quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

China pode gerar 3ª onda da crise econômica pós-2008; entenda



A questão é que, quando uma grande economia investe nesse ritmo para criar empregos e riqueza, possivelmente não obterá retorno de grande parte dos investimentos

Pessoas passam em frente à sede do banco central da China, em Pequim Foto: Jason Lee / Reuters
Pessoas passam em frente à sede do banco central da China, em Pequim
Foto: Jason Lee / Reuters
O editor de economia da BBC, Robert Peston, investigou como a desaceleração econômica da China pode levar a uma "terceira onda" da crise econômica que abalou o mundo em 2008. Além do artigo abaixo, o resultado desse trabalho é a reportagem especial "How China Fooled the World" ("Como a China enganou o mundo", em tradução livre), transmitido no Reino Unido pelo canal de TV BBC 2 nesta semana .

Poucas pessoas já ouviram falar da cidade chinesa de Wuhan. Mas ela, mais do que qualquer outra cidade do país, evidencia como as três extraordinárias décadas de modernização e enriquecimento da China, bem como seu milagre econômico, parecem estar perto do fim - e por que isso traz um sério risco para os mercados mundiais.

O prefeito de Wuhan, Tang Liangzhi, está gastando o equivalente a quase R$ 800 bilhões em um plano de desenvolvimento de cinco anos que tem como objetivo transformar a cidade - que já tem 10 milhões de habitantes - em uma megametrópole mundial capaz de disputar com Xangai o posto de segunda maior cidade do país.

O ritmo dos gastos em Wuhan é impressionante: estão em construção centenas de edifícios residenciais, anéis viários, pontes, ferrovias, um sistema de metrô e um aeroporto internacional. O centro da cidade está sendo demolido para dar lugar a um centro comercial, incluindo um arranha-céu de mais de 600 metros de altura que custará R$ 11,9 bilhões.

A reforma de Wuhan serve para contar uma história mais ampla. Nos últimos anos, a China construiu um novo arranha-céu a cada cinco dias, mais de 30 aeroportos, sistemas de metrô em 25 cidades, as três pontes mais extensas do mundo e mais de 9,6 mil quilômetros de rodovias de alta velocidade, além de empreendimentos imobiliários comerciais e residenciais em larga escala.

Há duas formas de enxergar esse movimento: trata-se, é claro, de uma modernização necessária em um país que se urbaniza rapidamente. Mas é também um sintoma de uma economia desequilibrada, cujas recentes fontes de crescimento não são sustentáveis. Associada às recentes tensões nos mercados financeiros, a desaceleração econômica chinesa pode ser vista como uma terceira onda da crise iniciada em 2007 e 2008 (a primeira foi a crise em Wall Street e na City de Londres; a segunda, a da zona do euro).


Estímulo
 

Em 2008, após o colapso do banco Lehman Brothers, o mundo presenciou um encolhimento dramático do comércio mundial. Isso foi catastrófico para a China, que tinha um crescimento muito dependente das exportações ao Ocidente. Quando as economias ocidentais pararam, diversas fábricas chinesas foram paralisadas. Na ocasião, a BBC testemunhou hordas de migrantes chineses pobres sendo forçados a voltar para suas aldeias. A situação alarmou o governo e ameaçou o acordo implícito entre o Partido Comunista e a população chinesa, que abriu mão de direitos democráticos em troca de prosperidade econômica.
Como resposta, o governo chinês lançou um pacote de estímulo de dimensões gigantescas - o equivalente a R$ 1,5 trilhão de gastos estatais diretos - e instruiu que bancos "abrissem a carteira" e emprestassem dinheiro como se não houvesse amanhã. A estratégia funcionou, a seu modo. Enquanto muitas das economias ocidentais e o Japão estagnaram, a China viveu anos de grande expansão, retomando o crescimento na casa dos 10% anuais. Mas as fontes de crescimento eram limitadas e, desde então, mudaram.

 

Excessos e crédito
 

Mesmo antes do pacote de estímulo, a China investia a taxas maiores do que quase todos os demais países na história. Antes da crise de 2008, o investimento estava em torno de 40% do PIB, três vezes mais do que a maioria dos países desenvolvidos. Após a crise, graças aos estímulos e às obras de infraestrutura, os investimentos subiram para 50% do PIB, um nível sem precedentes, e ali continuaram.

A questão é que, quando uma grande economia investe nesse ritmo para criar empregos e riqueza, possivelmente não obterá retorno de grande parte dos investimentos - que são muito maiores do que qualquer decisão racional dos empresários. É por isso que a China tem vastos empreendimentos imobiliários - ou mesmo cidades inteiras - com luzes que nunca foram acesas e com estradas que mal foram percorridas por veículos. O que torna tóxica uma grande parte desse investimento é seu financiamento: uma explosão nos empréstimos. A proporção das dívidas chinesas em relação ao PIB tem crescido rapidamente.

A analista Charlene Chu, que era da agência Fitch, explica a fartura de crédito: "A maioria das pessoas sabem que houve uma grande expansão de crédito na China, mas não conhecem sua dimensão. No começo de 2008, o setor bancário chinês tinha um tamanho em torno de US$ 10 trilhões. Agora, tem entre US$ 24 e 25 trilhões. Esse aumento é equivalente ao total do setor bancário comercial americano, que levou mais de um século para ser constituído".


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​O Ocidente aprendeu a duras penas os perigos de um sistema financeiro que cria muito crédito rapidamente. Além disso, no caso da China, boa parte dos endividamentos está oculta, financiada por instituições chamadas de "shadow banks" (bancos sob a sombra, em tradução literal), à margem do sistema financeiro tradicional. Não há exceções na história das finanças: conceder empréstimos nessa escala faz com que os devedores não consigam quitar suas dívidas e implica em grandes perdas aos credores. A questão não é se isso vai acontecer, mas quando e qual a dimensão dos seus efeitos. É por isso que vimos alguns episódios recentes de estresse nos mercados financeiros chineses, o que pode prenunciar problemas mais graves.


Perigos
 

Quando o crescimento é gerado por um grande período de investimento lastreado em dívida, há dois desdobramentos possíveis: se essa grande expansão é encerrada cedo o bastante e de modo controlado e a economia é retomada de maneira sustentável, ocorre uma retração econômica, mas desta forma evita-se um desastre. No entanto, se a concessão de crédito passa dos limites, uma crise se torna inevitável. Então, qual será o desfecho do milagre econômico chinês?

O governo anunciou reformas que, em tese, podem reequilibrar a economia nos próximos anos ao trocar o investimento baseado em crédito por outro baseado no consumo. Mas as reformas estão em estágio inicial, e a concessão de crédito continua. E mais: a atual explosão de investimentos nos setores imobiliário e de infraestrutura tem gerado tantos lucros a milhares de autoridades do Partido Comunista que há dúvidas quanto à habilidade do governo central em implementar mudanças.

Além disso, existem as consequências sociais: um crescimento econômico mais lento pode não ser suficiente para satisfazer a ânsia dos chineses por mais empregos e um padrão de vida melhor, algo que pode desencadear protestos populares. Mas e se a bonança de crédito não for contida? Poderíamos estar diante de uma crise que chacoalharia não apenas a China, mas o mundo inteiro.

O recente crescimento chinês deu forma ao mundo como o conhecemos hoje: propiciou aos ocidentais a compra de produtos baratos e, para países exportadores (como o Brasil), a venda de commodities. O outro lado é que os preços mundiais dos alimentos e da energia subiram e a influência chinesa no resto do mundo mudou o equilíbrio de poder global. Será que uma China enfraquecida traria benefícios ao Ocidente? Talvez não fosse algo totalmente ruim. Mas uma China repentinamente incapaz de prover o crescente padrão de vida esperado por seu povo seria um país mais instável - e também mais perigoso.



BBCBrasil.com BBC BRASIL.com - T

STF suspende regra sobre cobrança de ICMS em compras na internet


O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu hoje (18) suspender o Protocolo 21, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que trata do pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nas operações de venda de produtos comprados pela internet ou telefone. O ministro entendeu que a norma é inconstitucional. A liminar deverá ser referendada pelo plenário do STF.

Fux julgou um pedido liminar da Confederação Nacional do Comércio (CNC) para que a norma do Confaz seja considerada ilegal por autorizar a cobrança do ICMS nos Estados de destino das compras feitas pela internet.  Segundo a entidade, imposto só pode ser cobrado nos Estados de origem dos produtos. A regra do Confaz foi aprovada em 2011 por 18 secretários estaduais de Fazenda e definiu que parte do imposto, que já era cobrado na origem do produto, passe a ser cobrado também no destino.

Na decisão, Fux entendeu que a cobrança em dois momentos da operação se caracteriza como bitributação e, por isso, é inconstitucional. "O Protocolo ICMS nº 21/2011 ofende flagrantemente a Constituição, tanto do ponto de vista formal  quanto material. É dizer, o texto constitucional é claro o suficiente ao estabelecer as regras referentes à cobrança de ICMS, de modo que a tentativa de burlar esta sistemática constitucional pelos estados subscritores deve ser repudiada", declarou o ministro.

Agência Brasil

Governo quer barrar devolução de R$ 7 bi a consumidores de energia



O projeto refere-se a uma suposta distorção nas contas de energia elétrica entre 2002 e 2009, que impedia os consumidores de se beneficiarem dos ganhos de escala obtidos pelas empresas

 

 


O governo vai tentar evitar a votação, prevista para quarta-feira na Câmara, de projeto que pode fazer as distribuidoras de energia elétrica devolverem pelo menos R$ 7 bilhões aos consumidores, disse à Reuters uma fonte do governo. O tema deve entrar na pauta da reunião semanal da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, ainda nesta segunda-feira, com líderes do governo no Congresso, quando deve ser definida uma estratégia para evitar o avanço da proposta.

O projeto, de autoria dos deputados Eduardo da Fonte (PP-PE) e Weliton Prado (PT-MG), ambos da base aliada da presidente Dilma Rousseff, refere-se a uma suposta distorção nas contas de energia elétrica entre 2002 e 2009, que impedia os consumidores de se beneficiarem dos ganhos de escala obtidos pelas empresas.
A distorção nos cálculos foi apontada pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mudou a metodologia para que os ganhos de escala passem a ser incorporados na conta de luz, mas barrou a devolução retroativa, algo que o decreto legislativo tenta agora mudar. Segundo o deputado pernambucano, corrigido, o valor a ser devolvido é bem maior, próximo da casa dos R$ 13 bilhões.

"A expectativa é que se vote na quarta-feira. Mesmo porque esse é um projeto que diz respeito somente à relação dos consumidores com as distribuidoras de energia, não é uma matéria em que o governo vá sofrer nenhum custo", disse o parlamentar que defende o ressarcimento há anos. O projeto deixa o governo apreensivo num momento em que as distribuidoras já estão oneradas com o custo mais elevado da energia gerada pelas termelétricas.

Se a proposta passar pela Câmara, ainda terá de ser analisada pelo Senado para entrar em vigor. Eduardo da Fonte disse que, por se tratar de decreto legislativo, o projeto não é sujeito a veto presidencial.

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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Congestionamentos provocam transtornos em toda a baixada santista

Congestionamento em Santos

Além dos 8 km de filas observados na antiga Piaçaguera-Guarujá, por conta do excesso de caminhões, havia lentidão na entrada de Santos

18 de fevereiro de 2014 | 13h 17

Zuleide de Barros, de O Estado de S.Paulo
 
SANTOS - Os congestionamentos registrados nas primeiras horas da manhã desta terça-feira, 18, nas rodovias Anchieta e Cônego Domênico Rangoni, em consequência do início da safra de grãos, provocaram transtornos para boa parte da população da Baixada Santista. Além dos 8 km de filas observados na antiga Piaçaguera-Guarujá, por conta do excesso de caminhões que se dirigiam aos terminais marítimos localizados na margem esquerda do porto, havia lentidão na entrada de Santos, altura do bairro da Alemoa, travando a Via Anchieta, na subida para a capital.

Nem as ambulâncias tiveram condições de subir a serra, com o tráfego inteiramente parado. Vans que levavam pacientes para atendimento na capital também enfrentaram problemas.

Até a Avenida Nossa Senhora de Fátima, que liga São Vicente a Santos, parou. Muitos motoristas que pretendiam subir a serra resolveram acessar aquela avenida, a fim de pegar a Rodovia dos Imigrantes pelo acesso de São Vicente. As reclamações foram inúmeras por parte dos motoristas, uma vez que as autoridades portuárias prometeram rever a estratégia adotada no ano passado para evitar a repetição dos congestionamentos. 

Dezenas de reuniões e simpósios foram realizados para que as empresas transportadoras respeitassem o agendamento das cargas, antes de determinar a vinda dos caminhões para a Baixada Santista, mas parece que o esforço foi em vão. O pico da safra de grãos ocorre entre os meses de junho a agosto e, já em fevereiro, os transtornos começam a ser observados. 

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, prometeu se pronunciar no decorrer da tarde desta terça-feira.



Crise argentina pode tirar US$ 2 bilhões do saldo comercial

Queda das vendas para a Argentina

AEB calcula que o Brasil deve perder entre US$ 2 bi e US$ 3 bi em vendas para a Argentina, enquanto o Bradesco fala em US$ 3,9 bi


Márcia de Chiara e Cleide Silva - O Estado de S.Paulo
A crise cambial na Argentina pode reduzir em cerca de US$ 2 bilhões o saldo da balança comercial brasileira deste ano, afetado principalmente pelas exportações do setor de material de transporte, que incluem automóveis, caminhões e autopeças, apontam projeções preliminares da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

Nas contas do presidente da AEB, José Augusto de Castro, a Argentina deve cortar neste ano em US$ 5 bilhões as suas importações de todos os países. O Brasil deve responder por US$ 2 bilhões a US$ 3 bilhões desse total. Com isso, o saldo da balança brasileira, inicialmente estimado ao redor de US$ 7 bilhões, deve recuar para algo em torno de US$ 5 bilhões.

Projeção semelhante é feita pelo departamento econômico do Bradesco. A estimativa é de redução de US$ 3,9 bilhões nas vendas de produtos brasileiros ao país vizinho. No ano passado, as exportações brasileiras para a Argentina somaram US$ 19,6 bilhões, com alta de 9% em relação às vendas de 2012.

A balança comercial brasileira acumula em fevereiro déficit de US$ 2,041 bilhões, com as exportações de manufaturados registrando retração de 16,8%, por causa da queda nas vendas de automóveis, óxidos e hidróxidos de alumínio, autopeças, pneumáticos, bombas e compressores, calçados e motores e geradores elétricos. As exportações somaram US$ 7,214 bilhões e as importações, US$ 9,255 bilhões. 


Argentina. 


Diante da escassez de dólares, não é de hoje que o governo argentino vem dificultando as importações. Um dos mecanismos usados tem sido a demora na liberação da Declaração Juramentada Antecipada de Importação (Djai), documento obrigatório às compras externas. Em setores como o de porcas e parafusos o atraso na liberação da Djai é superior a um ano, informa o diretor do Departamento de Relações Internacionais da Fiesp, Thomaz Zanotto.

Nas últimas semanas, mais um obstáculo foi imposto aos importadores. De acordo com Zanotto, o governo vinculou a liberação da Djai à obtenção de financiamentos às importações pelas próprias companhias argentinas no mercado internacional. "Isso é mais um complicador, uma preocupação", afirma. Segundo ele, isso deve dificultar ainda mais as exportações brasileiras para a Argentina.

De acordo com a medida, mesmo que o importador argentino tenha os pesos para quitar a compra, ele terá de obter um financiamento no mercado internacional para poder fechar o negócio e ter a Djai liberada.

O banco central argentino não fará a troca de pesos por dólares para efetivar importação. "O governo argentino está ganhando tempo até a entrada de divisas com a exportação da safra, que deve ocorrer nos próximos meses", diz Zanotto.

Estudo encomendado pela Fiesp a uma consultoria argentina mostra que os setores da indústria brasileira mais afetados pela medida serão o automotivo, o metalúrgico (aço e alumínio), o pneumático e o eletrônico. Já os segmentos ligados a setores de saúde, infraestrutura, cultura e atividades essenciais estão fora dessa restrição.


Carros. 


O setor automotivo é um dos mais afetados pela crise argentina. O país vizinho fica com cerca de 85% das exportações de veículos do Brasil. E, em dezembro, a Argentina anunciou que cortaria as importações do Brasil em 27%. Em 2013 foram exportados 475 mil veículos para a Argentina.

Só a General Motors deverá reduzir suas vendas ao país vizinho de 70 mil para 50 mil unidades este ano, informa o presidente da montadora na América do Sul, Jaime Ardila.

Com esse cenário, a Anfavea, que reúne as montadoras, prevê para 2014 que as exportações totais do setor cresçam apenas 1,6%, ante as 566 mil unidades de 2013. Na comparação com 2012, as vendas externas aumentaram 26,5%, justamente puxadas pelas importações argentinas

./ COLABOROU SANDRA MANFRINI


Proposta para acordo com UE deve ser entregue este mês

JOÃO VILLAVERDE - Agencia Estado
 
BRASÍLIA - Após críticas políticas e questionamentos de outros países nos últimos anos por medidas consideradas protecionistas, os ministros do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, pretendem entregar formalmente a proposta brasileira para um acordo de livre-comércio com a União Europeia ainda em fevereiro, no dia 24. A deterioração da balança comercial, que apresentou no mês passado o pior déficit da história, elevou a urgência para o governo.

Nos bastidores, os dois ministros tentam convencer a presidente Dilma Rousseff a participar da cerimônia, como parte do esforço recente de melhorar a imagem da economia nacional perante investidores. Dilma terá compromisso em Roma, Itália, no dia 22 de fevereiro, por causa da posse do novo cardeal brasileiro, dom Orani Tempesta, no Vaticano.

A ideia é aproveitar a visita à Europa para construir um discurso de abertura comercial. Economistas ligados ao PSDB, como Edmar Bacha, têm apontado o "protecionismo" da economia brasileira como um dos principais pontos por trás do baixo ritmo de crescimento, da desindustrialização e da inflação elevada. Além de elevar tarifas de importação de produtos beneficiados no Brasil com cortes de impostos, o governo sobretaxa em 30 pontos porcentuais de IPI os automóveis produzidos em outros países.


Dificuldades


O esforço pelo acordo com a União Europeia, no entanto, pode não dar resultados concretos. Nos últimos meses, os europeus vêm tentando desembarcar da negociação com o Mercosul, diante da pouca ambição dos brasileiros e dificuldades com a Argentina e Venezuela. Para o Palácio do Planalto, um avanço no acordo, cujas negociações vêm desde o governo Fernando Henrique Cardoso, poderia minar as críticas ao protecionismo.
 
 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Brasil se defende de críticas de protecionismo

Governo brasileiro diz ter sido o que mais adotou medidas para facilitar o comércio em 2013

18 de fevereiro de 2014 | 2h 07

Jamil Chade, correspondente de Genebra - O Estado de S.Paulo

Rebatendo as acusações de que foi o país que mais medidas antidumping adotou no mundo em 2013, o Brasil insiste que a Organização Mundial do Comércio (OMC) precisa passar a avaliar não apenas barreiras implementadas nas fronteiras, mas também as ajudas financeiras que países ricos dão a determinados setores de suas economias e que acabam distorcendo o mercado internacional.

Ontem, a OMC se reuniu para tratar do protecionismo no mundo em 2013. Aos delegados dos mais de 150 países, a entidade apresentou um informe em que mostrava que o Brasil foi o país que mais iniciou investigações antidumping, com 39 casos e seguido por Índia e EUA. 

Marcos Galvão, embaixador brasileiro na OMC, usou o encontro de ontem para dizer que o Brasil havia sido também o país que mais medidas adotou em 2013 para facilitar o comércio no mundo. Segundo ele, isso incluiu a redução de tarifas para 3,1 mil produtos. No total, foram 25 medidas que representam facilidades às importações e fluxos de produtos estrangeiros. 

Mudança.  

O governo também insistiu que a forma pela qual a OMC avalia o protecionismo no mundo precisava passar por uma mudança, um ponto também defendido pela Argentina. Para o Itamaraty, o informe precisa incluir informações sobre os pacotes de resgate que as economias ricas lançaram nos últimos anos. Isso, na avaliação de Brasília, daria uma imagem mais realista do que foi a ação de governos em termos de protecionismo. 

O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, já deu início a uma reavaliação da forma pela qual o protecionismo é medido pela entidade. 

Brasília também quer que os subsídios dados por países ricos a seus agricultores sejam de forma mais transparente colocados em evidência nos informes realizados pela OMC. Essa seria outra forma de reequilibrar as eventuais críticas que o informe possa fazer aos países emergentes. 

Azevêdo, em sua intervenção, admitiu que o mundo havia adquirido "maus hábitos" em 2013 diante de um aumento no número de medidas restritivas. No ano, foram 407 medidas, ante 308 em 2012. O brasileiro também deixou claro que está preocupado com o número cada vez maior de acordos regionais sendo negociados no mundo.