quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Desmitificando o "elemento de empresa" na atividade intelectual exercida pelo empresário

Publicado por Marcelo Cometti -



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De acordo com artigo 966, § único do CC, não se considerada empresário quem exerce profissão intelectual de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

O citado dispositivo legal exclui, portanto, do conceito de empresário aqueles que têm no exercício de atividade intelectual, sua profissão. É o caso dos médicos, dentistas, escritores, escultores, que mesmo exercendo suas profissões de natureza científica, literária ou artística com profissionalismo e de forma organizada, não serão considerados empresários.

Conforme Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Direito de Empresa. RT, 2010, p. 74), não é empresário quem exerce atividade intelectual por qualquer meio, organizadamente ou não, em caráter profissional ou não, qualquer que seja o volume, intensidade ou quantidade de sua produção. Neste sentido mesmo sentido, estabelece o Enunciado 193 da III Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho Federal de Justiça, que “o exercício de atividade de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa”.

Portanto, a atividade intelectual, ainda que econômica e exercida profissionalmente e de forma organizada, não será considerada uma atividade própria de empresário, não sujeitando o profissional que a exerce ao regime jurídico do Direito Empresarial.

Neste contexto, as profissões intelectuais se distinguem da profissão de empresário devido a uma diversa valoração social. Em outras palavras, o acesso à profissão não é livre, como ocorre com a atividade empresarial, dependendo de formação intelectual muito mais severa e da inscrição do profissional na respectiva corporação; no exercício da profissão intelectual imperam premissas de decoro que impedem, por exemplo, a livre concorrência; e não existe no exercício de uma profissão intelectual a produção em massa, característica da atividade empresarial.

Ocorre, entretanto, que o citado dispositivo contém em sua parte final uma exceção. Trata-se do elemento de empresa. Assim, se o exercício da profissão intelectual constituir elemento de empresa, o sujeito que a exerce será considerado empresário.

A exceção contida na parte final do parágrafo único do Artigo 966 do Código Civil, tem gerado certa controvérsia na doutrina que, muitas vezes, associa o elemento de empresa à pessoalidade no exercício da profissão intelectual, ou mesmo à organização da estrutura necessária para a exploração da atividade. Não me parecem, contudo, acertadas essas opiniões.

Ora, se o elemento de empresa consistisse no exercício da atividade intelectual organizada com profissionalismo e finalidade econômica, o disposto no artigo 966, parágrafo único do Código Civil se faria letra morta, dada a sua absoluta redundância. Isso porque se a atividade intelectual não fosse assim explorada, já estaria excluída do conceito de empresário pela redação do próprio caput do citado artigo.

Talvez a razão da dificuldade na interpretação e conceituação do “elemento de empresa” esteja no fato de que, muito embora tenha sido inspirado no artigo 2.238[1] do Código Civil Italiano, sua versão para o nosso Código Civil sofreu uma supressão que pode ser a causa de sua equivocada interpretação por parte da doutrina. Neste sentido, tinha dado ao parágrafo único do artigo 966 (então artigo 1.027 do Projeto do Código Civil), redação muito parecida com a utilizada pelo Código Civil Italiano: “salvo se o exercício da profissão constituir elemento de atividade organizada em empresa”. No entanto, ao ser aprovado pela Câmara dos Deputados, sofreu uma simplificação com a supressão das palavras “atividade organizada em”, tornando-o mais lacônico e permitindo interpretações que não coadunam com a proposta do citado dispositivo legal.

No Código Civil Italiano, o trabalhador autônomo é disciplinado em capítulo distinto (Capo II – Delle professioni intellettuali) daquele que trata do empresário comercial (Capo I – Dell’impresa in generale), não sendo, portanto, submetido ao regime jurídico do empresário. O Capítulo II do Livro V do Código Civil Italiano disciplina o trabalho autônomo, ou seja, as profissões intelectuais, dispondo de forma detalhada sobre a atuação do profissional, suas relações com o cliente e suas responsabilidades. No entanto, nos termos do citado artigo 2.238, se o exercício da profissão constituir elemento de uma atividade organizada em forma de empresa, serão também aplicáveis as normas relativas a esta.

Conforme Alfredo de Assis Gonçalves Neto (ob. cit., p. 75), a profissão intelectual, no sistema italiano, não tem qualquer vinculação com a matéria relativa à empresa; se ela, entretanto, for exercida como parte de uma atividade empresarial, continuará subornada às regras do capítulo que lhe é próprio, sendo-lhe aplicáveis, então, complementarmente, as disposições referentes à empresa.

Para Francesco Galgano (Diritto commerciale – L’imprenditore. Zanichelli, 1986, p. 31), as normas sobre empresa não se aplicam, porém, aos bens organizados pelo profissional intelectual para o exercício de sua profissão. Mesmo quando os escritórios profissionais apresentam, sob muitos aspectos, semelhanças com a empresa; mesmo que, na prática, essas semelhanças tendam a se ascentuar, na medida em que cresce o espírito mercantil de muitos profissionais intelectuais, e os conceitos de “aviamento”, de “clientela”, de “cessão” do escritório profissional e de “preço de cessão” sejam frequentemente utilizados mesmo nesse campo, resta, porém o fato de que os profissionais intelectuais não são, pelo nosso código civil, empresários e que sua atividade profissional não é legislativamente qualificada como atividade de empresa”.

Na mesma linha, Tulio Ascarelli (Corso di Diritto Commerciale. Giuffrè Editore, 1962, pp. 161-185) adverte que a classificação legal dos que exercem profissões intelectuais entre os trabalhadores autônomos induz, frequentemente, a reconhecer na falta de organização a razão da sua exclusão do âmbito dos empresários. Isto, todavia, me parece em contraste com o artigo 2.238, primeiro parágrafo, que faz referência à aplicação das normas em tema de empresa só quando o exercício da profissão constitua “elemento de uma atividade organizada em forma de empresa”; trata-se, portanto, de uma hipótese distinta daquela da contratação de pessoal e, assim, da objetiva existência de uma organização, que pode até ser relevante e importar em uma certa “despersonalização”, perante a qual podem, na verdade, também propor-se problemas não distantes daqueles que se propõem com relação aos empresários. Não é, pois, uma pretensa constante falta de organização que leva a excluir os que exercem profissões intelectuais do âmbito dos empresários.

Portanto, ao contrário do que muitos “pretensos” doutrinadores e professores afirmam, o elemento de empresa não tem qualquer relação com a organização ou não da atividade intelectual, com o seu exercício ou não de forma profissional, com o número de empregados contratados ou mesmo o seu faturamento. Ser a profissão intelectual “elemento de atividade organizada em empresa”, ou simplesmente, “elemento de empresa”, significa ser parcela dessa atividade e não a atividade em si, isoladamente considerada. É o caso, por exemplo, do médico que agrega a prática da medicina um “SPA”, onde ao paciente se oferece repouso e alimentação; do veterinário que, além do seu oficio, em uma pet shop vende ração para os animais, medicamentos, bem como hospeda os animais na viagem de seus donos.

[1] Art. 2.238. Se l'esercizio della professione costituisce elemento di un'attività organizzata in forma d'impresa, si applicano anche le disposizioni del Titolo II (2082 e seguenti).

Itamaraty contrata sem pagar


19/12/2013 15:26
P9or Rui Martins, de Genebra

Itamaraty descobriu a mina - encarregar emigrantes de trabalhos importantes mas sem remuneração.

Itamaraty descobriu a mina – encarregar emigrantes de trabalhos importantes mas sem remuneração.

Na IV Conferência Brasileiros no Mundo, da qual participaram 90% de emigrantes pelegos e biônicos, convidados num hotel de luxo, na Bahia, nem brasileiro por sinal mas de uma multinacional espanhola, só havia uma condição aos participantes – aceitarem prestar obediência aos diplomatas do Itamaraty. 

E de bom grado aceitaram, pois para essa maioria, participar de uma Conferência oficial com o selo do Itamaraty, só é vantagem, nem entra em conta questões de independência ou obediência. Na verdade trata-se de um bom negócio, pois estão ligados ao grande mercado dos emigrantes e só podem aumentar seus lucros nessa parceria com os diplomatas. 

Uns são despachantes, outros advogados de emigrantes, outros tradutores para emigrantes, outros ajudam mesmo a dar golpe de Estado em país vizinho, outros representam conselhos de cidadania onde participam antigos colaboradores do Doi-Codi e amigos de Pinochet e, enfim, outros estão empenhados na salvação das almas dos emigrantes. Mesmo se Cristo disse que seu reino não é deste mundo, eles tratam de já ir tirando aqui mesmo algumas vantagens, antes daquelas futuras e difíceis de provar.

Assim, a política brasileira da emigração continua sendo aplicada, custando caro pois o hotel de luxo e as passagens para os biônicos custou quase um milhão de reais, e não dando em nada, mesmo porque quando for necessário decidir alguma coisa, quem decidirá serão os diplomatas. 

O Consulado de Genebra acaba de publicar um edital convocando os emigrantes para as próximas eleições do Conselho de Cidadania. E enumera quais serão as atividades dos futuros conselheiros, para no fim do edital lembrar que tais atividades serão voluntárias, ou seja, não existirá salário para esse pessoal.

Entretanto, lendo-se as tais atividades que incluem pesquisas, contatos com órgãos oficiais da Suíça, tomadas de iniciativas normalmente da alçada do Consulado, não se pode deixar de pensar que o Itamaraty encontrou a maneira de poupar seus diplomatas do contato com os emigrantes e do gasto de tempo e energia, servindo-se de alguns emigrantes bem intencionados, desejosos de fazer alguma coisa pelo próximo.

Mas se já falamos ter sido indecorosa uma Conferência com pessoas amigas dos cônsules locais, geralmente da classe alta e dificilmente podendo ser qualificada de emigrantes; de ser ofensiva aos emigrantes essa obediência devida aos tutores do Itamaraty, achamos mesmo um tanto imoral se pedir aos emigrantes que façam trabalho do Consulado, sem qualquer pagamento, aproveitando-se do entusiasmo de alguns idealistas.

É verdade que, não se pode esquecer, a maioria desses voluntários mamam no mercado dos emigrantes, seja em termos comerciais ou religiosos, ou ganham dinheiro com a terceirização dos serviços consulares. Portanto, para eles já é lucro pertencer a um órgão oficial funcionando junto ao Consulado. Isso dá prestígio, dá clientes e dá mesmo almas ao Criador. 

Penso estar vivendo um pesadelo, me belisco e constato ser a realidade, essa palhaçada e essa política irresponsável da emigração é aplicada por um governo de origem petista. Tentei mais de uma vez pedir ao governo para intervir, já que o PT tinha aprovado em Havana, no seu encontro com os Núcleos petistas do Exterior uma crítica severa ao Itamaraty, seguida da reivindicação de um órgão institucional emigrante, a Secretaria dos Emigrantes.

E ao terminar este 2013, sou obrigado a confessar de maneira pública minha decepção, frustração e mesmo revolta de diante de tanta coisa longe daquilo que esperávamos do governo. Tentam me acalmar dizendo que a necessidade de alianças (pelo jeito espúrias) exige serem esquecidas certas questões básicas de esquerda e que, os emigrantes não são prioridade. Será que 2014 vai melhorar ? Estou pedindo ao Papai Noel, pelo menos mais visível que Deus que a gente nunca sabe onde está, que ilumine nossa presidenta, que ela dê asilo para o Snowden, senão depois daquela bronca na Assembléia geral da ONU, vai pegar mal negar. Que sejam demitidos do governo a Helena Chagas, da Globo, e o Paulo Bernardo, coveiros da mídia de esquerda. 

E que alguém explique para dona Dilma que emigrante é emigrante e diplomata é diplomata, não são batatas do mesmo saco, têm genes diferentes. E que do Programa eleitoral Dilma2 conste a criação de um órgão institucional emigrante e o fim da tutela dos emigrantes pelos diplomatas. Que no seu programa não se cite como boa obra do seu governo a realização da Conferência Brasileiros no Mundo, no hotel de luxo com os biônicos. Porque daí, para mim e muita gente, será a gota d´água. (Publicado originalmente no site Direto da Redação).

Rui Martins, jornalista, escritor, líder emigrante, correspondente em Genebra.


Camex aplica medida antidumping para importações de pneus

Por Valor
 
 
BRASÍLIA  -  Após encerrar investigações, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu aplicar o direito antidumping definitivo, por um prazo de até cinco anos, às importações brasileiras de pneus novos de borracha de motocicletas originárias da Tailândia, China e do Vietnã e de refratários básicos magnesianos do México. As resoluções com a decisão da Camex foram publicadas, nesta quinta-feira, 19, no Diário Oficial da União (DOU).

O dumping — cobrança de valor inferior ao de produção, para conquista de fatias maiores do mercado — é considerado prática desleal de comércio. Por isso, o governo pode aplicar punições contra os exportadores para proteger a indústria nacional.

Segundo resolução da Camex, a Associação Nacional de Indústria de Pneumáticos (Anip) e Associação Brasileira de Fabricantes de Refratários (Abrafar) protocolaram, em dezembro de 2011, o pedido de investigação de dumping nas exportações de pneus e refratários para o Brasil.
(Valor)

Azul cria presidência executiva da holding para fundador da Trip

Por João José Oliveira | Valor
 
 
SÃO PAULO  -  A Azul Linhas Aéreas Brasileiras criou uma nova posição na estrutura da empresa, a presidência-executiva da Holding Azul, e apontou para o cargo o sócio da companhia e fundador da Trip, José Mário Caprioli dos Santos. O executivo vai se reportar à David Neeleman.

A aérea informa que a mudança “reflete a necessidade da companhia em fazer frente ao expressivo crescimento de suas operações”.

A malha da Azul hoje cobre mais de 100 cidades em todo o Brasil, com uma frota de 130 aeronaves e 31% dos voos operados no país. “Com esta nova dinâmica e tamanho, a empresa decidiu criar em sua estrutura uma forma de aprimorar sua gestão estratégica, suas demandas institucionais, a atuação em novos projetos, e sua representação junto ao governo, autoridades e associações”, aponta a empresa em nota.

Sócio da Azul e fundador da Trip, José Mario tem atuação de mais de 15 anos na indústria da aviação. Ele é também presidente do Conselho da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). 

“Trabalhando junto ao José Mário como meu sócio e executivo, sei que ele é a pessoa certa, na hora certa e no local certo para esta nova posição. Em seu novo cargo, ele poderá dedicar-se em questões mais estratégicas, cuidando sobretudo de nossa agenda institucional perante o governo, o mercado e as autoridades. A Azul irá ganhar muito com esta mudança”, diz David Neeleman, presidente e CEO da Azul.

De acordo com José Mario Caprioli, “o crescimento contínuo exige mudanças na forma de atuar, em vista  da enorme complexidade regulatória e de infraestrutura, que necessita intensa dedicação. A recém-fundada Abear também requer tempo para alinharmos as demandas do setor e alcançarmos avanços significativos na indústria”, diz.
(João José Oliveira | Valor)

Em conversa exclusiva com o Administradores.com, o empresário fala sobre o processo de venda do Ometz Group para a Abril Educação e seus novos planos no Brasil e no exterior




  

Leandro Vieira

Divulgação
Flávio Augusto comprou o Orlando City e em sete meses conseguiu levar o clube à liga principal dos EUA

Numa entrevista exclusiva para o Administradores.com, o empresário Flávio Augusto da Silva, fundador da WiseUp, do projeto Geração de Valor e proprietário do Orlando City Soccer Club, time de futebol profissional da MLS - Major League Soccer, elite do futebol na América do Norte, abre o jogo sobre o seu ano de 2013, quando foi protagonista de uma das maiores aquisições na história do setor de educação brasileiro. Em um bate papo muito franco com Leandro Vieira, diretor executivo do Administradores.com, Flávio falou sobre os seus desafios para vender a empresa que fundou quando tinha apenas 23 anos de idade, sobre a passagem de bastão para a Abril Educação e sobre como vai desenvolver novos negócios a partir de 2014. A conversa é um desdobramento do bate papo com ele publicado na última edição da revista Administradores.

1. Que retrospectiva você faz do seu ano de 2013?

 

2013 para mim tem sido a conclusão de um ciclo que iniciou em 2012. Em maio do ano passado, recebi em Orlando a visita do Manoel Amorim, presidente da Abril Educação, acompanhado de um diretor do Banco BTG Pactual. Esse almoço cordial e agradável tinha um objetivo muito bem definido: manifestar o interesse da Abril Educação na compra do Ometz Group, empresa que fundei em 1995 ao inaugurar, no Centro do Rio de Janeiro, a primeira escola da WiseUp. Durante o restante de 2012 tive que me dividir entre gerir o negócio presente em seis países e, ao mesmo tempo, atender a enorme demanda de um complexo processo de M&A (Merger and Acquisition, ou "fusão e aquisição", em português), que contou com mais de 100 profissionais envolvidos nesse processo, trabalhando na auditoria contábil e nas diligências a fim de compreender o modelo de negócios que o grupo praticava e que determinou o crescimento de nossos empreendimentos. Essa etapa foi concluída em fevereiro de 2013, ocasião da assinatura do contrato de venda do Ometz Group, dando início a uma nova fase: a transição de comando do Ometz Group, que se encerra no final de 2013.

2. Por que você decidiu vender o Ometz Group?

 

Costumo dizer que o ponto mais alto de um empreendedor ocorre quando o mercado enxerga valor em seu projeto, em sua marca e produto, a ponto de desejar adquiri-los. Em meu caso, desde 2008, quando recebi a primeira proposta de aquisição, imediatamente compartilhei com todos os meus parceiros. De lá para cá, foram dezenas de propostas feitas por instituições nacionais e internacionais, entre estratégicos e fundos de investimentos, interessados em investir ou comprar a nossa companhia. Em 2012, escolhi criteriosamente o candidato com o qual me sentiria seguro e que seria o melhor sucessor para assumir o controle do projeto que ajudei a desenvolver nos últimos 18 anos. Considero-me um construtor, criador de modelos de negócios e desenvolvedor de projetos. O Ometz Group cresceu bastante e precisava de uma gestão mais corporativa e profissional. Além disso, eu me considerava preparado para novos desafios. Com essa convicção e absolutamente seguro com a escolha da Abril Educação, passei o bastão com muita tranquilidade, segurança e a sensação de missão cumprida.

3. Foi uma decisão difícil?

 

Não foi fácil, em especial porque, em 18 anos, construí relações sólidas com muitas pessoas por quem tenho até hoje muito respeito e carinho, mas eu estava muito seguro de que o comprador seria capaz de dar seguimento ao histórico de crescimento com o qual a nossa empresa estava acostumada. A propósito, em 18 anos, foram muitos desafios vencidos, e no DNA da Abril pude observar o mesmo histórico e todo o preparo necessário para novos capítulos de sucesso. No entanto, não fui poupado de alguns momentos de estresse e desgastes emocionais até que o processo fosse finalizado exatamente no dia 7 de fevereiro de 2013, no exato dia do meu aniversário.

4. Como está sendo o período de transição de comando do Ometz Group?

 

Aprendi muito neste ano, período que consideramos necessário para esta transição. Estou bastante satisfeito por ver um caminho muito positivo para o futuro do Ometz. No início deste período, toda a rede sentiu-se um pouco insegura, o que considero uma insegurança natural em aquisições deste porte. Essa instabilidade foi refletida imediatamente nos resultados do primeiro semestre. No entanto, no segundo semestre, com a contratação do novo CEO, Júlio de Angeli, e a aproximação do presidente da Abril Educação, Manoel Amorim, da operação, os resultados rapidamente superaram o ano anterior, criando novamente um ambiente estável na rede e com perspectivas muito promissoras para 2014. A conferência anual, a Ometz Conference, que acontece no início de janeiro em São Paulo, promete ser marcante. Na realidade, será a maior de todos os tempos, e irá dar as boas vindas a 2014, o ano da Copa do Mundo da FIFA, da qual a WiseUp é uma das empresas patrocinadoras, o que vai gerar uma grande exposição para a marca.

5. Qual a sua opinião sobre o trabalho da Abril Educação até o presente momento à frente do Ometz Group?

 

Durante o processo de M&A, admirei muito como todo o processo foi conduzido pela Abril, mas confesso que estou bastante surpreso positivamente com a forma que a Abril tem liderado a empresa durante essa transição. O Manoel, além de contar com amplo conhecimento técnico, é um líder hábil e com grande visão estratégica. Rapidamente conquistou a confiança dos franqueados e tem todos os ingredientes nas mãos para realizar um ano de 2014 incrível. Somado a isso, Édio Alberti, Mário Magalhães, Sérgio Santanna e Sérgio Barreto, principais executivos de minha gestão, e retidos com muito prestígio pela Abril Educação, estão completamente alinhados com a nova liderança do Grupo.

6. Qual é o seu envolvimento com o Ometz atualmente?

 

Tenho muitos amigos dentro do grupo, mas de dois meses pra cá, ao finalizar o período de transição com a qual estive comprometido, o meu envolvimento tem sido muito pequeno. A transição está praticamente concluída e, a partir de 2014, pretendo acompanhar os resultados apenas através dos relatórios divulgados aos investidores. Como segundo maior acionista da Abril Educação e pelo carinho e consideração que tenho por todos que são parte de minha história, tenho razões e interesses suficientes para desejar que a companhia continue crescendo como sempre cresceu em todo a sua história. Confio plenamente na equipe que está à frente do Ometz e suas marcas, e estou muito confortável com o comando executivo da Abril Educação.

7. Há quem diga que o Ometz jamais será o mesmo. Você concorda?

 

Sim, concordo 100%. Francamente, tenho apostado as minhas fichas que o Ometz será muito melhor nesta nova fase, vai crescer mais e será ainda mais respeitado através de todas as suas marcas. Os franqueados que aproveitarem as novas oportunidades oriundas da sinergia com a Abril vão crescer como nunca, e os que forem resistentes ao novo momento vão correr o enorme risco de ficar para trás. Assim, naturalmente a rede será renovada, como normalmente acontece no mercado. Acredito que não será diferente nesta nova fase do Ometz Group sob um comando mais profissional e transparente. Eu cumpri a minha parte e entreguei uma empresa que vi nascer e crescer para uma gigante do setor de educação que saberá muito bem o que fazer para colocá-la num patamar mais elevado. Confio nas sementes que plantei nos últimos 18 anos, assim como num futuro ainda mais brilhante para esta empresa sob uma nova liderança.

8. Há um mês, o Orlando City entrou no seleto grupo da MLS, elite do futebol nos EUA. Como você conseguiu isso em apenas sete meses, desde que comprou o clube?

 

 A MLS é a liga de futebol profissional que mais cresce no mundo na atualidade. Comprei o clube com esta finalidade, pois a sua torcida crescia a cada ano, os resultados em campo eram visíveis e eles precisavam muito de um projeto que enchesse os olhos da MLS para serem aceitos na liga, além da construção de um novo estádio, afinal, a concorrência é muito grande. A minha entrada não apenas garantiu o aporte de capital necessário para a construção do estádio em parceria com o Governo da Flórida e as prefeituras de Orlando e do Orange County, como também garantiu a fundamentação de um projeto que conectasse a liga americana com o mercado brasileiro, responsável pelo aquecimento da economia de Orlando. O turista brasileiro é o que mais consome na região e é responsável por 70% do consumo dos outlets da cidade. Tanto a MLS quanto os governos locais que aderiram ao projeto ficaram muito interessados neste novo ingrediente, que acabou sendo o principal fator que carimbou o nosso passaporte, destino à principal liga de futebol profissional do país, uma espécie de NBA do futebol nos EUA e Canadá. Curti muito essa nova conquista numa festa inesquecível, quando experimentei grandes emoções no palco, durante o momento do grande anúncio, diante de mais de 4.000 torcedores e toda a imprensa esportiva americana.

9.Como será a sua atuação em seus novos projetos?

 

Em todos os meus novos projetos, no Brasil ou fora, não vou ocupar mais uma posição executiva. Todos eles terão o seu próprio CEO que vai tocar a operação no dia a dia. Isso inclui o Orlando City e o Geração de Valor, que já têm os seus comandantes que vão me prestar conta dos resultados mensalmente e em video-conferências semanais. A cada dia, quero me posicionar como idealizador e mentor de meus próprios projetos e com o foco de encorajar novos empreendedores a construírem a sua própria história. Nesta nova fase, também vou me dedicar muito à minha família, em especial aos meus três meninos, viajar, escrever alguns livros e curtir um pouco a vida com a Luciana, com quem completo 21 anos de casado daqui a alguns dias.

10. O que o mercado pode esperar de seus novos empreendimentos?

 

Vou usar a minha principal expertise que é o desenvolvimento de modelos de negócios inovadores para criar produtos que tenham escala e alta rentabilidade. A partir de um certo ponto, vou dar acesso a um grupo seleto de investidores a fim de elevar todos esses projetos a um novo patamar. Quero, com o talento de criar negócios e liderar pessoas que desenvolvi nos últimos 18 anos, gerar valor através de produtos e projetos que produzam riquezas para os seus acionistas e gerem benefícios para a sociedade, em especial para as novas gerações, revelando novos talentos e novos empreendedores. Se eu consegui chegar tão longe, muitos outros jovens também são capazes. Nada me convence do contrário.

OMC: queixas, como a da UE contra o Brasil, devem terminar em consenso


Por Thiago Resende | Valor, com agências
 
Antonio Cruz/ABr


BRASÍLIA  -  O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, disse que a expectativa para o encaminhamento dos questionamentos feitos pela União Europeia contra o Brasil, nesta quinta-feira, 19, é que os dois lados entrem em um “consentimento”.

Azevêdo chegou ao Brasil às 5h da manhã de hoje e logo ficou sabendo do pedido feito pela União Europeia. “A expectativa em qualquer processo dessa natureza na OMC é que as consultas sejam bem sucedidas e que as partes [países] cheguem a um consentimento, sem precisar de um contencioso”, afirmou o diretor-geral. “Não estou dizendo que não vai chegar a um contencioso. Não é descabido que haja uma solução negociada antes de se chegar a um contenciosos”, completou.

O Brasil, segundo ele, é um dos países que abriu diversos questionamentos na OMC e “o contencioso não chegou a ser instalado”, lembrou.

Hoje, a União Europeia entrou com uma queixa contra o Brasil na OMC, argumentando que as políticas tarifárias nacionais discriminam empresas do exterior, violando as regras internacionais de comércio.

A reclamação envolve medidas tarifárias para produtos, como semicondutores e computadores, além do programa Inovar-Auto, que concede benefícios tributários para automóveis produzidos no país.

Mais cedo, o ministro de Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, disse que o Brasil está “em plena conformidade” com as regras multilaterais de comércio.


Bali


Azevêdo participou de um encontro nesta tarde com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, para discutir os impactos dos acordos assinados na reunião da OMC em Bali, na Indonésia.

O pacote de Bali envolve medidas de facilitação do comércio, agricultura e uma série de questões ligadas ao desenvolvimento de países mais pobres.

O diretor-geral do órgão disse que, no começo do ano, a OMC vai trocar ideias para saber o que levou a reunião de Bali “dar certo”, o que “levou ao fracasso, nos momentos anteriores”,  e como avançar. Ele acrescentou que será estudado se as próximas negociações multilaterais serão em “pacotes limitados com uma agenda parcelada ou de maneira mais abrangente”.


O processo


A consulta formal feita pela União Europeia dá início a um procedimento entre as duas partes na entidade em busca de solucionar as divergências no caso. Os dois lados terão 60 dias para negociar uma solução que evite um painel de disputa na OMC.

Medidas adotadas para os setores de computação, smartphones e semicondutores são alvo do questionamento. O principal foco, contudo, é a indústria automotiva e o programa Inovar-Auto, criado pelo governo para incentivar a produção local de veículos.

O adicional de impostos aos carros importados já havia sido tema de reclamação em reuniões da OMC. Além dos europeus, também houve críticas por parte de japoneses e americanos.

Em 2011, o governo elevou o IPI (Imposto sobre Produtos Importados) dos carros importados em 30%, deixando de fora apenas os veículos trazidos do México e do Mercosul. A medida tentava conter, sobretudo, a importação dos modelos chineses, em franca expansão.

O aumento foi substituído, em 2012, pelo programa Inovar-Auto, que alivia o adicional do tributo para quem produz no país. Incentivadas pela medida, marcas de luxo como BMW, Audi e Land Rover decidiram instalar fábrica no país.

O governo tentou minimizar as críticas internacionais adotando uma cota de importação para as marcas estrangeiras. O Inovar-Auto incorporou uma cota de importação de 4.800 veículos para cada importador.

Para representantes europeus, o Brasil tem usado o sistema tributário de modo incompatível com os compromissos da OMC, dando vantagens aos produtores nacionais e os protegendo de competição.

"Essas medidas têm um impacto negativo nas exportações da União Europeia, que enfrenta maior tributação do que os competidores locais. As medidas restringem o comércio e resultam em aumento de preços para os consumidores brasileiros, menor oferta e acesso restrito a produtos inovadores", afirma texto dos representantes do bloco na OMC.

Aeronautas aceitam proposta de empresas e cancelam greve


Por João José Oliveira | Valor


SÃO PAULO  -  Os aeronautas - categoria composta por pilotos e comissários de bordo - aprovaram em assembleias realizadas agora à tarde a lista de propostas feita pelas empresas na última reunião de negociação, feita ontem à noite.

Por meio do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), as companhias mantiveram a proposta de reajuste em 5,6% — que corrige a inflação —, abaixo dos 8% pedidos pelos trabalhadores. Mas na lista de cláusulas sociais, os representantes patronais melhoraram a proposta, ampliando ganhos extras, como, por exemplo, a remuneração por hora de sobreaviso.

A decisão afasta a ameaça de greve, agendada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) para amanhã, a partir das 6 horas, em decisão que estava valendo até hoje, por causa do impasse na rodada anterior de negociações, semana passada.

As companhias domésticas da aviação comercial representadas pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) alertaram hoje que uma greve teria impacto ampliado no setor por causa da demanda aguardada para o dia.

“Vamos ter um dia de recorde histórico. Os sistemas de agendamento de passagens sinalizam para um universo de até 400 mil passageiros embarcando amanhã. Vai ser o pico do ano. Nem nas vésperas de Natal nem de Ano Novo o movimento esperado é tão grande”, disse o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), para este mês, a expectativa é que 16,6 milhões de passageiros utilizem os aeroportos brasileiros, 200 mil a mais do que o registrado em dezembro de 2012, e 800 mil a mais que em novembro deste ano.

A agência decidiu que, nesta Operação Fim de Ano, 315 servidores trabalharão em turnos para cobrir os períodos de maior movimento e de maior fluxo de passageiros. Em Brasília, Guarulhos e Galeão, a fiscalização será feita 24h.

“Melhoramos as propostas em cláusulas sociais. E mesmo sendo 2013 um ano difícil para a aviação brasileira, as empresas estão dando um reajuste que preserva o poder de compra do trabalhador”, disse Sanovicz.

O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias também já fechou acordo com os aeroviários — funcionários de solo — de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Amazonas ligados à Federação Nacional dos Trabalhadores em Aviação Civil (Fentac).
(João José Oliveira | Valor)