quarta-feira, 9 de abril de 2014

Os conselhos da Irlanda para o Brasil






Durante palestra no sul, John Bruton, ex-primeiro-ministro irlandês, indicou os caminhos que o país deve seguir para ser mais competitivo lá fora

Por Laura D´Angelo

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Priorizar o investimento e não tanto o consumo, simplificar o sistema tributário e utilizar outros países como exemplo e meio de comparação. Foram estes os conselhos deixados aos brasileiros pelo ex-primeiro-ministro da Irlanda, John Bruton (foto), durante o primeiro dia de palestra do 27º Fórum da Liberdade, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), em Porto Alegre.


Para o premiê, que governou a Irlanda entre 1994 e 1997, o Brasil precisa pensar em ações que transcendam os resultados meramente momentâneos e construam um novo futuro.Se quiser mesmo alcançar a meta ideal de crescimento de 3,4% ao ano que, conforme Bruton, é recomendada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o país precisa melhorar sua produtividade. O caminho para avançar, segundo Bruton, é através dos investimentos e do melhor aproveitamento dos recursos financeiros.

“Para ser produtivo e crescer, deve-se economizar mais e consumir menos e colocar esse dinheiro nos investimentos”, afirma. “Quem escolhe a via do consumo sabe que vai enfrentar problemas de logística, infraestrutura e energia”, completou Bruton, referindo-se às longas filas dos portos e aos apagões que aconteceram recentemente no país. Outro ponto salientado pelo ex-primeiro-ministro como barreira para o crescimento brasileiro é o demorado e complicado processo para uma empresa se estabelecer no país.  “Para abrir uma empresa no Brasil, leva-se 119 dias. No México, 14 dias. Se vocês querem atrair mais empresas e serem competitivos, têm que mudar isso urgentemente”, recomenda Bruton.



Bruton  aconselhou  também  que  o  Brasil  faça  um benchmarking: olhe para os outros países em busca de medidas econômicas e de gestão que possam ser implementadas e adaptadas à realidade brasileira.  “É uma forma de aprender as consequências das escolhas e optar se vale a pena segui-las”, apontou.  Neste caso, a Irlanda, na sua década de ouro nos anos 90, seria um bom exemplo a ser avaliado e seguido pelo Brasil? 

Em  parte  sim.  Bruton  revelou que o crescimento médio de 8,7% ao ano durante a sua gestão foi resultado de uma combinação de fatores: de um lado, décadas de investimento na educação, na política de atração de investimentos e  na modernização e  simplificação do sistema tributário e legal; de outro, o perfil demográfico da Irlanda  nos  anos 90, quando a  população  economicamente  ativa era  o dobro da verificada na década anterior   –   situação   parecida   vivida   pelo   Brasil  atualmente,  no  fenômeno  conhecido  como  “bônus demográfico”.

O  desempenho  da  economia  irlandesa  há  20 anos,  no  entanto,  também  foi  construído  com   medidas impopulares, segundo Bruton. A principal delas foi o fim do protecionismo e a abertura de mercado  irlandês para investimentos estrangeiros.      A medida desagradou os empregados das companhias beneficiadas pela política  anterior de  taxar  pesadamente  os  importados,  mas  colocou  a  Irlanda  no  circuito  global      e investimentos.        “Nós baixamos a carga tributária. Só assim atraímos empresas líderes mundiais nos seus segmentos”, lembra. “Para crescer, temos que estar preparados para tomar decisões que algumas vezes não são populares”, avisou

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