Petrolífera vem respondendo bem mais ao cenário eleitoral do que à sua tese de investimentos. HSBC traça cenários para eleições com base no preço das ações da companhia
Por Infomoney
Depois de duas semanas em reuniões com investidores nos Estados Unidos e no Brasil, os analistas do HSBC Luiz Carvalho e Filipe Gouveia destacaram que ficou claro que a política está pesando cada vez mais sobre a tese de investimentos da Petrobras (foto), e não os fundamentos baseados na correlação negativa com a desvalorização do real e a expectativa de crescimento da produção. Carvalho e Gouveia ressaltam que a maior parte das perguntas recebidas durante mais de 50 reuniões foram sobre três possíveis desfechos para o cenário de eleições – reeleição de Dilma, uma possível volta de Lula ou vitória da oposição.
Com base nisso, eles "tentaram criar um modelo simplificado" de sensibilidade para avaliar o impacto das novidades sobre as pesquisas eleitorais no preço das ações da estatal. O relatório divulgado pelo banco na sexta-feira passada (4) mostra que eles chegaram à seguinte conclusão: as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) na faixa de R$ 15 precificam uma chance de 75% de reeleição de Dilma. O cálculo foi feito tendo como base uma pesquisa informal com mais de 50 investidores conduzida pelos próprios analistas. O cálculo para chegar nos R$ 15 foi feito com base numa média ponderada sobre a possibilidade dos três cenários eleitorais previstos pelo banco e a estimativa de preço que as ações PETR4 podem chegar neste cenário. Veja a tabela abaixo para conferir as contas podem feitas pelo HSBC. Logo abaixo da tabela veja os cálculos emitidos no próprio relatório do banco.
Cenário | Chance deste cenário acontecer |
Estimativa de preço da ação neste cenário |
Preço Ponderado |
Reeleição da Dilma (com medidas anti-mercado) |
60,0% | R$ 10,00 | R$ 6,00 |
Reeleição da Dilma (com medidas pró-mercado) |
15,0% | R$ 18,00 | R$ 2,70 |
Volta "surpresa" de Lula | 5,0% | R$ 20,00 | R$ 1,00 |
Vitória da oposição | 20,0% | R$ 30,00 | R$ 6,00 |
Preço final (soma da média ponderada de cada cenário) | R$ 15,70 |
Tese de investimentos continua a mesma, avaliam
Vale
ressaltar que o relatório foi feito antes da pesquisa Datafolha
divulgada no sábado, em que mostrou uma queda de 6 pontos percentuais na
intenção de voto de Dilma, enquanto Aécio Neves e Eduardo Campos não
cresceram. E, de acordo com o Instituto Análise, com a taxa de aprovação
de Dilma até então, é difícil dizer quem vai ganhar a eleição.
"Entretanto, para cada 12 minutos de propaganda eleitoral na TV que o PT
terá, a oposição, somada, terá 6 minutos. Isso pode fazer uma enorme
diferença por volta de meados de agosto, quando começará a campanha na
TV", avaliam. Considerando a perspectiva em favor de Dilma, e o
desempenho da ação da Petrobras em março, com alta de 20%, os analistas
acreditam que, caso as próximas pesquisas mostrarem um aumento na taxa
de aprovação da presidente, as ações da empresa provavelmente terão uma
reação negativa devido à percepção de alta interferência do governo. Por
outro lado, a tese de investimento na companhia permanece a mesma para
os analistas. Ela apresenta forte correlação inversa com a
desvalorização do real, vendo um crescimento de 5,2% ao ano na produção e
pouco espaço para uma solução definitiva em termos de política de
preços em 2014.