domingo, 13 de abril de 2014

Como enviar dinheiro para o exterior sem risco de ser preso pela PF


Há quem tente esconder dinheiro sob as roupas, mas há formas mais inteligentes, e legais, de resolver o problema de remessa monetária internacional


Igor Gadelha, especial para o Estado de S. Paulo
 
 
SÃO PAULO - Brasileiros ou estrangeiros residentes no País que desejam enviar dinheiro para o exterior podem optar por pelo menos quatro alternativas legais, sem correr riscos de ser preso pela Polícia Federal. 


Há quem esconda dólares na roupa, mas há formas seguras e legais - Reprodução


Há quem esconda dólares na roupa, mas há formas seguras e legais

As opções são:

1. Remessa sem conta bancária
2. Vale postal eletrônico pelos Correios
3. Cartões pré-pagos
4. Transferência entre contas

Em todas as alternativas, a transação é simples e não requer autorização do governo.

Os recursos enviados devem obrigatoriamente ser convertidos em moeda estrangeira por uma instituição autorizada pelo Banco Central (BC) a operar no mercado de câmbio brasileiro. 

A cotação da moeda é fixada no momento da transação. Em geral, são cobradas taxas de remessa ou impostos, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). 


Confira abaixo como funcionam e os custos de cada uma dessas opções:


1. Remessa sem conta bancária

O depositante e o beneficiário não precisam ter conta bancária. Basta o dono do dinheiro procurar alguma agência autorizada pelo BC e preencher uma ficha especificando o local, a quantia e os dados de identificação de quem receberá o recurso. Não há limite de valor.

Na operação, são cobrados o IOF de 0,38% sobre o valor a ser enviado e a taxa de remessa, que varia de acordo com a operadora. O dinheiro poderá ser retirado pelo beneficiário em até 24 horas após a transação ser efetivada. Para isso, basta levar o passaporte a um local de atendimento determinado pela agência no Brasil.

2. Transferência entre contas

Nesse caso, tanto o depositante quanto o beneficiário deverão ter uma conta bancária, mesmo que em bancos diferentes. Os recursos podem ser enviados tanto para uma conta corrente do mesmo titular como para de terceiros. Aqui também não há limite de valor, mas é necessário informar o objetivo do dinheiro enviado.

Na transação, é cobrado o IOF de 0,38%, bem como a taxa de remessa. É importante destacar que, nesse caso, é preciso levar em conta também os custos de manutenção da conta bancária no exterior. A cobrança de taxa de saque ou não varia entre os bancos de cada país. A maioria deles não cobra nada dos correntistas.

3. Vale Postal Eletrônico via Correios

Qualquer empresa ou pessoa física (brasileiro ou estrangeiro residente no País) pode enviar dinheiro ao exterior por meio do Vale Postal Eletrônico. Para isso, o interessado deve procurar uma agência dos Correios e apresentar CPF, RG ou Carteira de Trabalho ou de Motorista. No caso dos estrangeiros, basta o passaporte. 

Já as empresas devem apresentar o CNPJ e documentos do representante pessoa física. Em todos os casos, é necessário ainda informar os dados e endereço do beneficiário. O limite de dinheiro a ser enviado varia de acordo com cada país, assim como prazo para recebimento, que demora de 2 a 15 dias.

Diferentemente das outras formas de enviar dinheiro para o exterior, o Vale Postal é a única isenta de IOF. Apesar disso, exige que o beneficiário saque o dinheiro de uma só vez, o que pode ser perigoso quando a quantia é alta. Outra desvantagem é o fato de que os Correios só têm convênio com 33 países, não tendo acordo com países muito procurados, como os EUA. 

4. Cartão de crédito pré-pago

Para enviar dinheiro por essa opção, basta procurar algum banco ou casa de câmbio no Brasil que emita esses tipos de cartões, adquirir um deles e depositar a quantia que desejar. Para recarregá-lo, basta entrar em contato com a operadora novamente. Na transação, o IOF cobrado é de 6,38%. Além disso, é cobrada uma taxa para sacar o dinheiro no exterior.


Opinião dos analistas.


Especialistas ouvidos pelo Estado avaliam que é preciso considerar uma série de aspectos na hora de escolher a melhor maneira de enviar dinheiro do Brasil para o exterior. Para Mário Battistel, gerente de câmbio da Fair Corretora, a forma mais vantajosa é a transferência entre contas bancárias.

O principal benefício, na avaliação dele, é que a transação é feita pelo câmbio comercial, mais vantajoso do que o câmbio flutuante, utilizado nas outras operações. "O câmbio flutuante é sempre pior para o cliente. Quando manda, é mais caro e, para trazer dinheiro, a cotação é mais barata", explica o especialista.

O professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Samy Dana, pondera que, além do IOF e do dólar, é preciso levar em conta também o custo da transação. "Normalmente, o custo é alto. Às vezes, chega a 100 dólares", comenta. Diante disso, ele alerta que é preciso analisar a quantidade de vezes que a transação é feita.

"Se fizer transferências com frequência, fica oneroso. Por outro lado, se faz um aporte muito grande, está deixando de render o dinheiro aqui no Brasil. Ou seja, tem que fazer uma comparação entre a taxa de doc e os juros (de rendimento)", afirma. No caso do vale eletrônico, mesmo com custos mais baixos, ele aponta como desavantagem o fato de o beneficiário ter de tirar o dinheiro de uma vez só.

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