domingo, 1 de setembro de 2013

Eventual pedido de extradição de senador será analisado pelo STF


Por Maíra Magro | Valor

PARAMARIBO (SURINAME)  -  O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, disse nesta sexta-feira que, se a Bolívia fizer um pedido de extradição do senador Roger Pinto Molina, ele será analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A presidente Dilma Rousseff se reuniu hoje por uma hora com o presidente boliviano, Evo Morales, antes da reunião de cúpula da União das Nações Sul Americanas (Unasul), em Paramaribo, no Suriname.

Segundo o novo chanceler, o presidente boliviano não pediu a extradição de Pinto Molina durante a conversa com Dilma. Mas Morales vem defendendo publicamente que o senador seja julgado na Bolívia pelos diversos processos judiciais a que responde, acusado de corrupção — o senador alega que é perseguido político.

No encontro desta tarde, Dilma manifestou a Morales “repúdio completo” ao episódio da entrada de Pinto Molina no Brasil sem autorização dos dois governos. Ela também disse que o Brasil jamais concordaria em retirar um asilad o de uma embaixada sem garantias plenas de segurança. O governo brasileiro também explicou que o status atual do senador é de alguém que pediu refúgio, que ainda depende de análise Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

Morales disse a Dilma que o governo boliviano enviará ao Brasil uma série de informações sobre os processos contra o senador, para que sejam levados em conta pelo Conare. As informações também serão encaminhadas ao Ministério Público brasileiro.

A posição do governo brasileiro, explicitada hoje a Morales, é que o asilo concedido ao senador 15 meses atrás, quando ele procurou a embaixada brasileira em La Paz, deixou de valer com sua entrada no Brasil. “O asilo foi concedido na embaixada, algo que se chama asilo diplomático, que é especificamente um tipo de asilo concedido para que a pessoa entre e fique na embaixada brasileira no exterior”, falou Figueiredo. De acordo com ele, como o senador deixou a embaixada, já não pode contar com o asilo diplomático. 

O chanceler explicou que Pinto Molina tem atualmente um status provisório, como pessoa que pediu refúgio. “Esse pedido de refúgio vai ser examinado nos termos da lei pelo Conare, que é a quem cabe esse exame”, disse Figueiredo.

Além de Figueiredo, Dilma está presente à reunião da Unasul acompanhada do advogado geral da União, Luís Inácio Adams. Ele não costuma acompanhar a presidente em viagens oficiais, a não ser quando há alguma questão jurídica a ser resolvida.

Durante o encontro, Evo Morales deu a Dilma de presente um casal de bonecos típicos da Bolívia. A conversa entre os dois, segundo Figueiredo, foi extremamente cordial, e o presidente Evo Morales disse, em relação ao senador Pinto Molina, que se trata de uma pessoa que sai da Bolívia não por temer o governo da Bolívia, mas sim a Justiça boliviana.

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