quinta-feira, 10 de abril de 2014

Diretora-gerente do FMI recomenda ao Brasil conter déficit fiscal


Por Sergio Lamucci e Juliano Basile | Valor
 
FMI

WASHINGTON  -  Na Agenda Global de Políticas da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, o Brasil aparece como um dos países que precisam conter os déficits fiscais e que podem ter de elevar os juros para combater a inflação. O documento também diz que é necessário elevar o investimento público e privado para enfrentar gargalos de oferta, recomendações que o Fundo fez ao país ao longo dos últimos dias.

“Enquanto alguns países têm espaço para manobra fiscal, nações com grandes necessidades brutas de financiamento ou cargas de dívidas devem agir imediatamente para conter os déficits”, diz o relatório, citando Brasil, Hungria, Índia, Jordânia e Paquistão. Divulgado nesta quinta-feira, o texto afirma que também é preciso mais atenção a riscos como os causados pelo elevado crescimento do crédito privado, caso do Brasil e da China. Para o FMI, também é importante que o Brasil, a China e o Paquistão enfrentem a vulnerabilidade fiscal nos níveis dos governos estaduais e municipais.

A dívida bruta brasileira deve ficar em 66,7% do PIB neste ano, de acordo com o FMI, bem acima da média dos emergentes, de 33,7% do PIB. Na quarta-feira, o Fundo disse que a meta de superávit primário de 1,9% do PIB definida pelo governo brasileiro para este ano é apropriada, mas ressaltou que é importante que no médio prazo o Brasil volte a ter um alvo na casa de 3% do PIB.

O documento observa que países que não enfrentam pressões inflacionárias e têm arranjos de política com crediblidade, ocmo Chile, Peru e Tailândia, podem usar uma política monetária expansionista para apoiar a demanda, em r esposta à desaceleração do crescimento. Em outros países, contudo, os juros talvez tenham de subir, incluindo aí Brasil, Índia e Indonésia, e o arcabouço de políticas pode ter de ser fortalecido, para conter a inflação. No Panorama Econômico Mundial, div ulgado na segunda-feira, o FMI diz que a inflação brasileira segue na parte superior da banda de tolerância, mesmo depois do ci clo de alta da Selic promovido pelo Banco Central (BC) desde abril do ano passado.

Ao tratar das medidas necessárias para melhorar as perspectivas de crescimento de médio prazo, a agenda de Lagarde diz que mais investimento público e privado para enfrentar gargalos de oferta é essencial em muitos países e mergentes, como no Brasil, Índia, África do Sul. Algumas economias avançadas, como Alemanha e Estados Unidos, precisam elevar a qualidade de suas redes existentes de infraestrutura, segundo o documento. “Reduzir a incerteza de políticas também contribuiria para aumentar o investimento”, diz o texto. Nesta semana, o FMI e o Banco Mundial realizam o seu encontro de primavera, em Washington.

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