O saldo da Previdência Social dos trabalhadores urbanos caiu no ano passado, na primeira piora do resultado em oito anos.
Os dados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) começaram a
separar as clientelas urbana e rural no governo Lula, para demonstrar
que a primeira pagaria o suficiente para sua aposentadoria, enquanto a
segunda recebe, na prática, uma assistência social.
De fato, depois de 2005 as contas da Previdência urbana iniciaram uma
trajetória de rápida melhora. Naquele ano, as despesas superavam as
receitas em R$ 13,6 bilhões; em 2012, as receitas já eram superiores em
R$ 24,5 bilhões.
No ano passado, o superavit caiu em pouco mais de R$ 200 milhões. O
número não chega a ser expressivo: o que chama a atenção é a interrupção
-ou possível reversão- da tendência positiva.
O governo contava que a clientela urbana continuasse puxando para
baixo o deficit total da Previdência, que deveria cair dos R$ 40,8
bilhões de 2012 para R$ 33,2 bilhões. No entanto, o buraco aumentou para
R$ 49,9 bilhões.
O reajuste do salário mínimo e dos demais benefícios era previsível e
não foi especialmente elevado, mas as despesas superaram as projeções
oficiais em R$ 7,8 bilhões e chegaram a R$ 357 bilhões.
Já as receitas ficaram R$ 8,9 bilhões abaixo do previsto, somando R$
307,1 bilhões. Aparentemente, o governo subestimou o impacto dos pacotes
de desoneração tributária da folha de pagamento em setores
selecionados.
Na área rural, onde são concedidas aposentadorias sem necessidade de
contribuição, o deficit se mantém em expansão contínua e ficou em R$
74,2 bilhões -algo como o triplo dos gastos do Bolsa Família.
Evidentemente, nenhuma medida impopular será adotada neste ano
eleitoral, mas uma nova piora dos resultados recolocará em pauta
propostas de reforma da Previdência.
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