segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Acordo fiscal com a Vale gera alívio no governo brasileiro


O acordo deixa o país próximo de atingir suas metas fiscais e dá mais tempo para que se afaste de um potencial rebaixamento de rating

Blake Schmidt, da
Dado Galdieri/Bloomberg
Trem realizando o transporte de minérios de Ferro da Vale na mina de Brucutu, em Barão de Cocais

Minérios de ferro da Vale: a maior produtora de minério de ferro do mundo e a Fibria fecharam acordos para pagar mais de R$ 6 bilhões em impostos na semana passada

São Paulo - Acordos tributários com empresas como a Vale SA e a Fibria Celulose SA estão deixando o Brasil próximo de atingir suas metas fiscais e dando ao país mais tempo para se afastar de um potencial rebaixamento da nota de risco.

A Vale, a maior produtora de minério de ferro do mundo, e a fabricante de celulose Fibria fecharam acordos na semana passada para pagar mais de R$ 6 bilhões (US$ 2,6 bilhões) em impostos contestados neste ano em um momento em que o governo trabalha para reduzir seu déficit, que está no maior nível desde 2009.

A preocupação com esses déficits, em meio a uma onda de empréstimos por bancos estatais, está mostrando que as finanças do governo tiveram perdas de 12 por cento nos bônus do país no exterior neste ano, mais que o dobro da média para mercados emergentes, monitorada pelos índices da JPMorgan Chase Co.

A Standard Poor’s reduziu sua perspectiva para a classificação de crédito do Brasil em junho e o Moody’s Investors Service fez o mesmo em outubro.

“O governo oferece esses acordos quando as contas fiscais estão apertadas, como um mecanismo para aumentar a arrecadação no curto prazo”, disse Felipe Salto, analista fiscal da Tendências Consultoria, em entrevista por telefone, de São Paulo. “Essas são medidas paliativas que apenas adiam a possibilidade de um rebaixamento da nota”.

A desaceleração do crescimento, o aumento das taxas de juros e a ampliação do déficit significam que são necessárias mais medidas para impulsionar o crescimento fiscal, disse ele.
Metas do governo

O Itaú Unibanco SA prevê que os acordos com a Vale, a Fibria e outras empresas antes do término do prazo, na semana passada, se reverterá em até R$ 10 bilhões para os cofres do governo neste ano, enquanto o Banco Bradesco SA estima mais de R$ 16 bilhões, segundo relatórios enviados por e-mail por analistas econômicos desses bancos.

O governo diz que precisa de R$ 16,3 bilhões com os acordos para alcançar a meta de R$ 73 bilhões de seu superávit orçamentário primário, que exclui pagamentos de juros.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou em maio que o governo não cumpriria sua meta de superávit primário, de 3,1 por cento do PIB, dizendo que atingiria um superávit entre 2,3 por cento e 3,1 por cento.

A economia crescerá 2,5 por cento neste ano, segundo a mediana das estimativas de 100 economistas em uma consulta semanal do Banco Central. Isso contrasta com os 0,9 por cento do ano passado, 2,7 por cento em 2011 e 7,5 por cento em 2010.

Os estrategistas do banco elevaram os custos de referência para empréstimos de uma baixa recorde de 7,25 por cento para 10 por cento neste ano para esfriar a demanda dos consumidores e manter os preços baixos.
Equilíbrio


A Vale fechou acordo para pagar R$ 22,3 bilhões e dar um fim à disputa. A empresa irá transferir R$ 5,97 bilhões no final de novembro e R$ 16,4 bilhões em 179 parcelas mensais. A mineradora havia estimado seu passivo fiscal total no caso em R$ 45 bilhões.

A Fibria disse que planeja pagar R$ 392 milhões, após deduções, em um acordo.
Embora os acordos tributários possam permitir que o Brasil atinja suas metas fiscais no curto prazo, eles não são uma solução de longo prazo para o país, segundo Salto, da Tendências Consultoria.

“O governo sempre faz esses acordos quando as contas fiscais estão apertadas para aumentar a arrecadação no curto prazo”, disse ele. “E então os contribuintes fazem alguns pagamentos e voltam a deixar de pagar impostos, esperando que o governo os deixe fazer outro acordo”.

Berçário é benefício mais comum para apoio às mulheres


Pesquisa aponta no que as empresas mais apostam para ajudar as mulheres a conciliarem carreira e vida pessoal, no Brasil. Outras medidas, porém, são necessárias

GettyImages
Executiva trabalha em notebook enquanto seu filho está no seu colo

Mãe: a possibilidade de home office durante a gestação e após o vencimento da licença-maternidade só existe em 17% das empresas no Brasil, segundo pesquisa

São Paulo - Oferecer suporte para que as mulheres consigam conciliar vida pessoal e trabalho ainda é um desafio para as empresas. Mais difícil ainda é conseguir garantir que elas assumam cargos de liderança. Prova disso é que, segundo um estudo divulgado recentemente pela Bain & Company, os homens têm 20 vezes mais chances de chegar à presidência de uma companhia do que as mulheres.

Para minimizar o problema, muitas corporações apostam em benefícios e programas diferenciados para o público feminino.

No Brasil, o benefício mais oferecido pelas empresas para apoiar as funcionárias é o berçário, segundo nova pesquisa da Towers Watson. De acordo com o levantamento, 88% das companhias possuem a estrutura em suas sedes. Em outras 8% há lactário e 1% disponibiliza ambos os auxílios. Para o estudo, foram ouvidas 166 empresas nacionais e multinacionais com atuação no país, entre agosto e setembro deste ano. 

Em seguida, aparecem o auxílio-creche ou babá. Das companhias pesquisadas, 81% afirmaram conceder alguma ajuda neste sentido. A maioria delas (63%) reembolsa despesas, outras 6% contam com convênio com creches e berçários particulares. Apenas 1% possui uma estrutura própria para receber os filhos das colaboradoras. 

Esses "mimos" são comuns entre as líderes de mercado, segundo Michael Silverstein, sócio do Boston Consulting Group (BCG) e autor do livro "Women want more: how to capture your share of world's largest fastest-growing market" (Mulheres querem mais: como capturar a sua parte do maior e de mais rápido crescimento mercado do mundo).

Porém, ele diz que é preciso mais. "Companhias líderes também garantem mais de 12 meses de licença-maternidade. Elas fazem isso como as melhores práticas", afirma.

No Brasil, essa realidade ainda está distante. Por aqui, de acordo com a pesquisa da Towers Watson, somente 36% das empresas aderem aos seis meses de licença-maternidade, facultativos por lei. Obrigatoriamente, são quatro meses - um terço do período indicado por Silverstein. 

Segundo o estudo, após o período de licença, só 30% das empresas têm horários flexíveis para as mães. Dessas, 7% oferecem o benefício por até três meses, 6% por até seis meses e 17% estendem para além de seis meses.

A possibilidade de home office durante a gestação e após o vencimento da licença-maternidade só existe em 17% das empresas pesquisadas.

Além disso, depois do nascimento do bebê, só 8% das companhias oferecem alguma ajuda de custo para as mães.  

Reputação será moeda no mundo pós-financeiro


NELSON DE SÁ
DE SÃO PAULO

Joshua Klein, 39, se descreve como "hacker" de tudo.

Mestre em tecnologia interativa pela Universidade de Nova York, está lançando nos EUA "Reputation Economics" (economia da reputação, em tradução livre; Palgrave Macmillan), em que prenuncia a substituição das moedas por um comércio em plataformas com sistemas de troca que passam longe das finanças. 

Nesse mundo pós-financeiro, em que a privacidade é comercializada, afirma o consultor de firmas como Microsoft e Oracle, a reputação atestada por pares ou por especialistas ganha, cada vez mais, valor de dinheiro --cobiçada por aqueles que querem vender ou trocar mercadorias, serviços ou interesses. 

Folha - O sr. diz que a privacidade não é mais um direito e que há formas de lucrar abrindo mão dela. Como vê as revelações do ex-técnico de segurança do governo americano Edward Snowden sobre vigilância governamental?
 
Joshua Klein - É interessante ver a reação das pessoas ao volume de informações monitoradas. De muitas formas, o que o governo faz é uma extensão do que tínhamos permitido às empresas fazer. 

Se você usa Gmail, já deu ao Google o direito de analisar todos os seus e-mails: com quem você fala, com que frequência, sobre o quê, que palavras usa, quantos pronomes ou adjetivos emprega, todos os documentos. 

Todos os "serviços gratuitos" fazem isso --o Facebook faz, o Twitter, a Amazon-- porque permite que vendam de forma mais eficaz. O problema é que as pessoas não são realmente conscientes de que fizeram esse acordo.
Há possibilidade de voltarmos ao tempo em que as pessoas ainda tinham privacidade?
Estamos num momento de virada como sociedade. Sabíamos que havia algo estranho nesse acordo: estávamos ganhando quantidades imensas de tecnologia de graça --ou que pensávamos ser de graça-- em troca de nos dispormos a ver publicidade. 

Mas esse não é o acordo de fato. O acordo é que as pessoas nos dão essas coisas e, em retribuição, temos que comprar outras. E essas empresas farão tudo para serem o mais eficazes possível e nos venderem o que puderem.

Acredito que as pessoas começaram a tomar consciência ao verem o governo fazê-lo, pois se ergueu o espectro do Grande Irmão. Vender é algo com contornos bem definidos. O problema é que esses dados podem ser usados para outras coisas. 

Não há como mudar a forma de agir na internet?
 
Se as pessoas admitirem que fizeram um contrato faustiano e começarem a usar criptografia e forem mais cuidadosas com os contratos de licença que assinam... Se gente o bastante fizer isso, as empresas começarão a pensar: "Para termos acesso aos dados, temos que fazer um acordo aberto, mais claro". 

Se isso acontecer, então, sim, vamos ver mudança. As empresas vão aceitar que os indivíduos tenham mais responsabilidade e controle sobre suas coisas. Mas acho que o mais provável é que uma minoria de pessoas faça isso --e elas terão acesso a menos serviços ou terão de pagar mais caro por eles. 

E veremos mais abusos dos dados coletados. 

Há uma frase de Andrew Lewis, no blog comunitário MetaFilter, sobre a internet: "Se você não está pagando pelo produto, você é o produto que está sendo vendido".
 
[Risos] Sim. O objetivo da grande maioria dos serviços on-line hoje não é fornecer algo divertido ou interessante. Isso é acessório. O objetivo real é vender de forma eficaz. 

"Reputation Economics" também reflete isso?
 
Um dos pontos do livro é que estamos estabelecendo plataformas, hoje, que possibilitam sistemas de troca livre das finanças. Por outro lado, as empresas grandes são cada vez mais eficientes em ganhar nosso dinheiro. 

Daí a precificação hiperdinâmica: você entra on-line para comprar queijo, a empresa que vende o queijo reconhece que você tem um blog sobre isso e dá um desconto de 30%, na esperança de que você compre e depois diga algo bom do queijo. 

Os indivíduos precisam agora escolher: Querem só ficar com o que é dado? Ou querem ferramentas e tecnologias que permitem que gerenciem seu valor? Creio que veremos mais da última, mas não estou certo ocorrerá. 

A edição registra que você fez trabalhos para a comunidade de inteligência. O que foi?
 
Foi sobretudo pelo Escritório do Diretor de Inteligência Nacional, que fez um programa tipo "think tank" [centro de estudos] em que muitos colaboramos, num retiro de um mês. Foi interessante por permitir contato com algumas das mentes mais brilhantes da NSA [agência de segurança nacional], CIA [agência de inteligência dos EUA] e um "insight" sobre as capacidades que têm ou tinham. 

Desde então, todos ganhamos uma consciência muito maior do que se trata [devido às revelações de Snowden]. 

O mais importante foi ver que aquilo tinha enorme potencial, não totalmente conhecido. Em relação ao trabalho de consultoria que presto para empresas, ficou claro que o mercado baseado em "big data" se tornaria cada vez maior. A questão já era, então, qual o efeito disso sobre o indivíduo. 

O livro destaca que "quem você conhece" vale mais, hoje, do que "o que você possui".
 
O que isso aponta é que, cada vez mais, as plataformas on-line estão permitindo obter informações de reputação sobre as pessoas. Se eu quiser descobrir se devo emprestar meu carro a você, posso dar um Google e ver se você é digno de confiança. 

Esse tipo de informação de reputação levou ao surgimento de uma economia de reputação on-line, que está mudando como os indivíduos compartilham valor. 

Ou seja, o compartilhamento não é mais só financeiro. A economia de reputação me permite descobrir a pessoa para quem a troca é útil. Esse tipo de situação agora está disponível por todas essas plataformas on-line. 

Esse é um aspecto. Outro é que as pessoas têm cada vez menos capacidade de alavancar suas finanças. Os sistemas financeiros vêm com problemas há muito tempo, as maiores economias do mundo estão se debatendo, então as pessoas começam a perceber: "Ei, posso entrar no Skillshare, começar a ensinar as pessoas este hobby de mergulho e conseguir dinheiro". 

Ou: "Só uso meu carro nos fins de semana, eu posso inscrevê-lo no [site] Rideshare e ter pessoas que me paguem para usá-lo na semana". 


Divulgação
O consultor de tecnologia Joshua Klein
O consultor de tecnologia Joshua Klein  
 
Você entende "hacking" como quebrar regras, em geral. O novo livro reflete essa ideia?
Sim e não. Uma das coisas que abordo é o "momento Napster" das finanças. Há um bocado de mudanças tecnológicas acontecendo agora, algumas beneficiam indivíduos, outras, empresas e outras concorrem entre si. 

Onde entra a palavra "hacking"? Por exemplo, quando o Napster foi derrubado pela RIAA [Associação Americana da Indústria Fonográfica], a internet como um todo não se convenceu de uma hora para outra de que não podia mais baixar músicas de graça. 

Em vez disso, foi inventado o protocolo BitTorrent [para transferência de grande volume de dados entre usuários]. 

Quando a RIAA começou a derrubar sites de BitTorrent, surgiram clubes de compartilhamento de arquivos e uma criptografia melhor. Essas são forças de "hacking" que sempre tivemos: as mudanças serão apoiadas e reforçadas pelas comunidades on-line, sejam ou não legais ou desejáveis pelo ambiente regulatório e financeiro. 

Em "Hacking Work", de 2010, você apoia romper regras para alcançar resultados melhores nas empresas privadas.
 
Em todas as empresas às quais dei consultoria sobre inovação e como usar tecnologia de maneira mais eficaz e mudar modelos de negócio, via que implantar mudança ou evolução numa organização é quase impossível, porque a cultura é reativa. 

Com o passar do tempo, a empresa vai ganhando uma série de regras que limitam as pessoas. Parte do que você encontra nas "start-ups" [empresas iniciantes] que as torna tão eficientes é não terem, ainda, regras. Elas fazem tudo o que for necessário para serem eficientes. 

O livro não sugere jogar tudo que se sabe fora. Ele propõe encontrar instâncias específicas em que você está sendo impedido de ser mais efetivo e focar métodos alternativos para quebrar o molde e termais sucesso, ajudando a empresa e até sua carreira. 

Sua série de TV para o National Geographic, "The Link", de 2012, é transmitida aqui. Ela explora conexões entre diferentes saltos tecnológicos pela história. Qual é o vínculo entre a série e o novo livro?
 
O programa influenciou o livro, no sentido de estarmos num momento incomum da história em que algumas mudanças terão efeitos enormes e inesperados. Estamos começando a desenvolver modelos pré-financeiros para comércio, como [a moeda virtual obtida com a cessão de poder de processamento do seu computador] Bitcoin ou o [site para aluguel e sublocação direta de apartamentos para temporadas] Airbnb. 

Nos próximos 5 ou 20 anos, veremos boa parte dos dois terços da humanidade que ainda não estão na internet aparecerem on-line, e eles vão querer usar métodos mais flexíveis de comércio. Essas pessoas estão hoje em grande parte no chamado "mercado negro", que gira US$ 10 trilhões. 

Nos próximos 20 anos, esse será o método majoritário de comércio do planeta.
O que acontece quando a economia do mundo é ocupada, de uma hora para outra, por uma população que não usa instrumentos financeiros tradicionais? Ela vai alavancar uma série de plataformas que, hoje, são bonitinhas e divertidas. Não sabemos como será, mas sabemos que pode ser muito desestabilizador. 

RAIO-X
NOME
Joshua Klein, 39
OCUPAÇÃO
Conferencista e consultor de tecnologia
LIVROS
"Reputation Economics", 2013; "Hacking Work", 2010 (sem tradução no Brasil)

Tombo da Petrobras após nova política de preços derruba a Bolsa


DE SÃO PAULO

A decepção do mercado com o reajuste da gasolina e do diesel anunciado pela Petrobras, além da falta de detalhes sobre a nova política de preços da estatal, faz com que as ações da empresa derretam nesta segunda-feira (2) e sustentem a Bolsa brasileira no vermelho.
Os papéis mais negociados da Petrobras tinham queda de 7,47%, às 13h45 (horário de Brasília), enquanto os ordinários (menos negociados, com direito a voto) mostravam desvalorização de 8,02%. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice do mercado nacional, cedia 1,42%, a 51.732 pontos.

Ao vivo: acompanhe os destaques do mercado e as análises de especialistas

A Petrobras aprovou na última sexta-feira (29) uma nova política de preços, que começou com um aumento de 4% para gasolina e 8% para o diesel, nas refinarias. Nos postos, o aumento da gasolina ficou perto de 2%. Para o diesel, de 5%. 

Em nota, a estatal deixou claro que os critérios de reajuste não serão divulgados, mas disse que o modelo irá garantir a "convergência dos preços internacionais dos combustíveis ao mercado doméstico". Esse processo é considerado essencial por especialistas para que a empresa reduza o prejuízo e consiga manter seu modelo de negócios. 

"O reajuste foi abaixo do que a Petrobras precisa para fechar o 'gap' em relação aos preços internacionais [dos combustíveis] e acabar com as perdas", diz Marcos Sequeira, do Deutsche Bank, em relatório. "O mercado deve temer que essa pode ser o último aumento dos preços até a eleição presidencial de 2014", acrescenta. 

Segundo o analista-chefe da XP Investimentos, William Alves, "a companhia permanecerá sendo afetada [pela diferença dos preços], destruindo valor para os acionistas, pois diesel representa 42% da composição das receitas com venda de derivados e gasolina representa 24%". 

Por esse motivo, Alves recomenda a venda dos papéis da Petrobras, e diz que as ações ordinárias da estatal tendem a sofrer mais, "pois não se vislumbra o retorno do pagamento de dividendos (parte do lucro distribuída aos acionistas) para esta classe de ativos". 

A equipe de análise do Citigroup rebaixou a recomendação às ações da estatal de compra para neutra, ressaltando que o reajuste anunciado veio menor do que eles projetavam. 

O valor também não agradou o BGT Pactual. "Não sabemos se este é um sinal do tamanho médio das altas dos preços no futuro", dizem Gustavo Gattass e Stefan Weskott em relatório. 

As ações mais negociadas da mineradora Vale também operam no vermelho e ajudam a sustentar a queda da Bolsa no dia. Às 13h45, a desvalorização era de 1,09%, depois que a empresa disse que irá reduzir em 9,2% seus investimentos em 2014. Esses papéis representam mais de 8% do Ibovespa. 

Esta segunda-feira também marca o dia em que a BM&FBovespa divulgou a prévia da composição do Ibovespa entre janeiro e abril de 2014. É a primeira composição que considera parcialmente a nova metodologia de cálculo do índice.

CÂMBIO


No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 0,77% em relação ao real, às 13h45, cotado em R$ 2,352 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,72%, a R$ 2,354. 

Segundo operadores, o movimento reflete a cautela dos investidores com o cenário fiscal brasileiro e a possível redução dos estímulos monetários americanos em breve. 

O Banco Central deu continuidade pela manhã ao seu programa de intervenções diárias no câmbio para aumentar a liquidez do mercado e segurar a alta da moeda americana.

Falta de infraestrutura vai prejudicar e-commerce em 2014

  


Falta de infraestrutura vai prejudicar e-commerce em 2014



A proximidade do Reveillon, do carnaval e da Copa do Mundo vai movimentar o comércio eletrônico, que deve enfrentar dificuldade para atender à demanda crescente no Brasil, porque a infraestrutura do país não atende às necessidades. A previsão é do diretor-geral do 3º Seminário Nacional de Comércio Eletrônico, Meios de Pagamento e Negócios na Web (Ecom 2013), Marcelo Castro. A expectativa, segundo ele, é atingir R$ 30 bilhões até 31 de dezembro, cerca de 28% a mais em relação a dezembro do ano passado.

“O primeiro semestre do ano vai ser muito tumultuado. Acho que a gente vai ter um pico de problemas na cadeia lojista. Não tenho dúvida de que quem estiver comprando no e-commerce [comércio eletrônico] vai sofrer um pouquinho, porque o mercado continua crescendo, mas a estrutura de entrega está limitada”, disse.

Além dos problemas de logística, das condições das estradas e da segurança, Marcelo Castro destacou que os comerciantes no Brasil estão enfrentando a concorrência de sites estrangeiros que se instalam no Brasil ou oferecem serviços aos clientes do país. “Europeus e americanos estão vendo um jeito de fugir da crise lá vendendo no e-commerce deles aqui. A expectativa é os estrangeiros comprarem R$1,5 bilhão aqui no Brasil, mas a previsão é que brasileiros comprem R$ 2,6 bilhões em sites estrangeiros. A gente tem que estar preparado para não deixar este mercado vazar para o mercado internacional”, alertou. 

Marcelo Castro participou hoje (28), no Rio de Janeiro, da última etapa do Ecom 2013, seminário de e-commerce com foco na Copa do Mundo de 2014 criado para inclusão digital comercial. Antes do Rio, o evento passou pelas outras 11 cidades-sedes da Copa e ainda por Florianópolis e Belém. “As 14 capitais, que são as doze da Copa mais Florianópolis e Belém, representam 90,2% do PIB (Produto Interno Bruto), então dá uma boa cobertura econômica também”, esclareceu.

Segundo o diretor, as empresas procuram se equipar melhor para atender aos clientes que, cada vez mais preferem fazer compras pela internet. Castro disse que, desde a primeira edição, o Ecom aumentou o número de participantes. Em 2011 foram 6 mil e este ano atingiu 11 mil. Além disso, o público se tornou mais qualificado.



Segundo o diretor, pesquisas do Serviço de Proteção ao Crédito Brasil (SPC Brasil) e a Câmara Nacional de Diretores Lojistas (CNDL), apontaram que, em média, 70 % de varejistas, lojistas e comerciantes brasileiros não tinham endereço na web. “Na nova dinâmica da sociedade que a gente vive, onde o e-commerce cresce numa faixa de 30% ao ano, isso mostra que muitos comerciantes e lojistas estão fora desta onda, desse momento de oportunidade. Foi pensando nisso que o projeto Ecom fez em 2011 a sua primeira road show”, disse.
Fonte: Portal Exame

PORTO PELA METADE










 




A BTP inaugurou oficialmente em 28/11  suas  instalações  na Alemoa, no Porto de Santos, sem, no entanto, conseguir  operar  a  plena  capacidade ,  porque  não  existe profundidade suficiente para receber navios de grande porte. As limitações comprometem os investimentos já realizados, de R$ 2 bilhões.

O  presidente  da  BTP, Henry Robinson, informou que será necessário um calado de pelo menos 15 metros para o terminal operar com toda a capacidade — hoje, a profundidade média é de 11,2 metros.   Com essa profundidade, os três berços do cais do complexo poderão receber, simultaneamente, navios mais modernos, com capacidade superior a nove mil TEUs.

“Esperamos  uma  solução a  curto prazo, porque a tendência mundial é de o tamanho dos navios crescerem significativamente”,  disse. Problemas com a dragagem e a necessidade de manutenção constante em Santos fizeram com que o governo não conseguisse entregar a profundidade esperada na região da Alemoa.       Os acionistas  da  BTP esperam que o governo cumpra a sua parte e termine o processo de dragagem até o fim do  ano.  O  ministro-chefe  da  Secretaria  de  Portos,  Antonio  Henrique  da  Silveira,  assegurou  que    a homologação da dragagem, iniciada em 2010, será feita ainda este ano e a profundidade ficará entre 13 e 14 metros.

(Fonte: Correio Braziliense)

Ser feito de bobo da corte parece ser um papel histórico da classe média que você pode romper


Familia01

Ricardo Whiteman Muniz, via Diário do Centro do Mundo

Um alerta para você perceber a tempo que pode estar fazendo o jogo de (seu) inimigo.

Você que é classe média, seja a favor da redução de impostos, sim: menos impostos para a classe média e imposto zero para famílias pobres, para periferias. Defenda mais imposto para ricos. Essa agenda, a da tributação progressiva, a da justiça tributária – paga mais quem tem mais –, é sua. Assim é que vai se financiar a melhoria dos serviços públicos. Não caia na conversa fiada de que imposto para rico, banco, fazenda e empresa é um fardo que inviabiliza a competitividade econômica – na verdade, eles nunca serão a favor de abrir mão de qualquer parte de seus ganhos e lucros, evidentemente, e se pudessem não pagariam nada. Repare como os jornais, a tevê, nunca debatem esse tema. Ou melhor, até debatem, mas quando o fazem é sempre do ponto de vista do andar de cima. É um sinal, não acha?

Você que é classe média, seja sim a favor do combate à corrupção: a compra de jornais ditos independentes por políticos que tentam tapear você manchete após manchete vendendo como notícia o que é manobra de blindagem; a chantagem de promotores que ameaçam com denúncias para amealhar fortunas; o financiamento privado de campanhas eleitorais, que torna os representantes no parlamento marionetes dos mais diversos interesses empresarias ou de máfias. É óbvio, mas repare que (quase) ninguém defende uma correção radical dessa anomalia.

Classe média, não seja complexado(a). A síndrome de vira-lata em relação ao Brasil é sistematicamente alimentada no contexto de uma estratégia geopolítica. Claro, seja crítico. Mas não seja derrotista, envergonhado. Você nasceu aqui, ou veio viver aqui: defenda seu lugar. Repare que muitas vezes o noticiário que você lê, ouve ou vê, embora seja veiculado em português, parece ter sido produzido fora daqui. Não é curioso?

Você que é classe média, seja conservador. Conserve o que vale a pena ser conservado: a Constituição, por exemplo, ou a política de distribuição de renda, ou a excelente concepção do SUS. Lembre que certos tribunos da República de hoje promoveram há pouco tempo a compra de votos para aprovar a reeleição presidencial no curso do primeiro mandato do maior interessado na mudança. Isso que é subversão! Note que forçar condenações sem provas e espernear contra o direito de recorrer é inconstitucional. Isso é subversão. Entenda que educação e saúde públicas, universais e de qualidade liberariam seu orçamento de classe média de um grande fardo. Lembre quem derrubou a CPMF, que financiaria a saúde pública. Pense em quem nunca investiu na expansão das universidades federais. Faça esse esforço e você vai perceber que estão tentando fazer você de bobo. Ser feito de bobo da corte parece ser um papel histórico da classe média que você pode romper, para seu próprio benefício.

Ricardo Whiteman Muniz é jornalista, bacharel em Direito (USP) e trabalha no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Unicamp.