também
desenvolve ferramentas, como serviços de métrica para monitorar e-mails
e ligações.
Lançada em novembro de 2012, a empresa recebeu investimentos do fundo
Mountain do Brasil e planeja fechar o ano com 1,5 mil clientes. Fora do
escritório, as coisas também parecem dar certo. “Adoro os brasileiros.
Na Eslováquia, as pessoas são mais frias”, diz Propper. “Só achei
difícil acostumar com a falta de pontualidade. Nada no Brasil começa na
hora marcada.”
Itaro (Alemanha) – O alemão Jan Riehle, 34 anos,
desembarcou no Brasil em 2011, contratado para intermediar as
negociações entre investidores europeus e as operações brasileiras dos
sites de e-commerce clickOn e Brandsclub.
Quando as empresas foram vendidas, ele decidiu ficar e investir.
Escolheu um nicho, o de automóveis, e desde novembro Riehle comanda a
Itaro, um serviço de comércio eletrônico de acessórios e peças para
carros. O modelo é inspirado em uma fórmula consagrada na Europa, mas a
empresa começou a testar alguns novos serviços em São Paulo.
“Ao comprar um pneu, por exemplo, o cliente escolhe para qual das 300
oficinas cadastradas ele deve ser enviado e já agenda um horário”, diz
Riehle. Seu ambicioso plano de fundar uma empresa bilionária começou
bem. A Itaro espera faturar 10 milhões de reais no primeiro ano.
“O Brasil valoriza muito os gringos”, afirma Riehle em bom português,
mas ainda com forte sotaque. “A penetração da internet está crescendo e
o país, mesmo sendo muito grande, possui uma única língua.”
Isso é um diferencial importante, segundo Riehle, em relação às
centenas de idiomas falados em outros mercados também em expansão, como
os de Índia e China. “Vários amigos me perguntam se devem vir para o
Brasil. Digo que sim, porque eu, por enquanto, não tenho planos de ir
embora.”
Sophie & Juliete (Liechtenstein) – Fluente em
inglês, espanhol, alemão, francês e português, Ronald Beigl não tem
problemas quando precisa explicar, em qualquer idioma, porque deixou uma
grande empresa internacional de consultoria para trabalhar com joias no
Brasil. “Sempre quis empreender e sempre gostei de moda”, diz Beigl.
Ao lado da sócia brasileira, Camila Souza, ele comanda, desde 2012, a
Sophie & Juliete, uma empresa de venda direta de colares, pulseiras
e anéis voltada para mulheres das classes A e B. O conceito é um
upgrade do tradicional modelo de catálogos de empresas como Avon e
Natura. As revendedoras, chamadas estilistas, organizam reuniões com
amigas para apresentar as peças da coleção, mas usam a internet para
finalizar a venda e solicitar a entrega das peças na casa das clientes.
“Todas as vendedoras possuem uma página no nosso site e ganham uma
comissão pelas vendas online”, diz Beigl.
Nascido em Liechtenstein, pequeno país de 36 mil habitantes vizinho
da Áustria, Beigl veio ao Brasil pela primeira vez em 2004, para um
intercâmbio da faculdade. Cinco anos depois, já trabalhando na Suíça,
foi enviado temporariamente a São Paulo e não voltou mais.
O nome Sophie & Juliete foi escolhido após muita pesquisa. “As
grandes marcas de moda têm nomes duplos. Escolhemos Sofia, que significa
sabedoria, e Julieta, da história com Romeu”, diz Beigl. Até agora, a
combinação deu certo. A empresa atraiu 7 milhões de reais em
investimentos e já tem mais de 500 revendedoras em todos os estados do
Brasil.
Emprego Ligado (Estados Unidos) – O jeitão de
surfista californiano esconde a verdadeira identidade de Nathan Dee. Aos
32 anos, ele tem no currículo várias passagens por escritórios de
advocacia em Nova York, onde cabelo comprido e tênis eram vetados.
Hoje, em um clima bem mais descontraído, Dee e seus sócios tocam a
Emprego Ligado, startup fundada em 2012 para recrutamento de vagas por
SMS. “O foco é mão de obra em larga escala, para supermercados e
empresas de telemarketing, por exemplo”, diz Dee. O service é gratuito
para o candidato, que se cadastral e recebe, por mensagem de texto,
notificações de vagas próximas à sua residência.
“Viemos para o Brasil porque o momento econômico do país é
favorável”, diz Derek Fears que, ao lado de Jacob Rosenbloom, completa o
trio de fundadores da startup. Para morar no país, os amigos, que se
conheceram na Universidade Stanford, rasparam as economias e colocaram
dinheiro suficiente para conseguir um visto de investidor.
Em 2012, foram concedidos 8 340 vistos desse tipo pelo governo
brasileiro, um aumento de 40% em relação a 2011, com 286 milhões de
reais injetados por estrangeiros em empresas no Brasil. Sobre a
burocracia para abrir uma startup no país, reclamação de todo
empreendedor, Fears diz: “É chato, mas serve como filtro para mostrar
quem está realmente interessado no país”.
Pitzi (Estados Unidos) – Em 2010, o americano Daniel
Hatkof desembarcou em SãoPaulo. Veio com a missão de entender o mercado
e a cultura locais, a pedido de um fundo de investimentos.
Não foi preciso muito tempo para que Hatkof, 29 anos, tivesse um
insight curioso sobre o mercado brasileiro de telefonia móvel. “Como os
celulares são caríssimos, as pessoas parecem ter medo de usá- los”, diz.
Pensando nisso, fundou o Pitzi, um serviço de assistência técnica para
celulares.
Lançado no ano passado em São Paulo, o serviço já chegou a Minas
Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Com mensalidades que
variam de 5 a 30 reais, a empresa promete consertar qualquer problema
de software ou hardware em até três dias. Os aparelhos vão e voltam das
oficinas credenciadas levados por motoboys ou Sedex.
O único problema não coberto é tela quebrada. “Mas como trabalhamos
com os fabricantes, conseguimos cobrar no máximo 75 reais pela troca da
tela”, diz Hatkoff. A Pitzi funciona em um casarão reformado perto da
Avenida Faria Lima, na Zona Oeste de São Paulo. O local é espaço de
trabalho de uma dezena de startups, como a Emprego Ligado. “O clima é
ótimo.
Decidimos muita coisa jogando pinguepongue”, diz Hatkof. Em breve, a
área de lazer deve ganhar TV, videogames e, quem sabe, instrumentos
musicais. Antes de se formar em economia, Hatkoff estudou música e,
acredite se quiser, tornou-se especialista em oboé.
Paula Rothman
(InfoExame – 25/04/2013)
quinta-feira, 25 de abril de 2013
GOVERNO DEFINE META, MAS NÃO A ESTRATÉGIA PARA ATRAIR IMIGRANTES
Uma nova estratégia de “atração de cérebros” poderá trazer cerca de 6
milhões de profissionais estrangeiros para o Brasil nos próximos anos,
segundo a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) do governo.
Com o auxílio de grupos de especialistas e consultorias de mercado, a
secretaria quer desenvolver uma política de atração de profissionais – o
número, no entanto, não inclui imigrantes de baixa qualificação e, sim,
profissionais altamente qualificados que possam atender a demanda atual
da economia brasileira.
“Imigrantes qualificados são o foco do esforço. Não é uma política
geral de imigração, é uma estratégia de atração de cérebros.”, disse o
ministro-chefe interino da SAE Marcelo Neri à BBC Brasil. A proposta
deve chegar à presidente Dilma Roussef nos próximos 40 dias.
Neri afirmou que a estimativa de 6 milhões foi feita considerando
levantamentos de uma comissão de especialistas e de pesquisas com as
empresas e o público em geral.
Segundo Neri, o Brasil é um dos países com a menor proporção de
imigrantes na população, o que reflete “um fechamento do país ao fluxo
de pessoas”. Os estrangeiros representam hoje 0,2% da população. Com a
adição de seis milhões nos próximos anos, este percentual subiria para
cerca de 3%.
“O Brasil é muito fechado para imigrantes, mesmo em relação à América Latina que já não é tão aberta para estrangeiros.”
Para Neri, esse “fechamento” deve ser revertido para responder à
demanda crescente por profissionais altamente qualificados,
especialmente na áreas de engenharia e saúde.
No entanto, sindicatos nacionais temem que trazer mão de obra de fora
prejudique a força de trabalho doméstica – que, de acordo com eles, é
suficiente em termos numéricos, mas precisa de valorização e melhor
qualificação.
Neri afirma que a nova estratégia “leva em conta a necessidade atual
de mão de obra qualificada, mas mantém o cuidado com o trabalhador
brasileiro”.
“Não é uma abertura de porteira. Trazer profissionais altamente
qualificados cria associações mais fortes, cria mais massa crítica, se
aprende muito com outros profissionais.”
‘Apagão de mão de obra’
A expressão “apagão de mão de obra” é usada com frequência por
analistas de mercado nos últimos anos para se referir a uma suposta
escassez de profissionais altamente qualificados no Brasil.
De acordo com a Pesquisa de Escassez de Talentos (2012) da
consultoria internacional Manpower Group, o Brasil é o segundo país do
mundo em dificuldade para preencher vagas, atrás apenas do Japão. A
falta de candidatos disponíveis e a falta de especialização são
apontadas por empresários como as duas principais razões do problema.
Mas, em 2011, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) negou a existência de um “apagão” no topo da pirâmide de
profissionais brasileiros.
“O verdadeiro apagão de mão de obra está na base, na mão de obra
pouco qualificada, que é onde os salários estão subindo mais”, diz o
ministro Marcelo Neri, que é também o presidente do Ipea.
O ministro, no entanto, afirma que nos últimos anos algumas áreas de
especialidade começaram a dar sinais de que a oferta de profissionais
domésticos não seria suficiente para atender ao mercado em crescimento
do país.
“(Entre os profissionais qualificados) você não tem um apagão
completo, mas você tem áreas mais sombreadas do que outras. O fato é que
o mercado de trabalho em 2012 e 2013 se aproxima do que se pode chamar
de um apagão. A luz ficou mais fraca.”
Um levantamento da Brasil Investimentos e Negócios (Brain) –
consultoria que realiza pesquisas sobre a inserção do Brasil no mercado
internacional e colabora com a SAE – afirma que medicina, engenharia
civil, engenharia química e arquitetura são éreas em que o país precisa
de mais profissionais do que os disponíveis.
“Independentemente da política realizada para a educação, não vamos
ter resultados imediados. O resultado de políticas públicas acontece em
duas ou três gerações”, diz André Luiz Sacconato, analista da Brain.
“Existe um buraco entre os resultados de políticas e o que o Brasil
necessita hoje. Os imigrantes viriam para suprir essa lacuna.”
Outro benefício, de acordo com a Brain, são os empregos criados a
partir da importação de profissionais. Cada profissional estrangeiro
empregado no Brasil poderia gerar entre 1,3 e 4,6 empregos para
brasileiros.
“Temos claramente obras paradas porque não tem engenheiro civil.
Quando se coloca um engenheiro civil lá, se gera emprego para mestres de
obras e outros. Isso é bom para a economia”, afirma Sacconato. “É algo
complicado, vai mexer com sindicatos e associações de classe. Mas não
queremos tirar o emprego de ninguém, são empregos complementares.”
Discordâncias
Atualmente, segundo o Ministério do Trabalho e consultorias, a maior
parte dos estrangeiros que obtém o visto de trabalho brasileiro são
profissionais qualificados para as indústrias de extração de petróleo e
construção civil – especialmente obras de infraestrutura.
Mas o presidente da Federação Nacional dos Engenheiros, Murilo
Pinheiro, questiona que haja falta de engenheiros locais para atender à
demanda.
“A demanda por profissionais nessas áreas realmente aumentou, mas não
está faltando. Se for preciso trazer um engenheiro de uma matéria que
não existe aqui, (a importação) é de fato interessante, mas não entendo a
necessidade de trazer amplamente engenheiros civis”, disse Pinheiro à
BBC Brasil.
O presidente da Federação Nacional dos Arquitetos, Jeferson Salazar,
afirma que apesar da demanda, o setor público não absorve a quantidade
de profissionais que chegam ao mercado a cada ano – cerca de 7 mil.
“Nos últimos 25 anos, o número de escolas no Brasil cresceu 6 vezes. A
quantidade de jovens arquitetos com subemprego ou desempregados no país
é imensa e o governo não tem nenhum plano para utilizar esse exército
de mão de obra”, disse à BBC Brasil.
“Sou a favor da vinda de alguns profissionais qualificados que possam
contribuir com o desenvolvimento da arquitetura no Brasil. Esses
profissionais serão bem-vindos se trouxerem contribuições.”
A medicina, segundo Marcelo Neri, é a área que mais se enquadra na
ideia de um apagão de mão de obra, a julgar pelos indicadores de
mercado.
Entretanto, o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Geraldo
Ferreira, afirma que o número atual de profissionais no Brasil – cerca
de 1,9 médicos para cada mil pessoas – é capaz de atender o mercado
nacional, na condição de que sejam criadas melhores estratégias de
distribuição de profissionais e planos de carreira no setor público.
“A presidente está fazendo o planejamento estratégico de elevar o
número para 2,4 médicos para mil habitantes. Realmente, para atingir
isso hoje, faltam médicos. Mas se o planejamento é para atingir essa
meta em 2020, nossa avaliação é diferente da do governo, que trabalha
com a ideia de que teríamos que importar médicos”, disse Ferreira à BBC
Brasil.
“Com o lançamento de 17 mil médicos por ano no mercado, acreditamos
que teríamos isso, sim. O que precisamos é melhorar a atratividade do
setor público no Brasil para mantê-los lá. Injetar profissionais não vai
necessariamente resolver os problemas”, disse à BBC Brasil.
Campanhas para atrair médicos estrangeiros para o setor público já existem em diversos Estados brasileiros.
Visto rápido e mais seleção
A estratégia mais bem cotada pela SAE para atrair profissionais para o
Brasil é a adoção do sistema de pontos, utilizado por países como
Austrália, Canadá e Grã-Bretanha.
O sistema confere quantidades diferentes de pontos às respostas do potencial imigrante em um questionário.
André Luiz Sacconato, analista da Brain, diz que o sistema pode ser
uma opção beneficie empresas e proteja o trabalhador brasileiro de uma
“invasão” de profissionais.
“Ele limita a entrada ao que se precisa, já que você pode dar poucos
pontos para determinadas profissões, idades ou experiências que não são
desejadas pelo país”, defende.
O ministro Marcelo Neri diz que a SAE não cogita criar uma lista de
profissionais em demanda, que também é utilizado por estes países
juntamente com o sistema de pontos.
Atualmente, os vistos de trabalho para o Brasil são vinculados à
contratação por uma empresa no país. Em 2012, mais de 73 mil vistos
foram emitidos.
No entanto, a SAE propõe que os profissionais estrangeiros possam
entrar no país mesmo sem uma oferta de trabalho definica e ter um
período de cerca de seis meses para buscar emprego.
“O trabalhador estrangeiro não deve ficar sujeito a uma lei muito
diferente da lei do trabalhador brasileiro”, disse Neri à BBC Brasil.
Camilla Costa
(BBC Brasil – 22/04/2013)
Dilma viaja hoje à Argentina para negociar com Cristina sobre econômicos
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