domingo, 23 de fevereiro de 2014

NOVOS IMIGRANTES OCUPAM CIDADES DO INTERIOR PAULISTA

Movimentação reflete inserção de pequenas e médias cidades no mercado internacional. Perfil inclui trabalhadores especializados e intensa mobilidade.

Os novos grupos de imigrantes que chegam ao Estado de São Paulo começam a se fixar não só na capital, mas preenchem postos de trabalho em vagas criadas pela internacionalização de pequenas e médias cidades do interior. Além disso, eles tomam antigos postos ocupados pelos migrantes internos provenientes do Nordeste, cada vez mais raros por conta do desenvolvimento da região nos últimos anos.

A distribuição destes grupos no Estado compõe parte do Atlas Temático do Observatório das Migrações em São Paulo, lançado em dezembro pelo Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Unicamp. A análise inclui quem nasceu fora do Brasil e vive em São Paulo, sem contabilizar as novas gerações nascidas no País.

O Atlas aborda uma série de movimentos migratórios nacionais e internacionais, além do fenômeno da emigração, do mapeamento da população indígena e dados de economia, politicas públicas, e população e taxas de crescimento no Estado. Na análise sobre os fluxos internacionais, o estudo se divide em duas linhas, uma é a comparação histórica da distribuição de grupos que chegaram na virada do século 18 para o 19 e outra que mostra a ocupação em 2010 pelos grupos mais recentes, que começaram a chegar em meados do século 20 e ganharam novos contornos nas últimas décadas.

Bolivianos, paraguaios, chineses e coreanos estão entre os grupos mais numerosos do novo perfil de imigrante. Há representantes destas nacionalidades no Estado desde as décadas de 1940 e 1950, mas atualmente possuem um novo perfil. Hoje são trabalhadores especializados que não necessariamente criam raízes no País, optando por seguir o fluxo da demanda de um determinado setor.

“Eles estão ora em Americana, ora em São Paulo, ora na Argentina, ora na região metropolitana, ora de novo na Bolívia. Depende de onde o capital internacional está alocando recurso”, conta a coordenadora do estudo, Rosana Baeninger. “Essa mobilidade tem a ver com a dinâmica de nichos econômicos e com o mercado internacional.”

Para além das tradicionais confecções do Brás, podemos encontrar parte dos 22,6 mil imigrantes bolivianos de São Paulo trabalhando no setor têxtil de Americana e no pólo de produção de jeans de Indaiatuba. Os cerca de 4,2 mil paraguaios que vivem no Estado seguem caminho parecido.

“A rede para a construção do nicho econômico é uma rede de capital internacional. O empresário deixa de usar insumo de Americana, por exemplo, para importar da China. A isso soma-se a mão-de-obra que, para ajudar a a manter a lucratividade, precisa não demandar direitos trabalhistas.” diz Baeninger.

O custo é baixo, mas os empregados são qualificados para as funções no setor em que atuam e com experiência de trabalho. “Eles têm uma rede que vai movimentando também esse grupo, ligado a um nicho econômico. Tudo tem uma lógica com a qual vamos conviver nesses espaços, com uma rotatividades enorme de imigrantes. Alguns ficam, formam família aqui e a rede migratória vai se ampliando.”

O alto custo de vida em São Paulo é um dos fatores que impulsiona a interiorização. “A chegada pode ser na metrópole, mas com as redes que vão se tecendo e as mudanças na economia, eles podem ir pro interior e seguir na mesma atividade.”

Os coreanos, por exemplo, foram atraídos pelo negócio de joias e semijoias e se fixaram principalmente na região de Limeira, pólo de distribuição para a capital. Os chineses, que são cerca de 9,3 mil em todo o Estado, se dedicam ao comércio de baixo custo (como as lojas populares que vendem tudo a R$ 1,99) nas cidades de Campinas, Jundiaí e Ribeirão Preto.

O perfil abrange não só pequenos comerciantes, mas também estrangeiros altamente qualificados, como os executivos de grandes empresas que se concentram em São Paulo, Campinas e São José dos Campos. “O século 21 nos anuncia tanto na metrópole, como no interior, fluxos que mesclam alta e baixa qualificação e que não necessariamente ficam por aqui”, detalha Baeninger.


Antigos imigrantes


O movimento dos novos grupos de imigrantes é contrário ao das levas de estrangeiros que chegaram a São Paulo no início do século, incentivadas por meio de acordos entre governos a ocupar o território do Estado e substituir a mão-de-obra escrava durante a expansão cafeeira. Entre as levas mais numerosas, estavam as de italianos, portugueses, japoneses e espanhóis. O Atlas compara a distribuição geográfica destes grupos no final do primeiro período migratório, em 1920, com os dados do Censo de 2010. Os italianos formaram o grupo mais expressivo, com 398.797 imigrantes. Hoje são 15.388.

Ao contrário dos grupos de latinos, que a partir da capital, seguiram para o interior, a imigração mais antiga, que ocupava todo o interior, passou a se concentrar nas proximidades da região metropolitana e próximos às plantas de empresas internacionais das regiões de Piracicaba ou Sorocaba, por exemplo.

Os grupos de novos imigrantes também receberam incentivos, mas já em meados do século 20. Grupos de chineses chegaram ao país nos anos 1940, para trabalhar em colônias agrícolas do oeste do Estado. A empreitada não deu certo e os imigrantes passaram a investir nas hoje tradicionais pastelarias. Nos anos 1950, um acordo entre Brasil e Bolívia favoreceu a vinda de estudantes de medicina. A partir destas primeiras movimentações, formou-se a rede migratória que favorece a mobilidade dos grupos atuais.

Como é baseado nos dados do Censo de 2010, o mapa não registra, por exemplo, a recente movimentação de haitianos a partir de 2012. Com o desenvolvimento do Nordeste e a redução do fluxo migratório da região em direção a São Paulo, a alternativa das grandes empreitaras foi buscar os haitianos no Acre para trabalhar na construção civil de Campinas, Jundiaí e Limeira. Eles também são encontrados na indústria de calçados de Franca. A estimativa é que cerca de cem imigrantes do Haiti tenham se deslocado para cada uma destas cidades.


(Último Segundo – 21/02/2014)

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Nova regra do passaporte dificulta embarque de brasileiros para a Europa


Acordo entre 26 países do continente exige documento com, no mínimo, três meses de validade 

Do R7*
PF: há reclamações de passageiros devido ao passaporte todo dia Wilton Junior/03.10.2010/Estadão Conteúdo

Uma norma que passou a valer em julho de 2013 está pegando de surpresa muitos brasileiros com viagens marcadas para a Europa. O novo acordo tem como base o tratado de Schengen, que regulariza a circulação de turistas em 26 países europeus. 

A nova regra impede de sair do Brasil os passageiros que não tiverem passaporte com validade mínima de três meses depois do retorno previsto para o Brasil.

Por exemplo, se o viajante pretende ficar 20 dias no seu destino, no momento do embarque o passaporte deve ter validade de três meses e 20 dias. No caso de uma viagem de um mês, a validade mínima é de quatro meses.

De acordo com a Polícia Federal do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, não existe um registro com o número de brasileiros que foram impedidos de embarcar nessas condições, mas o órgão afirma que esses casos acontecem diariamente.


Os países que fazem parte do tratado de Schengen são: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Noruega, Polônia, Portugal, República Tcheca, Suécia e Suíça.


Novo passaporte


Para evitar imprevistos com o documento, é importante pedir um novo passaporte antes do vencimento do atual. O primeiro passo para o processo é o preenchimento do formulário eletrônico de solicitação no site da Polícia Federal.

Após o cadastro, a GRU (Guia de Recolhimento da União) será emitida e o boleto deverá ser pago antes da data de vencimento — o valor é de R$ 156,07.

O próximo passo é comparecer ao posto do Departamento de Polícia Federal, escolhido no momento do pedido do passaporte, com o comprovante de pagamento, protocolo de solicitação e documentos originais. É fundamental levar o passaporte antigo, mesmo que ele ainda esteja dentro do prazo de validade.

Segundo informações da PF, o prazo de entrega do documento é de até seis dias úteis e o processo pode ser acompanhado por meio do site.


*Colaborou Naiara Araújo, estagiária do R7

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Brasil está entre os mercados emergentes mais afetados pela instabilidade econômica global


20 de fevereiro de 2014

moeda 

Brasília (DF) – O Brasil apareceu como um dos mercados emergentes mais afetados pela instabilidade financeira global, no relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado na quarta-feira (19). A análise reiterou a tese apresentada semana passada pelo Banco Central Americano (Fed), que classificou o país como o 2º país mais vulnerável, logo após a Turquia.

O deputado federal Valdivino de Oliveira (PSDB-GO), da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, disse que o resultado é reflexo de uma política macroeconômica “equivocada”, “centrada no combate à inflação e no incentivo ao consumo como instrumento de crescimento econômico”.

O relatório preparado para o encontro do G-20, grupo das 20 maiores economias do planeta, que começa hoje em Sydney, na Austrália, mostrou que a atividade econômica brasileira “perdeu fôlego” no terceiro trimestre de 2013, com a queda no investimento e uma piora na confiança das empresas. As informações são da reportagem publicada nesta quinta-feira (20), no jornal Correio Braziliense


Razões


As avaliações do FMI e do Fed levaram em conta o “insucesso” do governo em controlar a inflação, o “expressivo” déficit em transações correntes (US$ 81 bilhões no ano passado), e a crescente desconfiança de empresas com a política econômica.

“Nós estamos vendo a grande volatilidade da economia brasileira. Ora os juros descem, ora os juros sobem. A inconstância do déficit da balança comercial assusta. É um grande processo de desindustrialização”, apontou o deputado.


Equívocos


Em discurso feito na última terça-feira (18), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou de “equívoco” as avaliações que apontaram o país como um dos mais vulneráveis à crise externa. Mantega garantiu também a “solidez fiscal” e baixa no endividamento de curto prazo.

Valdivino lembrou que o Brasil precisa de políticas “mais protecionistas em relação ao mercado com o intuito de garantir emprego a todo e qualquer brasileiro”.

Segundo ele, a política econômica “deveria estar centrada no fortalecimento do mercado interno e do processo produtivo”. “Com esse incentivo, o nosso frágil sistema financeiro se fortaleceria naturalmente”, reiterou.

Cristina pede respeito à democracia e à paz na Venezuela


"Não se trata só da Venezuela, pedimos o mesmo quando a democracia esteve em perigo na Bolívia e no Equador", acrescentou a presidente argentina

Diego Giudice/Bloomberg
Cristina Kirchner, presidente da Argentina
Cristina Kirchner: "Se alguém perdeu uma eleição, terá outra oportunidade. Mas não se pode por em risco um país e uma região declarada pela Celac como uma região de paz"

A presidente argentina, Cristina Kirchner, pediu que a vontade do povo, expressa em eleições democráticas, seja respeitada, ao comentar nesta sexta-feira a situação da Venezuela.

"Estendemos nossa mão em solidariedade a todo o povo venezuelano, lembrando que não existe nada mais importante para todos, independentemente de como pensem ou votem, do que o respeito à democracia e à paz”, afirmou, em um ato público na periferia sul de Buenos Aires, diante de milhares de partidários.

"Não se trata só da Venezuela, pedimos o mesmo quando a democracia esteve em perigo na Bolívia e no Equador", acrescentou.

Na Venezuela, a oposição convocou para sábado uma manifestação para exigir o fim das milícias chavistas, com quem o governo nega vínculos, como parte da onda de protestos que toma conta do país há três semanas e que já deixou cinco mortos.

"Se alguém perdeu uma eleição, terá outra oportunidade. Mas não se pode por em risco um país e uma região declarada pela Celac como uma região de paz", declarou ela, referindo-se à Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos.

Kirchner manteve uma sólida amizade política e pessoal com o líder venezuelano Hugo Chávez, falecido em 2013, e manteve a boa relação com seu sucessor, Nicolás Maduro.

Venezuela cancela credenciais de jornalistas da CNN


Emissora americana informou que governo venezuelano revogou as credenciais de quatro dos seus correspondentes

Raul Arboleda/AFP
Simpatizantes do líder opositor venezuelano Leopoldo Lopez fazem ato em 18 de fevereiro de 2014, em Caracas
Simpatizantes do líder opositor venezuelano Leopoldo Lopez fazem ato em 18 de fevereiro de 2014, em Caracas

Washington - A emissora americana "CNN Español" informou nesta sexta-feira que o governo da Venezuela revogou as credenciais de quatro dos seus correspondentes no país.

Segundo a rede, foram canceladas as permissões de trabalho dos jornalistas Osmary Hernández, Patricia Janiot e Rafael Romo, além da de uma produtora que não foi identificada.

A CNN afirmou que foi um vice-ministro da Comunicação que avisou Hernández da decisão de revogar sua credencial.

"Esperamos que o governo reconsidere sua decisão", comunicou o canal em uma nota.

"Confirmo que o Minci (Ministerio da Comunicação) revogou as credenciais de toda a equipe de @CNNEE na Venezuela e de seus enviados especiais", que cobriam os protestos estudantis no país, explicou Hernández em sua conta no Twitter.

O sindicato dos jornalistas já tinha informado mais cedo da saída "inesperada" de Janiot. A CNN confirmou à AFP que a apresentadora deixou o país.

O presidente Nicolás Maduro ameaçou na quinta proibir a CNN na Venezuela, por considerar a cobertura das manifestações da rede excessiva, o que daria impressão que o país vive uma "guerra civil".

"Já pedi à ministra (da Comunicação, Delcy Rodríguez) que notifique a CNN de que iniciaremos o processo administrativo para retirá-los da Venezuela, se não mudarem de postura. Vão embora da Venezuela, já basta de propaganda de guerra!", declarou o presidente, em um pronunciamento em cadeia de rádio e televisão.

Governo pode aumentar impostos este ano, diz Mantega


Ministro disse que não está previsto aumento em 2014, embora não descarte que isso possa ocorrer

Ueslei Marcelino/Reuters
Ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante coletiva de imprensa na última quinta-feira, em Brasília
Guido Mantega: "aumento de impostos é reserva que temos se for necessário para elevar arrecadação", afirmou

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira que não está previsto aumento de impostos em 2014, embora não descarte que isso possa ocorrer.

"Aumento de impostos é reserva que temos se for necessário para elevar arrecadação", afirmou o Mantega em teleconferência com analistas e imprensa estrangeira.

Consumidor vai encerrar contrato de telefonia sem falar com atendente Compartilhar:


Por Rafael Bitencourt | Valor
 
 
BRASÍLIA  -  A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou ontem, quinta-feira, o regulamento geral de direitos de usuários de serviços de telecomunicações. A nova norma funcionará como uma espécie de código de defesa do consumidor para o setor, padronizando exigências já feitas para os diferentes serviços regulados pelo órgão.

O regulamento prevê garantias de rescisão automática de contratos que poderá ser realizada por telefone, internet e terminais de autoatendimento. Após a solicitação, os serviços devem ser suspensos em até dois dias. Neste período, o consumidor poderá voltar atrás na decisão. Transcorrido o prazo, será proibido qualquer tipo de cobrança.

As novas normas também definem, por exemplo, limites para o uso mecanismos de envio de mensagens de cunho publicitário, facilidades para cancelamento de serviço e disponibilidade de pontos presenciais de atendimento ao usuário, inclusive na modalidade de autoatendimento.

O grau de exigências de qualidade de atendimento foi feito às prestadoras de acordo com o tamanho da base de assinantes, dividida em três grupos diferentes: até 5 mil usuários, de 5 mil a 50 mil clientes e a partir de 50 mil. Quanto maior o porte, maior o nível de exigências.


Operadoras têm quatro meses para mudança


O novo regulamento terá prazo geral de implementação de 120 dias, contados a partir da publicação. A partir de então, deverá valer a rescisão automática, a validade mínima para crédito pré-pago (que será de 30 dias), critérios de contestação da cobrança e o fim da cobrança antecipada.

A Anatel definiu outros prazos específicos. Em oito meses, por exemplo, as operadoras deverão disponibilizar o histórico de contatos com a central de atendimento pelos últimos 12 meses. Este prazo também valerá para as operadoras começarem a oferecer um espaço reservado ao assinante para disponibilizar gravações de atendimento, relatório de consumo e faturas.

O “Regulamento de Atendimento, Cobrança e Oferta a Consumidores de Serviços de Telecomunicações” foi aprovado na reunião do conselho diretor da Anatel, realizada na tarde de ontem.

(Rafael Bitencourt | Valor)