quinta-feira, 10 de abril de 2014

Jatos maiores da Embraer abocanham espaço de Boeing e Airbus


A quantidade de assentos do E-195 impulsiona o jato para um segmento que inclui fabricantes de aviões da Rússia, da China e do Japão

Christiana Sciaudone e Julie Johnsson, da
Divulgação/Embraer
Nova família de jatos E2, da Embraer
Nova família de jatos E2, da Embraer: o maior avião da família E2 terá 144 assentos, frente a 124 no atual modelo E-195

São Paulo - A Embraer SA está expandindo seus maiores e mais novos jatos regionais, apostando que pode abrir caminho para o mercado de aviões de fuselagem estreita dominado pela Boeing Co. e pelo Airbus Group NV.

O maior avião da família E2 terá 144 assentos, frente a 124 no atual modelo E-195, disse o vice-presidente Cláudio Camelier em uma entrevista. A meta de entrega é 2019, quando Boeing e Airbus estejam oferecendo versões atualizadas dos seus modelos mais vendidos de corredor único.

Como Boeing e Airbus estão obtendo poucos pedidos para suas ofertas de menor porte, os modelos Max e Neo, as fabricantes de aviões estão se focando em jatos de corredor único com cerca de 175 assentos, o que abre uma oportunidade para a Embraer e para a CSeries da Bombardier Inc.

O maior espaço na cabina do novo E-195 ajudará a Embraer enquanto seus maiores rivais recuam, disse Nick Heymann, analista da William Blair Co.

“Com o tempo, a Boeing e o Airbus cederão esta ponta do mercado à Embraer e à Bombardier”, disse Heymann em entrevista por telefone, de Nova York. “O avião da Embraer com motor novo ainda será mais competitivo do que o Neo e o Max em termos de custos”.

A quantidade de assentos do E-195 impulsiona o jato para um segmento que inclui fabricantes de aviões da Rússia, da China e do Japão, junto com aviões novos e usados da Boeing e do Airbus – ainda que a Embraer, com sede em São José dos Campos, São Paulo, diga que não enfrentará as fabricantes mais estabelecidas.

‘Não diretamente’

“Não estamos concorrendo diretamente com a Boeing e o Airbus”, disse o diretor comercial John Slattery em uma entrevista. “Os nossos amigos da Bombardier estão”.

 Nós vemos os E-Jets como potenciais substitutos” para as companhias aéreas que não podem preencher jatos maiores da Boeing e do Airbus em algumas rotas, disse Camelier da Embraer, responsável pela inteligência de mercado na divisão de aviação comercial da fabricante de aviões. “Pode ser uma grande oportunidade de mercado para nós”.

A Bombardier expressa um argumento similar para a CSeries, um avião totalmente novo. A ênfase da Boeing e do Airbus em jatos maiores de corredor único cria “exatamente a oportunidade que vimos com a CSeries – buscar um segmento do mercado que não era atendido por plataformas otimizadas”, disse Philippe Poutissou, vice-presidente de marketing da unidade de aviação comercial da Bombardier.


Alta das ações


A alta de 34 por cento das ações da Embraer desde o começo de 2013 superou o ganho de 8,6 por cento da Bombardier. As ações operavam ontem a 15 vezes os lucros estimados para 2014, ultrapassando o múltiplo de 9,8 da Bombardier, mostram dados compilados pela Bloomberg.

A Boeing e o Airbus estão atualizando seus modelos de fuselagem estreita para continuarem à frente dos recém-chegados e estão aumentando a ênfase nas versões de maior porte, onde os lucros são maiores, conforme o diretor operacional da Air Lease Corp., John Plueger.

Plueger disse que não se pode desconsiderar a ameaça apresentada à família E2 da Embraer pelos modelos usados 737 da Boeing e A319 do Airbus, porque “estão muito comprovados e agora são aviões usados de corredor único economicamente atraentes”.

Embora analistas como Stephen Trent do Citigroup Inc. tenham dito que a Embraer está em risco pelas demoras que podem afetar qualquer programa de desenvolvimento de aviões, Cai Von Rumohr, da Cowen Securities LLC, disse que enfocar os aviões existentes, ao invés de construir novos, ajuda a minimizar possíveis empecilhos.

Enquanto a reprojeção avança, a Embraer terá uma “boa dose de flexibilidade” para continuar sua expansão dos jatos E2, disse Heymann. “Não me surpreenderia se eles chegassem a 150 ou 160 antes de acabar”.

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