segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Tombo da Petrobras após nova política de preços derruba a Bolsa


DE SÃO PAULO

A decepção do mercado com o reajuste da gasolina e do diesel anunciado pela Petrobras, além da falta de detalhes sobre a nova política de preços da estatal, faz com que as ações da empresa derretam nesta segunda-feira (2) e sustentem a Bolsa brasileira no vermelho.
Os papéis mais negociados da Petrobras tinham queda de 7,47%, às 13h45 (horário de Brasília), enquanto os ordinários (menos negociados, com direito a voto) mostravam desvalorização de 8,02%. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice do mercado nacional, cedia 1,42%, a 51.732 pontos.

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A Petrobras aprovou na última sexta-feira (29) uma nova política de preços, que começou com um aumento de 4% para gasolina e 8% para o diesel, nas refinarias. Nos postos, o aumento da gasolina ficou perto de 2%. Para o diesel, de 5%. 

Em nota, a estatal deixou claro que os critérios de reajuste não serão divulgados, mas disse que o modelo irá garantir a "convergência dos preços internacionais dos combustíveis ao mercado doméstico". Esse processo é considerado essencial por especialistas para que a empresa reduza o prejuízo e consiga manter seu modelo de negócios. 

"O reajuste foi abaixo do que a Petrobras precisa para fechar o 'gap' em relação aos preços internacionais [dos combustíveis] e acabar com as perdas", diz Marcos Sequeira, do Deutsche Bank, em relatório. "O mercado deve temer que essa pode ser o último aumento dos preços até a eleição presidencial de 2014", acrescenta. 

Segundo o analista-chefe da XP Investimentos, William Alves, "a companhia permanecerá sendo afetada [pela diferença dos preços], destruindo valor para os acionistas, pois diesel representa 42% da composição das receitas com venda de derivados e gasolina representa 24%". 

Por esse motivo, Alves recomenda a venda dos papéis da Petrobras, e diz que as ações ordinárias da estatal tendem a sofrer mais, "pois não se vislumbra o retorno do pagamento de dividendos (parte do lucro distribuída aos acionistas) para esta classe de ativos". 

A equipe de análise do Citigroup rebaixou a recomendação às ações da estatal de compra para neutra, ressaltando que o reajuste anunciado veio menor do que eles projetavam. 

O valor também não agradou o BGT Pactual. "Não sabemos se este é um sinal do tamanho médio das altas dos preços no futuro", dizem Gustavo Gattass e Stefan Weskott em relatório. 

As ações mais negociadas da mineradora Vale também operam no vermelho e ajudam a sustentar a queda da Bolsa no dia. Às 13h45, a desvalorização era de 1,09%, depois que a empresa disse que irá reduzir em 9,2% seus investimentos em 2014. Esses papéis representam mais de 8% do Ibovespa. 

Esta segunda-feira também marca o dia em que a BM&FBovespa divulgou a prévia da composição do Ibovespa entre janeiro e abril de 2014. É a primeira composição que considera parcialmente a nova metodologia de cálculo do índice.

CÂMBIO


No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 0,77% em relação ao real, às 13h45, cotado em R$ 2,352 na venda. No mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava 0,72%, a R$ 2,354. 

Segundo operadores, o movimento reflete a cautela dos investidores com o cenário fiscal brasileiro e a possível redução dos estímulos monetários americanos em breve. 

O Banco Central deu continuidade pela manhã ao seu programa de intervenções diárias no câmbio para aumentar a liquidez do mercado e segurar a alta da moeda americana.

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