Balanço da estatal continua pressionado pela defasagem entre
os preços de venda dos combustíveis no Brasil e o custo de importação
25 de outubro de 2013 | 19h 31
André Magnabosco, da Agência Estado
Atualizado às 21h10
SÃO PAULO - Pressionada pela decisão de não reajustar o preço dos combustíveis vendidos no mercado brasileiro, a
Petrobrás
encerrou o terceiro trimestre de 2013 com lucro líquido de R$ 3,39
bilhões, uma queda de 39% em relação ao lucro de R$ 5,6 bilhões do mesmo
período do ano passado. Na comparação com o segundo trimestre deste
ano, o resultado representa uma queda ainda maior: 45,3%.
Já no acumulado entre janeiro e setembro, o lucro líquido alcançou R$
17,3 bilhões, resultado 29% superior ao registrado nos primeiros nove
meses do ano passado.
O Ebitda - indicador que dimensiona a capacidade de geração de caixa
da companhia - totalizou R$ 13,1 bilhões, recuo de 8,9% ante o terceiro
trimestre de 2012. Já a receita líquida atingiu o patamar recorde de R$
77,7 bilhões, superando a marca de R$ 73,8 bilhões do mesmo período do
ano passado.
A expansão de 5,3% na receita trimestral é explicada principalmente
pelos reajustes de combustíveis aplicados pela empresa entre 2012 e o
início deste ano. O dólar mais valorizado também impulsionou a receita
com a exportação de petróleo.
Combustíveis. Embora tenha aplicado uma série de
reajustes na gasolina e no diesel desde 2012, o balanço da estatal
continua a ser pressionado pela diferença entre os preços de venda
praticados no Brasil e o custo de importação desses combustíveis. O tema
tem sido discutido pela diretoria da Petrobrás e o governo brasileiro,
controlador da petrolífera, mas ainda não há qualquer definição sobre
quando e se um novo reajuste será anunciado.
A diretoria da empresa já apresentou ao Conselho de Administração uma
nova metodologia para o reajuste.
A informação é da presidente da estatal, Graça Foster, em seus
comentários no balanço. Ela atribuiu a queda no lucro - na passagem do
segundo para o terceiro trimestre - principalmente ao aumento da
defasagem entre os preços.
O spread entre os valores praticados no mercado internacional
e aqueles adotados localmente pela Petrobrás caíram fortemente após os
reajustes de mais de 20% no caso do diesel e de quase 15% na gasolina
entre 2012 e 2013. A partir de maio passado, porém, a forte valorização
do dólar em relação ao real voltou a aumentar o déficit da Petrobrás com
essa operação. Em setembro, segundo cálculos da GO Associados, a
diferença na gasolina do tipo A era de 17%. No diesel, o spread alcançou
12%.
Graça também destacou que o resultado foi prejudicado pelo aumento
nas despesas com poços secos e subcomerciais e por um volume menor de
receitas com desinvestimentos.
Alavancagem. A alavancagem líquida da empresa -
a relação entre endividamento e patrimônio líquidos - encerrou o
terceiro trimestre em 36%, acima do patamar de 35% desejado pela
companhia. Esse indicador ganhou importância em 2010, ano em que a
estatal realizou sua megacapitalização de mais R$ 120 bilhões. Na
ocasião, uma das razões para que a Petrobrás anunciasse a operação foi
justamente a preocupação de que o indicador superasse 35% e colocasse em
risco a condição de grau de investimento concedido pelas agências de
classificação de risco à companhia.
Concluída a operação, a alavancagem da estatal caiu de 34% no segundo
trimestre para 16% no terceiro trimestre de 2010. Desde então, porém, o
indicador mantém trajetória ascendente, acompanhando o total de dívidas
da petrolífera brasileira. Essa tendência fez com que o Bank of America
Merrill Lynch classificasse, na semana, a Petrobrás como a
companhia mais endividada do mundo, excluindo empresas do universo financeiro.
Investimentos. No terceiro trimestre, os
investimentos da empresa somaram R$ 25,15 bilhões, montante 19% superior
ao registrado no mesmo período do ano passado. Desde o começo do ano, a
estatal investiu R$ 69,3 bilhões, expansão de 16% em relação aos nove
primeiros meses 2012. A Petrobrás tem planos de investir R$ 97,7 bilhões
no acumulado deste ano.
A maior parte dos investimentos entre janeiro e setembro foi
direcionada à área de Exploração e Produção (E&P), com o equivalente
a R$ 38,3 bilhões (55% do total). O aporte na área representa uma
expansão de 23,6% em relação ao volume do mesmo período de 2012. Na área
de Abastecimento, a segunda mais importante da companhia, o
investimento cresceu 8% na mesma base comparativa, para R$ 22,043
bilhões (32% do total)