BALI - (Atualizada às 19h10)
Nova crise na conferência ministerial da Organização Mundial do
Comércio (OMC) às 3h da madrugada de sábado: Cuba, Venezuela, Bolívia e
Nicarágua, membros da Alba (Aliança Bolivariana para as Américas)
rejeitaram o pacote inteiro do que deve ser o primeiro acordo comercial
global em duas décadas.
Isso aconteceu pouco depois de os grupos de países da África, países
árabes, dos mais pobres do mundo, do grupo ACP (África, Caribe e
Pacífico) e outros terem endossado inteiramente o pacote que inclui
medidas de facilitação de comércio, agricultura e medidas de
desenvolvimento para os mais pobres.
As 4h45, a OMC suspendeu sua reunião final para continuar as
consultas. As delegações dos 160 países-membros voltam a se reunir neste
sábado, às 10h, na expectativa de que uma solução tenha sido alcançada.
Parece claro que agora é a articulação política, com telefonemas para
Havana, La Paz, Manágua e Caracas, que deve resolver o problema. Por
outro lado, também se espera algum movimento dos Estados Unidos. O
diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo, reuniu representantes de Cuba e
EUA na madrugada, em busca de solução.
Revolta de Cuba
Antes de a reunião começar, Cuba reclamou que o processo de
negociação não foi inclusivo. Isso irrita várias delegações, que
consideram que nunca antes na história da OMC Cuba participou tanto das
reuniões negociadoras em Genebra. Foi convidada inúmeras vezes para
conversas e consultas com o diretor-geral.
Roberto Azevêdo agora vai engajar novas consultas com os países da Alba. As decisões na OMC sao tomadas por consenso.
Mais cedo, na reunião de apresentação do pacote de Bali, Azevêdo
destacou que o acordo sobre segurança alimentar beneficiará todos os
países em desenvolvimento, e ao final de sua exposição foi aplaudido por
quase dois minutos, segundo participantes.
Foi quando a embaixadora de Cuba pegou a placa com o nome do país e
começou a bater sobre a mesa, exigindo falar. O presidente da reunião, o
ministro de Comércio da Indonésia, nao lhe deu a palavra, dizendo que
ela podia então se manifestar mais tarde, na reunião na qual os paises
vão opinar sobre os textos.
A representante cubana começou a gritar, enquanto Azevedo voltou a ser aplaudido pelas delegações.
A inquietação a partir daí aumentou sobre o que Cuba poderia fazer em
seguida. Os cubanos reclamam que o embargo dos EUA contra a ilha não
facilita o comércio, já que um navio que atraca em Cuba logo depois não
pode atracar em território americano.
Já os grandes beligerantes da conferência ministerial, os Estados
Unidos e a Índia, dizem estar satisfeitos com o acordo até agora obtido.