Após a diretora de Pesquisa do IBGE pedir
demissão após pesquisa suspensa, 18 coordenadores ameaçam debandada
geral. O Pnad Contínua era o programa de pesquisa por amostra de
domicílios, que mostrava índices de desemprego maiores do que aqueles
usando apenas as grandes metrópoles.
O estopim da crise foi o requerimento da
ex-ministra e senadora petista Gleisi Hoffmann, que colocou em dúvida a
capacidade do instituto de fornecer os dados de renda domiciliar per
capita, que balizaria a distribuição dos recursos do Fundo de
Participações do Estado.
Os técnicos do IBGE, instituição com 143
anos de vida, consideraram “inaceitável” a suspensão do Pnad até janeiro
do ano que vem, sendo que vinham trabalhando nas pesquisas há anos.
Para Susana Drummond, diretora da Associação dos Funcionários do IBGE
(Assibge), a mudança decorre de interferência política: “A suspensão
coloca em xeque a autonomia técnica do IBGE e é uma ingerência do
governo”.
O editorial do GLOBO, após lembrar que a
instituição já foi alvo de manobras e “marteladas” de índice na época da
ditadura, conclui:
A comparação com a Argentina é
pertinente. Quando a inflação começou a incomodar mais por lá, o governo
preferiu se intrometer no Indec (Instituto Nacional de Estatística e
Censos), a instituição análoga ao IBGE que calculava os índices. Foi a
pá de cal na liberdade dos argentinos.
A revista britânica The Economist acabou
retirando o país da lista mundial de inflação, pois os dados oficiais
não mais correspondiam à realidade. Até hoje é assim: a Argentina tem
uma inflação perto de 30%, mas o governo diz que está perto de 10%.
Ninguém acredita, mas as instituições foram destruídas.
Será que o Brasil vai seguir na mesma
direção? Não custa lembrar que a Argentina tem uma classe média razoável
e sempre teve uma população mais educada que a nossa. Não foi
suficiente para impedir a desgraça bolivariana. Que o Brasil tenha
melhor sorte e consiga combater o estrago que o PT vem causando a nossas
instituições. Outubro de 2014 parece ser o prazo limite para reverter o
processo…
Rodrigo Constantino
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