Fonte: Embraer
Deu na
Folha: Embraer fabrica peças em Portugal e traz para o Brasil
Com a queda da competitividade brasileira, a Embraer está fabricando peças de aviões em Portugal e exportando para o Brasil.
Nas duas fábricas que a empresa tem em
Évora estão sendo montados componentes para a cauda e as asas dos jatos
Legacy 500. As peças são mandadas por navio para o Brasil e aí entram na
montagem final do avião.
No início de 2014, as fábricas da União
Europeia passam a fabricar também componentes para o KC 390, o avião
militar que a Embraer vai produzir, segundo João Taborda, diretor de
relações externas da Embraer Europa.
“Isso demonstra que o Brasil não perdeu
competitividade apenas para a China, mas também para países europeus”,
diz Antônio Corrêa de Lacerda, professor de Economia Política da PUC-SP.
“Fabricar em outros países está
relacionado à lógica de se integrar a cadeias globais de fornecimento,
mas, se o custo não compensasse, não fariam isso.”
Segundo Lacerda, todos os indicadores de
competitividade no Brasil -carga tributária, logística, custo de mão de
obra- pioraram, e a questão cambial se agravou.
A Embraer adota essa estratégia globalizada que visa à maximização de
sua rentabilidade porque é uma empresa privada atualmente. Está certa
ao agir assim. A busca pela excelência deve ser a meta das empresas.
Dessa forma, elas atendem melhor seus clientes e garantem bons retornos
para os acionistas. Eis a lógica do capitalismo competitivo.
Quando a empresa era estatal, isso não ocorria. Sua “função social”
era diferente, seguia critérios nacionalistas e de cunho político. Como
conseqüência, dava constantes prejuízos, não arrecadava muitos impostos
para os cofres públicos, empregava menos pessoal e tinha produtos
piores. A empresa mudou de patamar apenas depois de privatizada.
Tratei do caso Embraer em
Privatize Já, naturalmente. Eis alguns dados interessantes:
A empresa, durante os fins dos anos 1980
e começo dos anos 1990, estava no buraco. Em 1990, foram demitidos 4
mil funcionários, quase 30% do quadro total. Os prejuízos de 1990 a 1991
passaram de US$ 500 milhões. Seu endividamento acumulado estava na casa
dos US$ 850 milhões. O Banco do Brasil acabou tendo que desembolsar
mais de US$ 400 milhões em um programa de refinanciamento para a
Embraer.
Um deputado do PSTU de São Paulo,
Ernesto Gradella, chegou a apresentar uma emenda excluindo a Embraer do
Programa Nacional de Desestatização. A tentativa não foi adiante, mas
seu argumento ilustra a mentalidade de muitos ataques contra a
privatização: “A Embraer, empresa do ramo aeronáutico que lida com
tecnologia de ponta é estratégica para o desenvolvimento científico e
tecnológico do país. Mais que necessidade, é imprescindível para o
Brasil que a Embraer continue sob controle da União”.
Ela não ficou sob o controle da União, e
isso não foi de forma alguma negativo para o país. Atualmente, a
empresa emprega diretamente mais de 17 mil pessoas, e possui clientes em
dezenas de países. Em 2000, já tinha 10 mil colaboradores. O
crescimento e o salto na produtividade após a privatização foram
fantásticos. Vamos aos dados!
Já em mãos privadas e focada no lucro, a
Embraer criou em 2000 o Centro de Realidade Virtual, que possibilitou a
redução do prazo de desenvolvimento do avião EMBRAER 170 em 22 meses,
quando comparado ao ERJ 145, que levou 60 meses para conclusão do
projeto, na era estatal.
Neste mesmo ano, a empresa abriu seu
capital, lançando ações no Brasil e nos Estados Unidos. A receita
líquida da empresa, que estava abaixo de R$ 300 milhões em 1995,
primeiro ano com gestão privada, saltou para R$ 824 milhões já em 1997.
Chegou a R$ 5,1 bilhões em 2000, e dobrou em 2004, ultrapassando a marca
de R$ 10 bilhões. A empresa mudou de patamar, e teria receitas desta
ordem de grandeza nos anos seguintes.
Para que a Embraer siga na rota do sucesso, ela precisa ser livre
para tomar decisões com base em critérios econômicos, de acordo com a
visão dos gestores e acionistas daquilo que é melhor para a empresa. Se
ela produz em Portugal e exporta para cá, é porque nossas condições não
estão favoráveis.
Que o governo ataque a raiz dos problemas para atrair não só a
Embraer, como outras empresas. Melhor infraestrutura, mão de obra mais
qualificada, impostos menores e mais simples, burocracia menos
asfixiante, leis trabalhistas menos marxistas, enfim, o governo deve
garantir regras melhores para atrair os bons jogadores.
Não adianta, com base em argumentos nacionalistas, querer impor
“cotas nacionais” que preservam apenas a ineficiência, como faz com as
estatais. A Embraer se destaca internacionalmente como um caso de
sucesso justamente porque não está mais sob tais amarras. Ao contrário
da Petrobras, dos Correios, do Banco do Brasil, da Caixa, da Infraero,
dos nossos portos e estradas federais etc.
Privatize já!