Para ministros, medida poderia melhorar andamento de obras, impulsionar crescimento econômico e ajudar nos planos de reeleição da presidente
A presidente Dilma Rousseff
Brasília - A presidente Dilma Rousseff
já está estudando um modo de facilitar a vinda de engenheiros
estrangeiros para trabalhar no Brasil, assim como fez com profissionais
da área da saúde, no Programa Mais Médicos. Alguns ministros do chamado
"núcleo duro" do governo estão tentando provar para a petista que a
medida ajudaria a solucionar um dos problemas que atravancam o andamento
de obras e o repasse de verba federal para municípios.
Hoje, faltam nas prefeituras especialistas dispostos a trabalhar na
elaboração de projetos básico e executivo, fundamentais para que a
cidade possa receber recursos da União.
As travas no repasse de dinheiro já foram identificadas por Dilma como
um dos obstáculos para que o Executivo consiga impulsionar o crescimento
econômico e acelerar obras de infraestrutura - dois gargalos que
poderão custar caro para a candidatura à reeleição.
O governo já investe hoje no estágio e na especialização de engenheiros
brasileiros no exterior com o Ciência Sem Fronteiras, programa
comandado pelos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Educação.
Mas a
ideia estudada no Palácio do Planalto é ir além, aproveitando os
profissionais de fora já prontos, para que tragam expertise e preencham
lacunas em regiões hoje desprezadas pelos brasileiros. A proposta
inicial é importar especialmente mão de obra de nações que enfrentam
crise econômica e têm idiomas afins, como Portugal e Espanha.
O plano ainda está em estágio embrionário e setores técnicos do governo
ainda não foram comunicados sobre a ideia. O ministro da Secretaria de
Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, acredita que o Mais Médicos pode
até servir como uma experiência piloto. Entretanto, aposta mais na
eficiência do Ciência Sem Fronteiras. "O ideal não é ter mais, porém
melhores engenheiros dispostos a trabalhar em áreas carentes desses
profissionais."
Para se ter uma ideia, o Maranhão é hoje o Estado brasileiro que menos
abriga empregados da área de engenharia. De acordo com dados do IBGE de
2010, a média é de 1.265 habitantes por engenheiro em todo Maranhão,
seguido pelo Piauí (1.197 habitantes por engenheiro) e Roraima (1.023
habitantes por engenheiro). São Paulo é o que mais concentra esse tipo
de profissional (148 habitantes por engenheiro).
Presente de grego. Na gestão anterior, o ex-presidente Lula afirmou
ter dinheiro em caixa para investir, fez um chamamento aos prefeitos
pedindo para que eles encaminhassem a Brasília projetos executivos
assinados por engenheiros para que a União pudesse repassar dinheiro
para as prefeituras. Dilma também vem reivindicando a mesma iniciativa.
Mas há gestores municipais que consideram os programas de transferência
voluntária de renda federal um "presente de grego".
Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo
Ziulkoski, a falta de engenheiros é apenas uma das dificuldades para que
os municípios recebam investimentos federais. "Além da dificuldade em
formar um quadro com engenheiro civil, mecânico e agrônomo, a demora na
liberação de licença ambiental e a dificuldade para comprovar a
propriedade de um terreno também atrapalham muito", avalia Ziulkoski.
Outro imbróglio que ele aponta é a falta de dinheiro para a
"contrapartida". Segundo ele, no caso do Bolsa Família, por exemplo,
cabe ao município manter atualizado o cadastro dos beneficiários, checar
quem morreu, quem arrumou emprego, as crianças que estão na escola.
"Tudo tem um custo, é um presente de grego", afirma. "Eu sou o primeiro a
dizer aos prefeitos que nem mandem projetos, porque eles nem conseguem
manter os que já têm. Só que os 4.100 novos eleitos ainda estão
sonhando, achando que podem fazer muita coisa."
Imigração. A Secretaria de Assuntos Estratégicos está conduzindo um
projeto para estimular a entrada de mão de obra estrangeira qualificada
em território nacional. Segundo dados de 2010 compilados pela SAE, o
número de imigrantes de primeira geração que vive hoje no Brasil
representa 0,3% da população (cerca de 600 mil pessoas), diante da média
mundial de 3%. A pesquisa cita que "países altamente desenvolvidos como
Suíça, Nova Zelândia, Austrália e Canadá possuem mais de 20% da
população formada por imigrantes". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário