domingo, 2 de fevereiro de 2014

Com fuga de dólar, países emergentes sofrem para não perder investidores



Após uma década de expansão do consumo financiada pelo capital externo e de experimentalismo na política econômica, a "conta" chegou para os emergentes. 

Eles estão sendo obrigados a adotar o receituário tradicional – corte de gastos e alta de juros– para ganhar a confiança do mercado e deter a saída de capitais. 

Nas últimas semanas, a turbulência acentuou a perda de valor do peso na Argentina e provocou alta de juros na Turquia, na Índia e na África do Sul. O Brasil já vinha subindo a taxa.

Os emergentes estão vendo o fim de ao menos uma década de dinheiro farto, iniciada com o aumento da demanda da China por commodities em 2003 e que continuou com as políticas dos países ricos para sair da recessão, despejando trilhões de dólares no mercado a partir de 2008. 

"Esse dinheiro saiu pelo mundo em busca de risco e remuneração. Só que o excesso de capitais levou alguns governos a relaxar na qualidade de sua política econômica", disse Armando Castellar, coordenador do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). 

A senha para o retorno dos investidores aos países ricos foi a recuperação da economia americana, que levou o banco central dos EUA a diminuir a compra de títulos. 


Editoria de Arte/Folhapress

O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, chegou a qualificar o aumento das taxas de juros nos países desenvolvidos como um "aspirador de pó" que suga dinheiro dos países emergentes. 

Vários países emergentes hoje gastam mais do que arrecadam (deficit fiscal), dependem de capital externo para fechar suas contas (deficit em conta-corrente), têm inflação acima da meta e baixo crescimento. A proximidade de eleições e/ou crises políticas agravam os problemas. 

O Brasil também sofre com a deterioração de seus indicadores e corre o risco de ter sua nota rebaixada pelas agências de risco, mas ainda tem reservas significativas e mantém superavit fiscal. 

Para Luiz Gonzaga Belluzzo, professor da Unicamp e um dos economistas mais ouvidos pela presidente Dilma Rousseff, o Brasil deveria anunciar um superavit primário de 3% do PIB em 2014. 

"Com uma política fiscal mais rígida, surpreenderíamos o mercado e não ficaríamos tão dependentes de alta de juros", diz. No longo prazo, o crescimento dos EUA e o rebalanceamento da economia global são boas notícias até para os emergentes, que poderão aumentar suas exportações para os países ricos. O problema é resistir até lá.

Etihad Airways está perto comprar fatia na Alitalia


As duas companhias e seus consultores irão determinar uma estratégia comum que atenda aos objetivos de ambas as partes nos próximos 30 dias

World Youth Day via Getty Images
Avião da Alitalia decolando

Avião da Alitalia decolando: due diligence resultar em um investimento da companhia aérea de Abu Dhabi na italiana

DUBAI - A Etihad Airways e a Alitalia estão na fase final de um processo de due diligence (investigação e auditoria nas informações de empresas) que pode resultar em um investimento da companhia aérea de Abu Dhabi na italiana, afirmaram as empresas em comunicado conjunto neste domingo.

A Alitalia e a Etihad mantêm negociações há semanas sobre um possível investimento, que, segundo fontes próximas do tema, podem envolver a compra de uma fatia de 40 por cento na Alitalia por até 300 milhões de euros (404,6 milhões de dólares).

As duas companhias e seus consultores irão determinar uma estratégia comum que atenda aos objetivos de ambas as partes nos próximos 30 dias, diz o comunicado.

"Quaisquer assuntos que possam evitar o estabelecimento de um plano de negócios apropriado terão que ser resolvidos para garantir que ele possa ser implementado e levar a Alitalia a ter lucratividade sustentável", disse o comunicado.

O anúncio é feito durante visita de dois dias do primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, aos Emirados Árabes para fortalecer laços bilaterais entre os dois países.

Saldo da Previdência urbana piora pela 1ª vez em oito anos

Por Dinheiro Público & Cia
 
 
O saldo da Previdência Social dos trabalhadores urbanos caiu no ano passado, na primeira piora do resultado em oito anos.

Os dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) começaram a separar as clientelas urbana e rural no governo Lula, para demonstrar que a primeira pagaria o suficiente para sua aposentadoria, enquanto a segunda recebe, na prática, uma assistência social.

De fato, depois de 2005 as contas da Previdência urbana iniciaram uma trajetória de rápida melhora. Naquele ano, as despesas superavam as receitas em R$ 13,6 bilhões; em 2012, as receitas já eram superiores em R$ 24,5 bilhões.

No ano passado, o superavit caiu em pouco mais de R$ 200 milhões. O número não chega a ser expressivo: o que chama a atenção é a interrupção -ou possível reversão- da tendência positiva.

O governo contava que a clientela urbana continuasse puxando para baixo o deficit total da Previdência, que deveria cair dos R$ 40,8 bilhões de 2012 para R$ 33,2 bilhões. No entanto, o buraco aumentou para R$ 49,9 bilhões.

O reajuste do salário mínimo e dos demais benefícios era previsível e não foi especialmente elevado, mas as despesas superaram as projeções oficiais em R$ 7,8 bilhões e chegaram a R$ 357 bilhões.

Já as receitas ficaram R$ 8,9 bilhões abaixo do previsto, somando R$ 307,1 bilhões. Aparentemente, o governo subestimou o impacto dos pacotes de desoneração tributária da folha de pagamento em setores selecionados.

Na área rural, onde são concedidas aposentadorias sem necessidade de contribuição, o deficit se mantém em expansão contínua e ficou em R$ 74,2 bilhões -algo como o triplo dos gastos do Bolsa Família.

Evidentemente, nenhuma medida impopular será adotada neste ano eleitoral, mas uma nova piora dos resultados recolocará em pauta propostas de reforma da Previdência.

Petrobras terceiriza parte das refinarias


A estratégia salvará alguns bilhões de investimento no curto prazo, mas também representará menos receita futura, segundo fontes que acompanham o projeto

Sabrina Valle, do
Pedro Lobo/Bloomberg News
Tanques da Petrobras na refinaria da companhia em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro

Tanques para armazenar petróleo da Petrobras na refinaria da companhia em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro

Rio - A saída da Petrobras para tornar economicamente viáveis os projetos das duas refinarias Premium no Nordeste, orçadas inicialmente em mais de US$ 30 bilhões, foi terceirizar parte da infraestrutura associada às duas unidades, antes a cargo da estatal. A estratégia salvará alguns bilhões de investimento no curto prazo, mas também representará menos receita futura, segundo fontes que acompanham o projeto. A decisão de abrir mão de ganhos futuros em troca de menos gastos no presente vem sendo repetida num cenário em que a Petrobras, por um lado, tem o caixa espremido pelo controle de preços de combustíveis e, por outro, sofre pressão para elevar investimentos.

A confirmação de construção das refinarias é aguardada com ansiedade pelos governos de Maranhão (Premium 1) e Ceará (Premium 2), por seus investimentos bilionários. As obras foram anunciadas durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, e chegaram a ter cerimônia de lançamento.

Mas, em 2012, a Petrobras, sob gestão de Graça Foster, colocou os projetos na geladeira para revisão, por estarem caros demais. A petroleira contratou no ano passado uma consultoria americana, Mustang, e conseguiu transformar de negativo para positivo os cálculos de rentabilidade medidos por valor presente líquido.

A estratégia, porém, não foi apenas tornar o projeto mais compacto espacialmente, reduzindo dutos e áreas de tancagem, como informou a Petrobras - mas especialmente terceirizar serviços e infraestrutura. O plano foi apresentado a potenciais parceiros, entre eles a chinesa Sinopec, com quem Petrobrás negocia sociedade. Para parte dos produtos produzidos, a infraestrutura de recolhimento também passará ao cliente que comprar o derivado.

O governador do Ceará, Cid Gomes, disse a jornalistas de seu Estado que a Petrobras decidiu "delegar a outros sujeitos boa parte do que antes estava previsto como responsabilidade sua na refinaria". Seu governo, por exemplo, absorveu a preparação da infraestrutura de tratamento de água, numa parceria público-privada de R$ 2 bilhões com uma empresa espanhola projetada para servir também ao complexo industrial de Pecém. "Para não dar aquele investimento muito elevado de US$ 11 bilhões, eles tomaram a decisão de abrir para fornecedores de serviços", disse à imprensa local durante um evento há duas semanas. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Conta de água em São Paulo pode cair até 48%


Dilma Pena anunciou programa de descontos que poderá fazer com que o valor da conta de água e esgoto caia caso consumidor economize água

Luciano Bottini Filho, do
Getty Images
Torneira jorrando água

Torneira aberta: objetivo da iniciativa é que haja redução no consumo, que está em alta por conta do calor

São Paulo - Após o Sistema Cantareira atingir o nível mais baixo da história, a presidente da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Dilma Pena, anunciou ontem um programa de descontos que poderá fazer com que o valor da conta de água e esgoto caia até 48 %.

A empresa concederá um desconto de 30% na fatura de água e esgoto para os consumidores abastecidos pelo Sistema Cantareira que economizarem 20% de seu gasto médio mensal, antecipou ontem o jornal Folha de S. Paulo. Porém, o valor da conta poderá cair até 48%, de acordo com a quantidade de litros economizados e a possibilidade de pagar uma tarifa menor, por causa da mudança da faixa de consumo. Por exemplo: um morador que usa, em média, 15 mil litros de água por mês, gasta R$ 59,4. Se seu consumo cair para 12 mil litros mensais, sua conta cairá para R$ 30,9. Nesse caso, a economia será de 48,4%.

O programa inclui as regiões central e norte da capital paulista, além de partes das zonas leste e oeste. Também participam as cidades de Barueri, Caieiras, Carapicuíba, Francisco Morato, Francisco da Rocha, Itapevi, Jandira, Osasco e Santana da Parnaíba, na Grande São Paulo. A medida emergencial começou a valer ontem e tenta impedir um possível racionamento na Região Metropolitana de São Paulo. Todos os consumidores que poderão ter o desconto receberão um aviso da Sabesp, na próxima conta, de que sua casa é abastecida pelo Sistema Cantareira. A conta indicará ainda o consumo médio mensal, com base nos últimos 12 meses, e quanto será preciso economizar para obter o desconto.

A redução da tarifa valerá nas contas de março a agosto, com exceção de Santa de Parnaíba, onde o período será de abril a setembro. A média diária de consumo por pessoa na Grande São Paulo é de 161 litros e a Sabesp quer que ela passe para 128 litros. A meta da concessionária é 18 litros maior do que o mínimo considerado razoável para as necessidades básicas de uma pessoa.

Na prática, a Sabesp, que também fará uma campanha publicitária de esclarecimento, pede que população passe menos tempo no banho, abandone as mangueiras na hora de lavar o carro e feche a torneira quando for ensaboar a louça. "Estamos adotando esse incentivo econômico para assegurar que todos nós tenhamos água ao longo do ano", afirmou ontem Dilma Pena. "Acreditamos que essas medidas serão suficientes para o abastecimento da população. A palavra racionamento não está no nosso radar", enfatizou a presidente.

 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

MP denuncia 12 em caso da Alstom em SP


Investigação envolve contrato firmado em 1998 pela multinacional francesa Alstom com uma companhia de energia do governo de São Paulo

Fernando Gallo e Fausto Macedo, do
Bloomberg
Fábrica da Alstom na Inglaterra
Fábrica da Alstom: empresa também é alvo de inquérito sobre irregularidades na venda de equipamentos e serviços para o Metrô e a CPTM.

São Paulo - O Ministério Público Federal denunciou, na sexta-feira, 31 de janeiro, à Justiça doze investigados por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relativos a um aditivo de contrato firmado em 1998 pela multinacional francesa Alstom com uma companhia de energia do governo de São Paulo. Entre os denunciados estão dois ex-diretores de estatais paulistas. Segundo a denúncia, o pagamento de propina a funcionários públicos do Estado ocorreu entre 1998 e 2003. O período compreende as gestões de Mário Covas e Geraldo Alckmin, ambos do PSDB.

É a primeira denúncia de caráter criminal envolvendo uma empresa do cartel dos setores de energia e metroferroviário, por práticas que são investigadas, no Brasil, desde 2008. A Alston também é alvo de outro inquérito sobre irregularidades na venda de equipamentos e serviços para o Metrô e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Segundo a Procuradoria da República, os crimes foram praticados quando da assinatura do décimo aditivo do contrato Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), assinado pela Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) com a Alstom e outras três empresas por R$ 181,3 milhões, em valores atualizados.

O aditivo se referia ao fornecimento de equipamento para construção e ampliação de três estações de transmissão de energia e compra de equipamentos que serviriam para a expansão do Metrô paulista. O valor da propina pago pelo esquema para que não houvesse licitação, segundo a Procuradoria, foi de R$ 23,3 milhões, em valores corrigidos pelo IGP-M. O vereador Andrea Matarazzo (PSDB), que chegou a ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, não foi denunciado. "Forçoso reconhecer a inexistência, pelo menos por ora, de elementos de prova suficientes para a propositura da ação penal pública", avaliou a Procuradoria que, no entanto, requereu abertura de inquérito policial autônomo para investigar a conduta do tucano.

A denúncia mira principalmente dois novos personagens do Caso Alstom, acusados por corrupção passiva: o ex-presidente da EPTE José Sidnei Colombo Martini - hoje professor da Escola Politécnica da USP e prefeito da Cidade Universitária - e Celso Sebastião Cerchiari, diretor de operações da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, concessionária privada de energia que incorporou a EPTE em 2001. Cerchiari e Martini foram investigados pela Polícia Federal, mas não indiciados. 

Petrobras vale em bolsa apenas 53,9% de seu patrimônio


Soma é a menor relação desde janeiro de 1999; papéis seguem em queda

Angelo Pavini, da
Divulgação/Petrobras
Petrobras

Petrobras: papéis enfrentam problemas por conta da baixa rentabilidade provocada pelo represamento dos reajustes dos combustíveis pelo governo e pelos altos investimentos no pré-sal

São Paulo - O valor das ações da Petrobras no mercado somadas equivale a 53,9% do total de seus ativos, ou seja, refinarias, barcos, plataformas etc. É o menor percentual desde 29 de janeiro de 1999. O cálculo foi feito pela Economática, levando em conta o preço de fechamento das ações ontem, dia 30. Hoje, essa relação deve ser ainda menor, uma vez que os papéis seguem em queda.

A relação entre o valor de mercado e o valor patrimonial de uma empresa é uma das formas que os analistas usam para verificar se uma ação está barata. Quanto menor essa relação, mais barata estaria a ação, uma vez que seria possível comprar seus ativos na bolsa com um grande desconto. Mas tudo depende do motivo dessa queda, pois às vezes a empresa está com uma perspectiva de ganhos tão ruim que não compensa comprar as ações mesmo com esse desconto.

No caso da Petrobras, os papéis enfrentam problemas por conta da baixa rentabilidade provocada pelo represamento dos reajustes dos combustíveis pelo governo e pelos altos investimentos no pré-sal. Mas, neste mês, eles foram mais prejudicados recentemente pela turbulência que afastou os investidores estrangeiros do mercado de capitais.

A Economática estimou em R$ 183,8 bilhões o valor de mercado da Petrobras ontem, para um patrimônio de R$ 341,3 bilhões. O maior valor atingido pela empresa após a oferta pública do pré-sal ocorreu em 8 de março de 2011, quando a estatal atingiu R$ 413,3 bilhões no mercado. Desde então e até ontem, a Petrobras perdeu R$ 229 bilhões em valor de mercado.

Mesmo em relação ao fim de 2013, quando a estatal valia R$ 214,6 bilhões, a perda é expressiva: R$ 30,8 bilhões. O valor de mercado da Petrobras hoje está próximo do atingido na crise dos mercados internacionais de 2008, em 5 de dezembro daquele ano, de R$ 176,2 bilhões.