sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Bunge tenta vender negócio deficitário para brasileiras


A empresa quer se livrar de usina, que consume lucros há três anos, mas cuja rentabilidade é projetada para 2014, oferecendo o negócio a Cosan e Abengoa

Shruti Date Singh e Brooke Sutherland, da
Agência Vale/Divulgação
Bunge

Bunge: a empresa estima que uma venda poderia chegar até US$ 2,5 bilhões

Chicago e Nova York - A Bunge Ltd. possivelmente procura compradores brasileiros enquanto busca opções para sua empresa de usinas de cana de açúcar, que está consumindo lucros há três anos.

A processadora de commodities agrícolas, que comprou sua primeira usina de açúcar em 2007, anunciou ontem que explorará uma “variedade completa de opções” para a divisão de usinas. 

A Bunge projeta que a unidade seja rentável no ano que vem, o que poderia interessar grandes processadoras brasileiras de cana de açúcar como a Cosan SA Indústria Comércio e a Abengoa SA em partes ou por todas as operações para acrescentarem capacidade, afirmou a Piper Jaffray Cos., que estima que uma venda poderia chegar até US$ 2,5 bilhões.

“Tem sido desapontador”, disse Bryan Agbabian, diretor do setor de ações de empresas agrícolas, sediado em San Francisco, para a Allianz Global Investors, que supervisiona mais de US$ 400 bilhões e possui ações da Bunge, em entrevista por telefone. “Eles investiram muito dinheiro no açúcar, mas não mostraram resultados. Seria melhor, se não estiver funcionando, que eles vendessem”.

Depois de não alcançar as estimativas de vendas dos analistas em cinco dos últimos seis trimestres, a Bunge opera com um desconto de 81 por cento à sua receita, a pior razão entre preço e vendas das empresas de produtos agrícolas, conforme dados compilados pela Bloomberg. 

A companhia, que obtém a maior parte da sua receita operando e processando soja e grãos e possui um valor de mercado de US$ 11,8 bilhões, está avaliando alternativas para o negócio de açúcar devido a que o preço do adoçante subiu 19 por cento após cair para seu nível mais baixo em três anos em julho.

O CEO da Bunge, Soren Schroder, em uma entrevista telefônica, não quis comentar quando a revisão do negócio de açúcar seria concluída e se alienar as actividades está entre as opções consideradas pela companhia.

A companhia sediada em White Plains, Nova York entrou no mercado do açúcar como operadora em 2006 e depois se expandiu para a moagem de cana nos últimos cinco anos. A Bunge investiu cerca de US$ 3 bilhões na construção da sua refinadora, afirmou Michael Cox, analista na Piper Jaffray, em um relatório publicado em 1 de outubro.
A unidade de açúcar da Bunger não gerou renda operativa anual pelo menos desde 2009. A companhia anunciou ontem perdas geradas pela divisão no terceiro trimestre que mais do que dobraram em relação ao ano anterior, totalizando US$ 19 milhões.

Soren Schroder, que assumiu a presidência da Bunge em junho, declarou ontem que fatores fora do controle da companhia, como o clima e as políticas de combustível do governo no Brasil, “dificultaram muito” a projeção de resultados. Os acionistas expressaram sua preocupação com a capacidade da unidade de gerar retornos apropriados, disse Schroder.

“Temos que ser realistas” disse Schroder. “Não estamos satisfeitos com o status quo e perseguiremos ativamente alternativas que nos coloquem em uma melhor posição, seja o que isso for. Ainda não sabemos”.
Embora potenciais adquirentes possam hesitar nos próximos seis a doze meses devido a certa incerteza sobre como o governo brasileiro atuará quanto aos preços da gasolina, “há interesse entre os maiores consolidadores em aumentar a capacidade” no longo prazo pela dinâmica de crescimento para o açúcar e o etanol, disse Cox em entrevista por telefone nesta semana, antes do anúncio da revisão da Bunge.


Limite ao preço


As condições difíceis do mercado poderiam limitar a capacidade da Bunge de obter um preço alto, afirmou Tom Graves, analista de ações da Standard Poor’s, sediado em Nova York.

A companhia não deveria vender a divisão açucareira por menos de US$ 3 bilhões, disse Steve Laveson, gerente de fundos e analista na Becker Capital Management Inc., sediada em Portland, Oregon, que supervisiona cerca de US$ 2,4 bilhões e possui ações da Bunge. A companhia expandiu o negócio quando os preços do açúcar estavam mais altos, e vender quando eles estão mais baixos “agravaria seu erro”, disse Laveson em entrevista por telefone.

Aquecimento global pode aumentar desigualdade no Brasil, alerta estudo

Por Daniela Chiaretti | Valor

SÃO PAULO  -  A mudança do clima pode transformar o semiárido nordestino em região árida nas próximas décadas. As regiões costeiras serão impactadas pelo aumento do nível do mar – os riscos são de prejuízos estruturais a cidades litorâneas incluindo portos e obras de saneamento. Existe a chance de a água salgada invadir os aquíferos. O Brasil pode reduzir seu potencial de pesca em 6% nos próximos 40 anos e perder 11 milhões de hectares de terra adequadas à agricultura até 2030, o que colocaria em risco a produção de alimentos no Brasil. O aquecimento global pode aumentar a desigualdade entre ricos e pobres no Brasil.

Estas são as principais mensagens do estudo sobre “Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação” à mudança do clima produzido pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC) e divulgado nesta sexta-feira, 25, no Rio de Janeiro.

O Painel, que reúne quase 350 cientistas brasileiros, foi criado em 2009 para produzir informações científicas sobre a mudança do clima no Brasil. É ligado aos ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente e funciona inspirado no IPCC, a sigla em inglês para Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, o braço científico das Nações Unidas.

“O que me chama mais a atenção neste relatório é algo não tão explícito”, diz Suzana Kahn Ribeiro, presidente do PMBC. “Com a mudança do clima, a tendência no Brasil, que já é um país desigual, é de se acentuar muito a desigualdade entre pobres e ricos.”

No estudo, os cientistas recomendam que os políticos não percam tempo e comecem a planejar já como o país deve se adaptar aos impactos da mudança do clima.

Há três anos, 345 pesquisadores de diferentes áreas e estados brasileiros vêm trabalhando no primeiro diagnóstico sobre o tema no Brasil, o Relatório de Avaliação Nacional (RAN1). O relatório foi dividido em três volumes, produzidos por três grupos diferentes de pesquisadores.

O GT1 agrupou as conclusões de estudos feitos entre 2007 e o começo de 2013 sobre a ciência do clima e as divulgou em setembro. Hoje foi lançado o sumário executivo do GT2, sobre os impactos e as vulnerabilidades do Brasil; em novembro será lançado o terceiro volume, sobre estratégias de redução de emissões de gases estufa.


NE em perigo


O estudo divulgado nesta sexta volta a apontar o Nordeste como a região do Brasil que mais deve sofrer, podendo ter forte redução nas áreas cultivadas de milho, arroz, feijão, algodão e girassol, com perda significativa da produção.

“Duas regiões poderão ser mais atingidas: toda a área correspondente ao agreste nordestino, hoje responsável pela maior parte da produção regional de milho, e a região dos cerrados nordestinos, como sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia”, avisa o estudo.

“No Nordeste, a população carente sofrerá ainda mais com a seca. Não só não resolvemos o passivo histórico naquela região como as coisas irão se agravar ainda mais”, diz Suzana Kahn. “A tendência é de aumentar a migração para áreas urbanas, que não têm como suportar mais demandas, e o campo se esvaziando.”


Agropecuária ameaçada


O aquecimento global, diz o relatório, pode colocar em risco a produção de alimentos brasileira como um todo, caso nenhuma medida mitigadora e de adaptação seja feita.

Além dos cenários agrícolas apontarem para uma redução de área cultivável, os efeitos negativos sobre a oferta de commodities devem resultar em elevação dos preços de arroz, feijão e carne. “No setor agropecuário, as consequências do aquecimento global serão inúmeras”, diz o estudo.

Os pesquisadores aconselham que o setor agropecuário aumente sua produtividade, sem desmatar mais, mas “reabilitando milhões de hectares de terras degradadas e adaptando-se às mudanças climáticas”.

Também sugerem a descentralização da produção, o melhoramento genético de variedades tolerantes à seca, a ampliação do acesso à tecnologia de irrigação eficiente e o plantio direto, entre outras práticas.
Há uma boa notícia nas projeções do estudo, no entanto: com o aumento da temperatura, o risco de geadas no Sul, Sudeste e Sudoeste será menor.


Risco à biodiversidade


Todos os biomas brasileiros – Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Pampas e Amazônia – são vulneráveis à mudança do clima. A mudança do uso da terra em larga escala pode alterar o clima regional, que será mais quente e mais seco sobre a região leste da Amazônia. Na região, diz o estudo, “a demanda de expansão de infraestrutura não pode correr o risco de ser desordenada”.

“Há o enorme risco da perda de biodiversidade. Estaremos perdendo algo que nem sabemos que temos. Nem sabemos o que estamos perdendo”, diz a pesquisadora.


Potencial hidrelétrico


O regime hidrológico também será alterado, e de forma diversa, sobre o território brasileiro. Ocorrerá um aumento de chuvas no Sudeste. Os riscos de desastres naturais, como enchentes e secas, devem ser observados de modo a identificar as populações que estão vivendo em risco. É preciso integrar tudo isso com sistemas de alerta precoce e planos de ação locais.

“Se ocorrerão mudanças nas vazões dos rios, como o estudo aponta, isso vai significar menor potencial hidrelétrico para ser aproveitado e é uma informação muito importante para o planejamento do setor elétrico”, diz Suzana Kahn. O setor energético pode ser afetado, segundo o relatório, tanto nos recursos energéticos como nos transportes e consumo de energia. “Em termos de oferta de energia, praticamente todas as opções estão expostas a algum grau de vulnerabilidade”, diz o relatório.

O estudo diz que “é preciso investir em um monitoramento ambiental sistemático e de longo prazo, no ordenamento territorial e no gerenciamento costeiro”. Recomenda que se estudem medidas de adaptação ao recuo das linhas de praia.

Os estudos que o relatório agrupa indicam erosão de áreas costeiras, com danos a obras de proteção.


Metrópoles em risco


As cidades, onde vive a maior parte da população brasileira, enfrentam impactos já significativos da mudança do clima. “Aumentar a resiliência das cidades envolve abordar redução da base de pobreza”, diz o estudo.

Quase todo o Nordeste, o noroeste de Minas Gerais e as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Brasília e Manaus são as áreas mais suscetíveis aos impactos da mudança do clima até o fim deste século.

Segundo o estudo, nos próximos 30 anos, a cidade do Rio de Janeiro é a que mais sofreria no Estado, com o aumento do nível do mar, chuvas mais fortes, inundações e doenças induzidas pelo fenômeno. “Se haverá um aumento de chuvas no Sudeste e um aumento no nível do mar, é preciso planejar a adaptação das cidades costeiras”, diz Suzana Kahn.


Mapear riscos


O diagnóstico também fala sobre os impactos na atividade industrial. “O custo da inação pode impactar os diversos segmentos da indústria brasileira, podendo ser mais alto que o custo de se implementarem medidas adaptativas às mudanças climáticas”, indica o trabalho.

A sugestão é que as áreas de risco sejam mapeadas em detalhes. No setor de transportes, que deve sofrer impactos na mobilidade urbana, é preciso tanto ter ações de redução na emissão de gases-estufa como investir na melhoria da infraestrutura e na diversificação da matriz. É preciso tanto realocar estradas e vias como adequar pontes e pavimentos de forma a suportar as condições meteorológicas.

Secas e inundações, ondas de frio e de calor e temporais já são mais frequentes, trazem risco à segurança e são vetores de doenças. O estudo aponta para que se construa um sistema nacional de registro de ocorrência de desastres, para que um arquivo histórico indique, também, as atitudes que devem ser tomadas em um evento extremo, o que aconteceu com as populações, qual a efetividade da ação do poder público.
A importância do PMBC é a de que os estudos do IPCC, da ONU, não tinham quase dados sobre o hemisfério Sul, diz Suzana Kahn.

Ela lembra também que o painel da ONU trabalha com médias. “É difícil para o tomador de decisão traduzir as médias em ações no seu país”, diz ela. Por isso foi criado o painel brasileiro, para “aproximar os dados da realidade do tomador de decisão”, diz.
(Daniela Chiaretti | Valor)

Brasileiros têm gasto recorde no exterior em setembro

 
 
 
Por Alex Ribeiro e Eduardo Campos | Valor
 
 
Banco de imagens USP


BRASÍLIA  -  (Atualizada às 12h11) Os brasileiros gastaram em viagens internacionais US$ 2,168 bilhões no nono mês de 2013, recorde para meses de setembro. Já os viajantes estrangeiros deixaram no Brasil US$ 505 milhões. Com isso, a rubrica de viagens internacionais ficou negativa em US$ 1,663 bilhão no mês passado, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC).

Nos nove primeiros meses do ano, a situação não é diferente. Enquanto os brasileiros tiveram uma despesa de US$ 18,937 bilhões em viagens internacionais, os estrangeiros deixaram no país US$ 5,041 bilhões. Liquidamente, a conta de viagens internacionais é deficitária em US$ 13,896 bilhões no ano até setembro.

Para o ano, o BC estima que a conta líquida de viagens internacionais seja deficitária em US$ 17,2 bilhões.
Com relação a outubro, o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, projeta despesa líquida de US$ 1,8 bilhão neste mês, recorde para meses de outubro.

Segundo Maciel, em outubro, até o dia 23, o saldo líquido estava negativo em US$ 1,328 bilhão. Os gastos dos brasileiros neste período somavam US$ 1,717 bilhão, enquanto as despesas de estrangeiros no Brasil totalizavam US$ 389 milhões. 

Dilma diz que governo investirá R$ 140 bilhões em mobilidade no país


Por Cristiane Agostine | Valor
 
SÃO PAULO  -  (Atualizada às 13h19) Em meio a problemas enfrentados pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), na área de transportes, a presidente Dilma Rousseff anunciou nesta sexta-feira um pacote de R$ 5,4 bilhões para obras do trem e metrô no Estado. Ao lado do governador tucano, Dilma afirmou que seu governo está investindo R$ 140 bilhões em obras de mobilidade urbana em todo o país e disse que o investimento em metrô "é absolutamente essencial".

Nelson Antoine / Fotoarena/Folhapress


O anúncio, feito na sede do governo paulista, deve servir de bandeira para o PT exibir na campanha eleitoral de 2014, quando o partido irá explorar o desgaste enfrentado por Alckmin com de denúncias de cartel em licitações da CPTM e do metrô e entraves em linhas do sistema metroferroviário.

"Investir em metrô é absolutamente essencial", disse Dilma. "Esses investimentos fazem parte do processo de amadurecimento do país, de abandonar o complexo de vira-lata. Esse complexo tem que ser superado no caso dos transportes. É estratégico para o país, não só para São Paulo, mas para todas regiões. É estratégico o investimento em mobilidade urbana", afirmou a presidente.

Segundo Dilma e o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, que também participou da cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, na capital paulista, antes das manifestações populares que começaram em junho o governo federal já havia definido o investimento de cerca de R$ 90 bilhões em mobilidade urbana, que depois foram acrescidos de mais R$ 50 bilhões. 

Do pacote de R$ 5,4 bilhões para obras de mobilidade urbana em São Paulo, R$ 4,06 bilhões são de financiamentos (R$ 1,5 bilhão via BNDES e R$ 2,56 bilhões de fonte a ser definida) e R$ 1,34 bilhão de recursos do Orçamento Geral da União (OGU), a título de fundo perdido.

Ao discursar ao lado do governador tucano, a presidente destacou que o governo federal tirou recursos de seu próprio Orçamento para destinar a investimentos em São Paulo e defendeu a manutenção dos financiamentos para grandes obras de infraestrutura, apesar de críticas de governantes que dizem que a medida aumenta gastos dos Estados e municípios. "Vamos continuar financiando obras de mobilidade urbana", disse. "Sem esse tipo de financiamento, que pode ser criticado, não sai obra de longo prazo, nem obra que exige esses recursos". 

Dilma afirmou que no passado o país tinha dificuldade para investir na área de mobilidade e disse que havia controle do Fundo Monetário Internacional sobre os gastos do governo. "Foi tão bom ter pagado a dívida do FMI, que não supervisiona mais nossas contas...".

Os recursos anunciados pela presidente irão para investimentos para a expansão da Linha 2 do metrô (Vila Prudente -Vila Formosa), expansão da Linha 9 do trem urbano para a zona Sul e a implantação de trem urbano Linha Zona Leste-Aeroporto de Guarulhos, além da modernização de 20 estações do trem metropolitano.


Leilão de Libra


A presidente defendeu o consórcio que venceu o primeiro leilão do pré-sal, realizado na segunda-feira, e disse que "toda xenofobia é burra". O grupo, formado pela Petrobras, pela anglo-holandesa Shell, a francesa Total e as chinesas CNPC e CNOOC, ganhou os direitos para explorar a bacia de Libra, maior reserva petrolífera brasileira. 

Dilma atacou as críticas feitas à participação dos chineses na maior licitação do Brasil. "Empresa internacional de petróleo, qualquer uma, sabe o que significa empresa chinesa. Significa o seguinte: são os maiores importadore s de petróleo. Portanto, os maiores controladores do ponto de vista comercial. É extrema tolice considerar ter prejuízo com empresa chinesa de petróleo", disse a presidente, ao participar de evento em São Paulo. "Pensar diferente disso é de uma ingenuidade absurda. Eu prefiro a ingenuidade à xenofobia. A ingenuidade tem cura, a xenofobia não. Podemos transformar essa riqueza dada pela partilha em passaporte para o futuro do Brasil".


Jornal britânico diz que leilão de Libra foi 'medíocre'

Por Fernando Nakagawa, correspondente


O resultado do leilão do pré-sal, realizado na última segunda-feira, 21, volta a ser destaque na imprensa europeia. Em artigo publicado na edição desta sexta-feira, 25, do Financial Times, o chefe da sucursal brasileira do jornal britânico, Joe Leahy, questiona o comportamento do governo brasileiro, que comemorou o resultado de um leilão que teve apenas um concorrente. "Algo está errado com a formulação das políticas no Brasil", diz o texto, que classifica o resultado da oferta como "medíocre".
 
Com o título "Por que políticos brasileiros enalteceram o leilão com um lance", a análise de Leahy diz que o "entusiasmo do governo com o leilão que não foi um leilão pode ter sido, em parte, para esconder sua decepção". "Mas a explicação mais preocupante é que o governo está realmente satisfeito com o leilão que não conseguiu atrair concorrência. O governo pode estar aliviado com o resultado medíocre", diz o texto.

A explicação de Leahy está na cláusula da operação que exige um mínimo de "óleo lucro" para o governo. "Como isso (a falta de concorrência) aconteceu, o consórcio vencedor ofereceu o mínimo de 41,6%. Mas, se houvesse muita concorrência, o número poderia ter sido maior. Isso pode ter prejudicado a Petrobras, cujas finanças estão tão 'tensas' que não poderiam oferecer algo mais generoso para o governo", diz o texto.
O artigo compara esse conflito visto no leilão de Libra - desejo do governo de concorrência versus falta de fôlego financeiro da Petrobras - com outros fenômenos conflitantes da economia brasileira.

"De fato, tais resultados são cada vez mais comuns com o governo fazendo malabarismos com tantos objetivos conflitantes. Ele está tentando reduzir a inflação enquanto enfraquece a taxa de câmbio. Está aumentando o gasto público enquanto aumenta as taxas de juros. E, na indústria do petróleo, tenta aumentar a participação do Estado ao mesmo tempo em que tenta atrair o setor privado. Até o governo já não parece tão certo sobre o que realmente está tentando conseguir", diz o texto.

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Limite para participação estrangeira no Banco do Brasil cresce para 30%


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Em setembro de 2009, o percentual máximo permitido passou de 12,5% para 20%

Por Luiz Gustavo PACETE

Por meio de fato relevante divulgado na manhã desta sexta-feira 25, o Banco do Brasil informou que o limite de participação de estrangeiros no capital da instituição aumentou para 30%.

O limite estava fixado em 20% desde setembro de 2009, época em que que foi autorizada pelo governo a emissão de American Depositary Receipts (ADRs) da instituição financeira, antes disso, o máximo permitido era de 12,5%.

Mais capital estrangeiro é bom para o BB, dizem analistas


Decreto presidencial aumentou de 20% para 30% a participação de capital estrangeiro no banco

Por Keila CÂNDIDO

O decreto presidencial publicado na edição desta sexta-feira 25 do Diário Oficial da União, que permite o aumento de 20% para 30% da participação de  estrangeiros no capital total do Banco do Brasil, foi bem vista pelo mercado. No início da tarde, os papeis do BB apresentavam valorização de 1,76%, cotados a R$ 28,83. Na avaliação do analista Flávio Conde, da Gradual Investimentos, o Brasil vai ganhar pontos por ter tomado a medida. "O investidor estrangeiro é um indutor de preço das ações num patamar mais elevado", diz Conde. O pico do dia, até aquele  momento, foi às 11h08, quando a alta era de 2,47%, a R$ 29,04.

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INVESTIMENTO: estrangeiros poderão ter 30% de capital do BB
 
A última elevação do limite, de 12,5% para 20%,  havia sido feito em  setembro de 2009. O novo aumento autorizado presidenta Dilma, segundo analistas, não vai ameaçar  o controle do Banco. "O BB continua sendo um banco público com capital  misto", diz Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating.
 
A  vantagem para o BB será o aumento do escopo de investidores de fora querendo comprar ações banco, dado o grande volume de recursos disponíveis no Exterior. Além do impacto positivo no preço dos papeis, o volume negociado também tende a crescer. Para Santacreu, isso vai gerar um  círculo virtuoso em âmbito internacional: a ação será mais negociada, terá  maior liquidez e, portanto, terá maior cobertura por parte de analistas.  "Essa movimentação vai fazer com que haja circulação positiva de informações  sobre os papeis do banco", diz o analista.
 
A estratégia pode será positiva também no longo prazo. Caso o BB precise, no  futuro, emitir ações para impulsionar seu crescimento, terá mais uma fonte  de financiamento e um escopo maior de clientes. "Ele abre espaço para  acessar o mercado internacional com maior volume e não fica a mercê do mercado local", diz Santacreu. "Países que tratam bem o investidor estrangeiro tendem a crescer mais no longo prazo", afirma Conde, da Gradual. Ao ampliar sua atuação no mercado  internacional, o BB será cobrado por mais transparência. "Isso amplia a  proteção da diretoria ante pressões públicas e demanda política", afirma  Santacreu.