PORTO ALEGRE E SÃO PAULO - O
ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse,
nesta segunda-feira, 14, que o governo federal cometeu um erro ao não
priorizar a comunicação com a população sobre os benefícios da Copa do
Mundo. Ele afirmou que, como consequência, a oposição e a imprensa
tentam transformar o evento em uma "tragédia".
Carvalho está em Porto Alegre hoje para participar de um debate com
movimentos sociais sobre o legado do Mundial. O ministro é o principal
interlocutor do governo Dilma Rousseff junto a essas entidades.
"[Nós] nos demos conta que cometemos um erro nesse processo todo ao
não investir em um processo de comunicação. Deixamos de informar o
cidadão sobre o que significa a Copa em sua inteireza", disse a
jornalistas, ao chegar ao evento.
Em discurso ao abrir o debate com os ativistas, mais tarde, o
ministro afirmou que o governo "só pensa em trabalhar e se esquece de
comunicar". "Isso permitiu que, no geral, a grande imprensa e os setores
que fazem oposição clara ao governo tentassem transformar a Copa em uma
tragédia, com prejuízo ao povo brasileiro."
Ele disse ainda que os protestos devem ser "em cima de fatos reais" e
não baseados em quem não quer "que a Copa dê certo". "Querem fazer da
Copa uma forma de prejudicar a continuidade do nosso projeto", disse
Carvalho, sem especificar a quem se referia.
Atrasos
Sobre as obras para o Mundial, o ministro disse que, se parte delas
não ficar pronta a tempo, "pouco importa". "O importante é que sejam
entregues. Se não for em junho, que sejam em novembro, dezembro."
O ministro vai participar de encontros com os movimentos sociais nas
12 capitais que receberão os jogos, para receber reivindicações.
No evento, um representante do governo listou benefícios que a Copa
deverá trazer para o país, como exposição internacional, geração de
empregos e aumento do turismo. Também comparou os gastos na preparação
do Mundial com os orçamentos de saúde e educação.
Após discursos de representantes do governo gaúcho e da Prefeitura de
Porto Alegre, os líderes dos movimentos se manifestaram. Fizeram
críticas, entre outras, à remoção de moradores para obras viárias, à
possibilidade de aumento da exploração sexual durante o Mundial e à
violência policial em manifestações.
Ingressos adicionais
A última fase da venda de ingressos para a Copa do Mundo, que começa
nesta terça-feira, 15, terá diferentes lotes de entradas
disponibilizados aos torcedores durante os próximos três meses.
Além dos bilhetes que estarão disponíveis a partir das 7h (de
Brasília) de terça, no site da Fifa, novos ingressos podem ser lançados
no sistema até dia 13 de julho, data da final do Mundial e último dia de
vendas.
Os lotes extras serão formados por bilhetes devolvidos à Fifa por
torcedores que se arrependeram da compra e uma carga de proteção que não
foi negociada pela entidade, devido ao atraso na entrega dos estádios
da Copa.
Apesar de ter recebido o mapa de assentos de todos os 12 estádios que
serão usados na Copa, a Fifa teme vender ao torcedor ingresso para um
lugar que, na prática, não existe, tem visão prejudicada do campo ou
terá de ser desocupado para não prejudicar a transmissão da TV.
Por isso, a entidade faz a contagem manual e a avaliação visual de
todos os lugares antes da definição do total de bilhetes à venda.
O Itaquerão, futuro estádio do Corinthians, é um dos palcos da Copa
que não passaram pela avaliação, já que não está pronto. Arena Pantanal,
em Cuiabá, e Arena das Dunas, em Natal, já entregues, ainda não foram
testadas com capacidade plena.
Ante a indefinição, a Fifa vai reter parte da carga dos bilhetes. Há
projeções feitas pela entidade. No caso do Itaquerão, a previsão é que
existam 67.349 assentos, mas serão comercializados apenas 59.955
ingressos.
Os 7.394 assentos restantes a menos (11%) deixarão de ser vendidos
porque a entidade imagina que possuem pontos cegos ou que serão
aproveitados para as transmissões televisivas, parcerias comerciais e
áreas para jornalistas.
Hoje, a Fifa confirmou à reportagem que os ingressos dessa carga de
proteção serão negociados posteriormente caso a avaliação dos estádios
determine que eles possam ser comercializados sem dano a torcedores e
patrocinadores.
(Folhapress)
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