DE SÃO PAULO
A decepção do mercado com o reajuste da gasolina e do diesel anunciado
pela Petrobras, além da falta de detalhes sobre a nova política de
preços da estatal, faz com que as ações da empresa derretam nesta
segunda-feira (2) e sustentem a Bolsa brasileira no vermelho.
Os papéis mais negociados da Petrobras tinham queda de 7,47%, às 13h45 (horário de Brasília), enquanto os ordinários (menos negociados, com direito a voto) mostravam desvalorização de 8,02%. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice do mercado nacional, cedia 1,42%, a 51.732 pontos.
Ao vivo: acompanhe os destaques do mercado e as análises de especialistas
A Petrobras aprovou na última sexta-feira (29)
uma nova política de preços, que começou com um aumento de 4% para
gasolina e 8% para o diesel, nas refinarias. Nos postos, o aumento da
gasolina ficou perto de 2%. Para o diesel, de 5%.
Em nota, a estatal deixou claro que os critérios de reajuste não serão
divulgados, mas disse que o modelo irá garantir a "convergência dos
preços internacionais dos combustíveis ao mercado doméstico". Esse
processo é considerado essencial por especialistas para que a empresa
reduza o prejuízo e consiga manter seu modelo de negócios.
"O reajuste foi abaixo do que a Petrobras precisa para fechar o 'gap' em
relação aos preços internacionais [dos combustíveis] e acabar com as
perdas", diz Marcos Sequeira, do Deutsche Bank, em relatório. "O mercado
deve temer que essa pode ser o último aumento dos preços até a eleição
presidencial de 2014", acrescenta.
Segundo o analista-chefe da XP Investimentos, William Alves, "a
companhia permanecerá sendo afetada [pela diferença dos preços],
destruindo valor para os acionistas, pois diesel representa 42% da
composição das receitas com venda de derivados e gasolina representa
24%".
Por esse motivo, Alves recomenda a venda dos papéis da Petrobras, e diz
que as ações ordinárias da estatal tendem a sofrer mais, "pois não se
vislumbra o retorno do pagamento de dividendos (parte do lucro
distribuída aos acionistas) para esta classe de ativos".
A equipe de análise do Citigroup rebaixou a recomendação às ações da
estatal de compra para neutra, ressaltando que o reajuste anunciado veio
menor do que eles projetavam.
O valor também não agradou o BGT Pactual. "Não sabemos se este é um
sinal do tamanho médio das altas dos preços no futuro", dizem Gustavo
Gattass e Stefan Weskott em relatório.
As ações mais negociadas da mineradora Vale também operam no vermelho e
ajudam a sustentar a queda da Bolsa no dia. Às 13h45, a desvalorização
era de 1,09%, depois que a empresa disse que irá reduzir em 9,2% seus investimentos em 2014. Esses papéis representam mais de 8% do Ibovespa.
Esta segunda-feira também marca o dia em que a BM&FBovespa divulgou a prévia da composição do Ibovespa entre janeiro e abril de 2014. É a primeira composição que considera parcialmente a nova metodologia de cálculo do índice.
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia
0,77% em relação ao real, às 13h45, cotado em R$ 2,352 na venda. No
mesmo horário, o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançava
0,72%, a R$ 2,354.
Segundo operadores, o movimento reflete a cautela dos investidores com o
cenário fiscal brasileiro e a possível redução dos estímulos monetários
americanos em breve.
O Banco Central deu continuidade pela manhã ao seu programa de intervenções diárias no câmbio para aumentar a liquidez do mercado e segurar a alta da moeda americana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário