sexta-feira, 20 de setembro de 2013

2013 VAI BATER RECORDE EM PEDIDOS DE PERMANÊNCIA

O Ministério da Justiça anunciou nesta terça-feira (17/09) que o número de pedidos de estrangeiros para permanecer no Brasil deve ser recorde no ano de 2013.

Levantamento mostrou que só no primeiro semestre do ano o governo recebeu 28.805 pedidos para concessão de permanência e prorrogações de vistos a estrangeiros. Desses, 24 mil foram concedidos.  Em todo o ano de 2012, que até então registra o maior número de pedidos, o ministério recebeu 40 mil solicitações de permanência.

Segundo o ministério, os pedidos são de permanência definitiva, transformação e prorrogação de vistos, além dos pedidos humanitários para pessoas que se encontram em situações de vulnerabilidade.

Independente da sua situação migratória, o artigo 5º da Constituição e os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil garantem os direitos desses estrangeiros. Hoje, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnur), são estimadas 214 milhões de pessoas vivendo fora dos seus países de origem, por diversas razões e motivações, como oportunidade de trabalho e sobrevivência.

O Brasil recebe, anualmente, milhares de solicitações de migrantes requerendo sua permanência definitiva, permanência temporária ou prorrogação de estada em território nacional. O MJ analisa pedidos de permanência definitiva, transformação e prorrogação de vistos, além dos pedidos humanitários para situações em que se encontram em vulnerabilidade.

São Paulo-SP se torna maior exportador em 2013

 

 

 

 


De janeiro a agosto deste ano, São Paulo foi o município brasileiro que mais exportou, com vendas de US$ 6,130 bilhões, superando Parauapebas-PA (US$ 6 bilhões) que até julho lidera o ranking. Na sequência estão os municípios de Santos-SP (US$ 4,366 bilhões), Rio de Janeiro-RJ (US$ 3,991 bilhões) e Paranaguá-PR (US$ 3,384 bilhões).

Parauapebas-PA registra ainda o maior superávit comercial no acumulado anual, com saldo de US$ 5,834 bilhões. O município foi seguido por Santos-SP (US$ 3,509 bilhões), Nova Lima-MG (US$ 2,394 bilhão), Anchieta-ES (US$ 2,017 bilhões) e Paranaguá-PR (US$ 1,924 bilhão).

Na lista dos municípios que mais importaram nos primeiros oito meses de 2013, aparece Manaus-AM (US$ 9,219 bilhões), na primeira posição, seguido de São Sebastião-SP (US$ 9,128 bilhões), São Paulo-SP (US$ 8,960 bilhões), Rio de Janeiro-RJ (US$ 6,605 bilhões) e Itajaí-SC (US$ 4,198 bilhões).


Acesse os dados da balança comercial dos municípios, no endereço: http://www.mdic.gov.br/sitio/sistema/balanca/

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC

Depois de médicos, Dilma estuda importar engenheiros


Para ministros, medida poderia melhorar andamento de obras, impulsionar crescimento econômico e ajudar nos planos de reeleição da presidente

Débora Bergamasco, do
José Cruz/ABr
A presidente Dilma Rousseff
A presidente Dilma Rousseff


Brasília - A presidente Dilma Rousseff já está estudando um modo de facilitar a vinda de engenheiros estrangeiros para trabalhar no Brasil, assim como fez com profissionais da área da saúde, no Programa Mais Médicos. Alguns ministros do chamado "núcleo duro" do governo estão tentando provar para a petista que a medida ajudaria a solucionar um dos problemas que atravancam o andamento de obras e o repasse de verba federal para municípios.

Hoje, faltam nas prefeituras especialistas dispostos a trabalhar na elaboração de projetos básico e executivo, fundamentais para que a cidade possa receber recursos da União.

As travas no repasse de dinheiro já foram identificadas por Dilma como um dos obstáculos para que o Executivo consiga impulsionar o crescimento econômico e acelerar obras de infraestrutura - dois gargalos que poderão custar caro para a candidatura à reeleição.

O governo já investe hoje no estágio e na especialização de engenheiros brasileiros no exterior com o Ciência Sem Fronteiras, programa comandado pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação. 

Mas a ideia estudada no Palácio do Planalto é ir além, aproveitando os profissionais de fora já prontos, para que tragam expertise e preencham lacunas em regiões hoje desprezadas pelos brasileiros. A proposta inicial é importar especialmente mão de obra de nações que enfrentam crise econômica e têm idiomas afins, como Portugal e Espanha.

O plano ainda está em estágio embrionário e setores técnicos do governo ainda não foram comunicados sobre a ideia. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, acredita que o Mais Médicos pode até servir como uma experiência piloto. Entretanto, aposta mais na eficiência do Ciência Sem Fronteiras. "O ideal não é ter mais, porém melhores engenheiros dispostos a trabalhar em áreas carentes desses profissionais."

Para se ter uma ideia, o Maranhão é hoje o Estado brasileiro que menos abriga empregados da área de engenharia. De acordo com dados do IBGE de 2010, a média é de 1.265 habitantes por engenheiro em todo Maranhão, seguido pelo Piauí (1.197 habitantes por engenheiro) e Roraima (1.023 habitantes por engenheiro). São Paulo é o que mais concentra esse tipo de profissional (148 habitantes por engenheiro).

‘Presente de grego’. Na gestão anterior, o ex-presidente Lula afirmou ter dinheiro em caixa para investir, fez um chamamento aos prefeitos pedindo para que eles encaminhassem a Brasília projetos executivos assinados por engenheiros para que a União pudesse repassar dinheiro para as prefeituras. Dilma também vem reivindicando a mesma iniciativa. Mas há gestores municipais que consideram os programas de transferência voluntária de renda federal um "presente de grego".

Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, a falta de engenheiros é apenas uma das dificuldades para que os municípios recebam investimentos federais. "Além da dificuldade em formar um quadro com engenheiro civil, mecânico e agrônomo, a demora na liberação de licença ambiental e a dificuldade para comprovar a propriedade de um terreno também atrapalham muito", avalia Ziulkoski.

Outro imbróglio que ele aponta é a falta de dinheiro para a "contrapartida". Segundo ele, no caso do Bolsa Família, por exemplo, cabe ao município manter atualizado o cadastro dos beneficiários, checar quem morreu, quem arrumou emprego, as crianças que estão na escola. "Tudo tem um custo, é um presente de grego", afirma. "Eu sou o primeiro a dizer aos prefeitos que nem mandem projetos, porque eles nem conseguem manter os que já têm. Só que os 4.100 novos eleitos ainda estão sonhando, achando que podem fazer muita coisa."

Imigração. A Secretaria de Assuntos Estratégicos está conduzindo um projeto para estimular a entrada de mão de obra estrangeira qualificada em território nacional. Segundo dados de 2010 compilados pela SAE, o número de imigrantes de primeira geração que vive hoje no Brasil representa 0,3% da população (cerca de 600 mil pessoas), diante da média mundial de 3%. A pesquisa cita que "países altamente desenvolvidos como Suíça, Nova Zelândia, Austrália e Canadá possuem mais de 20% da população formada por imigrantes". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

A visão (ruim) da classe C sobre as empresas


94,2 milhões de brasileiros já tiveram problemas com alguma empresa


Enquanto 52% dos jovens usam a internet para expressar sua insatisfação, só 5% do público com mais de 45 anos usam esse canal
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Enquanto 52% dos jovens usam a internet para expressar sua insatisfação, só 5% do público com mais de 45 anos usam esse canal Crédito: SXC
Um estudo do Instituto Data Popular a pedido da revista Consumidor Moderno foi divulgado na tarde desta quarta-feira 18 na 11ª edição do Congresso Nacional das Relações Empresa-Cliente (Conarec) e avaliou como a nova classe média - que movimenta R$ 1 trilhão na economia - analisa a reputação das empresas.

O principal apontamento do estudo é que 94,2 milhões de brasileiros já tiveram algum tipo de problema com empresas e 20,3 milhões de pessoas realizaram, em julho, algum tipo de reclamação contra alguma das companhias.

A partir daí a pesquisa questionou quais os canais mais utilizados por essa população para exprimir sua insatisfação e comprovou que:

● 52% das reclamações são feitas por boca a boca (10,6 milhões);
● 34% são realizadas pelos serviços de atendimento ao consumidor (6,9 milhões);
● 29% através da internet (5,9 milhões);
● E apenas 0,8% em órgãos de defesa do consumidor (162 mil).

Outro recorte do estudo diferencia o uso dos vários canais de reclamação entre jovens (de 18 a 25 anos) e maduros (45 anos ou mais). Enquanto o boca a boca é mais utilizado pela população mais velha (59% contra 45%) a internet é utilizada por 52% dos jovens contra somente 5% do segundo público. Além disso, os jovens também são os que mais lançam mão das vias oficiais para registrar sua queixa: 39% usam o SAC, contra 29% do público maduro e 1,7% vai até o órgão de defesa do consumidor em relação a apenas 0,4% dos mais velhos.

Para 71% dos participantes, o Código de Defesa do Consumidor mudou para melhor o comportamento dos comerciantes e 88% disseram reclamar quando um produto apresenta defeito. Cobrança, má qualidade e garantia são as três principais reclamações, citadas por, respectivamente, 39%, 32% e 22% dos respondentes.

Quase todos (99%) antes de fazer uma reclamação ao Procon afirmaram ter questionado antes o fornecedor do produto ou serviço e, em geral, terem sido mal atendidos. Dos que foram bem atendidos, 75% passaram a recomendar a empresa em questão.

O Data Popular ouviu dois mil consumidores de 100 cidades brasileiras no mês de agosto.

LLX, vendida por Eike, ganha mais 3 anos para pagar dívida com BNDES



A LLX, empresa de logística de Eike Batista, confirmou hoje o alongamento por três anos do prazo para pagar o empréstimo de R$ 518 milhões assinado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em junho do ano passado.

O Valor havia antecipado, no começo desta semana, que o financiamento havia sido rolado para setembro de 2016. A responsável pela contratação dessa dívida é a subsidiária LLX Açu, que controla o porto de mesmo nome do grupo no Rio de Janeiro.

Na terça-feira, a companhia havia informado que ainda aguardava uma resposta do BNDES. Os recursos desse empréstimo-ponte estão sendo utilizados, segundo a empresa, para implementar o projeto do Açu.

Os juros do financiamento serão pagos anualmente até 2016, informou a LLX. A empresa negocia suas dívidas com bancos para efetivar a transferência do controle de Eike Batista para o grupo americano EIG, por R$ 1,3 bilhão.

Crise faz vinho Chianti italiano virar produto chinês


Patrícia Araújo
Do UOL, em Roma
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Região de Chianti é a zona de produção demarcada de vinho mais antiga da Itália5 fotos

A zona de produção controlada do vinho Chianti é a mais antiga da Itália, demarcada por um decreto ministerial de 1932. Na foto, barris para armazenamento de vinho do consórcio Chianti Classico Gallo Nero, que reúne 600 vinhedos. Conheça mais sobre o vinho clicando nas fotos acima Divulgação/Consórcio Chianti Clássico Gallo Nero
 
Uma das regiões mais importantes da Itália, a zona de Chianti, no sul da Toscana, virou palco nos últimos meses de uma imensa polêmica em torno de um dos símbolos mais tradicionais da cultura italiana: o vinho. Em meio à crise que assola o continente europeu e, em particular, a Itália, um dos vinhedos responsáveis pela produção do Chianti Clássico passou para as mãos dos chineses.

Numa negociação cujos valores e o nome do comprador ainda não foram divulgados, a fazenda Casanova-La Ripintura passou a ser propriedade de um empresário da indústria farmacêutica de Hong Kong. O vinhedo é um dos 600 que compõem o Consórcio Chianti Clássico Gallo Nero, que, ao lado do Consórcio Vino Chianti, é o mais importante no controle da produção desse tipo de vinho.

Como esta é a primeira vez que a fabricação da bebida na região passa a ser administrada por um empresário do país oriental, a negociação se transformou em tema controverso entre empresários, economistas e instituições ligadas ao setor.

"Certamente, por um lado, [a venda] dá prazer porque significa que o nome Chianti é apreciado em todo o mundo. De outro lado, porém, causa um pouco de preocupação porque existe um risco de início de invasão de aquisições. É verdade que a história do Chianti é ligada a produtores também estrangeiros, sobretudo norte-europeus e americanos, mas digamos que ficamos um pouco pasmados com o interesse por parte da China", afirma o presidente da Coldiretti (Confederação Nacional dos Empreendedores Agrícolas, em português) na Toscana, Tulio Marcelli, ele também proprietário de um vinhedo em Chianti.

Venda em Chianti foi chamada de metáfora da Itália

 

Em seu blog sobre vinhos, Luciano Ferraro, editor-chefe do "Corriere della Sera" (um dos principais jornais da Itália), chegou a classificar a venda em Chianti como uma "metáfora da Itália", afirmando que os donos de vinhedos vêm sendo prejudicados pelo descaso e impostos excessivos e, empobrecidos, se vêem obrigados a entregar plantios tradicionais a quem fizer a maior oferta.
De acordo com Ferraro, a venda pode ser o primeiro passo para que ocorra na Itália o que aconteceu em Bordeaux, na França, onde cerca de 50 vinhedos já passaram para o "lado asiático".


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O passo a passo do vinho oficial da Copa do Mundo20 fotos

A Fifa escolheu a vinícola Lídio Carraro, de Bento Gonçalves (RS), para produzir o vinho oficial da Copa do Mundo em 2014. Veja nas fotos a seguir um passo a passo de como é produzida a bebida Thinkstock
 
Delimitada ao norte pela cidade de Florença, a leste pelas montanhas de Chianti, ao sul por Siena e a oeste pelos vales de Pesa e Elsa, a região do Chianti Clássico é a "zona de origem" produtora de vinho mais antiga da Itália, delimitada por um decreto ministerial em 1932.

Atualmente a produção do vinho é de 35 milhões de garrafas ao ano (80% destinados à exportação), movimentando cerca de 250 milhões de euros.

Para o diretor do Consórcio Gallo Nero, Giuseppe Liberatori, não há motivo para tanta polêmica. "Não vejo [a venda] como um problema. Significa que nosso território tem um apelo muito particular. Também não é a primeira vez que um estrangeiro compra um vinhedo aqui. São todas pequenas propriedades. Não há nada para se espantar".

De acordo com o economista Alberto Matiacci, professor da Universidade Sapienza, em Roma, a venda do vinhedo naquela zona causa tanto "impacto no imaginário coletivo" por causa da importância que a produção geral de vinho tem na economia do país.

"É um setor que, hoje, tem um papel muito grande na balança de pagamento italiana. Acredito que, dentro do segmento agroalimentar, está entre os primeiros com saldo positivo. É um setor que tem um impacto complexo sobre a economia porque não podemos esquecer que uma produção de vinho forte significa também um turismo atraente", afirma Matiacci.

Ele diz não acreditar, contudo, que a negociação ocorrida em Chianti seja o início de uma "invasão chinesa". "É claro que a leitura superficial pode ser: 'Oh, Deus! Os chineses estão chegando e comprarão todo o vinho italiano!' Mas está é uma leitura emotiva. Eu não creio nisso. Eles têm outras coisas a fazer, ao pensar em Itália, do que comprar todas as cantinas de vinho [...] Segundo meu parecer, não há fundamento concreto para alarme."

A avaliação é diversa daquela feita pelo também professor Claudio Riponi, coordenador do curso de graduação em Viticultura e Enologia da Universidade de Bolonha. Embora não fale em invasão, Riponi afirma que os chineses estão se "avizinhando" cada vez mais ao mundo do vinho.

Prova disso, segundo ele, é que boa parte de seus estudantes hoje são chineses. "Evidentemente o mercado chinês está começando a se orientar para esse setor [vinícola], que tem uma grande importância mundial. Eles começam a ter dinheiro e, evidentemente, passam a se interessar em comprar vinhedos na Itália e na França, antigos produtores."


China já está entre os maiores consumidores mundiais de vinho

 

A China é hoje considerada o quinto maior consumidor de vinho do mundo, segundo levantamento feito pela The International Wine Research (IWSR). De acordo com a instituição, a previsão é de que, em 2015, serão consumidas no país oriental cerca de 2,6 bilhões de garrafas da bebida, uma média de consumo de dois litros por habitante.

Outra pesquisa, essa divulgada pela organização internacional Vigne et du Vin, mostra que o consumo de vinho na China aumentou 9% em 2012, atingindo a cifra de 1,8 bilhões de litros. Na Itália, terceira consumidor mundial atrás da França e Estados Unidos, a cifra é de 2,2 bilhões de litros. Vale ressaltar que o aumento na China não se deve somente às importações, mas também a um crescimento da produção de vinho chinês.

A reportagem do UOL tentou entrar em contato com o atual responsável pelo vinhedo Casanova para comentar a compra, mas não recebeu resposta até a publicação desta notícia.


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Produção de vinhos no Sertão

A região do Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil, concentra várias vinícolas. Na imagem, a Ouro Verde, da Miolo, localizada no município de Casa Nova, na Bahia Leia mais Divulgação

Embraer enfrenta Lockheed com cargueiro a jato



Brad Haynes
Da Reuters, em São José dos Campos (SP) 

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Conheça o avião de transporte militar KC-390 da Embraer4 fotos

Imagem representativa mostra o avião de transporte militar KC-390, que está sendo desenvolvido pela Embraer. A companhia brasileira anunciou que empresas da Argentina e República Tcheca fornecerão peças para o modelo Leia mais Divulgação
 
Por décadas a fabricante brasileira de aeronaves Embraer (EMBR3) manteve sua cabeça baixa, longe de aviões maiores e da competição com gigantes da indústria que seus executivos chamavam de "cachorros grandes".

Um avião cargueiro militar descendo a pista está prestes a mudar isso.
Em um desafio direto para o avião cargueiro Hércules, da Lockheed Martin, a Embraer promete um jato que voa mais alto, mais cheio e mais rápido --a um preço menor.

O movimento ousado é parte da campanha do Brasil por credibilidade como um competidor importante no cenário mundial. Após anos focando em equipamentos militares de segunda linha, o país está fortalecendo sua indústria de defesa nacional e visando as exportações em um momento de encolhimento do mercado global.

Se o KC-390 da Embraer estiver voando até o fim do ano que vem como planejado, o Brasil irá ser bem sucedido em um segmento no qual os concorrentes tropeçam, ultrapassando programas lançados por Rússia, Índia e China na última década. Será o maior avião já feito na América Latina, com um corpo grande o suficiente para transportar um helicóptero Blackhawk.

"Não acredito que o Hércules alguma vez tenha enfrentado uma concorrência tão séria --e é a aeronave mais antiga em produção", disse Richard Aboulafia, consultor de aviação do Teal Group.

A Embraer está apostando que pode não apenas alcançar o Hércules como superá-lo em várias frentes ao usar motores a jato em vez das robustas turboélices que alimentam a aeronave da Lockheed desde os anos 1950.

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Conheça as 10 melhores empresas aéreas do mundo em 201322 fotos

1º LUGAR - A Emirates foi eleita a melhor empresa aérea do mundo pelo "Oscar" da aviação ("Skytrax World Airline Awards"). Foram avaliadas mais de 200 empresas aéreas do mundo todo, em quesitos como serviço de bordo, check-in, conforto e comida. Leia mais Divulgação
 
Ao perturbar o senso comum em transporte tático, a Embraer está colocando suas esperanças na mesma família de motores que alimentam o Airbus A320, e prometendo uma vantagem quando se trata de carga útil máxima, velocidade e altitude de cruzeiro. Mas a Lockheed argumenta que nada pode igualar a durabilidade das turboélices.

"Elas nos dão uma tremenda vantagem ao entrar na terra, em cascalho e em pistas de pouso despreparadas", disse Larry Gallogly, ex-piloto C130J para a Força Aérea dos EUA que agora trabalha para a Lockheed. "Se você vai para essas pistas de pouso com um motor a jato, esse motor pode ser destruído".

Executivos da Embraer, que está projetando o seu avião de carga para a Força Aérea Brasileira para pousar em pistas improvisadas da Amazônia à Antártida, dizem que o medo de motores de jato frágeis é baseado em suposições antigas que estão sendo derrubadas com este avião.

"Se você tivesse me perguntado isso há 30 anos, eu teria dito que um turboélice é melhor em terrenos acidentados. Hoje eu tenho certeza de que não é", disse Paulo Gastão, diretor do programa KC-390 da Embraer e ex-engenheiro de vôo da Força Aérea Brasileira.

Ainda assim, analistas dizem que essa será uma venda difícil para o punhado de países que implementam regularmente unidades de operações especiais em território hostil.

Ao optar por um motor que já voou 1 milhão de horas, a Embraer está evitando os riscos associados às últimas tecnologias de turboélices. Hélices enormes feitas de materiais compostos contribuíram para atrasos onerosos no avião de carga Airbus A400M, por exemplo.

Mesmo assim, o afastamento das turboélices significa sacrificar a eficiência de combustível e autonomia --dois pontos em que o Hércules sairá ganhando.

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As mordomias das melhores companhias aéreas do mundo33 fotos

Serviço de bordo requintado, check-in facilitado, poltronas confortáveis. Esses são alguns dos motivos que levaram Emirates, Qatar, Singapore, All Nippon Airways (ANA) e Asiana a serem eleitas as melhores companhias aéreas do mundo no "Skytrax World Airline Awards". Clique nas fotos acima e veja alguns dos diferenciais dessas empresas Leia mais Arte/UOL

Demanda reprimida

O motor a jato pode ajudar a definir o KC-390, em um mercado que tem mostrado sinais de estagnação sob o domínio da Lockheed.

A fabricante de aviões norte-americana vendeu mais de 2 mil aviões Hércules em suas primeiras quatro décadas, mas as vendas do atualizado C130J Super Hércules quase não superararam 300 unidades desde a virada do século.

A demanda inicial para o Super Hércules foi morna, mas as vendas já aceleraram nos últimos cinco anos e a Lockheed espera fechar negócios para outras 300 aeronaves nos próximos anos. A enorme base de usuários e a infraestrutura de suporte global vão ajudar nas campanhas de vendas.

Os brasileiros estão prometendo agitar o mercado superando o Super Hércules no preço.
Um preço competitivo será chave para a Embraer, que não pode contar com um enorme mercado interno como muitas outras fabricantes de produtos militares.

Em vez disso, o Brasil tem se aproximado de nações parceiras que manifestaram interesse no novo avião em troca de um papel no seu desenvolvimento industrial --uma versão latino-americana das coligações que deram apoio a grandes produtos de defesa europeus.

Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Portugal e República Tcheca, em conjunto, solicitaram 60 novos aviões de carga. Nos próximos dez anos, a Embraer vê um mercado de mais de 700 aviões no valor de US$ 50 bilhões.

"Estamos olhando para uma parcela razoável disso", disse Gastão, acrescentando que 15% do mercado seria uma fatia saudável. "Não precisa ser muito para ser muito interessante."

As entregas estão programadas para começar em 2016 e a empresa deve levar cerca de quatro anos para atender a demanda inicial, disse ele.

A Embraer também estudou versões civis do jato de carga, incluindo uma versão mais longa para o serviço postal brasileiro.

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As 15 piores companhias aéreas do mundo, segundo ranking internacional

O site de negócios Business Insider elegeu as piores companhias aéreas do mundo para fazer uma viagem longa em classe econômica. Para tanto, usou opiniões de usuários e avaliações de itens como conforto da poltrona, entretenimento a bordo, limpeza e condições da cabine, qualidade das refeições e eficiência dos serviços. Todos os dados foram tirados do ranking Skytrax, uma espécie de "Oscar" da aviação. Cada companhia recebeu uma nota de zero a cem. Confira a lista nas fotos a seguir Arte/UOL

Foco na fronteira

A Embraer escolheu um momento complicado para lançar seu maior programa militar, quando cortes no orçamento das maiores forças armadas do mundo estão sacudindo a indústria de defesa.

O destino do KC-390 vai provar se o foco da Embraer em mercados de fronteira na América Latina, África, Sul da Ásia e no Oriente Médio pode salvar sua divisão de defesa da crise mais ampla. Quase 90 por cento do mercado estimado de aviões de carga está fora de Estados Unidos, Europa, China e Rússia.

Um acordo com a Boeing para vendas conjuntas para os Estados Unidos, Grã-Bretanha e partes do Oriente Médio poderia expandir o mercado de aviões em cerca de 400 aeronaves, de acordo com uma fonte da indústria que não quis se identificar, dada a natureza preliminar dos estudos.

Se o KC-390 tivesse chegado uma década atrás, teria sido um excelente candidato para o programa Joint Cargo Aircraft dos EUA, mas o excesso de aviões de carga e cortes no orçamento diminuíram suas chances no país, de acordo com uma fonte em Washington.

A maior abertura do mercado dos EUA pode vir depois de 2020, quando o Pentágono começará a substituir centenas de seus C130s antigos.

Independentemente do mapa de vendas, a parceria com a Boeing BA.N trouxe parecer técnico para a primeira aeronave de dois corredores do Brasil, juntamente com um voto inesperado de confiança.

"É um selo de qualidade da Boeing que nos pegou de surpresa", disse o coronel Sergio Carneiro, que supervisiona o programa da Força Aérea Brasileira.

Diplomacia delicada

 

Ainda assim, a ajuda da Boeing mostra que o KC-390 é uma aposta na política internacional tanto como na engenharia, como a Embraer aprendeu nos últimos anos.

Em 2006, os Estados Unidos retiveram tecnologia para bloquear um acordo para dezenas de aviões de ataque da Embraer, negociado pelo então presidente da Venezuela, Hugo Chávez, um inimigo norte-americano.

Um contrato do Pentágono para enviar a mesma aeronave para o Afeganistão foi anulado no ano passado nos tribunais pela rival norte-americana Beechcraft. O negócio tornou-se munição para campanhas na corrida presidencial dos EUA e enfrenta a ameaça de corte pelo Congresso no próximo ano.

Os laços com Washington se aqueceram desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu, mas evidências recentes de que os EUA estariam espionando suas comunicações levaram a presidente a cancelar sua visita de Estado a Washington, prevista para outubro. A notícia minou as chances de uma oferta da Boeing para vender caças a Brasília, levantando dúvidas sobre as perspectivas de longo prazo de sua parceria com a Embraer.

As mudanças nos ventos políticos adicionam riscos para a receita futura, escreveu o analista de aviação do Citigroup Stephen Trent, em nota a clientes no início deste ano. Ele cortou sua recomendação para as ações da Embraer com indicação para venda, em abril, depois que o papel subiu 20% em três meses, apoiado por sinais de progresso no KC-390.

Trent disse que a alta foi exagerada, lembrando que as empresas de defesa geralmente são negociadas com um desconto de até 20% em comparação com as fabricantes de aviões comerciais. As ações da Embraer continuam entre os cinco melhores desempenhos do Ibovespa .BVSP em 2013, ganhando 30% até agora.

Para a Embraer, um fluxo de receita mais diversificado é o caminho mais claro para suavizar as oscilações violentas dos ciclos da aviação comercial. Sua estratégia foi cortar negócios com companhias aéreas de dois terços das receitas em 2008 para pouco mais da metade este ano.

O foco na defesa também é um retorno às raízes da Embraer, que nasceu em 1969 na Força Aérea Brasileira.

À beira da falência na década de 1990, a Embraer foi privatizada para financiar sua grande aposta na aviação regional. A empresa tornou-se a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo, competindo com a fabricante de aviões canadense Bombardier BBDb.TO, mas abaixo do radar de Boeing e Airbus.

Agora a Embraer está se tornando um dos pilares da indústria de defesa nacional brasileira, com um aumento nos gastos do governo em novos jatos de combate, radares de selva e até mesmo um satélite geoestacionário.

O Ministério da Defesa está investindo fortemente no programa KC-390: 2 bilhões de dólares em custos de desenvolvimento, além de um contrato para 28 aviões, que deve ser assinado nos próximos seis meses.

Mesmo com o investimento inicial, o coronel Carneiro disse que o Brasil provavelmente vai economizar dinheiro com os novos aviões na comparação com o custo de vida útil do Super Hércules ou com a manutenção contínua de sua frota existente de Hércules, de 22 aeronaves, que é de 35 anos, em média.

"Há pessoas que ficam passeando em carros antigos --elas são pessoas muito ricas", disse Carneiro em uma entrevista na sede da Força Aérea, em Brasília. "Não somos um país rico. Apenas por essa razão, precisamos de um avião mais moderno."